quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De Colíder para o mundo!

Exageros à parte, quero compartilhar com meus distintos leitores parte do meu atual périplo por este estado imenso chamado Mato Grosso. Ontem saímos de Cuiabá por volta de 8h30m, almoçamos em Lucas do Rio Verde (numa churrascaria ótima, Picanha's, que já conheço de outras viagens) e chegamos ao nosso destino por volta de 17h, depois de passar por Sorriso e Nova Ubiratã e pegar uma estrada de terra. Dormimos no distrito de Água Limpa, na própria sede da fazenda do Grupo Pinesso, alvo da reportagem.
Hoje, de manhã, choveu muito, mas conseguimos visitar a escola agrícola local e conversar com as mulheres operadores de máquina, o alvo principal de nossa reportagem. Almoçamos lá mesmo na casa e retornamos para Sorriso (cerca de duas horas e meia de viagem). Passamos por Sinop e chegamos a Colíder quase 8h da noite e já estamos bem perto de nossa próxima parada, a fazenda Gamada, onde o sr. Mário Wolf está nos esperando. Depois seguiremos para Terra Nova do Norte e, se tudo correr bem, retornaremos a Cuiabá no final da tarde de sexta ou no sábado (o mais certo). É muito chão! Calculo que andaremos ao todo uns 1.500 km. Se estivéssemos na Europa teríamos atravessado alguns países, mas como estamos em MT...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nas estradas da vida

Amanhã sigo rumo a cidades que desconheço e que, provavelmente, a maioria dos meus caríssimos leitores nunca ouviu falar: Nova Ubiratã, Terra Nova do Norte e Nova Canaã do Norte serão meus destinos nos próximos dias.
Gosto de viajar, mas confesso que estou com meu coração apreensivo (ainda por causa da derrota do Gabeira?) Quem mandou querer ser repórter e ainda trabalhar para uma revista chamada "Produtor Rural"? Parodiando Mílton Nascimento e Fernando Brant em "Nos bailes da vida": "'todo jornalista tem de ir aonde a notícia está".
Não sei se terei como dar notícias, mas, se for possível, certamente manterei meu blog atualizado.

Luto

Não vou me alongar muito, mas só expressar um pouco do meu pesar pelo resultado das eleições no Rio. Faltou tão pouco pro Gabeira ganhar! Vi no orkut do meu sobrinho a palavra "Luto". Acho que deve ser esse hoje o sentimento da quase metade do Rio que votou no Gabeira, na esperança de um prefeito mais ético e de uma política mais ética.
É engraçado que um amigo cuiabano, sábado, me perguntou se o Gabeira não era bonzinho demais, frágil demais para lidar com o crime organizado no Rio. Respondi que se os prefeitos dito duros não deram jeito, quem sabe ele poderia dar. Na verdade, eu não me iludo: nem Gabeira, nem ninguém vai acabar com o crime organizado, mas quem sabe ele poderia lançar as sementes de um futuro melhor, com possibilidades reais de mudança para todos aqueles que são vítimas/agentes do crime organizado.
Outro dia na novela "A favorita", que, aliás, está eletrizante, a personagem Diva Palhares, interpretada por Giulia Gam (maravilhosa), disse ao repórter/herói Zé Bob: "O que adianta denunciar o tráfico de armas? Outros Romildos virão".
Infelizmente, é assim. Tem muita gente graúda, com poder e que posa de bom moço, por trás do crime organizado. Mas a gente tem que conservar a esperança de que pode ser diferente ou pelo menos poder ir dormir com a consciência mas tranqüila.
O Gabeira representava tudo isso.
Em Cuiabá ... Acho que os dois candidatos são praticamente iguais nesse quesito.

sábado, 25 de outubro de 2008

Gabeira

Gabeira, estou torcendo muito por você e muito feliz de ver que toda minha família está não só votando em você, mas manifestando seu voto pelo orkut, msn, email.
A eleição aqui em Cuiabá também está pegando fogo, mas nada se compara ao clima que deve estar no Rio (em SP também). O Rio é sempre diferente. Estou longe daí há 20 anos, porém uma parte do meu coração será eternamente carioca. Se eu estivesse aí não teria um centésimo de segundo de dúvida sobre o meu voto. Vou ficar muito feliz de visitar o Rio sob sua nova direção.
É claro que não espero milagres, mas tenho certeza de que sua vitória vai trazer o sopro de esperança e renovação para todos. Viva o Rio!

Antes tarde do que nunca

Ando meio relapsa com minha agenda cultural. Hoje tem várias opções em Cuiabá: tem show do grupo vocal Alma de Gato na Livraria Janina no Shopping Pantanal (Meninos pro Rio, é o título), do Triêro no Clube Feminino e tem uma apresentação de um coral evangélico que deve ser muito interessante. E tem Chorinho, como de costume!
Eu já decidi: vou ao show do Triêro. Todo mundo diz que é ótimo pra dançar e hoje estou mais a fim de dançar.

