sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Hora de desejar

É estranho, mas sempre associo a palavra "desejo" a algo sexual.
Por isso hesitei um pouco na hora de titular o último post do ano. Mas vou me permitir desejar neste espaço em que quase tudo me é permitido.
Não acredito no milagre da virada. Provavelmente serei a mesma pessoa amanhã, mas poderei ser melhor graças a tudo que vivi, senti e desejei nos últimos tempos.
Vou me permitir ser um pouquinho mística e acreditar na numerologia. Se for assim a energia de 2010 é diferente de 2011, ou seria melhor dizer 2011 será diferente de 2010, que praticamente já era.
Meu maior desejo é me amar, me aceitar, me perdoar por minhas escolhas, decisões. Amar minha história, minhas mudanças bruscas de rumo, a soma de tudo que sou eu - com meus defeitos, fraquezas e ... acertos.
Acreditar na minha energia, no meu desejo de ser feliz, de amar e ser amada, de superar meus medos (de rejeição) que me acompanham há tanto tempo.
Acreditar no meu valor independentemente do que consegui juntar de dinheiro ao longo da vida. Fala-se tanto no valor do "ser", mas como é difícil se desvencilhar do "ter".
Desejo ser feliz, é claro, mas ser forte o suficiente para encarar os momentos mais complicados que são inevitáveis. Desejo ser positiva e ter força bastante para acolher e fortalecer minhas filhas, meus amigos, minha família e todos que se aproximarem de mim.
Esses são os meus desejos. É claro que desejo algumas coisas mais concretas: um bom trabalho que me dê tranquilidade financeira e, se possível, prazer; grana para viajar, comprar um carro menos problemático, melhorar o lugar onde vivo. Mas, sinceramente, acho que se eu conseguir me manter serena, equilibrada, saudável, terei energia bastante para buscar essas coisas. Tenho que acreditar ...
Feliz 2011!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hora de agradecer

Hoje quando comia um almoço delicioso num restaurantinho ao lado da oficina (fui pagar o mecânico, o grande sr. Osvaldo, que me recebeu com tanto esmero na ausência de seu patrão, sr. Jair, mas a oficina estava fechada, por isso resolvi dar um tempo e aproveitei para almoçar), pensei que estava na hora de agradecer.
Mentalmente fui escrevendo o post de quase fim de ano, mas aí cheguei em casa, estava calor demais e fui resolver um problema do meu celular (Oi). Depois de meia hora, vários telefonemas, atendentes (alguns muitos solícitos, outros nem tanto), cheguei à conclusão que fiz uma grande besteira (que não vem ao caso agora) e perdi a vontade de agradecer.
Preferi caminhar no parque, esfriar a cabeça e deixar o post para mais tarde. Chegou a hora. 
2010 não foi um ano fácil para mim, nem o que chamaria de maravilhoso.  Mas, certamente tenho muito que agradecer.
Em primeiro lugar, à minha família e nela incluo algumas pessoas que são minha família também, mas das quais eu me aproximei por causa do meu segundo ex-marido e principalmente das minhas filhas. Que bom que o fim da relação conjugal não me afastou de algumas pessoas.
Quanto à minha família de sempre, aquela à qual sempre me refiro aqui, nem preciso me estender muito. Ela está sempre presente, apesar da distância física, e sei que sempre poderei contar com todos, cada um de acordo com sua disponibilidade financeira e sobretudo emocional. Fico feliz que a gente se ame e se proteja tanto, embora eu seja sempre a mais protegida.
Agradeço ao pessoal do Chorinho, que me acolheu em Cuiabá e que é uma espécie de minha segunda casa nesta capital calorenta. Agradeço os momentos de boa música, o espaço para dançar (coisa que adoro fazer), cantar, paquerar, namorar, conhecer gente bacana, para ser feliz.
Agradeço ao Madrigal do Avesso que me acolheu este ano e que espero ver deslanchar em 2011.
Agradeço à equipe da revista Produtor Rural, especialmente ao Sérgio, meu ex-chefe, pelos bons momentos e outros nem tanto; pela oportunidade maravilhosa de conhecer este Mato Grosso lindo e tanta gente que me enterneceu com suas histórias. Agradeço aos meus companheiros de viagem, principalmente aos fotógrafos que compartilharam comigo tantas aventuras e tanta quilometragem (né, Zé Medeiros?).
Agradeço aos meus amigos que moram em Cuiabá e que dividem momentos alegres e tristes, caminhadas, almoços, a cervejinha bem gelada e outros momentos. Não são tantos assim, mas prefiro não nomear para não cometer injustiças.
Agradeço aos amigos que não estão em Cuiabá, mas que estão sempre no "entorno". A vida já me ensinou que amigos (os verdadeiros) vão e voltam mais ou menos como as ondas do mar. Despedidas e afastamentos são tristes, mas os reencontros quase sempre são deliciosos.
E finalmente agradeço às minhas filhas Diana e Marina - dois presentes. É claro que brigo com elas e me inquieto com suas inquietações e imperfeições, na vã esperança de que não cometam os meus erros que a mãe. Nem por isso deixo de amá-las profundamente.
Amanhã, se tudo correr bem, falarei sobre meus projetos e desejos para 2011. Não custa sonhar e desejar. Faz parte do jogo da vida.

PS. Agradeço aos meus leitores e/ou seguidores deste blog. Eles dão um sabor especial a este vício, que não faz mal a ninguém.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em casa

Já estou em casa. Cansada, ainda a pé, mas com perspectiva de pegar meu carro logo depois do almoço.
Esta noite dormi muito mal. Em parte, por causa da tensão de perder a carona (o horário era meio incerto); em parte, por causa do temporal que caiu a noite inteira, inclusive na minha cama. Casa tem esse problema: por mais linda e cuidada que seja, sempre tem goteira.
D. Maria, a simpática funcionária da casa, chegou por volta de 9h, contando que seu bairro - a Cohab Velha - estava alagado. Triste Cáceres: faz um calor danado e quando começa a chover logo se percebem os sinais de alagamento. A água da chuva fica empoçada principalmente em alguns bairros, como a já mencionada Cohab Velha.
A viagem foi tranquila (sob chuva na metade do tempo), mas tenho essa capacidade incrível de dormir no carro. Entrego minha vida ao motorista. Adoro dormir no carro, principalmente se há outras pessoas conversando. Acordei já no trevo de entrada para Cuiabá.
Ah, a noite de ontem foi super agradável, passada entre velhos amigos, que queriam me convencer a ficar em Cáceres para o réveillon. Juro que fiquei na dúvida, mas minha intuição mandou eu voltar para casa, embora meu coração esteja muito ligado às minhas filhas que permaneceram lá, sob os cuidados dos tios, do pai e da avó. E sobretudo delas mesmas.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Força estranha

Estou me sentindo como uma personagem de um filme que nunca vi embora sempre tenha sido fascinada por seu enredo. Chama-se  "O anjo exterminador" do cineasta espanhol Luís Buñuel e pelo que sei a história se passa numa casa da qual os convidados não conseguem ir embora devido a uma força inexplicável.
Pois eu vim passar o Natal em Cáceres com planos de retornar na segunda-feira de manhã e ainda estou por aqui. Como já contei tive um problema no carro no domingo à noite, fui em busca de socorro ontem e o mecânico - um velho conhecido - me disse com bastante tranquilidade que a peça chegaria hoje de Cuiabá. Parecia um conserto simples.
Hoje de manhã ele me ligou dizendo que o dono da autopeças não tinha encontrado a peça e sugeriu que eu ligasse para o meu mecânico em Cuiabá pedindo para ele tentar achar a peça. Diante de tanta incerteza, eu preferi acionar meu seguro (BB) e tentar rebocar o carro para Cuiabá, pois achei que teria menos custos e ainda por cima me livraria da preocupação de ir dirigindo um carro sem tranquilidade.
A noite mal dormida por causa de muita chuva, trovões e relâmpagos foi o empurrão definitivo. Feito isso, relaxei - em termos. Como tenho dois compromissos agendados para hoje com amigos (mesmo que a peça chegasse hoje como esperado inicialmente, eu já estava decidida a viajar amanhã de manhã) e não tenho carona mesmo para hoje, devo viajar amanhã para Cuiabá - de ônibus ou de carona caso surja alguma.
O reboque vai deixar meu carro na oficina em Cuiabá e não sei quando o terei de novo.
Eu devia não ter vindo de carro, eu devia ter acionado o reboque logo, eu devia, eu devia ... Não adianta reclamar e ficar imaginando o que podia ou não podia ter feito para evitar esse transtorno. O jeito é tentar relaxar e tentar entender que "força estranha" não me deixa ir embora de Cáceres - uma cidade que bem poderia ser cenário de um filme surrealista como o de Buñuel.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mudança de plano

Nesses últimos dias do ano o que mais quero é encontrar a paz. Quero realmente acreditar que nada é por acaso e aprender a arte da paciência.
Vim passar o Natal em Cáceres e pretendia retornar hoje para Cuiabá. Ontem, pensei que poderia ficar mais um dia para tentar rever algumas pessoas queridas. Quando retornei para a casa onde estou hospedada, acendeu uma luz vermelha no painel do meu carro. Sinal de perigo.
Dormi preocupada e minha prioridade hoje foi levar o carro num mecânico que me atendia na época em que morava em Cáceres. Foi só colocar água e funcionar o carro para vermos a água esguinchando de uma mangueirinha. Aparentemente o problema era simples, porém Lúcio me ligou depois para dizer que precisaríamos trocar uma peça (cujo nome esqueci) que ele não encontrou em Cáceres. Queria saber se podia encomendar. Diante de minha resposta positiva, nada mais havia a ser feito. Estou aguardando que a peça chegue amanhã e cruzando os dedos para que o problema seja totalmente sanado. De qualquer maneira, na melhor das hipóteses, só devo seguir para Cuiabá na quarta.
Hoje, visitei o professor Natalino Ferreira Mendes, uma das pessoas mais ilustres e queridas de Cáceres, e sua filha Olga, grande amiga e parceira dos tempos da Unemat. À tarde, visitei outra pessoa muito querida, Míriam da Rocha, e saí com uma das minhas filhas.
Constatei o quanto as calçadas de Cáceres são estreitas e irregulares. Tive que caminhar bastante - no inicio,  com um pouco de medo do temporal que se formava - e me diverti com os encontros fortuitos com amigos e conhecidos. Fui até a beira do rio Paraguai e curti a paisagem por alguns segundos. Pretendia curtir mais, porém minha filha mais velha, que tinha ido a uma cachoeira com amigos, me "achou" e tive que ir para casa porque só tínhamos uma chave.
Para amanhã tenho algums planos, inclusive, fazer uma entrevista para um frila.
Meu coração está dividido: por um lado, fico feliz de continuar perto de minhas filhas e de poder (re) encontrar amigos queridos; por outro, quero voltar para minha casa e tocar minha vida.
No meio disso tudo, tem 215 km de estrada.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Acho que a esta altura do campeonato ninguém mais vai frequentar este espaço hoje. Mesmo assim quero agradecer a todos que me brindaram com sua atenção.
Para mim, este blog sempre foi um espaço para desabafar, criticar, elogiar e entender melhor o que se passa dentro de mim e no mundo. Nos últimos dias ando tendo uma certa dificuldade para fazer isso a contento, mas mesmo assim quero desejar a todos uma feliz noite de Natal.
Considerando o Natal como um momento de reflexão e renascimento, acho que todos os dias podem ser especiais. Que assim seja.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Antes tarde do que nunca

