segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Coro Experimental MT inicia Temporada 2020



O maestro Jefferson Neves à frente de parte do Coro Experimental MT após o primeiro ensaio

O Coro Experimental MT (CEMT) começou a temporada 2020 a todo vapor. O primeiro ensaio, realizado na última quinta-feira (13/02), contou com a participação de alguns dos novos cantores aprovados nas seletivas organizadas este mês. O CEMT, que contou com pouco mais de 30 integrantes no último espetáculo de 2019, vai dobrar de tamanho, o que dá novo gás ao grupo remanescente da primeira temporada de 2017.

“Estamos muito animados com o CEMT, que vem trilhando um caminho próprio e hoje é um coro independente”, comenta o regente Jefferson Neves, que está à frente do grupo desde sua criação. Junto com Tuanny Godoi, cantora e também regente do CEMT, os dois planejaram em detalhes as atividades para 2020 do Coro, que conta com a parceria da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) na cessão de um espaço para os ensaios semanais no Palácio da Instrução.

A diversidade do repertório, a inovação cênica e o entusiasmo dos cantores – de idades e profissões variadas – são algumas das características do Coro Experimental MT, que, embora tenha estreado junto com a Orquestra do Estado de Mato Grosso num espetáculo em homenagem aos 130 anos de Heitor Villa-Lobos, apresentou espetáculos próprios desde sua primeira temporada. Em 2020 não será diferente: a agenda do grupo já conta com dois espetáculos inéditos (em agosto e novembro) e a reapresentação de “Somos Coro Experimental” no final de março, no Sesc Rondonópolis, e em maio, no Cine Teatro Cuiabá.

Mais de 50 pessoas atenderam ao convite para ingressar no CEMT veiculado nas redes sociais e, desse total, quase 30 participaram das audições, onde foram avaliadas não só por suas qualidades vocais, como também pela disposição em se comprometer com a agenda de ensaios e espetáculos. A etapa seletiva foi realizada com a participação de coralistas veteranos, que colaboraram de diversas formas, desde a recepção dos candidatos ao apoio na audição propriamente dita e na realização das entrevistas. 

“Isso mostra uma grande evolução no desenvolvimento individual dos integrantes do grupo, que hoje fazem solos, atuam nos espetáculos do Coro Experimental e trabalharam na seleção dos novatos”, avalia Jefferson Neves.


Tuanny Godoi, Vera Capilé e Leila Siviero entrevistam uma candidata. Foto Neto Gabiru

Veteranos colaboram na audição dos novos candidatos. Foto Neto Gabiru
O time de novatos é integrado por pessoas de várias profissões: jornalistas, advogados, músicos, como Pedro Oleari, Hyanna Toledo e Josi Crispim, contabilistas e servidores públicos, entre outros. Alguns já estão aposentados, outros ainda são estudantes.

Luiz Pita, designer de moda, conta que assistiu ao espetáculo “Somos Coro Experimental” em dezembro passado. Ele faz um curso preparatório de música na Universidade Federal de Mato Grosso e diz que nunca participou de um grupo de canto coral, embora cante em cerimônias religiosas. “Estou num movimento de soltar a voz”, comenta Pita, que foi incorporado ao grupo dos baixos.


Luiz Pita
Josi Crispim é graduada em música pela UFMT e atua como violonista e cantora. Soprano, ela considera importante manter-se atualizada e acredita que a prática de canto coral vai contribuir para seu crescimento como musicista.

Josi Crispim
A advogada Patrícia Fraga, também soprano, animou-se com a proposta do Coro Experimental e acabou trazendo para o grupo a mãe Eleni Barbosa Luciano, assistente social que trabalha como servidora pública estadual.


“Adorei o ensaio! Achei muito interessantes as músicas, a energia da galera e a forma como o Jefferson conduz o ensaio. Participar do Coro Experimental nos fará um bem danado”, comentou.


Patrícia Fraga
No primeiro ensaio, veteranos e novatos enfrentaram juntos um desafio: a música “Realmente Lindo”, de autoria de Tim Bernardes, que, apesar de desconhecida pela maioria dos coralistas, agradou em cheio e será uma das canções do repertório do espetáculo de agosto (o Lado B-rasil).  Em seguida, os coralistas estreantes se juntaram aos antigos para encarar o arranjo de “Telegrama”, canção de Zeca Baleiro que faz parte do repertório de “Somos Coro Experimental”. A grande maioria dos arranjos apresentados pelo CEMT é de autoria de Jefferson Neves.