Amenidades

Hoje não quero falar de crise, de eleição, de problemas e sim compartilhar um momento ímpar na vida de qualquer mulher. Ops, acho que exagerei ... Pra maioria das mulheres (inclusive, as mais jovens) isso já é banal, mas para mim foi uma experiência muito especial. Pela primeira vez, em 52 anos de vida (argh!) interferi na cor dos meus cabelos.
Há muito tempo vinha falando com minha cabeleireira sobre a possibilidade de pintar, fazer mecha - sei lá mais que possibilidade -, quando meus cabelos começassem a ficar brancos. Ela sempre dizia que ainda não estava na hora (ela mais é minha amiga do que cabeleireira ...) Mas esta semana minha filha mais velha - e bem mais alta do que eu - disse que eu estava com muitos cabelos brancos no topo da cabeça. Decidi então encarar o problema e hoje, sem planejar muito, fui ao salão e fiz uma tonalização. Para leigos, isso quer dizer que não mudou a cor dos cabelos (ainda). Ninguém vai encontrar uma Martha loira ou de cabelos vermelhos. Apenas passei um produto que tonaliza os fios brancos.
Confesso que estava morrendo de medo, mas gostei do resultado.
Pode parecer frescura, mas atire a primeira pedra quem não se importar com a aparência e principalmente com os cabelos. Como eles são importantes para nossa auto-estima!
Eu, por exemplo, tenho uma relação muito boa com os meus. Detestei meus cabelos durante boa parte da adolescência até descobrir aos 17 anos a delícia de usar os cabelos naturalmente cacheados. Abaixo a ditadura dos cabelos lisos!
última década voltei a conviver com a ditadura das escovas definitivas, que deixam algumas mulheres com aparência da Maga Patalógica, mas resisti bravamente à pressão desse modismo horroroso.
Gosto de cabelos naturais, sejam eles lisos ou cacheados, e mais do que isso, gosto da diversidade, da possibilidade de ser como a gente gosta de ser. Consigo me ver um dia com os cabelos brancos e bonitos, mas acho que está na hora de brincar um pouco com as possibilidades que os salões nos oferecem, sem que isso signifique mudar a minha essência.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ainda bem que já está acabando!

Ufa! A campanha já está quase acabando. Não agüento mais ver tanto cabo eleitoral na minha frente. Ontem vi um mar de pessoas (representando os dois candidatos, com ligeira vantagem, para Mauro Mendes, que por estar atrás nas pesquisas, acredito, está injetando mais dinheiro na campanha) ao longo da Av. Rubens de Mendonça (mais conhecida como avenida do CPA). A pressão (jingles, bandeiras) foi tanta que acabei capitulando e permiti - quando já estava num semáforo da Av. Mato Grosso- que uma moça colocasse um adesivo de Wilson Santos (aliás, muito bonito, com motivos da cultura cuiabana) no meu vidro traseiro.
Como imagino que boa parte desses cabos eleitorais seja contratada (é muito engraçado ver a vestimenta das mulheres, quase todas de saias e shorts bem curtos, blusas decotadíssimas e muita banha sobrando, mas tem uma senhorinha de cabelos brancos na rotatória em frente à Rodoviária, que trabalha com uma bolsinha a tiracolo e desperta minha simpatia), fico imaginando quanta gente desempregada (ou desocupada) tem em Cuiabá. Tenho vontade de parar o carro, conversar, saber quanto eles ganham, etc.
Imagino que hoje o clima vai estar ainda mais quente (em todos os sentidos) e deve sair até briga na disputa pelo espaço físico e o coração dos eleitores.
Adoraria saber como está o clima no Rio, São Paulo e outras capitais que enfrentam o segundo turno.
Um dado concreto: dos amigos da minha filha de 16 anos, apenas uma (que é ligada um dos clãs políticos de Mato Grosso) tirou o título para votar nesta eleição. Isso é mau sinal!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ainda sobre eleições municipais

Ontem fiquei com vontade de anular meu voto no próximo domingo em protesto contra a anarquia dos cabos eleitorais nas vias principais de Cuiabá. Está ainda mais complicado andar de carro ou ônibus na capital mato-grossense nesses dias que antecedem o grande duelo nas urnas entre o atual prefeito, Wilson Santos, e o empresário Mauro Mendes.
No final da tarde de ontem, enfrentei um engarrafamento monstro na avenida Miguel Sutil (a Perimetral) por causa da concentração dessas pessoas numa rotatória onde o tráfego já é normalmente complicado. Não havia um policial, nem um dos fiscais da Prefeitura (os tais "amarelinhos" que a gente nunca vê), fazendo com que o tráfego fluisse melhor. Junte-se o egoísmo ou a perplexidade dos motoristas que acabam ficando retidos no meio do caminho impedindo que a turma que vem do outro lado aproveite o sinal verde e, pronto, temos a receita do caos.
Minha filha de 16 anos estava comigo e ficou revoltada com a sujeira que os tais cabos eleitorais deixam no chão (copos de água vazios, panfletos de propaganda que iam sendo aos poucos levados pelo vento), sem falar na poluição sonora, já que havia carros de som dos dois candidatos. Eu queria ter uma máquina digital para registrar a cena! Minha filha comentou: "Como esses caras vão administrar a cidade se permitem esse caos!?!" Eu fiquei com a mesma dúvida.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sobre as eleições municipais