O bom do computador e da internet é que você pode atualizar seu blog de qualquer lugar. Hoje, por exemplo, estou em Cáceres, na casa dos meus cunhados.
Viemos no horário de almoço porque minha filha Marina tinha um compromisso às 3 da tarde em Cáceres para o qual não podia se atrasar. Pegamos um solão na estrada e bastante chuva no final, alguns caminhões-malas pelo caminho, mas chegamos. Decididamente não gosto de dirigir na estrada, fico tensa, não enxergo muito bem e só ultrapasso quando tenho muita certeza. Diante disso até que a gente chegou cedo, mas fiquei com dor nas costas, do nada. Acho que foi tensão.
Cáceres me desperta sentimentos conflitantes. Sou muito bem recebida pelas pessoas daqui e deixei grandes amigos na cidade, mas aos poucos a gente vai se distanciando da maioria das pessoas. Fora que muitas pessoas queridas já não moram mais aqui, como Yêda, Bárbara, Vera, Márcia (que está no Rio), etc.
Passei pelas ruas estreitas hoje e me lembrei de quantos Natais passei procurando presentes para minhas filhas nas lojas. Sinto um misto de saudades e tristeza. Foi um bom tempo, mas passou.
Como já alertei em posts anteriores, estou numa fase meio delicada. Nem sei explicar o que está acontecendo comigo, mas de repente me deu uma tristeza grande e uma sensação perigosa de que o mal sempre vence o bem. Uma preguiça de lutar, de brigar pelas coisas, uma sensação de desimportância.
Alguns chamam isso depressão. Acho que é só uma tristeza circunstancial. Tomara. É muito triste ficar triste.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Contradições

Hoje minha cabeça está a mil, poderia escrever uns 10 posts, mas vou me contentar com um.
Eu me aborreci muito com um problema com o meu celular. É uma história comprida e chata, por isso não vou perder tempo com ela. Mas só quero aproveitar este espaço para registrar minha imensa irritação com o representante da empresa (daqui de Cuiabá) que me convenceu a migrar do meu plano empresarial da Brasil Telecom para Oi. Essa novela ainda não acabou, mas hoje devo ter passado mais de meia hora falando com técnicos da Oi e da Brasil Telecom na vã tentativa de conseguir meu celular funcionando de novo na véspera dos feriados de fim de ano.
Pensar que eu vivia tão bem sem celular há menos de 20 anos. Não sei até que ponto essa tecnologia - internet, celular, etc - serve para nos unir às pessoas ou para nos separar.
Calma, gente! Não quero voltar ao passado e nem pretendo viver sem computador, nem celular, mas eu me pergunto o quanto isso realmente me aproxima das pessoas?  
Há algum tempo eu estava eufórica porque a internet me ajudou a reencontrar velhos amigos da faculdade. Foi uma delícia, mas isso não me impede de me sentir menos sozinha neste final de ano.
Eu me recordo que uma vez fiquei chocada de saber que uma amiga, muito jovem, bonita e querida, tinha passado a virada do ano batendo papo com outras pessoas solitárias no msn.
Concordo que você pode estar no meio da multidão na Avenida Atlântica em Copacabana e se sentir extremamente sozinha, ou numa festa ... Mas minha ideia de um bom Réveillon está longe de estar em casa batendo papo pelo computador, a não ser que você esteja conversando com alguém muito especial que esteja circunstancialmente longe.
Na verdade, adoro romper o ano numa festa, dançando, cercada de gente bacana e música boa, ou então num lugar bem tranquilo, tipo uma fazenda ou uma casa de praia, com poucos e bons amigos, ou alguém muito especial.
O réveillon mais estranho que já passei até hoje foi com um ex-marido: a gente estava indo para uma casa de campo de amigos em algum lugar da serra fluminense, mas nosso carro quebrou e acabamos passando a noite dentro do veículo no meio do nada. Lembrando agora é engraçado, mas na época não foi nada legal, já que eu estava apavorada e sem poder usar um banheiro. No dia seguinte, tivemos sorte e um membro de um grupo de malucos que passava pelo local acabou resolvendo o problema do carro.
Já passei viradas de ano no Pantanal - a primeira  tinha tudo para ser ótima, só que fiquei tão nervosa que acabei bebendo demais e apaguei antes de meia-noite.
Enfim, faz tempo que deixei de acreditar que um bom Réveillon era sinal de um ano próspero. 
Mas, retornando ao tema inicial - a comunicação - não posso deixar de mencionar um post recente de minha amiga Dete http://piassa-braziliansoul.blogspot.com/ em que ela comenta sobre a falta que sente de receber cartões de Natal e cartas em papel de verdade. Compartilho em parte de sua frustração, mas tenho que confessar: morro de preguiça de comprar bloco de carta, cartão, envelope, escrever à mão e depois ter que ir ao Correio enviar a correspondência.
Por outro lado, guardo com carinho cartas e cartões que recebi há décadas como a única carta que recebi de meu pai (falecido em 1961). Durante muitos anos ela era a prova inequívoca de que eu tinha tido um pai que parecia me amar.
Hoje, realmente estou um poço de contradições.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quase Natal

Hoje li o post novo de Valéria, sobrinha-neta que está na Áustria (http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com/). Tão bonito!
Ela fala de uma realidade tão distante: neve, Jesus Menino que traz presentes para as crianças que se comportam durante o ano, etc. Fala também de um sentimento de introspecção, que contrasta com o Natal daqui, "um evento mais expansivo". O que importa é que ela parece muito feliz.
Aqui, em Cuiabá, está um calor de rachar, como sempre, mas acho que estou mais num clima de introspecção do que de um "evento expansivo".
 Hoje, no final da tarde de um dia de trabalho, fomos eu e minha filha para o cinema assistir ao filme "A rede social". Muito bom. Para quem não sabe, é baseado na história do criador do Facebook (Mark Zuckerberg) e retrata bem o ambiente em que surgiu o mais novo milionário do mundo. Li que o próprio não ficou muito satisfeito com o filme dirigido por David Fincher (o mesmo de "O curioso caso de Benjamin Button" e de "Clube da luta", que não tive coragem de ver).
O cara é um nerd sem muitos amigos, mal sucedido com as meninas  e, meio sem querer, acaba criando um novo site de relacionamento que é a atual coqueluche da internet. Minhas filhas, por exemplo, agora vivem no Facebook. Até pouco tempo, a onda era o Orkut.
Na minha opinião, o filme tem umas sacadas geniais (inclusive, a trilha sonora é muito boa), que prefiro não comentar aqui para não estragar o prazer de quem ainda vai assisti-lo. O protagonista realmente se tornou um cara popular e provavelmente pode ter hoje as mulheres que quiser, mas me passou a sensação de que ele continua muito solitário e com grandes dificuldades afetivas. Mas está riquíssimo.
Após o filme, minha filha e eu demos uma andada no shopping para procurar uma sandália para ela, mas acabamos não comprando nada. Decididamente não fui fisgada este ano pelo instinto de comprar presentes. Achei o shopping menos cheio do que esperava.
A não ser pela fila de crianças querendo tirar foto com Papai Noel e as luzes piscando na fachada, nem parecia que era Natal.
Tenho mais três dias para entrar no clima natalino, mas acho que este ano estou mais inclinada à introspecção.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tempo de reflexão

Acabei de receber um email de uma amiga jornalista que me tocou muito. Não a conheço muito bem, mal posso dizer que somos "amigas", mas ela sempre me despertou bons sentimentos e nos últimos meses tive a oportunidade de conhecê-la um pouco melhor.
O mundo está cheio de gente boa, cujo sofrimento não foi transformado em revolta ou raiva da humanidade. São pessoas sempre dispostas a ajudar, donas de uma espiritualidade à flor da pele.
Minha diarista também é assim - uma pessoa do bem.
Às vezes eu me considero uma pessoa muito egoísta. Não faço mal deliberadamente a ninguém, mas me deixo abater facilmente por meus pequenos problemas e tenho um pouco de medo de sentir a energia do amor correndo no interior do meu corpo.
O que é o amor, afinal?
Sinto que desde a semana passada estou muito ligada numa energia meio ruim, às véspera de Natal. É como se a energia ruim das pessoas corruptas, prepotentes se soprepujasse à energia das pessoas de bom coração e como se me faltassem forças para enfrentar esse mundo duro e hostil.
Besteira. É claro que tenho. Estou atravessando um momento difícil e sinto muita falta da minha família nesse momento - meus anjos protetores, que sempre cuidaram dessa irmãzinha meio rebelde, meio independente, que traçou seus próprios caminhos, mas às vezes se sente meio incapaz de lidar com esse mundo onde muita gente parece levar as coisas no grito e onde mesmo as pessoas que parecem mais confiáveis também são capazes de nos decepcionar (e vice-versa).
Já passou da hora de crescer! Tenho saúde, alegria e preciso buscar dentro de mim a força para aproveitar esse momento para amadurecer. Tem momentos que consigo enxergar esse momento como único e definitivo.
Volta e meia chego à conclusão de que as pessoas não mudam. Vejo ao meu redor vários exemplos de pessoas que foram levando bordoadas ao longo da vida mas continuaram agindo como sempre. É como se não tivessem conseguido enxergar nada.
Será que sou assim também? Cabe a mim - somente a mim - responder essa pergunta.
Esse Natal, com certeza, será diferente.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Terra de oportunidades

Acabo de ler (http://www.24horasnews.com.br/) que Mato Grosso é campeão em número de assaltos a caixas de bancos. Segundo o site citado, a Polícia registrou até agora 109 ataques a caixas eletrônicos. De acordo com o Sindicato dos Bancários de MT, foram 16 assaltos com refêns.
Gostaria de hoje poder veicular uma notícia boa, mas é nosso papel - como cidadã, jornalista - alertar, chamar a atenção. A segurança pública, apesar da propaganda do governo estadual, é muito precária no estado que, infelizmente, não se destaca apenas na produção de grãos, carne bovina, etc, etc.
Sabendo da precariedade da segurança no interior (onde o efetivo da polícia é reduzido, etc) e, ao mesmo tempo, tendo informações sobre datas de pagamento, liberação de dinheiro, as quadrilhas atuam com certa desenvoltura em Mato Grosso, como demonstram os recentes assaltos a cidades como Denise, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum, etc.
Com a pressão policial em outros estados, como está acontecendo no Rio de Janeiro, é natural que os bandidos reconhecidos pela sociedade como tal (tem os outros "oficiais", mas quanto a esses não há muio o que fazer, por enquanto) busquem outras alternativas de "renda".
Uma das coisas que me lembro bem do livro "Abusado" do jornalista Caco Barcelos é isso: se a polícia fecha o cerco em torno de uma atividade, quem vive do crime simplesmente vai buscar outra (também ilícita, é claro). Às vezes, os criminosos são obrigados a agir em outros estados (ou até outros países).
Tudo muito profissional e organizado.
Mato Grosso é realmente é a terra das oportunidades.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sem comentários. Precisa?