Os ensaios do CEMT acontecem no Palácio da Instrução. 
A jornalista Caroline Rodrigues ficou bem impressionada com o primeiro ensaio e destacou a diversidade do grupo. “Tem gente de tudo quanto é perfil”, comentou Caroline, nova integrante do naipe dos sopranos. Ela elogiou a condução do ensaio: “Senti muito profissionalismo por conta do emprego de uma metodologia clara. Tive a impressão de que o regente (Jefferson) estava montando um quebra-cabeça”.

 Caroline Rodrigues
Anderson Pinho, jornalista que reforça a partir de agora o naipe dos baixos, disse que chegou “meio apreensivo”, mas saiu “encantado” do primeiro ensaio: “Fiquei positivamente surpreso. O Jefferson é um super regente”.

Anderson Pinho
Os ensaios do Coro Experimental MT acontecem às quintas-feiras, a partir de 19h30, no Palácio da Instrução, no Centro de Cuiabá.


Novos cantores se misturam aos veteranos no primeiro ensaio de 2020


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Jojo Rabbit - um filme muito atual


Vou falar hoje sobre um dos menos badalados filmes indicados para o Oscar 2020, que acabou ganhando uma estatueta na categoria Melhor roteiro adaptado.
Trata-se de "Jojo Rabbit", baseado no livro "O céu que nos oprime" de Christine Leunens. Quando vi o nome do filme na programação do Cinemark achei que era dirigido ao público infantil. Por sorte, vi o trailler quando fui assistir a "1917" e "Parasita" (dois filmaços) e coloquei "Jojo Rabbit" no meu radar.
O filme é surpreendente, comovente, engraçado, triste. A história se passa no final da 2ª Guerra Mundial e traz o tema sob o prisma de pessoas comuns, quase ingênuas, como o pequeno Jojo, de pouco mais de 10 anos.
Jojo (interpretado maravilhosamente por Roman Griffin Davis) é um menino solitário, que vive com a mãe (Scarlett Johansson, indicada ao Oscar como Melhor atriz coadjuvante por esse papel) numa pequena cidade alemã. Medroso, ele se esforça para participar das atividades da Juventude Hitlerista, onde todos aprendem a arte da guerra e devem demonstrar sua fidelidade aos ideais nazistas. 
É nessa etapa do filme que acontece uma emblemática queima de livros.
Mas as coisas não saem bem para Jojo, que acaba tendo que deixar o grupo e passa a executar tarefas consideradas de menor importância. 
Jojo tem em Adolf - o próprio - um amigo imaginário, com que discute seus problemas e temores. Interpretado pelo próprio diretor do filme, o ator e comediante neozelandês Taika Waititi, Adolf é hilário em vários momentos e duro em outros, mas sempre é fruto da imaginação de Jojo.
A dinâmica do filme muda com a entrada em cena de uma nova personagem: a menina judia que se esconde no sótão da casa de Jojo. Ela colocará em xeque todos os preconceitos e crenças do aprendiz de nazista Jojo. 
Não contarei mais sobre o filme, que ensina muito sobre o mundo atual. Da mesma maneira como os judeus não são "os monstros" imaginados por Jojo, há "nazistas" que também não são monstros e sim crianças (e mesmo adultos como a mãe do protagonista) forçados a seguir (ou fingir que seguem) uma corrente, induzidos a adotar uma determinada ideologia sob o risco de serem hostilizados pela maioria.
O filme "brinca" com conceitos sérios e, por isso, até recebeu críticas severas em alguns países, mas, na minha opinião, ele comove o público ao mostrar a humanidade que existe por trás de cada pessoa que segue uma ideologia imposta pelo poder dominante, e também a brutalidade da guerra, que divide famílias, mata e machuca pessoas de todos os lados.
Vivemos no Brasil momentos difíceis, onde às vezes perdemos a cabeça, ficamos com raiva e nos afastamos de pessoas que parecem não compreender a nossa verdade, as intenções maléficas de um grupo que engendrou um golpe que acabou desembocando na eleição de um candidato que não poderia ter sido pior para nosso país.
"Jojo Rabbit", que parecia um filme de criança, ensina a importância da tolerância, da poesia, da arte, da cultura, num mundo que insiste em decidir o destino de uma nação na base da truculência, da força e da ignorância.