terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Onde está Neca?

Hoje, quando saía para o trabalho na Entrelinhas Editora, acabei me envolvendo num episódio inusitado. Logo que deixei a garagem do meu prédio vi um cachorro andando na direção contrária dos carros e um homem que tentava pegá-lo. Quando dei a volta no quarteirão para seguir meu caminho encontei novamente o rapaz e lhe perguntei sobre o cachorro. Acabei pegando seu celular para ligar caso eu visse o cão pelo caminho.
Não é que o encontrei uns três quarteirões adiantes! Liguei no celular do cara (que eu memorizei), desci do carro (era uma rua vazia) e fiquei esperando por ele perto do animal, que estava deitado, de língua de fora.
O moço chegou, agradeceu minha ajuda e me contou que a cadela, Neca, tinha fugido quando ele foi levá-la num pet shop na minha rua. Ele me disse também que nem ia deixar que ela o visse para não fugir novamente. Achei estranho e perguntei se eles tinham transporte. Ele respondeu que alguém vinha encontrá-lo.
Fui embora me sentido feliz como uma bandeirante (escoteiro de saia) que tinha acabado de fazer a boa ação do dia. Para minha decepção, minutos depois voltei a me deparar com Neca que, desta vez, fugia do rapaz do pet shop que a seguia numa moto. Pensei em ajudar, mas constatei minha impotência diante da situação e segui meu caminho, deixando Neca e seu "algoz" ou "protetor" brincando de pega-pega na Rua 8 de Abril (a rua do canal).
Fiquei com tanta peninha dela. Tive vontade de confortá-la, afagá-la, protegê-la como fazia com meus cães em Cáceres. Mas, tive que ser pragmática  e continuo me perguntando: onde está Neca agora? Por que ela tem tanto medo de pet shop? Como é a relação dela com seu dono?
Como fiquei com celular dele, fico tentada a ligar para saber a resposta para a primeira pergunta.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Vida e morte

Quanto mais eu vivo, mais me conscientizo do quanto a nossa vida é frágil. Faço planos de valorizar cada momento com as pessoas que amo, não dar valor às coisas sem importância e viver cada dia como se fosse o último, ou seja, sem perder tempo com bobagens. Mas como é difícil passar da teoria à prática!
Porque estou falando disso? Porque nos últimos dias o tema da morte/vida esteve muito presente por causa dos últimos acontecimentos no Rio de Janeiro (os prédios que caíram, a explosão de mais um bueiro) e do falecimento do pai de uma amiga.
No sábado, troquei o samba no Chorinho pelo velório de Sr. Salvador, pai de Sandra, uma das mais assíduas e tradicionais frequentadoras do bar Choros & Serestas. Ele morreu de coração repentinamente e era marido de D. Adelaide, que também costuma cantar nas rodas de samba. É uma família unida, que acompanho desde 2003 quando comecei a frequentar o Chorinho. Conheci também sua outra filha Cláudia e dois netos.
Não sou íntima da família, mas, aos poucos, fomos ficando mais próximos. Afinal, a gente se encontra quase todo sábado e em outras oportunidades, como alguns almoços e aniversários que reúnem a turma do Chorinho. Nunca conversei muito com o sr. Salvador, mas ele era uma pessoa tão gentil que fui me afeiçoando. Achava tão bonitinho o jeito como acompanhava a mulher e a filha e parecia se orgulhar da performance das duas ao microfone.
Vê-lo com olhos fechados e a fisionomia serena num caixão foi muito estranho. Tento imaginar que existe vida além da morte, mas, sinceramente, não consigo ter essa certeza. Sei que o que a pessoa foi, seu exemplo, sua história ficam através de seus descendentes, amigos - o que muitas pessoas chamam de "espírito", mas o corpo, esse que nos ocupa tanto, vai embora aos poucos. Não tem outro jeito.
E a vida continua, apesar da dor das pessoas que o amaram e conviviam diariamente com ele.
Fazia tempo que eu não ia a um velório e acho que é por isso que fiquei tão impressionada. Ainda mais que soube que na véspera de sua morte, sr Salvador foi a uma confraternização na casa de outro frequentador do Chorinho. Em outras palavras, ele estava se sentido bem.
Eu me lembrei de meu pai, a primeira morte que acompanhei de perto e que marcou muito a minha infância. Não fui ao seu velório, nem ao enterro (eu tinha cinco anos), mas fui várias vezes ao cemitério visitar seu túmulo e isso sempre foi uma coisa meio aterrorizante para mim: a paisagem sombria do cemitério, minha mãe chorando, o medo das histórias que ouvi sobre pessoas (em geral, santos) que voltaram a viver debaixo da terra, ou seja, que foram enterradas vivas. Essas histórias me assustavam tanto que sempre penso em deixar por escrito um pedido para ser cremada.
Aliás, na noite de sábado, assisti ao filme "Os descendentes", indicado ao Oscar. É um filme delicado, bonito, que fala sobre temas bem próximos: perda, traição, (re)aproximação dos filhos, perdão. Achei linda a cena final quando pai e filhas jogam as cinzas da mãe no mar. É assim que eu gostaria que as pessoas se despedissem deste meu corpo. Se houver jeito, gostaria que meus órgãos fossem doados, que eu fosse cremada depois e que minhas cinzas fossem espalhadas em algum lugar bonito: no rio, no mar, num campo ...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Do meu baú 3 - Daveron