Eu estava enganada. O fato de ter tido o registro de sua candidatura deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não impediu que o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) fosse escolhido pelo governador Silval Barbosa para comandar a Secretaria de Estado de Saúde - uma das mais complicadas do estado.
Na minha ingenuidade, imaginei que ele iria preferir continuar como deputado e que o governador não iria querer expor tanto o seu governo. Afinal, o nome de Henry esteve ligado aos escândalos do mensalão e das ambulâncias, além de acusações sobre compra de votos e uso indevido dos meios de comunicação.
Tristes trópicos, triste Mato Grosso!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Decepção

Hoje está difícil manter o bom humor. A primeira manchete que li foi sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que revogou a cassação imposta pelo TRE-MT aos deputados Pedro Henry (PP) e Chica Nunes (DEM).
Com isso, Henry poderá continuar como deputado federal, já que foi reeleito na eleição de 3 de outubro.
Nem sei se vale a pena comentar o assunto. O que posso dizer de novo sobre isso? Que estou indignada? Que não acredito na justiça? Que a Lei da Ficha Limpa já era (afinal, anteontem o deputado Paulo Maluf também conseguiu se safar)?
A única coisa que quero registrar além da minha tristeza e decepção é que a culpa maior de tudo isso, na minha opinião, é do STF, que ficou em cima do muro e não barrou a candidatura dos enquadrados na Lei da Ficha Limpa.
Os correligionários do grupo beneficiado provavelmente diriam que o tempo provou que o STF tinha razão, já que muitos candidatos que ficariam fora das eleições acabaram eleitos pelo povo e hoje podem assumir o mandato que lhes foi delegado pelo povo.
Então tá, a culpa é do "povo" - quem é o povo? - que elegeu um monte de gente que há anos se beneficia das artimanhas mais repulsivas da politica brasileira. Assim fica realmente difícil acreditar em mudanças através das urnas. Talvez o trabalho tenha que ser por outras vias, mais sutis (educação no sentido mais amplo e profundo da palavra, já que não acredita no caminho das armas).
Uma pequena ironia, a única coisa boa de Henry assumir o seu cargo é que Mato Grosso deixa de correr o risco, acredito, de tê-lo como secretário de Saúde, como estava sendo cogitado. Já pensou o estrago que ele faria?

PS. Acabo de saber que o TSE também anulou a condenação do Anthony Garotinho (PR) pelo TRE-RJ. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mistérios

Nos últimos dias ando meio subjetiva. Deve ser a chegada do final do ano - tempo geralmente associado a balanço de vida, etc.
Ontem, conversando rapidamente com uma colega de yoga sobre uma conhecida em comum, eu me toquei de uma coisa: ao contrário da pessoa em questão, nunca preparei realmente minha volta para o Rio de Janeiro.
Essa amiga morava em Mato Grosso como eu e a gente se encontrou por acaso num aniversário numa fazenda a mais de 100 km da cidade onde eu morava. Fomos contemporâneas na Escola de Comunicação da UFRJ e ela se formou depois em medicina. Casou-se e veio morar no interior mato-grossense por motivos absolutamente profissionais.
Na época em que tivemos um contato mais assíduo (há uns três anos), ela me disse que estava preparando seu retorno ao Rio. Foi mandando os filhos para estudar em sua cidade natal na medida em que cresciam e, aos poucos, ela mesmo foi pavimentando seu caminho de volta. O casamento já tinha acabado e o marido ficou por aqui.
Parece que ela está bem feliz no Rio. De repente eu me toquei de que, fora alguns momentos de total insatisfação com Cuiabá, nunca agi de uma forma determinada para voltar definitivamente ao Rio. Isso não quer dizer que eu não goste da cidade, muito pelo contrário. Porém alguma coisa me "prende" aqui  Não é mais o casamento (que me trouxe para cá), nem a possibilidade de um reatamento (isso já está fora de cogitação). Minha filha caçula está morando no interior de São Paulo e não sei se um dia voltará a morar em Cuiabá.
O que me segura aqui? Não é o emprego porque esse eu perdi há pouco tempo e ainda não consegui outro.
Medo? Comodismo? Ou uma intuição maluca de que alguma coisa muito boa ainda há de pintar?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Festas de fim de ano

Acabei de receber um belo cartão de Natal de uma sobrinha com quem tenho pouco contato. É engraçado isso: minha família é muito grande, juntando irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos e os bisnetos que estão chegando, além dos agregados (maridos e mulheres, que entram e saem da família; alguns ficam e se integram realmente a ela).
Tem também os primos por parte de pai, com os quais quase não mantenho contato, e por parte de mãe, com os quais mantenho algum contato porque a maioria mora em Cáceres. É gente que não acaba mais. Na minha última ida ao Rio de Janeiro, revi um bocado de gente, mas ainda faltou um monte que mora na cidade ou no estado.
Gosto muito dessa minha família, protetora, compreensiva e muito solidária. Seria fantástico que no Natal todos pudéssemos nos reencontrar, mas isso não acontece há anos. Acho que nunca aconteceu. Mesmo quando minha mãe era viva, era praticamente impossível reunir todo mundo. Alguns dos meus irmãos moravam em Corumbá e tinham cinco, seis filhos.
Depois que mamãe morreu (em outubro de 1986) cada um assumiu seu pequeno clã e os grandes encontros ficaram bem mais raros. Alguns "pequenos grandes encontros" acontecem em ocasiões festivas, como casamentos, mas sempre falta uma "perna". Tem gente que mora longe demais (no exterior), tem gente que está trabalhando, tem gente que está dura mais para viajar e tem gente que tem outras prioridades mesmo.
Este ano, por exemplo, não vou poder me reunir com essa família inicial, por vários motivos que não vem ao caso. Ainda não sei exatamente onde será o meu Natal. Provavelmente será em Cáceres com meu cunhado e sua mulher, que são tios (das minhas filhas) e amigos maravilhosos. Eu disse às minhas filhas: "O importante é nós três estarmos juntas, com saúde e em harmonia".
Quanto à virada do Ano, isso ainda é uma incógnita. Neste preciso momento estou mais preocupada em resolver o problema da minha máquina de lavar (cuja tampa quebrou) e dar sequência ao meu trabalho como frila. Com certeza, será um final de ano diferente.

PS. Enquanto escrevia este post (várias vezes interrompido por minha diarista), tive um insight revelador: entendi por que o Natal é uma festa tão delicada para mim. Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos, no dia 5 de dezembro. Claro que não me lembro muito desse Natal, mas deve ter sido muito triste.
Até eu ficar mais adulta, eu me lembro de achar o Natal uma festa triste. Eu sempre pensava nas crianças pobres que não tinham o que eu tinha (casa, comida, presentes) e chorava muito.
Mais tarde, desencanei e entrei numa que o Natal era apenas uma festa comercial, feita para estimular o comércio e uma oportunidade para estarmos com as pessoas que amávamos. Comecei a curtir a data como uma festa qualquer.
Mais tarde ainda voltei a sentir o Natal como uma ocasião de repensarmos nossos valores, nos (re)aproximarmos das pessoas que amamos mas das quais estamos afastados, etc, e fui aos poucos me desligando cada vez mais dessa coisa comercial. Detesto ir às lojas na época natalina e, se dependesse de mim. o Natal seria um fiasco para os comerciantes.
Acredito que ainda vou descobrir um outro significado para o Natal.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Curto circuito

Acabei de sair de uma reunião de trabalho onde as pessoas falaram de Deus com tanta intimidade. Vocês não fazem ideia como isso mexe comigo. Fiquei com vontade de chorar. De repente eu me senti uma criancinha morrendo de medo de que essas pessoas se virassem para mim e me perguntassem: "E você, também se sente assim, íntima da Deus? Você pratica uma religião?"
Uma das pessoas chegou a dizer que a mulher que não tem fé em Deus não consegue levar sua família adiante. Eu me senti péssima e responsável por todos os erros e dificuldades enfrentadas por minhas filhas e, naturalmente, por não ter colocado meu ex-marido num bom caminho.
Menos, Martha - dirão provavelmente as pessoas que me conhecem. Ok, mas estou aqui falando de sentimentos e não de razão.
Como deve ser menos pesada a vida quando a gente realmente acredita que Deus está ao nosso lado!
O que acho mais estranho é que já tive fé, frequentei a igreja católica, fiz primeira comunhão, encontro de jovens, tudo que tinha direito, e, de repente, como num passe de mágica (ou feitiço), tudo foi tirado de mim. Não houve um acontecimento especial que eu me lembre; eu simplesmente cansei da falta de explicação, deixei de acreditar que vivia um momento único e mágico quando recebia a hóstia. Perdi a fé.
Isso não me tornou uma pessoa pior. Continuei agindo da mesma forma, guiada pelos princípios que herdei de minha família: honestidade, ética, leadade, sinceridade ... Mas deixei de me sentir amparada por Deus e de frequentar a igreja.
Nesse meio tempo, busquei o espiritismo porque achei que a doutrina espírita me traria respostas para algumas perguntas que me incomodavam, mas sempre com o pé atrás, meio cética.
É isso o que tenho para dizer hoje. Ontem eu falei que queria só trazer notícias boas. Hoje eu me rendo à minha pequenez e à minha dificuldade para compreender os mistérios da fé e da vida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Música inspiradora

Ufa! Hoje tive um dia movimentado e cheio de imprevistos, por isso só agora estou conseguindo botar os assuntos em dia neste espaço.
Quero falar sobre o concerto de ontem no Teatro da UFMT. Foi a apresentação de fim de ano do Coral Universitário e do Coral Infanto-Juvenil da UFMT. Diga-se de passagem que a universidade está comemorando 40 anos.
O teatro estava cheio e eu adorei o concerto. Sempre ouvi falar muito bem do Coral da UFMT, mas nunca tinha ido a um concerto. Não sei se os anteriores também foram assim, mas o clima estava bem descontraído, bem alegre mesmo na maior parte do tempo.
Muitas peças bonitas, mas gostei especialmente do "Lux Aurumque" de Eric Whitacre, cujõ clima misterioso e envolvente era quebrado - infelizmente - por choros, risadas e gritos de crianças bem pequenas na plateia. Com todo respeito aos pais que levam seus filhos pequenos a concertos, tem hora que enche o saco. O grupo está lá cantando uma peça super bonita, todo mundo concentrado, de repente vem aquele barulho de criança.
Mas voltando ao concerto, adorei também o "Aleluia" de Ralph Manuel e as canções "Vida viração" de Leandro Maia e "Namoro não é crime" (música de Caio Senna e poema de Tobias Barreto).
Eu me surpreendi muito com o Coral Infanto-Juvenil. Que delícia! Apresentaram cinco números, mas que energia boa! Cantar realmente faz bem ao corpo e à alma de qualquer pessoa.
Em tempo, o Coral adulto é regido por Dorit Kolling e o infanto-juveil por Adonys Aguiar.
Durante o concerto, fiquei pensando: acho que sou uma jornalista do avesso. Não gosto muito de falar sobre notícias ruins (embora reconheça que essa é uma função primordial do jornalismo, a de denunciar, investigar). Gosto mesmo é de divulgar as coisas bonitas, falar das pessoas bonitas que fazem trabalhos bacanas. Talvez porque precise realçar as coisas bacanas para me sentir melhor. Não confundir isso com aquela coisa de assessoria de comunicação que varre os podres para debaixo do tapete ou tenta mascarar os pecados para vender o peixe de seu assessorado. Isso é uma coisa que não me apraz fazer.
Gosto da ideia de poder levar para mais pessoas o que um lugar, uma instituição, uma empresa, uma pessoa realmente tem de bom. Enquanto eu acreditar que ela tem algo de bom. Se eu deixar de acreditar, aí fica chato, vira quase prostituição. Às vezes posso ser ingênua, mas sempre procurei ser ética e ter respeito pelo meu leitor ou interlocutor.
Pensei todas essas coisas enquanto assistia ao concerto do Coral da UFMT. Pensei também que preciso muito arrumar um trampo que garanta a sustentabilidade de minha pequena família.  

