sábado, 31 de dezembro de 2011

Agora sim ...

Agora sim faço meu último post do ano, que será uma espécie de balanço, porém mais voltado para o futuro do que para o passado, que, afinal de contas, já passou.
Juro que não queria ser uma pessoa negativa e, tampouco, "reclamenta".
Queria muto ser uma pessoa mais amorosa, generosa e sempre muito positiva. Mas nem sempre consigo e não sei o que é melhor: aceitar minha natureza ou lutar para tentar ser uma pessoa melhor (não idealizada, apenas melhor).
Sei que tenho muito a agradecer este ano. Em primeiro lugar, às pessoas da minha família, que nunca me negaram apoio, nem carinho. Nesse rol incluo minhas irmãs, alguns sobrinhos especiais e minhas filhas, razão maior da minha existência. A ausência delas dá a dimensão exata da minha solidão.
Agradeço também a alguns amigos, que compartilharam minhas angústias e alegrias. E agradeço a algumas pessoas que encontrei pelo caminho ao longo do ano e que apostaram em mim, dando-me condições de continuar minha sofrida jornada profissional.
Não vou dizer que agradeço a Deus porque infelizmente continuo muito distante de qualquer tipo de fé e esse talvez seja o ponto mais doloroso da minha existência. É difícil prosseguir sem fé. O que a gente faz para conseguir um pouco de fé?
Quando digo fé estou me referindo a uma capacidade de acreditar que existe algum sentindo na vida (ou aceitar que não existe), é ter capacidade e disposição de amar simplesmente, sem querer ou esperar nada em troca.
Se não temos fé, é preciso ao menos ter amor. Quando falo em amor não estou me referindo ao amor a uma pessoa em especial, estou falando de vivenciar um sentimento de amor em relação a qualquer coisa, bicho, pessoa ... Mas tem que ser um sentimento que percorra todos canais de nosso corpo e mente e nos dê energia suficiente para acordar todos os dias e seguir em frente, não como um autômato e sim com uma pessoa que deseja, sonha, planeja e vai atrás de seus objetivos.
Já que falei em objetivos, preciso dizer que tenho me dado conta de quanto sou falha em planejamento. Não estou falando de planejamentos de curto prazo (nisso até sou razoavelmente eficiente) e sim de planejamento de médio e longo prazo. Deixo muito a vida ao acaso.
Acho que já falei demais. Andei pensando hoje de manhã que em 2012 a formiga vai precisar prevalecer sobre a cigarra mais uma vez. A cigarra fez o seu papel em 2011, mas acabou o ano meio machucada, de asas quebradas.
Talvez seja a hora da formiga entrar em campo e botar a casa em ordem, nem que seja enquanto a cigarra se recupera e ganha forças para retornar.
Se você conseguiu chegar ao final desse post, obrigada. Você, leitor visível ou invisível,  ajuda-me a me (re) significar, a me compreender melhor.
Aos companheiros desta jornada virtual, desejo um 2012 ... intenso, harmonioso e muito saudável.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011



Acho que vou tentar fazer agora o meu post de final de ano. Se der vontade de escrever amanhã de novo, tudo bem, se não der, já fica a minha despedida.

Quisera estar mais animada ... A proposta aqui sempre foi ser sincera num espaço privado, que se torna público por força da tecnologia.

É como se eu escrevesse para mim mesma e para o mundo inteiro. Qualquer um que quiser pode me ler, dedicar alguns minutos do seu tempo a mim.

É estranho pensar que várias pessoas fizeram isso ao longo do ano e dos últimos três anos.

Esse final de ano está difícil.

Minhas filhas estão bem e harmonizadas com os cursos escolhidos, mas eu estou insatisfeita comigo mesma. Acho que estou ficando meio doida porque no meu último post estava toda feliz, dizendo estar "de bem com a vida".

Na verdade, estou angustiada, desanimada e desperançosa. Estou me sentindo muito sozinha e, ao mesmo tempo, tenho a sensação de que não tenho muita coisa para dar às pessoas.

Sinto que estou precisando uma chacoalhada. Há pouco conversava com um grande amigo que conheci em Cuiabá e voltou para sua cidade natal. Mais uma vez ele me disse: "Volta pro Rio". Acho que não dou conta. Tenho medo de largar o meu conforto (perverso?) e quebrar a cara. Estou insegura demais para isso. E também não sei se é essa a solução.

Há oito anos quando cheguei a Cuiabá, também estava insegura, mas tinha mais energia e estava animada. Encarei o desafio de dar aulas numa universidade federal, numa particular, num curso de francês, de inglês, de trabalhar numa revista de agronegócio, de viajar por esse Mato Grosso afora, publiquei um livro, escrevi outro.

A sensação que tenho é que nadei, nadei e morri na praia este ano. Eu me mexei bastante. Passei por duas redações de Cuiabá, inventei novos trabalhos, fiz um monte de frilas, consegui entrar (ainda que de uma forma temporária) numa empresa que adoro.

Nadei, caminhei, cantei, dancei, namorei bem menos do que gostaria e não sinto que esteja terminando meu ano fortalecida. Pelo contrário. É como se eu não tivesse me completado em nada do que fiz, como se o quebra-cabeça não tivesse sido montado. Quando parecia que ia ser montado, alguém misturava todas as peças de novo.