Atendendo a pedido de uma leitora assídua do blog, a grande amiga e jornalista Terezinha Costa, vou contar um pouco a história de Alexander Daveron. Na verdade, vou "chupar" algumas informações do folder que elaborei junto com o colega e amigo Claumir Muniz na época em que trabalhava na Sematur, em Cáceres.
O norte-americano Alexander Solon Daveron viveu de 1899 a 1987, ou seja, morreu um ano antes da minha mudança para Cáceres. Por muito pouco, não nos conhecemos.
Nascido em Oakland, Califórnia, formou-se em Medicina pela Universidade da Califórnia em 1922 e se especializou em Patologia. Veio para o Brasil como médico da Mato Grosso Expedition em 1930. Três meses depois, afastou-se da expedição e iniciou um estudo sobre morcegos no Pantanal.
Durante muito tempo, ele se dividiu entre o Brasil e os EUA, tendo sido professor da Universidade de Stanford. Dedicou-se ao estudo de plantas nativas, como a poaia (ou ipecacuanha), e doenças, como a tripanossomíase equina. Era um desbravador, um pesquisador, um aventureiro? Alguns dizem que era espião. O fato é que Daverno deixou um arquivo interessante (parte de posse da Sematur e parte do Nudheo da Unemat) e acabou se fixando numa chácara em Cáceres, onde vivia meio recluso, em companhia de poucos amigos.
Como não tinha herdeiros diretos (não se casou, nem teve filhos), sua propriedade, muito bem localizada, acabou sendo vendida por um sobrinho à Prefeitura, que ali instalou a recém criada Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (Sematur).
Na época da seca, forma-se uma praia atrás da Sematur, conhecida como Praia do Daveron, mas acredito que hoje em dia muitas pessoas sequer saibam a origem do nome. No tempo das águas, a praia some e foi lá que eu passeei numa das canoas que pertenceu ao Daveron, numa bela tarde nos idos de 2001 ou 2002. É um lugar mágico, meio assustador (quando chove muito ou fica escuro), mas enquanto trabalhamos lá (a equipe da secretária Yêda Marli de Oliveira Assis) era um espaço fervilhante de ideias e trabalho em prol da valorização de Cáceres. A gente fazia muita coisa por amor e nem sempre era bem compreendida por todos. 
Sempre sonhei pesquisar a história de Daveron e transformá-la num livro. Minha mudança para Cuiabá fez com que eu abandonasse o projeto, mas ele (o projeto ou seria o próprio Daveron?) está sempre me cutucando, como que dizendo: "E aí, você está me devendo essa".  Será que encaro?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Do meu baú 2