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Contrastes

Depois de um post tão inspirado como o de ontem, confesso que não sei muito sobre o que falar. Na verdade, estou meio atordoada com um monte de coisas, desde a chegada das férias escolares de minhas filhas (o que implica coisas ótimas, como a presença da caçula, e outras não tão ótimas, como a possibilidade de gastos extras) à necessidade de fazer mais dinheiro, que se choca com aquele ritmo de festas que começa tomar conta da gente no final do ano.
Há que ter muita tranquilidade e manter o foco para administrar tudo, sem perder o bom humor.
Para complicar, tem aquelas notícias barra-pesadas que nos chegam todo dia e para as quais fico buscando explicações. Por que um universitário de um curso particular dá uma facada fatal num professor em Belo Horizonte? Como jovens são capazes de tanta brutalidade como vimos nas cenas de espancamento de um torcedor do Cruzeiro exibidas ontem no Jornal Nancional? Como é possível um incêndio matar mais de 80 presos numa penitenciária como aconteceu no Chile - o mesmo país que nos comoveu há poucos meses com o resgate dos mineiros?
Mais uma vez, é preciso muita calma para a gente não despirocar e sair achando que um mundo é grande loucura, sem sentido algum.
Ontem entrevistei uma artista plástica que é professora de yoga em Cuiabá e ela me passou uma tranquilidade e uma coerência tão grandes. É em coisas assim - a prática da yoga, a leitura, o autoconhecimento, a música - que venho buscando respostas para as perguntas que continuam me inquietando.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O apanhador no campo de centeio

Hoje minha mente divagadora me leva em duas direções diferentes, mais ou menos como no célebre poema de Robert Frost (já citado aqui). Qual caminho seguirei? O menos percorrido, ainda seguindo a trilha apontada pelo poeta norte-americano em "Two roads".
Neste fim de semana terminei a leitura de um livro muito especial, por vários motivos. É uma obra célebre, inclusive por motivos não muito positivos: "O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger, ou "The catcher in the rye" no original.
Publicada pela primeira vez entre os anos de 1945 e 1946 em formato de revista e em 1951 em formato de livro (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Catcher_in_the_Rye), a obra é um verdadeiro best-seller e teria feito a cabeça de muita gente, inclusive do assassino do ex-beatle John Lennon, Mark David Chapman, que tinha verdadeira obsessão pela história do jovem Holden Caulfield, protagonista e narrador.
O cara que tentou matar o ex-presidente Ronald Reagan em 1981 também teria tirado do livro a inspiração para o atentado. Através da resenha de autoria de Marco Antônio Bart(http://www.screamyell.com.br/literatura/apanhador.htm), descubro outras curiosidades acerca do livro: ele também é uma obsessão do personagem de Mel Gibson no filme "Teoria da Conspiração", que fiquei super a fim de assistir, e fonte de inspiração para bandas de rock.
A pergunta é: por que esse livro mexeu - e talvez ainda mexa - tanto com a mente das pessoas?
Não vou responder essa pergunta, pelo menos neste momento, mas gostaria muito de debater esse tema com outros leitores do livro do misterioso Salinger.
O que quero contar aqui é que terminar o livro foi uma vitória. Tenho essa publicação (velhinha, de páginas amareladas e cheirando a mofo) desde 1997 e tentei encará-la diversas vezes, mas sempre parei nas primeiras páginas. Desta vez não: fui até o fim e aproveitava breve minutos (até na oficina) para dar continuidade à leitura de tão envolvida que estava com a história do jovem Caulfield.
Podem ficar tranquilos que não pretendo matar ninguém, mas o livro é muito interessante: a gente fica muito envolvida com a mente maluca e errática do narrador protagonista.
Mas é também muito poético.
Eu ganhei esse livro (como outros que pretendo ler) de uma pessoa encarregada por uma biblioteca no estado de Indiana quando viajei para lá numa viagem de intercâmbio pelo Rotary Club. Eram livros repetidos que iam ser jogados fora, sei lá, e ela me deu.
Comecei ontem a leitura de outro desses livros, outro clássico da literatura norte-americana: "Trópico de Câncer", romance autobiográfico de Henry Miller - uma obra iconoclasta.
Entrei numa de ler livros em inglês como forma de aperfeiçoar meu inglês. Estou adorando a experiência.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

De coração novo

Hoje tive retorno com minha cardiologista (minha amiga Marta, ex-colega no Colégio Santo Inácio e hoje companheira no Madrigal do Avesso) e saí de lá muito feliz.
Meu coração está tinindo, segundo ela e os exames que fiz (ecocardiograma, teste ergométrico e exames clínicos que apontam um monte de coisas, tipo triglicerides, colesterol, potássio, etc).
No meu check-up do ano passado, não cheguei a fazer a consulta de retorno e este ano não quis repetir o mesmo erro.
Enquanto aguardava meu horário fiquei lendo a edição de novembro da revista Unica http://revistaunicaonline.com.br/, editada pela jornalista Rose Domingues, e li algumas coisas bem legais. Uma delas foi exatamente a matéria de capa intitulada "Cuide bem de seu coração".
Fiquei aliviada porque os conselhos dados pelos especialistas (médicos, psicólogos, nutricionistas, etc) têm tudo a ver com o que procuro fazer no dia-a-dia. Coma bem, durma bem, não se renda ao estresse, não guarde ressentimentos, procure perdoar, etc, etc.
Um deles (o cardiologista entrevistado) disse que a gente não deve se deixa abater por problemas financeiros. Também procuro fazer isso, mas convenhamos que é um pouco mais difícil. Se há contas a pagar, compromissos a cumprir e sua conta corrente não tiver fundos suficientes, ou você pira de vez e se torna eternamente irresponsável ou é preciso encarar o touro de frente.
É o que tenho tentado fazer. Não consigo me desligar das coisas que me dão prazer (será que deveria?) - estar com amigos, desfrutar da companhia da minha adorável família, cantar, dançar, fazer yoga, etc -, porém preciso encarar com mais coragem o desafio de conseguir um bom trabalho (eu disse trabalho, não necessariamente emprego) que garanta meu sustento e de minhas filhas por mais alguns anos.
E que, se possível, seja mais uma fonte de alegria e me dê a sensação de que estou fazendo alguma diferença no mundo. Será que estou querendo demais?
Pelo menos, minha consulta de hoje mostrou que tenho saúde para enfrentar novos desafios.
Mais uma década está se acabando. Que venham outras!
Uma das coisas boas da gente viajar e sair de sua rotina é perceber que a vida não termina aos 30, 40, 50, 60 ou 70. Ela pode estar sempre recomeçando.






sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Questão de sorte - ou azar?

Hoje, enquanto caminhava no Parque Mãe Bonifácia fui elocubrando um pensamento que gostaria de compartilhar com vocês. Vamos ver se dou conta.
Tudo na vida pode ser analisado sob dois pontos de vista, até a morte. Quando alguém morre depois de sofrer muito, as pessoas dizem: "Ele/ela descansou", portanto, teve sorte por ter descansado, mas teve azar porque ficou doente ou sofreu algum acidente grave.
Anteontem aconteceu um episódio estranho logo que cheguei no Chorinho (o bar Choros & Serestas) . O lugar estava vazio e, quando eu passava, um dos garçons, meio estabanado, baixou o braço depois de arrumar o ventilador e, sem querer (obviamente), bateu no meu rosto. Na hora, levei um susto e ele não sabia o que dizer para se desculpar, mas minha grande preocupação era com minha lente de contato porque vi que a do lado esquerdo tinha saído.
Essa lente (sozinha) me custou R$ 700. Eu senti que ela não estava no meu olho e fiquei apavorada porque o lugar não é exatamente claro. Falei pro garçon: "Não se mexe", mas senti que ele não ia poder me ajudar muito a encontrar a lente. Nisso, olhei pra direita e vi a danadinha na minha blusa. Peguei, fui ao banheiro, lavei-a com o produto adequado (que sempre levo na bolsa) e voltei pro bar. Meu nariz ficou meio vermelho por causa do safanão, mas eu só conseguia pensar na alegria de ter encontrado minha lente.
Voltando ao tema do início: tive sorte ou azar? Depende do ponto de vista. Tive azar de passar exatamente na hora em que o rapaz baixou o braço, mas tive sorte pelo fato da lente ter ficado na minha blusa.
Pensei nisso também por causa da batida que levei há algumas semanas: tive azar de estar parada e outro carro bater na minha traseira. Levei susto, fiquei preocupada, etc. Tive sorte pelo fato da pessoa responsável pela batida ser super correta e ter me deixado tranquila quanto ao ressarcimento do meu prejuízo.
A vida é feita de coisas boas e ruins. Se a gente for cristã, espírita, budista, evangélica, etc, sempre vai encontrar na fé consolo para os acontecimentos e ver na solução o dedo de "Deus" (seja quem for).
Pessoas negativas (às vezes, eu me incluo entre elas) tendem a maximizar as coisas ruins e se sentir perseguidas, injustiçadas; pessoas positivas (às vezes, eu me incluo entre elas) tendem a enxergar essas coisas como fatos da vida, que devem ser encarados com a maior naturalidade possível.
É difícil às vezes manter o otimismo e consegui realmente acreditar na sorte e que há males que vem para o bem. Mas se a gente não acreditar, só fica pior, né?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De carro quase novo