Juro que não era isso que gostaria de dizer neste momento, mas é o que estou sentindo.

Não me julguem, nem me condenem, nem sofram por mim.

Amanhã vou estar melhor e vou continuar buscando esse caminho.

As pessoas falam tanto do caminho do coração. Fiquei alguns minutos parada tentando ouvir o meu, mas não consegui captar a mensagem. Vou insistir.




terça-feira, 27 de dezembro de 2011

De bem com a vida

Estou de volta para casa e uma quase rotina. Amanhã recomeço a trabalhar nos meus frilas, mas como não irei à Entrelinhas à tarde (estamos de recesso) tudo ainda ficará com um gostinho de semiferiado.
Apesar de estar sozinha neste momento (as meninas ficaram em Cáceres), estou tranquila. Fiz uma viagem chatinha de Cáceres para cá - quase quatro horas de ônibus com um companheiro de poltrona meio mala, que insistia em conversar, embora eu não desse sinais de que estava a fim. Ele se mexia demais, não parava quieto, era invasivo. Eu botei o fone no ouvido, tentei cochiclar, mas acordava por causa da inquietação dele. Mas chegamos. É o que importa.
Em compensação peguei um motorista de táxi muito gentil. O cara tem 28 anos de praça e acho que me deu uma cantadinha de leve. Disse que depois que ficou viúvo não conseguiu encontrar a mulher certa porque as mulheres de hoje em dia só querem saber de festa e dinheiro. Quase que eu disse o mesmo sobre os homens. Ele me falou onde mora, disse que seu for lá um dia tem que ligar no celular dele porque a casa é muito grande (e própria) e não dá para ouvir se alguém chega. Não entendi por que não tem campainha. Perguntou sobre meu marido. Pena que ele não seja meu tipo (pelo menos não me pareceu).
Meu Natal em Cáceres foi gostoso, embora cercado de alguns acontecimentos ruins, como a morte do professor Natalino, cuja família fui visitar, e de um rapaz, amigo de minhas filhas, que morreu num trágico acidente de carro vindo do Paraná para Cáceres a fim de passar as festas com os pais. Nem consigo imaginar o estado de espírito desses pais, com quem não tenho amizade.
Mas, a vida seguiu em frente e nos divertimos bastante na véspera do Natal numa festa animada por uma ótima banda de rock (em Cáceres, acreditem), na noite de Natal (que teve um amigo da onça muito divertido), encerrada às 5h da manhã e no domingo de Natal, regado a banho de piscina, muita cerveja, violão e cantoria. E olha que eu estava me tratando de uma faringite e uma laringite, diagnosticadas na quinta-feira.
Realmente, a hospedagem na casa de Márcia e Cláudio, meus anfitriões, é nota 10! Fico muito feliz que tenhamos conseguido manter e até incrementar esse relacionamento após a minha separação do pai das minhas filhas, irmão de Cláudio.
Revi alguns poucos amigos e me enterneci com o clima de Cáceres, uma cidade que mora no meu coração e onde vivi grande emoções.
Fecha a cortina e agora é tocar a vida em Cuiabá. Tentar manter o coração aquecido (né, Chorik?) e a mente aberta. Tentar não se abater com as coisas ruins, com as pessoas que insistem em fazer tanto mal aos outros e a si mesmas. Ficar sintonizada com as energias do bem. Não fugir da raiva e da indignação, mas não deixar que elas azedem meu dia, meu humor e minha saúde.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Professor

Ontem eu falava sobre missão e pessoas que levam a vida de uma forma coerente.
Hoje quero falar sobre uma pessoa assim, uma das mais iluminadas que tive o prazer de conhecer: o Professor (esse sim merece maiúsculas) Natalino Ferreira Mendes.
Acabei de saber que ele faleceu nesta madrugada, aos 87 anos, às vesperas de completar 88 ( no dia 3).
Sempre digo que Cáceres me trouxe muitas coisas boas e uma das melhores foi ter conhecido o professor Natalino. Quem me conhece sabe o quanto estou falando a verdade.
A gente se conheceu por causa do livro sobre dona Estella. O professor Natalino não é historiador formado, mas é uma das pessoas que mais se debruçou sobre o registro da história de Cáceres e era natural que eu fosse procurá-lo como fonte de pesquisa.
Ele me abriu as portas de sua casa e de seu coração. Chamava-me carinhosamente de "professora" (eu dava aulas na Unemat, na época) e era sempre muito gostoso conversar com ele. Reconheço que algumas pessoas mais velhas guardam um pouco da amargor, rancor, mas com certeza esse não era o caso do professor Natalino. Ele era tão generoso e parecia uma vez pessoa sempre em paz!
Meu livro "Cantos de amor e saudade" ("Estrela de uma vida inteira", na versão original lançada em Cácrres, em 1998) não seria o mesmo sem a sua contribuição.
Tudo que eu disser aqui será pouco para expressar minha tristeza de não poder revê-lo mais uma vez e receber o abraço de sua figura esguia e elegante.
Levarei meu abraço à família maravilhosa que ficou, em especial, à minha querida amiga Olga Maria, professora e escritora, como o pai.
Li há pouco um texto de um amigo que falava sobre "anjos humanos". O professor Natalino foi um deles.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Minha missão