Como tenho uma pauta para a revista Corpo e Arte sobre fondue, fiquei pensando onde iria encontrar informações sobre o assunto em Cuiabá e conseguir receitas.
Foi sugerido que eu buscasse um chef fora daqui e ainda assim fiquei meio sem saber onde procurar. De repente, veio a luz: resolvi bater na porta da Casa da Suíça, no Rio de Janeiro.
Encontrei o site do restaurante, peguei o telefone e na primeira tentativa consegui conversafalar com o sr. Volkmar, o proprietário, e marcamos de conversar mais amanhã, num horário mais apropriado para ele. Foi muito gentil e disse que não vê problema em compartilhar receitas e a história do fondue.
É isso que mais curto na profissão de jornalistas: a possibilidade de conversar com pessoas tão diferentes e inusitadas.
Fiquei contente com a gentileza dele e me lembrei de algumas ocasiões (duas ou três no máximo) em que fui à Casa da Suíça, na rua Cândido Mendes, no bairro da Glória, para me deliciar com os pratos cremosos do restaurante, à base de muito queijo.
Nessa época, anos 80, eu frequentava alguns lugares tradicionais e muito bons do Rio, como o restaurante Shirley no Leme (hum, como era gostosa a paella de lá!), A Polonesa na rua Hilário de Gouveia, em Copacabana, o Albamar, na Praça 15, o Bar Luiz, na Lapa, o ... Como se chama mesmo aquele restaurante super tradicional de Teresópolis, onde comíamos apfelstrudel de sobremesa? Ah, consegui me lembrar (sem a ajuda do Google): Alpina.
A gente também curtia o Lamas, que funcionava na rua do Catete antes de se mudar para a Marquês de Abrantes.
Eram bons tempos ... Quando penso no passado, parece que só veem as lembranças boas, mas aos poucos vou me lembrando de algumas sensações não tão legais da época, provocadas por minha insegurança e insatisfação com o trabalho e outras coisas. Acho que é sempre assim ... Estou eternamente insatisfeita.
Nunca mais voltei a esses restaurantes. Ou melhor, fui uma vez  à Taberna Alpina depois que me mudei para Mato Grosso, mas não foi a mesma coisa. Não sei se mudou a qualidade do restaurante ou se fui eu que mudei. Acho que o melhor nesses casos é ficar com as lembranças dos momentos bons vividos nesses lugares e buscar conhecer novos restaurantes que, certamente, também deixarão grandes lembranças.

PS. Fui dar uma olhada no site da Casa da Suíça para ver se encontrava uma foto bacana para ilustrar o post e acabei descobrindo uma coisa engraçada: no menu intitulado "Executivo com classe" tem um prato tipicamente mato-grossense, Carne seca "Maria Isabel", por R$ 30; Se eu fosse lá hoje, com certeza, ficaria com outra opção.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Do meu baú ...

Preciso escrever um texto sobre Cáceres, mas resisto. Já escrevi tanto sobre as maravilhas de Cáceres, nos três ou quatro anos que trabalhei na Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (Sematur), mas, sei lá, não consigo me inspirar para repetir a dose neste momento.
Naquele tempo, eu não tinha blog e a internet funcionava mal e porcamente.
Era divertido trabalhar na Sematur, numa chácara que tinha pertencido ao norte-americano Alexander Daveron.
De vez em quando, apareciam turistas para vistar o local e eu era uma das pessoas escaladas para recepcioná-los e contar a história do Daveron. Como eu adorava fazer isso! De tanto repetir a história, senti a necessidade de resumi-la num folder, que a então secretária, minha queridíssima amiga Yèda Marli, mandou imprimir.
Teve um dia que um amigo que trabalhava comigo me convidou para dar uma volta na canoa que pertenceu ao Daveron na baía que se formava atrás da sede da Sematuir no tempo das águas. Que sacrilégio! Morri de medo da canoa - no estilo "O último dos moicanos" - não aguentar nosso peso e afundar. Pena que não tiramos fotos para guardar a cena para a posteridade.
Mas nem sempre era assim tão calmo nosso expediente. Havia temporadas em que o trabalho apertava tanto que eu tinha vontade de sumir! Sabe quando você tem tanta coisa para fazer que não sabe por onde começar? Isso acontecia nas proximidades do Festival Internacional de Pesca (FIP), um evento-monstro que organizávamos anualmente.
Fui muito feliz na Sematur e tenho boas lembranças dos momentos vividos lá e, principalmente, de algumas pessoas (muito queridas) que conheci lá. Não tenho saudades dos mosquitos, que, às vezes, pareciam querer nos carregar. Também não tenho saudades do calor que fazia em determinadas épocas e que os aparelhos de ar condicionado meio precários não conseguiam aplacar.
Minha cadela Dama está enterrada no quintal da Sematur: ela morreu atropelada e, como eu não sabia o que fazer com o corpo e morava perto de lá, pedi a sr. Pio, o caseiro, para enterrá-la. As pessoas que visitam a Sematur provavelmente continuam conhecendo o túmulo do Daveron, que lá está enterrado, mas ninguém sabe que a minha Dama - uma vira-lata que vivia se engalfinhando com sua irmã, Flor - também está enterrada naquele lugar.
Pena que não fui lá da última vez que visitei Cáceres.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Histórias tristes