Caramba, já estamos em dezembro e assim vou terminando o meu terceiro ano de blogueira. Nesse meio tempo conheci outros malucos como eu (o Akira, o Eduardo Lara Resende, o Pedro du Bois, entre outros) e fui me aproximando de outros que conhecia de outros carnavais (como a Lolo do Coisas da Vida, o Lorenzo do Tyrannus, o Gabriel do Bar do Bugre, a Terezinha do Roça de Livros) e do povo blogueiro da família (Dete do Brazilian Soul, Valéria dos Meus Quipus e Bel do Diário de Marias).
"Blogar" é bom demais. Ajuda a botar os pensamento no lugar e a descobrir novas formas de ver velhas coisas. Ajuda também a diminuir a solidão - uma palavrinha que não anda combinando muito comigo ultimamente.
Hoje, por exemplo, não tive tempo de atualizar o blog durante o dia, mas queria muito compartilhar uma coisa bem legal que aconteceu: mandei pintar meu carro. Parece bobagem, mas é tão significativo para mim.
Há anos meu carro está feio, muito feinho mesmo. Já comprei-o com a pintura meio feia, mas o negócio era bom e eu tinha muita pressa de comprar um carro de segunda mão na época, já que o meu estava de um jeito que me obrigava a chegar a chamar o socorro até duas vezes num mesmo dia.
Com o tempo o Paglio foi ficando cada vez mais feinho e era como um símbolo da minha decadência financeira, sem querer fazer melodrama.
Várias vezes quando eu via aquelas propagandas sobre carros na TV eu me sentia tentada a correr numa concessionária no dia seguinte para trocar o meu. Mas aí pensava nas prestações a pagar e me segurava.
Quando eu reclamava do meu carro para o meu querido mecânico (na verdade são dois, pai e filho, uns amores), ele dizia que meu carro estava ótimo. Eu ficava mais consolada, mas nem por isso deixava de ter vergonha do meu carrinho.
Pois esta semana tive que ir ao lanterneiro (ou funileiro, como chamam por aqui) para arrumar a traseira do carro (uma moça muito legal bateu nele e não só se comprometeu a pagar o serviço como já me passou o dinheiro). Resolvi perguntar quanto ele cobraria para pintar o carro já que não tenho a intenção de trocá-lo no momento. Achei o preço bem muito razoável e o tempo que ele me pediu para fazer o serviço me pareceu ainda mais razoável.
Como boa "carioca" tenho trauma de lanterneiro, mas botei fé no Seu Armando, profissional recomendado por Seu Jair e seu filho Marcos (os mecânicos). Passei três dias andando de ônibus (só saí para fazer o indispensável) e ontem, no final da tarde, fui buscar o carro (de ônibus). Aprendi que é possível ir do bairro Goiabeiras à Morada do Ouro de ônibus sem fazer baldeação - um conhecimento bastante útil, inclusive porque o ônibus passa em frente ao Shopping Pantanal.
O carro ficou sinplesmente lindo! Parece outro. Fiquei muito satisfeita com o serviço. Na hora que fui pegar tinha um cara que trabalha perto da oficina mostrando o meu carro pro outro e sugerindo que pintasse o da sua mulher com a mesma cor.
O meu carro é 2000, mas estou me sentindo como se estivesse num zero quilômetro. Os pneus estão novos e a parte mecânica parece estar ok. Estou andando com cuidado redobrado nesta cidade de trânsito maluco onde toda hora tem uma batida. Hoje mesmo teve uma porrada aqui na esquina da minha rua e o pior é que os sinais do cruzamento continuam defeituosos.
Todo cuidado é pouco com meu carrinho lindo. Agora tenho que correr atrás de mais trabalho para pagar mais essa conta. Qualquer coisa eu vendo o carro. Tomara que eu não precise chegar a esse ponto.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Profissão repórter

Gosto muito do programa "Profissão Repórter", exibido pela Rede Globo depois de "Casseta & Planeta" e do seriado da vez (no momento "As Cariocas" - diga-se de passagem que o episódio de ontem foi um dos mais fracos da série).
Quase sempre o programa me comove e me faz recordar do meu primeiro impulso para ser jornalista: eu tinha pouco mais de 10 anos e lia na revista "Realidade" (Editora Abril) reportagens extensas e comoventes sobre realidades bem distantes da minha, de menina de classe média, criada num apartamento confortável do bairro carioca do Flamengo e que sempre estudou em bons colégios particulares e católicos.
"Realidade" me abria as portas para um outro mundo, sofrido, escuro (eu me lembro de que algumas reportagens barra-pesadas eram ilustradas com fotos p&b, contrastando com o colorido das matérias mais alto astral) e no qual eu pretendia mergulhar quando ficasse adulta para denunciar as mazelas e injustiças do mundo.
Que ironia ... Hoje estou bem longe desse perfil revolucionário. Será que me acomodei, desacraditei ou simplesmente esse não era o meu verdadeiro perfil?
Mas voltando ao "Profissão Repórter", acho bacana o trabalho de Caco Barcelos, um jornalista bem coerente, e acho especialmente interessante essa proposta de trabalhar a reportagem com profissionais jovens. É como se fosse uma aula de jornalismo.
Às vezes, confesso, eu meio que me pergunto ao final de um programa mais barra pesada: "E daí? O que vai acontecer agora com essas pessoas? Elas vão continuar mergulhadas em seus problemas e buscando soluções sozinhas".
Sei que isso é uma posiçào niilista que, por isso mesmo, não leva a nada. Caco e seus pupilos fizeram sua parte: revelam para o grande público (que poderia ser maior se o programa fosse exibido mais cedo) um outro lado de realidade, mostram e dão voz a pessoas (heróicas ou não) que fazem parte dessa realidade e vão sobrevivendo nela, ou apesar dela (alguns não sobreviverão por muito tempo).
Ontem, por exemplo, fui me deitar incomodada com a realidade daquelas famílias despejadas de um hotel abandonado em São Paulo. Gente tão comum, mães com recém nascidos, idosos, mulheres e homens que trabalham, ex-moradores de lugares de risco. O programa acabou com eles acampados debaixo de chuva em frente à Câmara Municipal. Fui dormir meio triste e consciente de que deveria dar mais valor à minha cama confortável, mas e hoje?


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Papo de salão

Não sou uma grande frequentadora de salões de beleza, mas vou a um desses estabelecimentos três vezes por mês, em média, para fazer as unhas, ser depilada e, mais eventualmente, cortar os cabelos.
Sou fiel aos meus hábitos e, uma vez escolhido o fornecedor de serviços e/ou produtos, dificilmente deixo de frequentar o lugar, a menos que aconteça alguma coisa ruim. Com isso vou me tornando "amiga" das pessoas que trabalham no local, embora não faça o gênero super simpática, daquelas pessoas que chegam agitando o salão com fofocas e risadas.
De modo geral gosto de ouvir as conversas e folhear as revistas (Caras, Contigo e outras do gênero) enquanto espero. Hoje, o salão estava vazio de manhã e a conversa girou em torno dos últimos acontecimentos da novela "Passione".
Quem me conhece sabe que sou chegada numa novela. Gosto das artimanhas criadas pelos autores para prender a atenção dos telespectadores, me afeiçoo a alguns personagens e admiro a evolução da teledramaturgia desde que me entendo por gente. Mas não chego a ser uma maníaca por novelas, ainda mais que hoje sempre se pode assistir ao último capítulo no youtube.
A novela "Passione", com todo respeito ao autor Sílvio de Abreu, cujo trabalho acompanho desde "Jogo da Vida" no início dos anos 80, anda me irritando. Acho que tem boas interpretações, grandes cenas (como a do encontro do Gérson/ Marcelo Anthony com a filha), mas a maldade exagerada de alguns personagens (como a avó cafetina) e a ingenuidade/bondade de outros me irritam.
Ontem mesmo desliguei a TV logo após Gérson revelar a seu terapeuta que é viciado em sexo extremo (ele gostava de assistir a cenas de sexo sujo e/ou pervertido ao vivo e na internet) e preferi trabalhar num projeto que estou desenvolvendo com um amigo (cujo tema prefiro manter em segredo, por enquanto). Eu me senti aliviada. A TV escraviza a gente.
Mas, voltando ao salão: hoje eu já estava ficando irritada de ouvir as pessoas discutindo a novela e seus desdobramentos como se fosse uma coisa realmente séria. "Eu cheguei a acreditar que a Clara (personagem de Mariana Ximenes) era boa" - afirmou uma funcionária. "Eu sempre soube que ela nunca deixou de ser má"- retrucou a outra.
O assunto começou por causa da revelação do "segredo" de Gérson ontem durante a sessão de terapia. De modo geral, todas ficaram decepcionadas, pois imaginavam uma coisa mais chocante, do tipo pedofilia ou então gostar de fazer sexo com animais.
A discussão central evoluiu para o tema quem deve ficar com quem ou quem "merece" ficar com quem. "Não, ela não ama o Totó. Ela ama o Gérson" - argumentou uma moça referindo-se à personagem de Larissa Maciel (a eterna Maísa).
Tive vontade de dizer: "Gente, é tudo mentira!" É impressionante como as pessoas se deixam levar pelas emoções das telenovelas. Felizmente o assunto mudou para a vida real e aí minhas amigas do salão começaram a falar de suas expectativas em relação ao amor. Só então voltei a me envolver na conversa, embora ainda me preservando um pouco.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O tal do interesse público

Eu não pretendia escrever sobre a operação policial militar no Complexo do Alemão - assunto amplamente divulgado, discutido, exibido pela mídia peso pesado e especialistas de todos os setores.
Não estou alheia aos acontecimentos, que considero interessantes e gravíssimos, porém me preocupa um pouco o excesso de belicismo e o empenho da mídia mais convencional (Globo, Veja) de dar uma dimensão meio "Apocalipse Now" ao evento.
É como se estivéssemos todos assistindo a mais um filme da série "Tropa de Elite", desta vez ao vivo e sem o Wagner Moura como protagonista.
Nesse turbilhão todo um personagem tem me chamado atenção pela sua quase simplicidade: o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o gaúcho José Mariano Beltrame. Ele tem se mostrado muito ponderado em suas entrevistas como a de ontem quando disse ao jornalista Paulo Henrique Amorim (acho que foi na Record) que nada disso teria acontecido se o foco de muitas ações tivesse sido o interesse público.
Pode ser engano meu, mas não senti que ele falava da boca para fora. Comentei com uma das minhas filhas sua declaração e ela me perguntou: "O que é interesse público?" É claro que expliquei, mas fiquei meio surpresa por ela não saber o que era isso. Sinal dos tempos?
O interesse público deveria pautar muitas de nossas ações, sejamos nós funcionários públicos ou não. O servidor público, por princípio, deveria ter sempre em mente o "interesse público". Políticos então jamais deveriam pensar em nada a não ser no tal interesse público. Jornalistas, por dever  de ética, deveriam manter sempre o foco no interesse público.
Mas não é o que acontece geralmente. Interesses privados - sejam eles individuais ou mais comumente de grupos, partidos - acabam se sobrepujando ao interesse da comunidade, acarretando tantos problemas que tão bem conhecemos: mau uso do dinheiro público, falta de continuidade nas politicas públicas (fatal para qualquer projeto de médio e longo prazo), etc, etc.
Ontem, refletindo com essa mesma filha sobre passado, presente e futuro de Cáceres, sua terra natal e terra dos meus antepassados, mais uma vez o tema do interesse público explodiu na nossa cara. Acho que agora ela entendeu o que é interesse público.
A propósito, li que o governo estuda comprar um avião mais poderoso e caro que o Aerolula para a presidente eleita. A aeronave já foi apelidada de Aerodilma. Será que isso é do interesse público?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Violência no Rio