No meu trajeto para o trabalho algumas coisas me chamaram atenção e que tem a ver com as eleições do próximo dia 26. Ainda bem que a campanha está acabando! Não aguento mais ouvir os jingles de campanha dos dois candidatos e ver os cabos eleitorais agitando bandeiras nas rotatórias mais importantes da cidade, contribuindo para piorar o trânsito da capital mato-grossense. Pelo movimento que vi hoje de manhã imagino como estará o tráfego na Av. Miguel Sutil no fim da tarde. Achei que tinha ocorrido algum acidente, mas "felizmente" era só a algazarra dos cabos eleitorais.
A propósito, o atual prefeito Wilson Santos criou uma nova versão do jingle. Agora temos a versão forró na voz de Dominguinhos e a versão rasqueado cuiabano. Não sei se essa mudança se deu por causa das críticas do candidato do PSOL, o procurador Mauro, que se vangloriou num programa do primeiro turno de ser o único que tinha valorizado o ritmo da terra. Diga-se de passagem que o jingle desse candidato foi um verdadeiro sucesso. De vez em quando, minha filha de 18 anos ainda canta o jingle. Não tenho como explicar esse fenômeno de comunicação!
O terceiro e último ponto desse post é sobre um aspecto destacado no domingo por um amigo coralista: nenhum dos dois candidatos falou sobre a arborização de Cuiabá durante a campanha. Esse meu amigo disse que está pensando em que cidade vai morar quando se aposentar (ele tem 48 anos), já que o calor da semana passada mostrou que a vida na capital de Mato Grosso está se tornando inviável neste época do ano.
Esse papo de arborização me remete ao meu cunhado, o engenheiro Ivo Bicudo, que nasceu por acaso em Cáceres (uma cidade quentíssima), foi morar no Rio (também muito quente, embora conte com a brisa à beira-mar), mas por dever de ofício (era funcionário do antigo DNER) conheceu bem a canícula mato-grossense. Ele sempre dizia não entender por que os prefeitos não investiam na arborização das cidades de Mato Grosso (do norte ou do sul), uma medida tão simples que poderia tornar bem mais palatável a sobrevivência nos quase 365 dias de calor.
Isso me lembra um artigo da revista Produtor Rural sobre a importância do sombreamento para que os bovinos ganhem peso e dêem o retorno necessário a seus proprietários. Se até os boizinhos precisam de sombra, o que dirá de nós, seres humanos? Sem falar que a cidade fica muito mais bonita cheia de árvores.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eloá e Lindemberg

Hoje de manhã pensei em tantos assuntos que gostaria de comentar neste espaço que, de repente, deu um branco. Mas não posso fugir do mais óbvio de todos: o seqüestro de Santo André. Longe de mim querer tirar casquinha de um assunto tão dramático, mas gostaria de acrescentar à discussão sobre "quem é o culpado pelo desfecho trágico" algumas coisas que li aqui e acolá e me pareceram interessantes:
1- O cineasta José Padilha, autor do documentário sobre o seqüestro do ônibus 173 no Rio, e o ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel, autor do livro "Tropa de Elite", escreveram artigos, segundo o blog oFiltro, em que culpam os políticos por tragédias como a de Santo André e e do Rio, por não colocarem em prática planos de segurança idealizados e engavetados. Ou seja, é aquela história que sempre ocorre por trás das rebeliões sangrentas em presídios: promete-se um mundo de recursos para melhorar as condições nos chamados "barris de pólvora" que só são lembrados enquanto dura a comoção pública.
2- Há uma discussão em curso sobre o papel da mídia sensacionalista. Que me perdoem os coleguinhas jornalistas, mas detesto esse tipo de mídia que, no fundo, adora ver o circo pegar fogo e alimenta a loucura das pessoas. Enquanto estava no apartamento do hotel em Uberaba e buscava um canal de TV, sintonizei numa emissora local que mostrava um bando de gente - adultos, adolescentes, crianças - em torno de um corpo no chão coberto por um plástico. Tive uma boa imagem da miséria humana: os adolescentes acenavam para câmera, davam sorrisos. Que tipo de pessoa fica parada em frente a um defunto e ainda consegue sorrir? Isso demonstra a falta do que fazer de muita gente e a indiferença que tomou conta de muitos diante de uma cena que, para eles, certamente se tornou banal: um ser humano morto.
3- Que tipo de relação tinha Eloá com Lindemberg? Ela namorava o sujeito desde 12 anos. Embora fosse considerado do bem pela vizinhança, há relato de muitas cenas de ciúme da parte do rapaz. Imagino que Eloá fosse ameaçada e talvez até agredida pelo ex-namorado e talvez nem relatasse o fato aos pais e amigos por vergonha ou até por achar que fosse normal. Outra dúvida: será que em nenhum momento do tempo em que durou o seqüestro, Lindemberg dormiu ou cochilou? Por que Ellá e sua colega não se aproveitaram disso para fugir? Elas estavam amarradas?
Enfim, são muitas perguntas e nenhum lógica para um acontecimento que tem a dimensão de uma tragédia e, por isso, deveria nos trazer muitos ensinamentos, como as tragédias de grandes dramaturgos do passado. É impressionante e muito triste como a realidade tem sempre nos surpreendido com a sua dramaticidade. Quando a gente imagina que já viu de tudo - criança arrastada por assaltantes, diretores de presído e juízes assassinados à luz do dia, só para citar casos mais notórios - vem uma coisa nova para nos alertar sobre quão frágil é a linha entre a sanidade e a loucura.