Acabei de conversar com uma pessoa que conheço há uns 13 anos e sobre quem devo escrever um perfil. Nunca fomos amigos, porém tivemos um relacionamento de trabalho quando eu morava em Cáceres. Ela me disse que veio para Mato Grosso com uma missão e tem se mantido coerente com o cumprimento dessa missão.
Achei bonito isso. Fiquei me perguntando qual é a minha missão (se é que tenho alguma).
Todo esse preâmbulo tem muito a ver com o meu momento atual. Ando me questionando tanto que sequer me animo a escrever no blog. Falar sobre o que? A minha decepção com os políticos mato-grossenses e do Brasil em geral, sobre a corrupção, sobre a miséria do Pronto Socorro, a violência crescente de Cuiabá? Não acho que não seja importante falar sobre tudo isso, mas já há gente suficiente falando disso com mais propriedade tanto na mídia convencional quanto na universo dos blogs.
Não tenho histórias interessantes, nem aventuras de viagem para contar para contar neste momento. Seria a hora de fechar o boteco e mudar de ramo? Criar outra identidade como blogueira, um outro blog?
São questões que me assolam neste fim de ano, embora ainda não seja este o post de balanço de 2011.
Minha questão crucial hoje é identificar se tenho uma missão e qual é ela. As empresas, hoje em dia, exibem orgulhosas sua missão, visão de futuro e valores. Muitas colocam tudo isso num quadro exposto na parede. Em geral, são palavras bonitas e nem sempre condizentes com a realidade.
Qual é a minha missão? Minha visão? Meus valores?
Você já se fez essa pergunta algum dia?
É curioso porque não tenho muita dificuldade de identificar meus valores: ética, transparência, respeito ao próximo. Mas será que vivo realmente de acordo com esses valores? Tenho conseguido transmit-los às minhas filhas e às pessoas que estão em volta de mim? Ou será que estou muito fechada e incapaz de compartilhar esses valores com as pessoas com quem tenho contato seja pessoalmente, seja através deste blog ou mesmo dos trabalhos que executo como jornalista e escritora?
O quanto me afastei do meu caminho inicial? Por que me afastei? Será que ainda dá tempo de retomá-lo? Retomar minhas aspirações e sonhos de criança, a minha alegria sem motivo, motivada apenas pelo fato de estar viva e ser, sem cobranças (internas e externas) e frustrações?
O que me impede de tentar mudar as coisas que estão erradas? É claro que não vou poder mudar o mundo, mas não posso me sentir derrotada a priori, não preciso entregar os pontos e me entregar ao pessimismo deslavado. Preciso acreditar em alguma coisa. Urgentemente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Compartilhar é viver

Neste domingo venci a inércia e fui ao shopping em Cuiabá comprar alguns (poucos) presentes de Natal. Para minha surpresa, o shopping não estava insuportavelmente cheio e, com exceção das lojas de departamentos (Renner, Avenida, C&A, LA), as demais estavam bastante tranquilas, algumas praticamente vazias.
Considerando que o fim de semana foi o último antes do Natal acredito que há uma certa distãncia entre o que a TV propaga e a vida real, pelo menos aqui em Cuiabá. Não me parece que as pessoas estejam comprando tanto e com tanto dinheiro como a mídia dá a entender.
Já disse em post anterior que o espírito natalino não me contagiou, embora eu esteja feliz por ter minha pequena família reunida novamente com a chegada da filha que mora no interior de São Paulo. Também me agrada a ideia de ir a Cáceres no próximo final de semana para passar o Natal com meus cunhados e sobrinhos. Só fico meio triste quando as pessoas me perguntam se vou para o Rio. passar as festas de fim de ano. É claro que gostaria de ir, mas também não é um drama ficar por aqui (pelo segundo ano consecutivo).
Estou também contente de poder passar o Réveillon numa festa na casa de amigos do Chorinho e por ter novos trabalhos surgindo. Preciso me concentrar no trabalho para ver se consigo mudar o disco de uma vez por todas. Isso não quer dizer que vou passar a viver 100% para o trabalho. Quero manter um mínimo de atividades salutares e prazerozas, como nadar, fazer aulas de hidro-bike, cantar no Chorinho, dançar, caminhar no Parque e eventualmente namorar.
Aliás, hoje, consegui entender por que fiquei tão chateada pelo fato de o grupo do qual faço parte não se apresentar pelo segundo ano. O Madrigal do Avesso foi criado no ano passado com uma proposta maravilhosa. Entrei no grupo em junho de 2010 e fiquei muito feliz por ter sido aceita num grupo tão especial e seleto. Enfrentamos alguns problemas com a saída de integrantes do grupo e terminamos o ano sem uma apresentação pública. Este ano, novos integrantes chegaram e outros saíram e terminamos mais um período sem apresentações.
Não se trata de buscar explicações ou justificativas para o fato de não nos apresentarmos. Às vezes fico meio chateada comigo mesma achando que essa vontade tão grande de me apresentar é uma mera necessidade de afirmação do meu ego, mas para isso, bem ou mal, tenho o espaço do Chorinho, onde sempre me apresento às quartas-feiras e sábados.
Cantar, para mim, é compartilhar, então, fico frustrada por não poder compartilhar o que aprendi e vivi no madrigal. Eu não me importaria em cantar para um grupo de pessoas carentes, doentes, transeuntes, da terceira idade, de qualquer idade ... O lugar não importa, nem o tipo do público, o que importa é ter a oportunidade de compartilhar a sensação boa que a música provoca na gente, deixar o racionalismo de lado para fluir ao sabor das canções, ser conduzida pela emoção por alguns minutos, entregar-se ao milagre operado pelo encontro de nossas vozes.
Vamos ver o que me espera em 2012 em termos musicais. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Papai Noel não existe