Desde que cheguei do Rio algumas pessoas demonstram preocupação comigo por causa dos últimos acontecimentos na cidade, fartamente noticiados pela mídia.
Vendo de longe também me sinto aliviada por ter deixado o Rio na terça-feira, quando o conflito se agravou, mas não acredito que eu deixaria de fazer as coisas que fiz. Talvez faria tudo com um pouco mais de medo. Além disso, meus amigos e parentes continuam lá, tocando suas vidas normalmente até onde sei
O medo já fazia parte da rotina dos cariocas no final dos anos 80, quando troquei o Estado do Rio por Mato Grosso, mas, sem dúvida, a sensação de insegurança só se acentuou nos últimos 20 anos.
Percebo isso quando vou lá através das expressões de medo de amigos e parentes. Todo mundo está mais prudente e algumas pessoas certamente mudaram seus hábitos, principalmente noturnos.
Nos últimos dias que passei lá dois motoristas de táxi comentaram que a noite estava mais vazia. Um deles, que pegamos a caminho da Lapa,  contou que ganhou muito dinheiro na noite, porém agora tudo está bem mais parado.
Percebi isso quando o samba acabou no Carioca da Gema por volta de 1 hora da madrugada da última terça-feira e vi sendo fechadas as portas do Nova Capela - restaurante tradicional onde eu ia com a turma do JB depois do "pescoção" de sexta-feira (um trabalho mais puxado para fechar a edição de domingo).
Na saída do bar, pegamos um táxi para a Zona Sul e um amigo pegou outro para a Tijuca. Só fiquei mais tranquila quando consegui me comunicar com ele por email ontem.
Mas essa é a rotina do Centro e da Zona Sul, tensa, porém nada comparável a de quem mora perto da Penha, do Complexo do Alemão e da tão falada Vila do Cruzeiro, ou mais próximo dos morros onde o tráfico tem seus redutos.
Acho que os filmes "Tropa de Elite" têm um papel fundamental na tomada de consciência das pessoas sobre o que acontece no Rio.
Eu me arrepio quando ouço pessoas (como ouvi ontem em Cuiabá) dizendo "tem que jogar uma bomba atômica e acabar com todos esses bandidos". Mas e os verdadeiros cabeças, os chefões e  todo tipo de autoridade que fizeram e fazem fortuna graças ao tráfico, à corrupção, às milícias e ao crime organizado em geral? Será que não vão arregimentar novos soldados entre essa juventude sem rumo e ideais que não teme a violência e acredita piamente na impunidade? Os verdadeiros cabeças têm que ser punidos.
Será que o Rio de Janeiro (e o Brasil) está preparado para um novo tipo de sociedade? O crime, a violência sempre vão existir infelizmente, mas não é justo que comunidades se tornem reféns da bandidagem (de todos os escalões).
Cidades bem menores que o Rio como Cuiabá também estão se tornando reféns do medo e aqui a insegurança e a violência estão cada vez mais generalizadas. É preciso que o País como um todo se recrie. Tem que mudar leis, melhorar o sistema penitenciário (essa eterna fábrica de bandidos), remunerar e estruturar melhor a polícia, investir recursos públicos onde deveriam ser aplicados (educação, saúde e saneamento básico). Não adianta só reprimir, mas também não se pode deixar de reprimir.
É um longo e árduo caminho, mas que precisa ser trilhado.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meninos, eu vi!


O show de Monarco no Chorinho foi simplesmente lindo! Não tirei foto com ele (realmente não tenho alma de tiete), mas tirei fotos dele e dos músicos.
Ele é muito simpático e estava vestido à maneira tradicional da Velha Guarda da Portela: camisa de mangas compridas azul clara, calça, sapatos e chapéu brancos. 
O Chorinho estava lotado e o público reverenciou o mestre, não se furtando a acompanhá-lo em coro na maior parte dos sambas. O gostoso (ah! como gostaria de poder assistir novamente ...) foi que ele ia intermediando os sambas com historinhas sobre parceiros e companheiros de estrada, como a conversa com Cartola sobre um dos maiores sucessos do compositor da Mangueira.
"Você devia estar com a maior dor de cotovelo quando fez essa música", disse Monarco. Cartola respondeu que tinha feito para uma filha adotiva que tinha decidido sair de casa. E aí surge um novo cenário para a belíssima "O mundo é um moinho".
Monarco desfilou clássicos de Silas de Oliveira, considerado por muitos o maior compositor de samba-enredo da história. Relembrou o jovem Paulinho da Viola, cantou sambas que fez para sua mulher, lamentou a injustiça feita com Geraldo Pereira (autor de "Sem compromisso" e "Falsa baiana") que não mereceu nem o nome de uma viela em alguma comunidade carioca, e ainda cantou um mega sucesso da escola União da Ilha.
Acompanhado de dois músicos que também vieram do Rio (Paulão 7 cordas, seu produtor musical, e Alessandro no cavaquinho) e dois músicos cuiabanos na percussão (entre eles, o elegantíssimo Madalena no pandeiro), Monarco mostrou por que o samba de qualidade "agoniza, mas não morre". Ele tem o poder de evocar sentimentos, de resgatar nossa humanidade, de unir pessoas.
A noite ainda teve apresentação do estupendo violonista Joelson Conceição (cria do Chorinho, como ele mesmo reconheceu) e do grupo Orquestra de Buteco.
A casa botou roupa de festa para receber seus convidados ilustres e, no final, Marinho (violão 7 cordas) e Fátima, donos e administradores do bar, eram só sorrisos. Aliás, nunca tinha visto Marinho tão feliz.
Pena que foi uma noite só e que mais gente de Cuiabá não tenha tido a oportunidade de ouvir e conhecer Monarco da Portela. O homem tem 77 anos, mas tem uma expressão jovial e feliz. Tomara que volte outras vezes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Monarco em Cuiabá

Chego a Cuiabá afoita para assistir ao show do sambista Monarco no bar Choros e Serestas.
Vou reorganizando minhas coisas em casa, dou telefonemas importantes e vou botando os pés no chão, mas a cabeça está sempre no ar, sonhando com a "noite de gala" em comemoração ao décimo oitavo aniversário do meu Chorinho.
Entro nos sites dos principais jornais de Cuiabá para ler alguma coisa sobre o assunto e, para minha decepção, não enconto uma nota sequer. Boto o nome de Monarco no google e aparecem "aproximadamente 52.700 resultados em 0,12 segundos", mas nada sobre a apresentação em Cuiabá. Resolvo tentar "Monarco da Portela em Cuiabá" e bingo: surge o blog caentrenos com a menção ao sambista feito no dia 20 de novembro passado.
É claro que o show vai rolar: comprei meu lugar na mesa no dia 13, antes de viajar ao Rio para garantir meu lugar. Além disso, um amigo jornalista do Rio já estava sabendo do evento por meio de um primo de Cuiabá que o convidou, inclusive, para vir assistir.
Monarco tem 77 anos e acabei de descobrir que nasceu no mesmo dia (17 de agosto) que dona Estella, aquela minha amiga de Cáceres cuja biografia escrevi.  Segundo o  site http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/monarco, ele nasceu no subúrbio carioca de Cavalcanti com o nome de Hildemar Diniz e passou a infância em Nova Iguaçu antes de ir morar em Oswaldo Cruz, bairro do Rio que abriga a Portela. É um verdadeiro portelense e hoje faz parte da Velha Guarda da escola, ou seja, do Olimpo dos sambistas cariocas. Seu primeiro solo foi lançado em 1976 e através dele Monarco se revelou como intérprete. Muitas de suas composições são sucesso nas vozes de intérpretes como Beth Carvalho, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Roberto Ribeiro e Zeca Pagodinho.
A noite promete ser memorável e amanhã prometo contar mais para vocês. Quem sabe até tiro uma foto com Monarco e seus acompanhantes ...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De volta

De volta à minha casa em Cuiabá (eu ia usar a palavra "lar", mas para mim ela é mais abrangente e posso chamar de "lar" o lugar onde eventualmente estou, como a casa de uma irmã, desde que eu me sinta em casa), trago muitas saudades dos amigos, parentes e lugares (re) visitados no Rio de Janeiro.
Mas trago também a alma mais leve e a sensação de ter renovado minhas baterias. Torço para que não estejam "viciadas" e não retornem muito rapidamente à condição anterior.
Esta temporada no Rio me fez muito bem e sou muito grata a todos que me receberam com tanto carinho. Em alguns casos, os encontros foram rápidos, porém intensos: em outros (como no caso da minha sobrinha Bernadete) foram mais presenciais e sentimentais. Como ela mesmo reconheceu quando deixávamos o Carioca da Gema na madrugada de hoje, assim que o conjunto parou de tocar:
- A gente conversa mais pelo skype quando estou nos EUA e você em Cuiabá.
É verdade, concordei. Nossos encontros aconteceram em meio à presença de outras pessoas e de uma pessoa em especial: seu marido Bill, que veio pela primeira vez ao Brasil.
Espero que ela não se zangue de eu estar aqui contando essas coisas para alguns velhos e novos amigos que seguem minhas aventuras e desventuras neste blog.
Fiquei muito feliz de ter encontrado o amparo e carinho de irmãs, sobrinhos e outras pessoas que fazem parte da família (como Jorgina) e de novos amigos que fiz nessa temporada carioca. Fiquei feliz também de ter conseguido reunir em alguns momentos amigos  de contextos e décadas diferentes e acredito que o conteúdo desses encontros alimentarão por algum tempo minha imaginação e meu espírito nesta cidade onde escolhi morar e onde faço novos amigos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fim da temporada carioca

Minha temporada no Rio está quase terminando. Claro que estou com saudades de minha casa e minha filha (das duas, mas só vou rever, por enquanto, a que mora comigo em Cuiabá), mas já estou morrendo de saudades daqui ...
Vocês não têm ideia da quantidade de gente amiga e querida que tenho aqui ... Gente que conheço desde 10 anos, como minha amiga Cynthia, que vou encontrar hoje; gente que conheço há mais de 30 anos, como meus amigos da ECO, que reencontrei agora; gente que conheci em Mato Grosso há pouco mais de 10 anos e mora aqui; gente que conheci desde que nasci, como minhas irmãs e minha cunhada, e gente que vi nascendo como meus sobrinhos e sobrinhos netos. 
É engraçado que o Rio é grande, mas consigo reencontrar conhecidos por acaso na rua, como ontem quando esbarrei no meu grande amigo Saboya, corumbaense como eu, mas radicado aqui desde criança. 
Tenho vontade de voltar para cá, ah, como tenho ... Não é impossível. O que me prende a Mato Grosso? Antes era o fato de manter as filhas perto do pai, mas agora ele não está mais lá e nem a menor está mais lá. Trabalho? Acabei de perder meu emprego e ainda estou tateando em busca de novas fontes de renda. Amigos? Sim, gosto muito dos amigos que fiz lá, mas tenho amigos aqui e lá. Há a questão da sobrevivência e ela é preocupante tanto lá quanto aqui. Não é uma decisão fácil, de jeito algum ... Vamos ver ... Tenho que pensar bastante e ser mais assertiva nos meus planos e decisões. 
"O que será do amanhã?
O que vai ser do meu destino? ..."



