domingo, 13 de fevereiro de 2022

A arte de esquentar pamonha

Dizem que a felicidade é feita de pequenos momentos. Nem sempre são situações gloriosas; às vezes são acontecimentos quase banais, que se revestem de graça e enchem nosso coração de alegria. 

Foi o que aconteceu há alguns dias quando fomos convidadas – eu e minhas duas sobrinhas, mãe e filha, que passavam alguns dias em Cuiabá – para almoçar na casa de Vera Capilé. É sempre muito gostoso ir à casa de Vera, que recebe os visitantes com muito carinho e comida boa em sua chácara na área urbana de Cuiabá. 

Nesse dia não foi diferente e, após o almoço prolongado e regado à música e cantoria, chegou a hora de embora, pois já estava prestes a escurecer. Waldir Bertúlio, seu companheiro, disse que ia comprar pamonha na Feira do Paiaguás e resolvemos acompanhá-lo pois minha sobrinha Bel ficou entusiasmada com a possibilidade de comer pamonha e curau. 

Ao chegarmos à feira, logo nos dirigimos à barraca onde Waldir costuma comprar as iguarias à base de milho e, em seguida, para satisfazer a vontade de minha sobrinha-neta Sofia, fomos atrás de pastel. Que delícia! Nada como um bom pastel de feira, farto em recheio e gigante no tamanho. 

É claro que depois de comermos cada uma o seu pastel não sobraria espaço para a pamonha e, ali mesmo enquanto devorávamos o pastel, perguntamos ao Waldir como deveríamos esquentar as pamonhas no dia seguinte. Diante de nossos ouvidos incrédulos, ele explicou que deveríamos colocá-las na água fervente. Eu questionei se seria em “banho-maria” e ele disse que não: era para colocar as pamonhas diretamente na água fervente. 

No dia seguinte, continuávamos receosas de que a pamonha fosse se desmanchar na água fervente, porém após algumas pesquisas resolvemos arriscar. Mas antes fiz uma última consulta ao Waldir.

“Bom dia! Estamos esquentando as pamonhas agora. Resolvemos seguir sua orientação. Colocamos as pamonhas ainda envelopadas numa panela com água no fogo. É isso mesmo?” 

“Sim, confirmado por Vera. Eu venho desde criança de roças de milho ...”, respondeu Waldir, com uma pontinha de impaciência. 

Pois não é que deu super certo? As três pamonhas (de comer) ficaram deliciosas como se tivessem sido preparadas naquele minuto. Agora se alguém me perguntar como esquentar pamonhas, já sei como ensinar. Não caia na tentação de colocar as pamonhas no micro-ondas pois ficarão ressecadas. Ouça a voz da experiência.

Depois desse relato me deu vontade de comer outra pamonha daquela. E tem mais um detalhe: eu descobri que amo curau. Terei que regressar em breve à feirinha do Paiaguás para comprar todas essas guloseimas.