Hoje estou especialmente cansada e a semana ainda não terminou. E nem vai terminar. Ando trabalhando num ritmo estranho em que não existe sábado ou domingo. Não quero dizer com isso que trabalho o tempo todo. Não, eu me divirto, apenas não estou conseguindo tirar um dia inteiro para descansar.
Mas vou fazer isso no Natal e, quiçá, no Ano Novo.
Mas, hoje estou no prego, morrendo de vontade de fechar o boteco e ganhar uma bela massagem relaxante. Como isso não vai acontecer, estou pensando em ir à aula de yoga quando sair do trabalho. Pelo menos vou descansar um pouco antes de ler o trabalho da minha filha mais velha (faz parte do ser mãe).
Amanhã tenho minha última sessão de terapia do ano e já estou com saudades de Márcia, minha psicóloga que não escolhi (é pela Unimed, de graça), mas que soube me acolher nesses últimos meses. É claro que quero mais, mas não sei ainda se isso será possível. Se não for, terei que seguir em frente sozinha, com minhas angústias e conflitos, que acho que nunca irão se resolver. É melhor eu me acostumar com eles.
Mas gosto de fazer terapia, da possibilidade de conversar sobre minhas coisas com uma pessoa que tem uma visão menos passional, parcial ou comprometida (acho que tudo dá no mesmo). Ela acabe me ajudando a me compreender melhor e a ser menos intransigente (ou, às vezes, complacente) comigo mesma.
O ano está quase terminando, mais um escândalo estourou no governo de Mato Grosso (em torno de cartas de crédito, uma história complicada!) e Jader Barbalho, quem diria, está voltando ao Senado. É Papai Noel não existe.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ser mãe é muito bom!

Chove, chove, chove. A chuva é boa, mas me deixa muito angustiada, não sei dizer exatamente o motivo. Essas chuvas torrenciais de verão me assustam.
Mas não é sobre isso que quero falar e sim sobre uma sensação boa deixada por um comentário de minha filha mais velha no Facebook. "Mãe, não sei o que seria de mim sem você, muito obrigada por tudo, te amo". Sei que foi sincero, por isso me comoveu. Nem precisava ser tão público, mas a forma como ela disse isso me deixou feliz e me fez pensar.
Hoje, de manhã, entrevistei um médico muito legal para a próxima edição da revista Corpo e Arte. O tema é uma doença que, segundo ele, atinge mais mulheres e, em geral, mulheres que assumem para si um monte de encargos.
É claro que eu me identifiquei em parte com isso. Que mulher da minha geração não se identificaria?
A gente goza de privilégios que nossas mães e avós não tinham, especialmente da liberdade de trabalhar fora, ter seu próprio dinheiro e escolher seus parceiros, porém assumimos tantas responsabilidade e não temos, como disse o meu entrevistado, as mesmas condições dos homens para enfrentar certas tarefas e exigências.
Meu leitor atento deve estar se perguntando por que mudei tão bruscamente de tema. Eu não mudei. Tudo tem a ver. Logo após essa entrevista corri para a empresa onde trabalho à tarde para resolver um problema emergencial; em seguida, corri para casa para ajudar minha filha num trabalho de final de semestre e, depois do almoço num restaurante a kilo perto da minha casa, dei-lhe uma carona para a UFMT. Na verdade, a ajuda era mais intelectual no sentido de ajudá-la a organizar suas ideias para um trabalho que ela vai escrever à noite a partir de visitas e entrevistas feitas.
E aí, quando seguia para a editora onde trabalho à tarde, eu me toquei de uma coisa: eu me cobro tanto - por não ter hoje a situação profissional almejada, a situação financeira confortável, a relação com um parceiro sonhada - que acabo não dando valor a uma função que tento desempenhar da melhor maneira possível: o ser mãe. Não é porque minhas filhas têm 21 e 19 anos que deixo de ser mãe ou de desempenhar tarefas como mãe.
É claro que houve um tempo que ser mãe me consumia mais tempo e energia: quando elas eram bebês e ainda dependiam de mim para quase tudo. E procurei me dedicar o máximo nessa época, deixando de lado questões profissionais e pessoais.
Mas meu propósito aqui não é ficar me autoelogiando como mãe, só quero me permitir reconhecer como uma coisa boa, desejável e louvável o meu desempenho como mãe. Dá licença?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Alegria, alegria