sábado, 20 de novembro de 2010

Rio familiar

Ai, gente, eu não queria, mas já estou ficando com o coração apertado, vendo se aproximar o dia de meu retorno a Cuiabá. É tanta gente para ver, rever, conhecer, reconhecer no Rio de Janeiro ...
Ontem tivemos uma noite super agradável. Depois de uma passada no Centro Cultural do Banco do Brasil no Centro, onde conheci a Banda Lunar (só de mulheres) no projeto Novas Gafieiras, tomamos alguns chopes e comemos pastéis deliciosos num boteco numa ruela logo atrás do CCBB e, em seguida, nosso grupo eclético (minha irmã, minha cunhada, uma sobrinha, um amigo jornalista e um amigo dele que se juntou a nós) seguiu para o Trapiche da Gamboa, onde me senti em casa.
Num determinado momento, o amigo do meu amigo disse: "Você não tem isso em Cuiabá ?!?", numa referência à roda de samba de alto nível que estava rolando. "Tenho sim!" - respondi, me lembrando do "meu" Chorinho (o bar Choros&Serestas, minha segunda casa em Cuiabá).
A diferença é que no Rio a gente tem vários "Chorinhos", embora eu ame a atmosfera  de amizade que rola no Chorinho cuiabano nas quartas-feiras e no início das noites de sábado. Diga-se de passagem que na próxima quarta vai rolar o 18º aniversário do Chorinho e vai ter show especial com o sambista Monarco da Portela e conjunto. Já encontrei duas pessoas aqui no Rio que falaram para eu dizer ao Monarco que estive com eles.
Hoje fui à praia em Ipanema e agora estamos aguardando um telefonema de Dete (a sobrinha que chegou dos EUA hoje à tarde) para nos encontrarmos em algum bar. No mínimo outras três sobrinhas deverão se juntar a nós. Essa nossa família é grande e adora um reencontro.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Rio com sol

O sol voltou a brilhar no Rio. O céu está lindamente azul. O povo daqui diz que está quente, mas estou achando tão fresquinho! Coisa de gente que mora em Cuiabá, cidade apelidada carinhosa a apropriadamente pelos roqueiros de lá como "hell city".
Hoje fui caminhar na orla de Ipanema e Leblon e não resisti: acabei dando um mergulho na água gelada do mar. Uma delícia!
Depois almoçamos num restaurante a quilo (minha irmã Jane, Rosinha - uma das minhas várias sobrinhas- e eu) e daqui a pouco vamos pegar o metrô para ir ao Centro Cultural Banco do Brasil. A noite promete.
Acho que a minha temporada vai ser curta para rever todos os amigos e parentes com a profundidade necessária. É gente demais!
Hoje, numa parte da manhã, por exemplo, fiz altas amizades com minha sobrinha neta Luísa, que está prestes a completar três anos. Uma gracinha!
Ontem tomei caipirinha de pitaia, que amo, num bar na avenida Vieira Souto com Jael, amiga dos tempos da ECO que não via há décadas e não pôde participar de nosso encontro de terça-feira.
É isso. Enquanto eu estiver no Rio, queridos leitores, não esperem de mim posts muito profundos. O tempo é curto e só dá para pincelar algumas linhas, num clima meio jobiniano.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rio com chuva

O Rio com chuva fica diferente. Fica meio deprê, mas eu não estou a fim de entrar nessa. Vou me encontrar com minha irmã Jane daqui a pouco no Centro Cultural Carioca para ouvir velhos sucessos de Carmem Miranda, minha nova paixão. Vou celebrar a vida!
Hoje almocei com uma sobrinha muito querida que está lutando bravamente por sua saúde. Depos do almoço, passeamos pelas lojas do RioSul e, por alguns minutos, brincamos que éramos muito ricas e podíamos comprar qualquer coisa que desejássemos. Entramos numa loja bonita, cheia de calçados e bolsas maravilhosas e caras, perguntamos preços, pegamos alguns nas mãos e fomos super bem tratadas pelo funcionário da loja, que logo foi informado que não estávamos dispostas a comprar. Na saída, agradecemos a atenção e eu disse: "Quando a gente tiver dinheiro, a gente volta". Ele respondeu, gentil: "Pode voltar mesmo sem dinheiro".
É disso que gosto no Rio: você vê tanta gente diferente, gente simpática, gente carrancuda, estrangeiros, brasileiros de vários estados. Na ida para o RioSul conheci uma italiana que mora no Rio há oito anos e "peguei carona/' com ela para atravessar a galeria subterrânea sob a rua Lauroa Muller e chegar ao shopping. No trajeto ela me contou que talvez não volte para seu país natal pois a vida lá está muito difícil. "Pela primeira vez na vida tenho vergonha de dizer que sou italiana", comentou, numa referência aos escândalos  protagonizados pelo primeiro-ministro de seu país, Sílvio Berlusconi. 
Almocei super bem (e por menos de R$ 20) no La Mole e na saída do restaurante encontrei uma contemporânea da ECO-UFRJ, Sheila Kaplan, de uma turma mais jovem que a minha. Contei a ela sobre o meu encontro de ontem com ex-colegas da ECO, ela disse que em breve vai rolar um reecontro de pessoas de sua turma, trocamos cartões e fiquei de avisá-la quando estiver no Rio. Talvez isso nunca aconteça, mas é sempre gostoso rever gente conhecida no Rio. Dá uma sensação de intimidade com a cidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Éramos seis

Hoje eu me senti como um personagem de um conto que vai ao encontro de amigos que não vê há mais de 30 anos. A gente fica feliz quando ouve aquelas palavrinhas mágicas: "Você não mudou nada!"  E sorve essas palavras com prazer na ilusão de serem verdadeiras. Não são. Ou são? Talvez a gente conserve alguma coisa do passado. 
Éramos seis no encontro de ex-alunos da ECO-UFRJ. Dois que eram esperados não foram. Um porque pegou uma virose, outra porque estava resfriada e quebrou um dente. Em compensação, foi um que não era esperado.
Conversamos atabalhoadamente sobre família, filhos, trabalho e um pouquinho sobre o passado.  Eu  fui uma das pessoas que menos falou, acredito. Sempre fico meio tímida quando estou com mais de duas pessoas. De repente, parece que não tenho muito o que contar. Não fiquei rica, não tenho uma empresa (até tenho, mas não sei muito o que fazer com ela) e tampouco um emprego. Não sou assim engraçada. Sei que fui eu  que consegui de alguma forma reunir aquelas pessoas ali, então eu tenho um poder de agregar, de reunir as pessoas. Todas foram extremamente carinhosas comigo. Mas, por alguns momentos, eu me senti tão perdida, tão frágil. 
Realmente eu não mudei nada ... Apenas estou 30 anos mais velha, me apaixonei, me mudei para Mato Grosso, botei duas filhas no mundo, virei professora, me decepcionei com o homem que amei, trabalhei sete anos numa revista de agronegócio, perdi meu emprego e adoro cantar. Porém preciso arrumar um jeito de cntinuar ganhando dinheiro e adoraria encontrar um novo amor.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Rio nublado

Estou no Rio. A beleza da chegada foi tocante, embora o céu de domingo estivesse nublado. O Rio nublado é tão diferente! É mais relaxante. Sem a força do sol e o céu azul, a cidade fica mais recatada, menos exibida. 
Ontem, por uma coincidência fantástica, viajei com um casal que tem fazenda em Cáceres (MT) e mora no Rio e acabei ganhando uma carona do Aeroporto Santos Dumont até o Flamengo, onde estou hospedada.
É feriado, quase não há trânsito e decidi visitar o Jardim Botânico, cuja última visita - salvo engano - foi há mais de 18 anos quando estava grávida de minha filha caçula. Foi um passeio bonito. O jardim estava cheio! Muitos turistas - gringos, brasileiros e algumas pessoas com cara de carioca mesmo. Passei na esquina da rua que eu subia para chegar em casa no bairro do Jardim Botânico.
Mais cedo, fomos - minha irmã, meu cunhado e eu - ao Aterro do Flamengo para caminhar. Também tinha muita gente e me encantei especialmente com os cachorros - muitos e de raças variadas. 
É disso que gosto no Rio: a possibiidade de ir à rua e ver muitas caras diferentes - de velhos, cinquentões, jovens, crianças e muitos cachorros.  Todo mundo na sua, fazendo caminhada, passeando com filhos, animais, vindo das compras, comendo, bebendo. As pessoas pegam ônibus (fomos de ônibus do Flamengo ao bairro Jardim Botânico), andam para pegar o metrô.
Nesse ponto é muito diferente de Cuiabá e de outras capitais menores, onde não sei se por causa do clima sempre escaldante ou se por hábito mesmo, a gente quase não vê pessoas andando nas ruas. As pessoas saem para fazer caminhada de manhã ou no final da tarde, mas se precisarem ir no outro quarteirão e tiverem carro, dificilmente irão a pé. Adoro ver as pessoas nas ruas em trajes normais e não só em trajes de caminhada. 
Espero que até o fim de semana o sol dê as caras, mas estou curtindo esse clima nublado. Deu até para sentir um friozinho esta noite. Calor demais também cansa.

sábado, 13 de novembro de 2010

Mau sinal

Acabei de ler com pesar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou a candidatura à reeleição do deputado federal Beto Mansur (PP-SP), que havia sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Essa decisão, segundo o site http://www.midianews.com.br/ libera Mansur para assumir uma cadeira na Câmara.
Não conheço o deputado, mas se ele estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa não deve ser boa coisa. Mansur foi prefeito em Santos e seu nome está relacionado a vários casos suspeitos de corrupção.
A notícia, além de colocar em xeque a festejada Lei da Ficha Limpa, me deu um frio na barriga: essa decisão é um sinal mais que verde para outros casos que ainda serão julgados, cujo resultados afetam diretamente a composição da Câmara, como os dos deputados Pedro Henry (PP-MT) e Paulo Maluf (PP-SP). Entre parênteses, que partido bom esse PP, só tem fera.
Ainda de acordo com o site citado, depois de 3 de outubro a Justiça Eleitoral já liberou outros dois barrados por TREs com base na Lei da Ficha Limpa. No caso de Mansur, ainda cabe recurso por parte do Ministério Público Eleitoral e do deputado Nobel Soares (PSOL-SP). Ou seja, a briga fica no tapetão. Lamentável.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Antes tarde ...