Que loucura o que aconteceu (e está acontecendo) com a comunidade de Pinheirinhos, em São José dos Campos!
Como ontem praticamente não liguei a TV e hoje também não vi os telejornais, não tinha ideia da violência do episódio, que nos remete aos tempos da ditadura militar.
Minha intenção aqui é ser apenas mais uma pessoa a demonstrar minha indignação contra a Polícia Militar de São Paulo do governador Geraldo Alkmin, com aquela cara de bonzinho e coroinha de Igreja.
Até o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, que estava lá para buscar uma solução pacífica, está revoltado com a ação da PM. Tudo bem que ele deve ser do PT e aí também tem um lado político na história, mas as imagens da truculência policial estão aí para quem quiser ver.
Pelo que li a Justiça Federal decidiu pela não desocupação do terreno, mas a PM manteve a reintegração obedecendo ordem da Justiça Estadual.
Mas a imagem mais forte que vi hoje foi a de uma moça cuja foto foi estampada no jornal A Gazeta, de Cuiabã. Ela foi assaltada no ponto de ônibus e, como reagiu, foi espancada pelos ladrões que usaram o capacete como arma. A vítima, identificada como "monitora de restaurante", teve o maxilar quebrado e ficou com os olhos tão inchados que nem conseguia abri-los. A matéria, que li às pressas, dizia que ela não foi atendida no Pronto Socorro por um motivo que não compreendi.
Ou seja, a pessoa é assaltada, espancada e sequer tem direito a atendimento médico. Que história mais triste!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Prêmio

Ontem foram anunciados finalistas e vencedores do I Prêmio Mato-grossense de Jornalismo Pedro Rocha Jucá, organizado pelo Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso. Foram 108 trabalhos e 69 profissionais inscritos (cada um podia inscrever até três trabalhos).
Eu fiquei finalista (mais uma vez), mas não levei o prêmio para casa.
Claro que eu queria ter ganho, porém consegui atingir dois dos meus objetivos ao me inscrever no prêmio: prestigiar a iniciativa e divulgar meu trabalho, que ainda é relativamente desconhecido dos meus colegas. Recebi vários elogios à matéria finalista: "A força que vem da floresta", publicada na revista Bio, do amigo Romildo Guerrante, um dos meus chefes de reportagem na editoria Geral do Jornal do Brasil quando eu ainda era estagiária.
Essa matéria foi feita quase por acaso (como, aliás, as principais produções da minha vida), já que fui fazer um trabalho em Aripuanã, que não previa a ida à reserva extrativista situada à beira do rio Guariba. Resisti muito à ideia de passar uma noite lá por causa dos desconfortos e perigos associados à viagem. Foi uma verdadeira aventura narrada na época (março de 2011) neste blog. Mas valeu a pena: conheci pessoas maravilhosas e acabei escrevendo a reportagem que foi capa da revista Bio. Fico feliz também que a história daquelas pessoas, que vivem praticamente isoladas do restante de Mato Grosso, tenha atingido um número maior de leitores.
A categoria impresso foi vencida por uma jornalista veterana e talentosíssima: Alecy Alves, que publicou uma série de reportagens sobre o rio Cuiabá no jornal Diário de Cuiabá. Ela também levou o principal prêmio da noite, disputado pelos vencedores das demais categorias.
A se lamentar apenas que não tenha havido premiação em duas categorias: rádio e mídia comunitária (na verdade, os trabalhos inscritos não foram classificados por não atenderem aos critérios do edital do prêmio).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Campeão de desigualdade

Talvez eu não tenha muito tempo de escrever agora. Sabe quando o dia está tenso e você até sente aquela nuvenzinha cinza em cima de sua cabeça?
Nessas horas, todo cuidado é pouco e o importante é tentar manter a serenidade para:
1- Não estourar com as pessoas erradas.
2- Não estourar na hora errada.
3- Não tomar decisões precipitadas (e, eventualmente, erradas).
4- Tentar se conectar com que há de melhor em si mesma.
6- Não entrar em parafuso e não ficar doente.
Não se assustem, nada de trágico aconteceu, apenas, está acontecendo uma certa confluência de ideias, projetos, possibilidades ...
Isso é bom, mas, somando-se a uma situação doméstica tensa (sobre a qual não posso dar detalhes) e ao acúmulo de trabalho, tudo complica um pouco.
Decidi parar o que estava fazendo para escrever o blog e tentar clarear as ideias.
Não quero deixar de mencionar aqui uma informação veiculada hoje que achei muito significativa:  a de que o Brasíl é o segundo país mais desigual do G-20, segundo levantamento da ONG Oxfam (fonte- blog OFiltro, da revista Época).
No ranking divulgado, nosso país está logo atrás da África do Sul, a nação marcada pela política do apartheid, a segregação racial assumida e sem vergonha que vigorou por 46 anos (de 1948 a 1994) e forjou herois como o ex-presidente Nelson Mandela. Os primeiros colocados no ranking são França e Coreia do Sul.
Não tenho como tecer os comentários pertinentes sobre essa informação, como gostaria, mas será que precisa?
Somos o país do luxo e do lixo, da BMW e do burro sem rabo, do condomínio de alto luxo e do barraco feito de restos de papelão, da comida jogada fora e dos que vão para dormir com fome.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Linchamento