Hoje, uma amiga "comadre" de blog me disse que tem me achado "tristinha" a partir da leitura dos meus últimos posts.
Vocês concordam?
É engraçado, não diria que estou no período mais feliz da minha vida, mas já atravessei fases mais complicadas e tenho procurado não trazer tantos meus problemas pessoais para este espaço. Não acredito que seja uma forma de autocensura e sim uma decisão de não ficar alugando tanto "meus leitores" com questões ainda mal resolvidas.
É claro que o final de mais um ano - mesmo que tudo continue igual um minuto depois da meia noite do dia 31 - mexe com meus brios. O que fiz? O quanto avancei?
Meus principais problemas - financeiro, profissional, afetivo  e existencial - continuam sem solução, mas não quero fazer disso um cavalo de batalha. Sei lá, sigo procurando soluções, saídas ou, pelo menos, ser mais amiga de mim mesma, como sempre me aconselha um amigo escritor.
Aliás, considero um luxo ter um amigo escritor e filósofo. Já mencionei aqui a leitura de "Um homem mau" (Entrelinhas Editora), do mineiro Wilson Britto, lançado há um ano. Pois, em breve, a Entrelinhas vai lançar um novo livro de "seu" Wilson, "Afinal, por que se trabalha?". Por conta do meu trabalho na editora, tive o privilégio de ler a obra e fiquei muito mexida com ela. Acredito que ela terá o mesmo impacto em muitos outros leitores.
Como já li um terceiro livro do autor, estou quase me considerando uma especialista em Wilson Britto (quanta pretensão,. né?). Não posso adiantar ainda coisas sobre o novo livro, que retoma vários conceitos abordados em "Um homem mau".  Mas, posso dizer que o pensamento do autor bate com o meu em muitas coisas e reafirma que eu não estava errada em vários aspectos profissionais da minha vida, sobretudo quanto a seguir meu coração e buscar sempre um significado para minha existência através do trabalho.
Ainda não encontrei a reposta, porém, como ensina "seu" Wilson, mais importante que chegar lá é a jornada. É disso que estou tentando me convencer: a aprender a curtir a jornada, o aqui e agora.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A música daqui e de todo lugar

Fiquei sem internet (e telefone fixo) em casa o fim de semana inteiro. Uma provação e tanto!
Com isso, não pude postar minhas impressões sobre a última apresentação da 4ª Mostra de Música Sesc-MT, realizada na noite de sábado.
Foi muito legal! Imaginei que o Teatro do Sesc estaria lotado, afinal, iriam ser apresentadas 10 composições selecionadas de 10 músicos (ou grupos) diferentes. O teatro estava longe de estar lotado, mas o público revelou-se bastante entusiasmado.
O show começou com uma "jam session" dos músicos que deram oficinas ao longo da semana, sem a participação de alunos (acho que entendi errado). Assim mesmo não estiveram presentes todos os "mestres": primeiro, tocaram o pianista David Feldman, o baixista Pedro Trigo e o baterista Antonio Loureiro. Em seguida, entrou o pianista Edutardo Taufic no lugar de David.
Não me proponho aqui a analisar a performance de cada músico, mas posso dizer que o som dos dois trios foi absolutamente arrebatador. Feldman tocou uma composição sua (feita em homenagem a um cão que não parava de latir). Taufic apresentou um tema de Caetano Veloso (acredito que foi "Trilhos urbanos") e "Apanhei-te cavaquinho" de Ernesto Nazareth.
Que delícia (re) ouvir uma "jam session" com músicos altamente competentes e respeitosos. Ninguém queria atropelar ninguém ou mostrar serviço; todos criavam juntos, improvisavam e deixavam naturalmente sua marca (assinatura) através da música - essa coisa maravilhosa com capacidade de elevar o ser humano às alturas.  O mais difícil era acompanhar os dedos dos músicos no piano.
Depois dessa entrada triunfal, aconteceu a apresentação das músicas selecionadas e citadas no post anterior. Só estranhei a ausência do violeiro Habel dy Anjos, cuja participação estava prevista no programa divulgado.
Tivemos um ótimo painel da produção musical mato-grossense com composições de ritmos variados: choro, blues e outros ritmos de definição difícil. Apresentaram-se no palco do Sesc Arsenal músicos que, apesar de jovens, demonstram uma personalidade forte, como Vítor Meirelles com seu cancioneiro no estilo medieval que evoca também (como observou Zuleika, da dupla Vera-Zuleika) os acordes de Elomar.
Estela, sempre Estela, com sua voz potente e segura interpretando a bela e misteriosa "Segundo quarto", em companhia dos músicos de Monofoliar (Jhon Stuart e Juliane Grisólia). O trio continuou no palco para apresentar "Madalena", a composição feita por Jhon para a filhinha  de três meses, que estava na plateia e, segundo a mãe, Tuane, gostou da homenagem.
Luth Peixoto, mais conhecido da galera como o trovador do Tom Choppin, apresentou seu lado autoral com "Intuição".  Daniel de Paula tocou "Viola e sentimento" na viola de cocho, acompanhado apenas por um saxofonista. Lorena Lye intepretou "Baião para dois" - uma parceria sua com Joelson da Conceição, grande violonista da Orquestra de Boteco. O Grupo Sossego mostrou "Preguiçoso", um choro simpático e o veterano Amauri Lobo empolgou o público com seu "Blues do Preto Velho", que ganhou um  arranjo azeitado de David Feldman, executado pela Banda Base (formada por Sandro Souza na bateria, Sidnei Duarte na guitarra, Levi de Oliveira no baixo e um saxofonista cujo nome me fugiu, lamento). 
E por falar em saxofones, três saxofonistas do Ciranda Sax tocaram "Start". Senti falta em alguns casos de uma identificação mais clara de autoria, já que o que estava em foco era a composição (que tinha que ser inédita). Nesse caso, a composição era dos três músicos ou de apenas um deles??? A mesma dúvida me veio no caso do Grupo Sossego.
Fora alguns pequenos deslizes, naturais numa produção que juntou tanta gente em tão pouco tempo (valeu Carol Barros), o show foi maravilhoso. Essas composições serão gravadas num CD a ser distribuído pelo Sesc-MT nacionalmente.
Seria tão bom se as emissoras de rádio locais tocassem algumas dessas músicas, ampliando seu poder de chegar ao público. Gosto muito da programação da Centro América FM, mas que tal trocar de vez a mesmice do repertório mais convencional pelas composições de nossos músicos locais? Se as rádios e TVs daqui não os prestigarem, quem o fará, além do Sesc? Por que não abrir espaço para a música autoral que não é sertaneja ou pagode?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quem avisa amigo é ...