domingo, 19 de outubro de 2008

Agenda cultural atrasada

Desde o começo deste blog uma das minhas intenções era divulgar o que estava acontecendo de bom em Cuiabá em termos culturais, já que percebo que muita gente não vai aos espetáculos por falta de informação. Claro que meu blog não é "o" meio de comunicação, mas pelo menos estaria fazendo a minha parte. Acontece que ando meio relapsa nesse aspecto e hoje me penintencio fazendo uma agenda de trás para diante. Eu explico, não vou falar sobre o que vai acontecer, mas sobre o que aconteceu.
Com essa história da viagem, fiquei meio avariada, por isso a minha falha.
Não é que apesar de toda correria da viagem acabei indo assistir ao show do Almir Sater? Graças a um casal de amigos que me convidou (e me bancou). Esse show estava totalmente fora da minha programação por causa do preço (mesa a R$ 300) e também porque tenho sempre a sensação de que o show do Almir é mais ou menos o mesmo. Mas é sempre bom. Ontem, o que atrapalhou um pouco foi o som e o lugar, que não é apropriado para shows. Aliás, aqui em Cuiabá falta um lugar legal para shows com um público maior. Geralmente eles acontecem no Centro de Eventos do Pantanal que tem uma acústica péssima. O de ontem foi num espaço relativamente novo, o Cenarium Rural, mas também não é apropriado. Como havia serviço de mesa (aliás, tudo caríssimo), as pessoas faziam muito barulho, falavamm alto e se comportavam como se estivessem num bar de calçada.
Hoje, domingo, assisti a dois ótimos espetáculos no Sesc Arsenal. O primeiro foi a apresentação do Madrigal Paidéia, de Curitiba, de graça, dentro do projeto Sonora Brasil. Tinha pouquíssima gente. O horário também não ajudou muito, 17h30m, num primeiro domingo de horário de verão. Belo espetáculo com repertório maravilhoso inteirinho dedicado a Villa-Lobos.
Logo em seguida, por R$ 12, assisti a uma homenagem ao centenário de outro gênio da música brasileira, Cartola. O show reuniu a cantora Deise Águena e a fina flor do Chorinho, o bar Choros & Serestas. Foi muito gostoso. Tinha bastante gente, mas o teatro não chegou a lotar. A divulgação foi mais na base do boca-a-boca. Só faltou a pista para dançar.

sábado, 18 de outubro de 2008

Ufa! Cheguei em casa

Já estou em Cuiabá depois de uma viagem meio complicada. Fui de carro de Uberaba para Uberlândia (cerca de uma hora). Viagem tranqüila, em ótima companhia (o dono da empresa de assessoria que me convidou). Aparentemente estava tudo bem com o vôo, mas descobri no aeroporto que, embora meu bilhete fosse da TAM, a aeronave seria da Passaredo. Quando a moça da TAM foi me buscar na sala de embarque para dizer que teria que alterar meu bilhete porque a aeronave da Passaredo teve que dar meia volta, respirei aliviada. Ela me colocou num vôo da TAM para São Paulo (Congonhas) com uma conexão para Cuiabá às 21h. Eu iria ficar horas mofando no aeroporto.
Quando cheguei em Congonhas, me dei conta de que a TAM tinha obrigação de pagar meu almoço e fui procurar a moça do apoio que, muito solícita, já estava me dando o voucher do almoço, quando descobriu um vôo mais cedo para Cuiabá que sairia às 15h50m de Guarulhos. Aí foi uma correria só: pegamos minha mala que estava despachada para Cuiabá, peguei o ônibus da TAM para Guarulhos e cheguei a tempo de pegar o vôo pra Cuiabá.
Cheguei morta de cansaço, mas um casal de amigos me chamou para ir ao show do Almir Sater. Irresistível, ?
PS. Esqueci de contar que uma mulher de uns 40 e poucos anos passou mal no vôo de SP pra Cuiabá e teve que ser atendida por um médico. Desembarcou de cadeira de rodas, com soro e foi direto para uma ambulância do Corpo de Bombeiros.
Apesar de todos os incidentes e da minha fome (não teve serviço de bordo praticamente), o céu estava lindo. Um verdadeiro mar de nuvens! A programação da rádio de bordo também estava maravilhosa como sempre.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Consegui chegar!

Só para tranquilizar meus leitores: cheguei bem a Uberaba, depois de viajar de avião até Uberlândia (pela Passaredo) e viajar de carro cerca de uma hora na agradável companhia do jornalista da Texto Assessoria (empresa que me convidou).
O vôo foi tranqüilo, apesar do aperto no avião e da sensação de estar viajando num aeronave de brinquedo (era um Brasília). Quando o piloto iniciou a descida em Goiânia, a primeira escala, me deu um certo frio na barriga porque tive a sensação que ele descia em queda livre. Acho que ele subiu demais e teve que se apressar para descer a tempo. Mas a chegada em Uberlândia não poderia ter sido mais tranqüila. A comissária de bordo, uma menina que não parecia ter mais de 18 anos, era muito gentil e manteve o tempo todo uma expressão tranquilizadora.
À noite saímos para jantar - eu e dois jornalistas da Texto - depois de assistir a uma edição do Jornal Nacional especialmente tenebrosa e farta em notícias ruins (confronto entre policiais em SP, seqüestro interminável, incêndio na Chapada dos Guimarães, tumulto no Pará depois do assassinato do vereador mais votada da cidade e a execução de mais um diretor de presídio no Rio). Mas o jantar foi muito agradável e conversamos basicamente sobre filmes e jornalismo. Deu para eu fazer um balanço da minha trajetória na profissão e na vida em geral. Gente, como eu já fiz e vivi coisas interessantíssimas!
Agora estou aqui no parque de exposição em Uberaba pronta para começar minha matéria sobre o gado Brahman.

