sexta-feira, 27 de março de 2020

Se eu morrer amanhã

Durante alguns anos da minha vida, este blog foi meu melhor amigo. Um confidente mesmo, como um diário adolescente em que você expressa suas angústias, alegrias e decepções. 
Gradativamente ele foi perdendo essa importância. Por que? Talvez eu estivesse conseguindo ser mais feliz ou me expressando de outras formas.
É curioso que chego a dizer num post de meados de 2008 que o meu maior sonho de consumo era ter um notebook para ter a liberdade de escrever quando quisesse, onde quisesse. 
Que eu me lembre, comprei meu primeiro notebook há uns cinco, seis anos, e esse período coincide com o momento em que passo a escrever menos.  
Os números estão lá para quem quiser ver: em 2008, ano de estreia do blog, foram 218 postagens; em 2010, atingi o meu auge com 255 e, depois disso, a quantidade foi caindo gradativamente até despencar em 2013 com 36 postagens. Em 2019, foram somente 14.
Mas, independentemente dos números, é muito legal ver minha vida cultural, familiar e social descrita naquelas postagens. Como o blog era aberto, sempre fui muito cuidadosa com a minha vida amorosa e hoje, enquanto procurava um post a pedido de meu sobrinho Diogo, me surpreendi ao encontrar um texto falando sobre uma decepção amorosa. Como não havia nomes, demorei um pouco para me lembrar quem era o personagem masculino dessa história.
Embora muitos blogs continuem em evidência, acredito que o meu ficou um pouco defasado. Eu teria que ter um foco mais específico, publicar mais fotos. Sei lá. O fato é que eu me cansei dele e meus leitores (alguns bem assíduos) também se afastaram.
Hoje, quando recorro a ele, acabo reproduzindo o texto no Facebook para ter um pouco mais de ibope. Alguns posts conseguem ter bastante relevância, principalmente quando tratam de assuntos como o Coro Experimental MT (do qual faço parte) ou alguma atração cultural de Cuiabá.
Mas, enfim, o pensamento é horrível, mas provavelmente ninguém vai ler mesmo, então posso compartilhá-lo.  Se eu morrer amanhã ou num futuro próximo, meus amigos ou qualquer pessoa que quisesse me conhecer teria um material farto e rico no meu blog. 
Em tempos de pandemia pelo novo coronavírus o pensamento não é de todo absurdo, porém a possibilidade da morte não me assusta, nem parece tangível.
Por ora, tenho respeitado meu isolamento social. Há oito dias não saio de casa. 
Acho que ainda escreverei outros posts por aqui. 

PS. Estou rindo de mim mesma. Fui reler há pouco o texto escrito à noite e vi que cometi um erro imenso: escrevi "há oito anos não saio de casa". Menos Martha, menos.

terça-feira, 10 de março de 2020

Melhor impossível



Como fazer a resenha de seu próprio show?  Preferia que outra pessoa fizesse, mas como ninguém vai fazer vou encarar o desafio.
Ainda estou inebriada com o que aconteceu na noite de sexta-feira passada e, mais do que texto, acredito que as imagens feitas pelo fotógrafo e amigo Fred Gustavos expressam a nossa felicidade e cumplicidade no palco.
Para quem ainda não sabe, tive a ousadia de convidar Vera Capilé e Jefferson Neves para fazer um show comigo. 


Vera Capilé em seu momento solo

Vera é cantora de personalidade forte e talento reconhecido, que já participou do Projeto Pixinguinha e cantou no exterior - uma verdadeira celebridade cuiabana, embora tenha nascido em Dourados (MS). 


Jefferson Neves ao piano

O cuiabano Jefferson é regente do Coro Experimental MT, arranjador, compositor, um dos fundadores do grupo Alma de Gato e também já se apresentou fora do Brasil, como integrante desse grupo vocal e cantor do grupo folclórico Flor Ribeirinha.
Foi justamente o Coro Experimental MT que nos aproximou tanto e nos levou a uma outra dimensão de amizade. Nesses últimos três anos (desde 2017), a gente vem descobrindo afinidades de todos os tipos, principalmente no campo da música.
Uma vez aceita a proposta de um show intimista, que levasse ao público canções que são pouco apresentadas e que mexem com emoções, aproveitamos o início do ano meio preguiçoso (e ainda não tão atribulado) para botar a mão na massa.
Descolamos um lugar (o Metade Cheio), marcamos a data (6 de março, aniversário de Jefferson), convidamos dois músicos queridos para nos acompanhar (o violonista Eduardo Santos e a percussionista Juliane Grisólia) e, aos poucos, definimos repertório e roteiro do show. 


O time completo: Jefferson, Martha, Vera, Ju Grisólia e Eduardo Santos, pela lente de Fred Gustavos

O processo todo foi tão gostoso! Havia momentos em que eu não acreditava no que estava acontecendo e achava que algo daria errado. Mas não é que deu tudo certo!
O quintal do Metade Cheio (adoro esse nome) ficou lotado; não choveu e pudemos desfrutar de uma noite quente e enluarada, saudada devidamente na primeira canção apresentada pelo trio: "Viola enluarada", dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, que deu a pista do que viria pela frente.


Viola em noite enluarada no quintal do Metade Cheio, em Cuiabá
Não vou aqui descrever cada número para não cansar meus leitores. Porém posso garantir que o deleite estava evidente nos rostos de todos os presentes. Foi muito gostoso contar com a cumplicidade do público, formado em sua maioria por pessoas muito queridas. 



Alguns amigos com os quais eu contava não foram, mas aprendi a valorizar aqueles que foram e, para mim, o prazer de ver o querido Marinho Sete Cordas me aplaudindo de pé - ao lado do cardiologista Arthur Borges - após a apresentação da música "O Circo", composição de Sydney Miller, é inesquecível e indescritível.


O músico Marinho Sete Cordas e o cardiologista Arthur Borges 

No mais, só posso agradecer a todos que nos prestigiaram e, principalmente, aos parceiros maravilhosos: os músicos Eduardo Santos (Madá) e Ju Grisólia, Jefferson e Vera. Compartilhar "o palco" com vocês foi gostoso demais e tudo parece que foi um sonho. Ainda bem que Fred Gustavos nos fotografou, senão eu pensaria que tudo não passou de um delírio musical. 

De tudo isso tiro as seguintes conclusões: as minhas melhores ideias são as mais ousadas e, de vez em quando, é muito bom ousar e sair da zona de conforto... Simples assim. Ah, o
 título foi uma sugestão de Vera Capilé e serviu como uma luva. 

Participação especial de Emiliano Lucose Rosa de Almeida e Silva, de 1 ano e 11 meses,
filho do ator Sandro Lucose e da professora Carla Cristina Rosa de Almeida,  em parceria com a "tia" Ju