Jhon e Estella (à dir). No canto esquerdo, a percussionista Juliane Grisólia
Será amanhã, sábado, o encerramento da 4ª Mostra de Música do Sesc-MT (às 20h, no Teatro do Sesc Arsenal). Segundo explicou Carol Barros, técnica de Música do Sesc Arsenal que está à frente do evento, primeiramente vai acontecer a jam session dos músicos que vieram dar as oficinas (Eduardo e Roberto Taufic, Krisfoff Silva, David Feldman e Roberto Loureiro) e, em seguida, os músicos selecionados apresentarão suas composições no palco.
São eles: Jhon Stuart com "Madalena" (música feita para a filha nascida há poucos meses), Amauri Lobo com "Blues do Preto Velho", Joelson Conceição e Lorena Lye com "Baião para dois",  Vítor Meireles com "Cavaleiro  em Noite de Eclipse", Estela Ceregatti com "Segundo quarto",  Luth Peixoto com "Intuição",  Grupo Sossego com "Preguiçoso" e Daniel de Paula com "Viola e sentimento". Conheço quase todos e algumas das músicas selecionadas. São músicos bem atuantes na cena cuiabana, com estilos bem diferentes, o que deve tornar o espetáculo mais interessante.
Além deles, foram convidados a se apresentar (graças a uma cláusula do edital da Mostra) o grupo Ciranda Sax, que vai tocar "Start", e o violoeiro Habel dy Anjos que vai mostrar o "4º Movimento da Sinfonia Pantaneira".
Tudo de graça!  Vamos nessa?
Hoje (sexta-feira), dentro da Mostra, tem show do músico Antonio Loureiro - responsável pela oficina de bateria - também às 20h e  com entrada franca.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O peso da idade

Como é difícil envelhecer ou como é difícil lidar com o envelhecimento em nossa sociedade!
Nos últimos dias, alguns episódios me levaram a pensar sobre isso. Vou me ater a dois deles.
No sábado, eu estava no Chorinho (o bar Choros & Serestas. já mencionado em outras oportunidades) e me dava conta da quantidade cada vez maior de jovens nesse dia, quando acontece a tradicional roda de samba.
Eles não são desrespeitosos com a turma da Velha Guarda (aqui, o termo Velha Guarda tem duas conotações: uma de idade mesmo e a outra de tempo de convivência com o lugar. Nesse segundo quesito, não sou considerada da Velha Guarda). Mesmo assim, com seus costumes diferentes, acabam mudando a atmosfera do bar.
No sábado passado, interagi com alguns desses jovens e um deles, quando eu passava em direção ao banheiro, disse-me: "Tia, você cantou muito bem". Odeio quando alguém que tem mais de 18 anos e não é meu sobrinho por parentesco me chama de "tia", mas só respondi: "Obrigada. Eu dispensava o tia". Não sei se ele entendeu, mas não me deixei abater com o comentário e acabei me divertindo muito naquela noite.
O outro episódio é o seguinte: eu me candidatei para um processo seletivo de um trabalho. Nem por um segundo pensei que poderia ser barrada na primeria fase, antes da prova. Até cheguei a pensar se realmente queria esse emprego, mas conclui que seria uma boa tentar e que a vida diria se eu era a melhor candidata ou não. Para minha surpresa, meu nome não estava na lista dos candidatos para a prova.
Modéstia à parte, tenho um currículo profissional muito bom e me considero mais do que digna de pelo menos tentar a vaga oferecida. A única explicação que encontrei foi a idade: entre os 15 selecionados, o mais velho é nascido em 1972 (se não me engano). Olhei os selecionados para outros cargos e isso também se repetiu. Ninguém da década de 50 foi chamado. Na hora isso me soou como um recado: você está velha demais para tentar um reles emprego de jornalista. Vai procurar sua turma!
Qual é a minha turma? Não sou aposentada, não sou uma funcionária pública torcendo para chegar logo a aposentadoria e correndo contra o tempo para me aposentar com um vencimento melhor, não sou empresária, não sou uma celetista com um bom salário.
O que sou? Uma pessoa sensível, inteligente, culta, digna, tentando ganhar dinheiro honestamente para manter sua casa e sua família. E que gosta muito de cantar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sublime