No domingo, por volta das 15h30m, estarei cantando baixinho "Minha alma canta/ Vejo o Rio de Janeiro/ Estou morrendo de saudades/ Rio,   seu mar/ Praia sem fim/ Rio, você foi feito pra mim" (Samba do avião, de Tom Jobim)
É tão bom pensar que estarei na cidade onde cresci. Serão poucos dias, mas intensos, cheios de reencontros e, quem sabe, encontros também.
Hoje, li no portal Terra uma notícia horrível sobre a orientadora de uma escola do Rio Grande do Sul (acho que é de Porto Alegre), que foi agredida por um aluno do curso de auxiliar de enfermagem. Segundo a história que li, o cara ficou nervoso por causa de uma nota baixa e foi enviado pela professora à sala da orientadora, eles discutiram e ele a agrediu com uma cadeira, machucando-a bastante.
Se a história é verdadeira (deve ser, por que quem teria machucado a mulher?), eu pergunto: que tipo de pessoa agride alguém porque está chateado com uma nota baixa? O que essa pessoa é capaz de fazer? E, principalmente, o que fazer com uma pessoa dessas para evitar que cause mais mal a outras?
São respostas que, para variar, não tenho. Eu me assusto por viver num mundo onde existe pessoas assim, sem qualquer capacidade de autocontrole e com muita capacidade para machucar de quem está no seu caminho.
Nessas horas, fico apreensiva por minhas filhas, queria poder protegê-las de todo mal. Eu me preocupo com as pessoas do bem, mas isso não pode ser um fato congelante. Tenho que procurar me ligar na energia boa que emana de tantas pessoas bacanas.
Às vezes, eu queria poder mais, ser mais forte e poder levar mais coisas boas às pessoas, mas aí eu me toco da minha limitação. Sou tão medrosa, até de barata eu tenho medo.
Por isso tento fazer bem a mim mesma para que o meu bem estar leve bem estar aos que estão próximos, numa espécie de círculo positivo, como acontece quando se joga uma pedra na superfície da água.
Será que estou sendo ingênua e egoísta demais?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A energia do (ou da?) yoga

Hoje cheguei em casa decidida a usar a energia boa da aula de yoga que fiz das 7h30m às 8h30m para escrever um post. Mas, por força do hábito, comecei a ler as notícias do dia e acabei lendo duas que me abalaram.
A primeira dizia respeito a um acidente entre um carro e uma carreta em que o motorista do primeiro morreu devido à violência do choque. Acabei sabendo que o rapaz, de 23 anos, tinha acabado de tentar forçar a ex-mulher a reatar uma relação e, segundo as informações do jornal Diário de Cuiabá, ele a tinha forçado a entrar no seu carro durante a madrugada e a espancado durante o tempo (cerca de uma hora) em que ficaram juntos. Quando voltaram para a casa dela, a mãe da moça estava esperando e ameaçou chamar a polícia. O rapaz foi embora transtornado e acabou se envolvendo no acidente. Não deixa de ser uma espécie de suicídio.
Esta semana um sargento do Exército aparentemente matou a mulher com tiros e depois se matou na casa do casal, na Vila Militar, a duas quadras da minha casa.
Os dois casos são igualmente tristes. O que leva as pessoas a ficarem tão transtornadas a ponto de matar ou agredir o outro que foi ou é "objeto de seu amor" e depois se matar ou colocar sua vida em risco? Para mim, isso não é amor, é descontole, falta de amor próprio, sei lá.
A outra notícia que li hoje foi sobre o atropelamento de uma mulher de 52 anos por um ônibus. A notícia, que li no site midianews, não dava detalhes sobre as circunstâncias do acidente, cuja vítima morreu na hora. Ela estava voltando para o trabalho, teria atravessado fora da faixa (atravessar na faixa em Cuiabá também não é sinônimo de segurança) e o motorista foi levado do local porque populares ameaçavam linchá-lo. Mais uma mãe, uma avó tão jovem, perde a vida de uma forma violenta e quase banal.
E a energia positiva da yoga? Estou tentando recuperá-la dentro de mim. A prática da yoga, da meditação e outros caminhos que venho buscando para buscar equilíbrio, paz e saúde física e mental, não me trazem respostas para muitas indagações, nem me garantem proteção contra os horrores desta vida. Mas, sinceramente, eu me sinto imensamente privilegiada cada vez que chego e saio da minha aula, que tenho feito religiosamente duas vezes por semana há mais de um ano. Prefiro abrir mão de uma roupa ou um sapato novo a ficar sem minhas aulas de yoga. A prática de yoga mexe com a coluna vertebral, músculos, articulações, me faz me sentir como se eu voltasse a ter 17 anos em alguns momentos (idade em que pratiquei yoga pela primeira vez).
Os exercícios de respiração mexem com meu corpo inteiro e, algumas vezes, trabalham até minhas vísceras. Parece que a energia está explodindo dentro de mim e às vezes me pego sorrindo no meio da aula. De vez em quando, meus olhos se enchem de lágrimas e nem sempre sempre é de tristeza.
Hoje, no final da aula, conversei cerca de meia hora com minha professora Viviane. Entre vários assuntos, falamos sobre pessoas que tomam remédios demais para controlar a ansiedade, o estresse, para dormir, se manter acordado, etc, e os perigos que o consumo desses medicamentos acarretam. Nossa conclusão: muitos desses remédios e desses problemas poderiam ser evitados com a prática da yoga. Eu acredito nisso e convido todas as pessoas que lêem meu blog a fazer pelo menos um dia na vida uma aula de yoga. É bom demais! Agora, tomem cuidado porque a prática sem a orientação de um bom profissional também pode ser perniciosa ou, no mínimo, inócua. 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Rumo ao Rio

Hoje, para variar, já escrevi um monte de coisas na minha cabeça e agora já nem sei sobre o que quero falar.
Estou tão entusiasmada com a organização do pequeno encontro com meus ex-colegas de faculdade que pareço criança. Aliás, não consigo pensar em outra coisa a não ser minha viagem para o Rio no próximo domingo.
É tão bom saber que vou reencontrar a família,  amigos, lugares que adoro. Vou rever o mar! Só quem já viveu no litoral sabe a falta que o mar faz.
Uma ex-colega da ECO (Escola de Comunicação), Cláudia, sugeriu que a gente se encontre no bar Amarelinho na Cinelândia. Amei a sugestão! Além de ser de fácil acesso (vou estar na casa de minha irmã do Flamengo, perto da Cinelândia de metrô ou de ônibus), o Amarelinho me lembra os tempos de faculdade, de assembleias acaloradas no Sindicato dos Jornalistas que fica bem pertinho, na rua Evaristo da Veiga.
Cláudia disse ter ensaio de coral no dia combinado, mas se propôs a se adaptar à data que for melhor para todos. Que coincidência: eu também tenho ensaio de coral às quartas-feiras, mas nesse dia por acaso o regente do meu madrigal vai liberar o grupo para ir ao Painel de Regência na UFMT. Eu não irei por motivos óbvios ...
Enfim, os anos passam, mas de repente a gente encontra tantos pontos em comum com pessoas que não vê há décadas.
É assim a vida: cheia de encontros e despedidas, como tão bem disseram Mílton Nascimento e Fernando Brant naquela bela canção. Bom mesmo é poder se despedir das pessoas sem mágoas ou arrependimentos, com um abraço bem apertado. Podemos revê-las um dia ou não.
Hoje, caminhando, pensei: a vida toda busquei reencontrar a alegria de quando era menina. Em vários momentos a reencontrei, mas quase sempre ela chegou acompanhada de culpa e medo de perdê-la. A gente busca tanto a felicidade, mas por que é tão difícil abrir os braços e aceitá-la quando ela vem, mesmo que seja incompleta, incerta? Que seja eterna enquanto dure, parodiando o poeta Vinícius de Morais.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A violência nossa de cada dia

Ainda bem que este ano "estou" fora do Enem. No ano passado, por causa de minha filha Marina, que hoje está feliz no curso de Agronomia da Unesp em Jaboticabal para orgulho da mamãe, acompanhei o Exame Nacional do Ensino Médio passo-a-passo e morri de raiva junto com minha filha e seus amigos quando o Enem foi cancelado por causa do vazamento das provas.
Nova data foi marcada, o pessoal ficou sob estresse mais um tempo e o exame ficou um pouco desacreditado.
Este ano, quando tudo parecia bem eis que surge mais uma bomba: cerca de 20 mil candidatos, segundo os jornais, receberam provas com problemas de impressão e talvez o exame seja anulado.
É inacreditável! Nessas horas ninguém é culpado.  Os culpados devem ser os estudantes que continuam se submetendo docilmente ao Enem na esperança da democratização do acesso à universidade pública. Que "bela" lição nossos jovens recebem ao chegar ao mundo adulto!
Esse é o Brasil! Já que falei em jovens, aproveito para mencionar dois assuntos que estão relacionados ao tema: na tarde de sábado, quando saia do cinema no Shopping Pantanal com minha filha Diana presenciamos o início de uma briga entre rapazes que caminhavam logo atrás de nós. De repente, três deles estavam envolvidos numa briga. Susto, corre-corre, todo mundo meio passado diante daquela cena de violência aparentemente gratuita num local onde supostamente as pessoas se sentem protegidas da violência das ruas. Não fiquei lá para saber como tudo acabou, mas fiquei triste por aqueles jovens que vi andando atrás de mim e pareciam tão calmos e dispostos a uma tarde de lazer.
Outra nota triste é a quantidade de acidentes que testemunhamos diariamente em Cuiabá. Na sexta, teve um na esquina da minha rua (Estevão de Mendonça com Dom Bosco) entre um ônibus e um carro. Embora  o cruzamento tenha sinal, deve ser um dos campeões em acidentes da capital. No sábado, vi um motociclista no chão à espera de socorro em outra esquina da Dom Bosco e ontem vi outro na mesma situação numa entrada da avenida Miguel Sutil onde já assisti a outros acidentes. Falta fiscalização, mas falta muita conscientização dos próprios motoristas, motociclistas e também dos pedestres, embora estes sejam sempre as maiores vítimas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Praticutucar

Hoje fui assistir ao show da turminha do Praticutucar. Que trabalho bonito!
O grupo, formado por crianças de várias idades, foi criado em 2005. Eu tinha assistido a uma breve apresentação do Praticutucar no Festival de Inverno em Chapada dos Guimarães em 2008 e tinha adorado a proposta da regente Rejane De Musis. Eram dezenas de crianças cantando apenas músicas de Mílton Nascimento - uma coisa simplesmente inacreditável em Mato Grosso, neste começo de século.
A cada ano, pelo que entendi, eles trabalham um compositor da MPB. Este ano foi a vez de Ivan Lins, um compositor meio injustiçado, na minha opinião, que tem algumas criações brilhantes (a maioria delas em parceria com o letrista Vítor Martins), mas não é tão popular quanto outros artistas de sua geração.
Esse é, na minha opinião, o grande mérito do trabalho de Rejane: apresentar a novíssima geração composições de artistas que talvez eles nem chegariam a conhecer se dependessem da mídia ou de seus próprios pais.
O show teve como destaque a jovem Ana Rafaela, que tem 16 anos uma voz e um carisma fantásticos e começou a cantar no Praticutucar. Além de fazer o vocal, ela apresentou um número solo: "O amor é meu país", uma canção linda que, se não me falha a memória, foi apresentada num festival nos idos dos anos 60.
A apresentação teve ainda a participação especial da cantora Rita Cássia, mãe de uma integrante do Praticutucar, e um acompanhamento musical de primeira qualidade, com o baixista e arranjador Ebinho Cardoso e o baterista Sandro Souza, entre outros  músicos.
Hoje tem mais mais uma apresentação do coral no Teatro do Sesc Arsenal, mas acho que vai ser meio difícil conseguir ingresso de última hora. Quem conseguir provavelmente vai sair do show bem mais feliz, leve e esperançoso do que quando entrou.