PS. Ontem eu estava um pouco mais preocupada com a minha viagem porque fazia anos que minha mãe e meu irmão tinham morrido, ambos no dia 16 de outubro, porém em anos diferentes. Tive que apelar para o meu lado racional.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Arrumando as malas de novo

Vou daqui a pouco para Uberaba, a capital do gado zebu. Vou participar de uma feira de gado Brahman (não confundir com a cerveja). Estou curtindo a novidade, só estou um pouquinho receosa da viagem de avião. Vou de Passaredo! O nome é bonito, mas tem gente que chama de "Passamedo". Ai! Minha amiga Yeda, que mora em Uberlândia, e viaja sempre nessa companhia, disse que é tranqüilo. Tomara! A volta é pela TAM.
Estou correndo como sempre porque preciso arrumar a malinha (pouca coisa, mas a gente sempre fica insegura quando viaja). Se der atualizarei meu blog de lá ...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Mortes por poluição

Estou chocada: acabei de ler em O Globo que a poluição já mata mais que a Aids e o trânsito em São Paulo. No Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras não deve ser muito diferente. Segundo o médico entrevistado, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, uma simples medida - a redução da liberação do enxofre pelo óleo diesel usado pelos veículos, poderia evitar 150 mortes por ano! A notícia me chamou atenção por razões óbvias, mas também por que acabei de fazer uma matéria sobre biodiesel para a revista Produtor Rural. É curioso o litro de biodiesel é mais caro do que o diesel de petróleo, mas como disse um dos meus entrevistados, se computarmos a economia com gastos com hospitais, faltas no trabalho (sem falar no bem-estar da pessoa), essa diferença no preço acaba sendo anulada. Enfim, é um assunto dos mais interessantes. Fiquem de olho!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Cidades

Que estranha essa campanha para prefeito em Cuiabá! De dez em dez minutos sou obrigada a assistir na TV à mesma mensagem de um e outro candidato. Enche o saco! O pior é que não consigo acreditar em nenhum deles, embora tenha mais simpatia por um deles. O outro posa de bom moço, diz que vai resolver os problemas da saúde na cidade, mas sinceramente eu não acredito. Primeiro porque não é fácil. Segundo porque não acho que ele se importe depois de eleito com as dores das pessoas que não tem grana para pagar um médico particular ou um convênio de saúde. E terceiro porque não acho que ele seja um cara de bom coração. Que bobagem, ? Achar que as pessoas podem chegar ao poder e fazer o que coração delas manda ??? Se pelo menos os administradores municipais pensassem um pouquinho no bem comum, em realmente oferecer uma cidade mais humana para a maioria de seus moradores, já seria muito bom.
Hoje, no fim da tarde, fiquei pensando: que diacho de instinto faz com que a gente opte por morar numa capital? Eu morava numa cidade com cerca de 75 mil habitantes, onde não tinha trânsito, engarrafamento e esbarrava o tempo todo em pessoas conhecidas e/ou amigas, que sabiam quase tudo sobre minha vida. Deixei essa cidade para trás e me mudei para a capital de Mato Grosso. Encontrei boa parte do que procurava: melhor opção de trabalho, melhor estudo para minhas filhas, mais opção de lazer para mim (para elas também, embora ainda achem mais divertidos os fins de semanas em Cáceres). Eu me livrei daquilo que a minha boa amiga Cynthia, do alto de sua experiência, classificou de "controle social": todo mundo sabe de quem você foi mulher, onde trabalha, é gente de quem, saiu com quem, etc.
O controle em Cuiabá é bem mais diluído, embora seja impossível ir a qualquer lugar sem conhecer um monte de gente. Mas, pelo menos, aparentemente, tudo mundo é um pouco mais liberal, desligado.
E a essência de tudo isso, onde está? Sigo buscando.
Tem duas coisas que Cuiabá me deu que eu amo de paixão: a possibilidade de convívio com o samba (vocês não fazem idéia de como eu amo o samba) e de cantar num coral.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dia das crianças

Infelizmente, só agora tive tempo de atualizar meu blog. Digo infelizmente porque estou meio cansada e morrennndoooo de calor! Imagine um lugar quente, é Cuiabá hoje! Eu teria um monte de coisas para comentar, mas essa sensação da roupa pregando no corpo não é inspiradora. Preciso tomar um banho e desfrutar do ar condicionado do meu quarto urgentemente!
Eu queria comentar duas coisas: ontem, Dia das crianças, minhas filhas foram participar de um grupo que trabalhou voluntariamente na pediatria de um hospital de Cuiabá. Fiquei tão orgulhosa delas! A mais velha foi chamada e convidou a menor. Ficaram pintado móveis e utensílios do hospital. Tinha poucas crianças internadas, mas o suficiente para impressioná-las bem, já que os que ficaram no hospital eram os casos mais graves. Tomara que elas tenham outras oportunidades de fazer trabalhos semelhantes.
A outra coisa que eu gostaria de comentar é sobre o meu encontro com uma pessoa muito especial, Gabriel Novis Neves, ex-reitor da UFMT, ex-secretário de Educação de Mato Grosso e uma figuraça! Como ele morou na juventude com meu irmão, José Feliciano, no Rio, isso criou de um laço afetivo entre nós. Trabalhei com ele por um breve período na Seduc, no primeiro ano que cheguei a Cuiabá, mas me sinto suficientemente próxima para ligar de vez em quando e até visitá-lo. Ontem foi um dia desses. Conviver com o Dr Gabriel (ele é um dos médicos mais tradicionais de Cuiabá) é um privilégio. Ele agora está com mania de escrever crônicas sobre os assuntos mais variados: política, assuntos da cuiabania, coisas pessoais, mais ou menos como eu faço aqui. Só que ele escreve a mão num caderno e depois alguém digita para ele. Ontem eu e um fotógrafo que estava lá também o estimulamos a publicar suas crônicas. Ele disse que escreve só para se divertir e divertir os amigos. É uma pena ... Os textos são bem humorados, cheios de reticências e fina ironia.
Mas o que ele me falou de mais tocante ontem foi que o nosso maior legado é o que a gente deixa de marcas. Em outras palavras, mais importante do que o que você diz é o que você faz. Num mundo em que tem muito mais galinha do que pata, não deixa de ser original e digno.
PS. Para quem não entendeu a galinha e a pata na história, estou me referindo à anedota que diz que o ovo da galinha faz mais sucesso que o da pata porque a primeira cacareja sempre que bota. Ou seja, o marketing é essencial para o sucesso na vida. Certo??? Nem sempre.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Muito além da Zona Sul