Roberto e Eduardo Taufic



Enquanto assistia ontem à apresentação dos irmãos Eduardo e Roberto Taufic no teatro do Sesc Arsenal, eu me perguntava: por que as pessoas em Mato Grosso ainda têm resistência à música instrumental?
Sou muito ligada às letras das músicas e adoro cantar, mas tenho um respeito imenso pela música sem palavras e sinto um prazer enorme em assistir a um show de músicos instrumentais, principalmente, quando eles demonstram qualidade acima da média.
Conheci o duo Taufic na primeira edição do Festival de Jazz em Chapada dos Guimarães, em 2009. Eduardo, pianista, mora em Natal (RN) e Roberto, violonista, nasceu em Honduras e mora na Itália. Eles estão em Cuiabá esta semana participando da Mostra de Música do Sesc MT, mais uma iniciativa genial do Sesc.
Durante uma semana, músicos de renome dão oficinas em Cuiabá e à noite apresentam-se no teatro. Tudo de graça. No sábado, eles participarão de uma jam session com os alunos das oficinas e o público terá a oportunidade de ouvir as músicas selecionadas da Mostra.
Ficou meio confuso, né? Vou explicar de novo: independentemente das oficinas, a Mostra "premia" com a oportunidade de apresentação no show de sábado e a inclusão num CD músicos de Mato Grosso selecionados por um grupo do próprio Sesc. No grupo selecionados, estão alguns músicos já bem conhecidos de quem acompanha a cena musical daqui: Jhon Stuart, Estela Ceregatti, etc (na sexta ou no sábado, informo os nomes de todos).
Voltando ao espetáculo de ontem, foi tudo tão lindo! Os dois irmàos alternavam-se na apresentação das músicas e falavam do clima em que a composição foi criada, sobre a intenção do compositor. Tudo de uma forma muito simples, objetiva, sem firulas, nem excessos.
O público não muito numeroso, porém empolgado, viajou nos temas apresentados do CD "Bate e rebate", que mescla composições de cada um dos Taufic. Fascinante o entrosamento dos dois e a satisfação demonstrada por ambos em alguns momentos especiais.
Eu poderia ficar horas falando da delícia que foi ouvi-los, mas as palavras talvez sejam pobres para descrever meu deleite com um espetáculo, que nada me custou e me proporcionou tanta satisfação por ver dois talentos musicais numa sintonia tão perfeita.
Se alguma vez algum de vocês que me leem tiver a oportunidade de ouvir os irmãos Taufic, não perca!
Hoje, às 20h, tem apresentação do mineiro Krisfoff Silva, mas, infelizmente, não poderei ir porque tenho ensaio do Madrigal do Avesso.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Andando pra trás

Às vezes penso que nossa sociedade anda para trás. Em 1986, quando fui à França, fiquei fascinada com a possibilidade de tirar dinheiro em caixas eletrônicos e minha amiga que morava em Paris ficou chocada de saber que eu ainda tinha que enfrentar filas em bancos para pagar contas e efeturar saques.
Algumas décadas depois eu já podia desfrutar de todo esse conforto em qualquer cidade do interior de Mato Grosso. Mas,  esqueceram de combinar as regras desse jogo com o time adversário e todo dia explodem um caixa eletrônico. Nas últimas 24 horas, explodiram três em Cuiabá.
Com isso, cada vez temos menos caixas eletrônicos. No supermercado Big Lar, um dos mais movimentados da capital, tinha dois e agora não tem nenhum, o que por um lado é bom., já que corremos menos risco de assalto enquanto fazemos compras.
Se quiser sacar dinheiro, você tem que ir à agência e enfrentar fila nos horários de movimento (sempre tem um caixa fora de operação) ou se pelar de medo nos horários fora do expediente bancário.
Posso ser uma idiota, mas acho irritante a incapacidade do aparato de segurança pública lidar com essa modalidade de assalto (a caixas eletrônicos). Será que com um pouco mais de policiais na rua, não se inibiria a criuinalidade? Não é uma operação tão rápida explodir um caixa eletrônico. 
 Aliás, em matéria de crime, aqui em Cuiabá (e em Mato Grosso, em geral), acho que o placar é mais ou menos esse: bandidos 10 x população 0.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O espírito do Natal