Uma das palavras mais assustadoras da língua portuguesa, na minha opinião, é linchamento.
Há décadas, quando eu ainda morava no Rio de Janeiro, houve um caso de linchamento da comunidade Agudos, na Baixada Fluminense, que chocou a sociedade. Eu não me lembro de detalhes e sim da imagem do homem linchado.
Hoje, esses casos, com raras exceções, chocam menos. E é isso que me preocupa.
Li hoje no jornal A Gazeta sobre o caso de dois rapazes presos por suspeita de assalto em Várzea Grande, que foram espancados por parentes da vítima e policiais (é claro). Eles foram confundidos com os verdadeiros ladrões.
Imagine ser confundido com um criminoso e ser espancado (ou até morto) por isso. É o tipo de episódio que deve deixar uma marca fortíssima em qualquer pessoa.
Por isso, eu me preocupo muito com essa onda de violência, misturada à sensação de impunidade e ao desejo, muitas vezes incentivado por uma parte da mídia, de vingança com as próprias mãos. A tal Lei de Talião: olho por olho, dente por dente. Em outras palavras, a volta à barbárie.
O problema é que a maioria das vítimas será invariavelmente de cor negra (ou parda) e pobre. Já viu alguém linchando um político corrupto no Brasil? Eu nunca vi porque esse tipo de criminoso está sempre protegido por forças da segurança pública ou por uma legião de doutores da lei e/ou puxa-sacos.
Outro dia, uma pessoa que me pareceu legal disse que era favorável a matar todos os bandidos (outra faceta desse espiral da violência). Perguntei a ele se era favorável a matar também os políticos ladrões e citei nominalmente dois dos mais populares de nosso Estado. Meio sem graça, ele respondeu que sim desde que ficasse comprovada a culpa deles.
Sempre que leio reportagens sobre pena de morte, chego à conclusão de que sou contra a sua adoção no Brasil: a maioria das vítimas é gente pobre e negra, e são inúmeros os casos de acusados que são executados injustamente.
E como coibir a violência? Infelizmente, o mal sempre há de existir, mas acho que ajuda um pouco se houver policiamento ostensivo, policiais bem remunerados (e melhor treinados), se os criminosos presos após exaustivo trabalho policial não forem soltos por algum juiz descuidado e se trabalharmos por uma sociedade mais justa, com mais oportunidades para todos. E se tivermos prisões mais seguras.
Não acho que pena de morte resolve. E sou totalmente contra qualquer tipo de linchamento.
Espero nunca mudar de opinião a respeito dessas questões.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

De volta pra casa

Luiz Divino, Zé e eu: um momento de relax no domingo passado em Nova Mutum
Não posso retomar minha rotina sem contar sobre o dia passado em Nova Mutum ontem. Estávamos trabalhando em pleno domingo, mas como foi gostoso!
Após o café da manhã no hotel saímos com o Sr Luiz Divino, gerente da fazenda onde faríamos a reportagem sobre colheita de soja/plantio de algodão, e como ele disse que "nada" aconteceria antes das 11h demos umas voltas de carro pela cidade e fomos até seu sítio. Lá, tomamos café, eu me deliciei com doce de leite acompanhado de requeijão e passamos uma hora super agradável, compartilhando com o proprietário o belo refúgio que construiu para os momentos de lazer com a família.
Seguimos para a propriedade do Grupo Mutum e, como o tempo parecia razoavelmente firme, fomos para a lavoura. Infelizmente, o temporal não demorou muito a cair obrigando-nos a prolongar nossa estadia até o entardecer, quando finalmente o fotógrafo José Medeiros conseguiu fazer as imagens desejadas, embora também tenha feito ótimas fotos do momento do aguaceiro.
Enquanto esperávamos o momento certo de fazer novas fotos, ficamos na sede social da fazenda, comendo churrasco de carneiro, ouvindo o seu Divino tocar viola caipira e até cantando com ele. Foi uma delícia! Eu estava angustiada para voltar para casa por causa das minhas filhas, mas consegui relaxar e não brigar com o que a vida estava me mandando.
Chegamos ao hotel quase às 20h, tomamos banho e fomos comer alguma coisa com nossos anfitriões. Hoje, saímos de Nova Mutum com o tempo fechadíssimo e, em cerca de três horas, eu estava em casa.
Não tive tempo de baixar as minhas fotos da viagem, mas assim que der prometo postar alguma coisa.