Como este espaço é meu, tento ser o mais sincera possível. Esta introdução é para falar do conflito que existe dentro de mim a respeito de minha ida a Brasnorte. Vou fazer um paralelo entre a minha história pessoal e a do produtor rural Edward Rossi Vilela, o principal personagem da minha matéria. Em 1975, enquanto o mineiro Edward comprava terras no noroeste de Mato Grosso, eu estava no Rio de Janeiro, no primeiro ano do curso de jornalismo da UFRJ, cheia de sonhos na cabeça. Hoje, ainda tenho sonhos, mas são de outra natureza e, às vezes, confesso chego a desconfiar deles.
Trinta e três anos depois eu estou em Mato Grosso e trabalho numa revista da Famato (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso) que se chama "Produtor Rural". É claro que continuo fiel à proposta de fazer bom jornalismo - ouvir os dois lados, buscar a informação que é do interesse público -, mas é inegável que hoje conheço mais o lado do produtor rural, que não é mais uma abstração mental ou uma imagem perdida no passado. Ele tem rostos, nomes e dramas como o do sr. Edward, que jura ter ido à Funai para levantar a situação das terras que ia comprar e não encontrou qualquer obstáculo. Hoje ele corre o risco de perder suas terras que estão a um passo de se transformar em terra indígena.
Não quero aqui contar detalhes da matéria que fui apurar em Brasnorte (quem se interessar pode ler em Produtor Rural), mas apenas mostrar que o mundo hoje é bem mais complexo do que supus na adolescência, em que o povo da "esquerda" parecia sempre ser do bem e o da "direita" do mal. Nessa história toda, para mim, índios e muitos produtores rurais são apenas vítimas de um processo de desenvolvimento meio torto, que teve um de seus capítulos mais dramáticos durante a ditadura militar. É claro que tem muita gente se beneficiando de eventuais conflitos entre produtores e índios, produtores e MST, etc. Mas, uma coisa é certa, o povo do litoral (do qual fiz parte por um bom tempo) acaba tendo uma visão distorcida dos fatos, assim como muitas pessoas aqui do Centro-Oeste têm uma visão preconceituosa em relação ao que ocorre em cidades como o Rio e São Paulo.
Eu me lembro de uma música do Mílton Nascimento que dizia "A novidade é que o Brasil não é só litoral/ É muito mais que qualquer Zona Sul"... Para mim, antes, isso era só poesia; agora virou verdade.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

De malas quase prontas para Brasnorte

Amanhã, quarta-feira, vou a Brasnorte, uma cidade no norte de Mato Grosso, a cerca de 600 km de Cuiabá, onde acontecerá uma manifestação de produtores rurais, orquestrada pela Famato. Vou cobrir pela revista. Não sei se terei acesso à internet, mas prometo fazer um relato na volta.

Balanço das eleições

Ontem acabei não achando tempo para comentar o resultado das eleições. Também tanta gente que já comentou que nem sei se vale a pena ainda falar do assunto, mas quero registrar aqui algumas alegrias e frustrações.
A maior alegria foi ver o deputado Fernando Gabeira no segundo turno no Rio, com grandes chances de chegar à Prefeitura. Não me iludo achando que ele vá fazer milagres ou coisa assim (já superei essa fase), mas acho que ele trará um pouco de oxigênio à cidade que adoro a distância.
A maior decepção foi ver Túlio Fontes, ex-prefeito de Cáceres, perder por pouco mais de 500 votos para o candidato à reeleição, Ricardo Henry. Além de ser um administrador inócuo, Ricardo é irmão do deputado federal Pedro Henry, associado a 10 entre 10 escândalos nacionais envolvendo o Congresso. Pedro é do tipo tubarão, daqueles políticos que as pessoas enchem a boca para dizer "rouba mas faz". A família é dona de uma emissora de TV na cidade, que explora a miséria e a ignorância do povo com um programa sanguinário e supostamente defensor dos fracos e oprimidos.
Tive outras pequenas alegrias (com a derrota do ACMzinho em Salvador) e decepções (como o fato de minha filha, estreante em eleições, ter votado sem qualquer convicção; eu me abstive de fazer o papel da mãe dominadora e não tentei fazer sua cabeça. Acho que só o tempo vai lhe ensinar alguma coisa).
Quanto ao resultado em Cuiabá (segundo turno com o atual prefeito, Wilson Santos, enfrentando o candidato do governador, o empresário Mauro Mendes) , não foi o que eu queria, mas também não sou tão fã do Wilson para morrer de tristeza.
Fiquei feliz de ter me livrado de um pesadelo chamado Walter Rabello, sinônimo de baixaria. Faz o gênero apresentador de TV defensor dos fracos e oprimidos, mas na verdade é um bufão, apoiado pelo grupo de Henry, Campos, Riva, enfim tudo que detesto em MT.
Dizem os especialistas que segundo turno é como começar uma nova eleição. Tomara que Wilson e Mauro Mendes sejam mais convincentes e tirem um pouco a máscara nesta segunda etapa.
Só pedi à minha filha para não jogar seu voto pela janela neste segundo turno. Se ela tiver que anular seu voto que seja por convicção e não por omissão.