O Natal está chegando. Nos shoppings, as crianças tiram fotos com Papai Noel, que, aliás, acenou para mim quando passava naquela tradicional parada da Coca-Cola. Eu estava na avenida Isaac Póvoas, uma das principais de Cuiabá aguardando por um entrevistado, quando passou o séquito de caminhões iluminados atrás do carro de Papai Noel. O barulho da música era absurdamente alto e o rapaz que servia cachorros-quentes na praça comentou :
- Mas, já? Parece que foi ontem ...
É exatamente essa sensação que tenho: parece que foi ontem que eu me preparava para enfrentar meu Natal sem 13º e ainda sob o impacto do fim da revista Produtor Rural e a demissão da Famato, onde já trabalhava há sete anos.
Mais um ano está terminando e continuo sem 13º. Meus planos para o Natal e o Réveillon são modestos e, tampouco, consigo me empolgar com o espírito consumista do Natal.
Mas não quero que nada disso - a falta de uma situação profissional mais tranquilizadora - empane a boa alegria de estar bem, saudável e perto de duas das pessoas que mais amo: minhas filhas.
Quero ver se juntas renovamos nossas esperanças e energias para seguirmos em frente, procurando sempre o melhor - para nós e para as outras pessoas.
Não seria esse o verdadeiro espírito do Natal?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Papo bravo

A semana termina sob o impacto das contradições. Por um lado, alegria pelas conquistas de minhas filhas: a de Jaboticabal me envia uma mensagem feliz da vida com o fato de ter conseguido aprovação em duas matérias das mais cabeludas do curso de Agronomia da Unesp; a de Cuiabá exulta com o 10 conquistado num trabalho de Elétrica no curso de Arquitetura da UFMT. É gostoso ver nossos filhos envolvidos e empolgados com o curso que é fruto da primeira escolha realmente significativa de suas vidas e que representa a entrada no mundo adulto.
Por outro lado, pesar pela morte de um rapaz de 29 anos que estava justamente iniciando uma segunda etapa da vida adulta: formado em Medicina pela UFMT,  Maurício Rafael Alencar, já estava fazendo a residência num hospital de Cuiabá. Ao que tudo indica, ele perdeu o controle da moto quando voltava para casa de madrugada, foi arrastado até uma árvore e morreu.
Fiquei muito triste quando li a notícia e mais triste quando vi que o rapaz era irmão de uma amiga de minha filha mais velha.
Quando retornou do velório e do enterro e se preparava para ir ao aniversário de um amigo de infância, minha filha comentou: "A gente não pode reclamar de nada".
É ... Ela tem razão, mas eu acrescentaria: "E como lidar com isso: a certeza de que qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento?"
Este ano, fiz amizade com um escritor e filósofo que tenta me convencer de que não devo me preocupar com a morte, que só existe numa dimensão futura (não sei se consegui expressar exatamente seu pensamento no meu esforço para simplificá-lo). A chave de tudo é viver no "aqui e agora". Há muito tempo, recebi essa mensagem, porém nunca consegui trazer isso para minha vida.
Eu me inquieto com a certeza da morte e a incerteza da vida pós-morte. Se esta não existe, não deveríamos nos inquietar tanto. Acabou, acabou. Mas como é difícil romper com as crenças que trazemos desde a infância e, ao mesmo tempo, como sou lerda na busca de respostas a essas questões!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nada a comemorar

Hoje é Dia Mundial de Combate à Aids e eu não poderia me furtar a falar sobre o tema. Assisti ao final de uma reportagem no jornal Hoje sobre a grande incidência da doença na população adolescente.
Isso é muito ruim. A profissional entrevistada disse que o adolescente tende a ver o uso do preservativo numa relação sexual como um obstáculo, algo que o afasta de seu parceiro.
Realmente não é fácil lidar com o uso de preservativos, mas imaginei que a nova geração, que cresceu sob a ameaça das Aids e com mais informações sobre outras DSTs, estivesse encarando o uso da camisinha com mais naturalidade. Pelo visto não está.
Não tem como deixar de ligar esse fato a outra notícia alarmente veiculada ontem através da pesquisa Situação da Adolescência Brasileira 2011 da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância): a juventude está mais vulnerável, pobre e abandonando os estudos antes de chegar à faculdade. E morrendo mais. Achei tão triste o depoimento de um rapaz entrevistado no jornal Hoje sobre quantos amigos viu morrer por causa do tráfico, brigas de gangue, etc.
Segundo matéria do jornal Diário de Cuiabá, de cada 100 adolescentes de Mato Grosso - o estado campeão na produção de grãos e detentor do maior rebanho bovino do mundo - 6,3 não estudam, nem trabalham. A média brasileira é de 5,4.
Se eu fosse político, acho que teria vergonha de fazer tão pouco para mudar essa situação e, como cidadã, também sinto vergonha.
Os números da Unicef têm um peso importante, mas nem é preciso ler o relatório para enxergar o que a gente vê acontecendo em Cuiabá, em Mato Grosso e talvez em grande parte do Brasil.
Tem uma moçada sem muitas perspectivas, sem apoio, em todas as classes sociais, e sendo levada para o caminho da violência, das drogas e do crime. Políticos, especialistas sempre dizem que praticar esportes, a leitura, ter uma escola melhor e mais aberta para a comunidade - tudo isso ajuda a mudar a realidade. Pelo visto, tem mais boas intenções e lero-lero do que iniciativas de fato sendo levadas à frente.
Juro que gostaria de contribuir mais para mudar essa realidade. Mas não sei como.