domingo, 5 de outubro de 2008

O mago do contrabaixo

Hoje é domingo, pé de cachimbo, etc, etc. Não vou repetir aqui uns versinhos que povoaram minha infância e que não fazem sentido algum, como, aliás, muitas coisas que a gente repete na infância. Ainda é cedo para comentar os resultados das eleições, mas posso adiantar que fiquei muito feliz porque a minha outra irmã, mais conservadora, acabou de me contar que votou no Gabeira! E olhe que na sexta-feira ouvi coisas incríveis de uma pessoa, que eu admiro, para quem falei que gostaria de votar no Gabeira. "Como você pode querer votar numa pessoa que defende a descriminalização da maconha?" Foi apenas umas das barbaridades que ela me falou ...
Enfim, essa conversa dá idéia de como às vezes é difícil conviver, principalmente, em Mato Grosso. Mesmo as pessoas que parecem abertas, modernas, têm uns preconceitos tão arraigados!
Mas quero reproduzir aqui um texto que fiz sobre o show do Ebinho Cardoso e que foi publicado hoje no Diário de Cuiabá:
O contrabaixo elétrico é um instrumento que faz parte da chamada “cozinha” na música, certo? Não para Ebinho Cardoso. Esse músico mato-grossense, de 31 anos, aparência esguia e dedos igualmente esguios, vem revolucionando o uso do contrabaixo na cena musical brasileira.
Na última terça-feira, Ebinho brindou seu público fiel com um recital impecável na Sala de Cinema do Sesc Arsenal, em Cuiabá. O show de lançamento do CD “No rastro dos ruídos remotos das rodas da infância” foi realizado num auditório com poucos lugares, a pedido do próprio músico, segundo sua mulher, Rejane de Musis, pois ele queria uma coisa mais intimista. Acabou sendo obrigado a fazer duas sessões para atender às pessoas que foram ao Sesc Arsenal movidas pelo desejo de compartilhar esse momento ímpar na carreira do contrabaixista e compositor.
O show foi a cara do Ebinho. Sozinho no palco, sua voz suave e o jeito meigo de contar as histórias por trás das músicas (suas e de outros compositores, como Tom Jobim) faziam com que o espectador torcesse para que os minutos passassem o mais lentamente possível para estender o prazer de ouvi-lo. Em suas mãos, o contrabaixo se transforma num instrumento solo, embora os recursos eletrônicos permitam ao músico reproduzir no palco voz, bases, transformando sua presença solitária num conjunto que teve lugar até para o som de uma cuíca.
Em alguns momentos ele convida a platéia a participar com voz e acabamos sendo agentes de um quebra-cabeça musical saboroso. A empatia com o público é total apesar da aparente timidez de Ebinho, que rende tributo a algumas de suas influências musicais como o mineiro Beto Guedes (de quem canta “Amor de índio”, aquela que diz “Tudo que move é sagrado”) e o fluminense Egberto Gismonti (cuja semelhança no jeito de vestir é notável).
O húngaro Ian Guest, músico, professor de harmonia, arranjo e composição, radicado hoje em Mariana (MG), que fez a cabeça de uma legião de músicos com o Método Kodaly de Musicalização, é o grande homenageado da noite com a apresentação da música “No rastro dos ruídos remotos das rodas da infância”, de sua autoria, que dá título ao CD.
Outro destaque foi a música “Ruanda”, que Ebinho contou ter composto numa madrugada de muita angústia depois de assistir ao DVD do filme “Hotel Ruanda” com a mulher e filhos (o filme conta a história real de um africano que conseguiu salvar 1268 pessoas de um genocídio em Ruanda, em 1994)
E assim o público vai conhecendo um pouco mais da intimidade desse músico empreendedor (é criador da Semana da Música, que traz a Cuiabá uma vez por ano instrumentistas consagrados como o também contrabaixista Celso Pixinga) e vai descobrindo a essencialidade de sua relação com a música. Talvez seja tudo isso que faça de Ebinho um artista tão especial, que está ganhando cada vez mais reconhecimento fora de Mato Grosso.
Ah, os interessados em comprar o CD podem procurar Rejane de Musis (fone: 9251.7433).


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Matando saudades de Gismonti

Por causa de um texto que escrevi ontem sobre o músico Ebinho Cardoso para o jornal "Diário de Cuiabá" acabei tendo que pesquisar algumas coisas (como é gostoso!) e aí acabei descobrindo uma entrevista genial do compositor e instrumentista fluminense Egberto Gismonti no site www.overmundo.com
A entrevista toda é muito reveladora, mas quero destacar aqui um trecho que sintetiza bem o que acontece no mundo hoje na visão nostálgica dos que viveram a efervescência das décadas de 70 e 80. A entrevista foi dada a Edson Wander de Goiânia:
- A nova geração de músicos do gênero instrumental tem um ambiente melhor para produzir?
- Olha, não sei. Recebo muito disco, muito demo por aí e poderia responder que o que está acontecendo na música é algo que está acontecendo de maneira geral na cultura. Todo mundo tem um acesso imenso à informação, mas o que está sendo esquecido é que informação sozinha não quer dizer nada. A única coisa que tem sentido é quando a informação é sedimentada dentro de cada um e se transforma na própria cultura de cada um. Não adianta nada você ter acesso a todas as livrarias do mundo por meio de um navegador qualquer, porque as informações vão continuar lá. Quando se tinha pouca facilidade para chegar à informação, valorizava-se muito mais isso. Eu me lembro que na minha época eu custei a tocar profissionalmente. Quando eu queria uma partitura de algum músico, eu corria atrás e copiava. Para copiar você precisava saber escrever música. Hoje você baixa não sei de quê, faz um xerox aqui, usa um scanner ali. Então, hoje a facilidade é grande demais, mas as pessoas não sabem o que fazer com ela. Evidentemente tem exceção, mas boa parte do material que recebo, me parece um mergulho muito rasinho ainda. Não tem como aproveitar.

Meu candidato ideal

Sei que já moro em Cuiabá há quase seis anos (em Mato Grosso, há 19!), porém juro que adoraria estar no Rio no próximo domingo, só para votar no Gabeira para prefeito. Pode ser apenas uma ilusão, mas ia ser muito gostoso ter como prefeito um cara que foi ícone da minha geração. O Gabeira que voltou do exílio e exibia sua tanguinha de crochê em Ipanema, o Gabeira autor de "O que é isso companheiro?" e "O crepúsculo do macho" (qualquer hora vou reler um desses livros para ver se sobreviveu à passagem do tempo), o Gabeira fundador do Partido Verde e o Gabeira que vem se destacando no Congresso (dentro do possível) como um modelo de coerência, coisa tão rara hoje em dia nos políticos. Ah, ainda tem o Gabeira pai de uma surfista corajosa, sobre quem li uma reportagem numa dessas revistas de bordo.
Estou torcendo por ele aqui de longe ... Tomara que ele chegue ao segundo turno e consiga ganhar do Eduardo Paes (não o conheço muito, mas minha irmã diz que faz o gênero bom moço). Pelo menos, parece que os cariocas se livraram do Crivela.
Enquanto isso, fico aqui por Cuiabá. Já escolhi meu candidato, mas não porque ele seja o melhor (teria várias críticas a fazer) e sim por que o considero o menos ruim. Parece que nos livramos aqui de um pesadelo chamado Walter Rabello. Ainda bem! Reconheço que preciso me ligar mais na cidade que escolhi para viver (pelo menos, por enquanto) para escolher melhor meus representantes.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Triste sina

Ando meio sem jeito de escrever. No trabalho, às vezes é complicado. À noite, nem sempre tenho acesso ao computador com uma certa tranqüilidade. Mas acabei de ler uma notícia quase trivial, que calou fundo no meu estômago. Uma adolescente da periferia de Várzea Grande foi estuprada por várias rapazes quando saía de um baile na madrugada da última segunda-feira. Seu irmão, que a acompanhava, foi espancado e foi parar no hospital.
A matéria, no estilo básico dos repórteres de polícia (tenho razões para sempre desconfiar um pouco da apuração dos jornalistas locais do setor), conta que a menor escondeu o fato dos pais (?), mas na noite da segunda-feira acabou tendo um ataque de choro e contando o ocorrido.
Novamente me vejo tentando imaginar a história que está por trás da notícia. Que tipo de família é essa, em que a filha é estuprada e não conta para os pais, as pessoas que deveriam mais protegê-la? Severa demais, violenta, lpermissiva?
Talvez a polícia pegue os culpados, eles serão espancandos, talvez alguns fiquem na prisão, mas se saírem ou fugirem continuaram cometendo as mesmas barbaridades.
Acho sempre muito triste ver adolescentes (algozes e vítimas)lançados assim à sua própria sorte ou azar, à margem de qualquer possibilidade de melhoria de vida.
Junto a este desabafo uma outra história trágica que acompanhei no noticiário local de TV: a de um homem que ficou preso por mais de um ano, acusado de um assalto a banco, no lugar do irmão. A história é estranha: o verdadeiro assaltante deu o nome do irmão quando foi preso, fugiu e a polícia acabou prendendo o cara errado no Paraná. Só recentemente o falso ladrão conseguiu que alguém da Defensoria Pública se interessasse por sua história.
Pra não terminar esse post de uma forma tão triste, eu me remeto à apresentação de Ebinho Cardoso ontem à noite. Tão bonita! O cara transforma o baixo elétrico num violão, com uma sonoridade sempre surpreendente. Com jeito doce, Ebinho conversou um pouco com o público, formado em sua maioria por amigos e conhecidos. Falou sobre uma das composições apresentadas, composta depois de assistir ao filme "Hotel Ruanda" que o deixou muito angustiado.
E linda essa coisa do compositor que expressa no instrumento suas emoções. É o que tento de uma forma meio canhestra e quase sempre apressada fazer neste espaço.