sábado, 14 de janeiro de 2012

De volta ao passado (ou ao futuro?)

José Medeiros em ação na fazenda Cortezia em Lucas do Rio Verde


Hoje voltei a fazer algo que não fazia há muito tempo.
Acordei pouco depois das 3h (da madrugada), saí de casa às 4h30, enfrentei estrada sob chuva forte ao lado do grande parceiro, o fotógrafo José Medeiros, e cheguei em Lucas do Rio Verde (a cerca de 350 km de Cuiabá) por volta de 8h para fazer um frila para a revista "Globo Rural".
Vim fazer uma matéria sobre o início da colheita de soja em Lucas e Nova Mutum. Escrevo de Nova Mutum - cidade situada a cerca de uma hora de Lucas, onde vamos passar a noite, na esperança de concluir a reportagem a contento amanhã de manhã, de modo que possamos dormir em Cuiabá.
Vocês não tem ideia de como choveu esta manhã! Choveu tanto que nem deu para vir uma comitiva do Ministério da Agricultura, que viria de avião de Cuiabá para Lucas, juntamente com o governador de Mato Grosso. Se tivessem madrugado e vindo de carro como nós, simples mortais, teriam chegado.
Fora o cansaço, curti bastante voltar ao campo literalmente. Eu curto muito sair de Cuiabá de vez em quando mesmo que seja a trabalho e mesmo que seja num final de semana, sacrificando alguns momentos de lazer e convívio com minhas filhas queridas que chegaram ontem em casa depois de quase três semanas em Cáceres.
É um mundo muito diferente e  reencontrei vários conhecidos dos tempos da revista "Produtor Rural". Eu tinha me esquecido de como é o discurso dos produtores rurais, meus principais interlocutores ao longo do dia. Falamos sobre quantidade de sacas por hectare, doenças, excesso de chuva e outras preocupacões que acompanham os agricultores. A vida deles também não é fácil.
Enfim, se eu estava angustiada com a chuva, imagine o cara que precisa de sol para colher 5.500 ha de soja? 
Fiz umas fotos, mas não me lembrei de trazer o cabo para passá-las pro computador.
Aliás, eu me esqueci também de trazer sabonete. Como são detestáveis esses sabonetinhos de hotel que parecem de brinquedo! Mas como é bom estar de banho tomado e poder ir para a cama daqui a pouco depois de fazer um lanchinho!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Desigualdade

Acabei de ler que as pessoas estão se conscientizando de que a desigualdade social está aumentando nos EUA. Com isso, a maior preocupação dos norte-americanos passa a ser com o fosso entre pobres e ricos naquele país que até há pouco tempo tinha a economia mais sólida do Planeta.
Por aqui, isso não é novidade. Ontem, eu conversava com a minha manicure, que não é exatamente uma pessoa pobre, e ela contava que anda com muita dor no estômago e sensação de refluxo, mas precisa aguardar que os médicos retornem a seus postos na Policlínica do bairro para poder marcar uma consulta com um especialista via SUS. 
Pensei com meus botões: isso não é justo. Ela trabalha o dia inteiro, dá duro no salão, em casa, e não tem direito a consultar um especialista e a fazer um exame quando está com dor!
Hoje, pela manhã, minha diarista contava que a cirurgia de hérnia do marido marcada para o dia 9 passado não aconteceu por causa das férias dos médicos (no caso, o cirurgião). Ela acha que hoje em dia é fundamental ter um plano de saúde para não ficar tão dependente do SUS.
É verdade, mas, mal sabe ela, que os planos de saúde também não são assim tão confiáveis ... Ainda assim, melhor com eles do que sem. Desde que saí da Famato, posso abrir mão de muitas coisas, mas não deixo de pagar meu plano de saúde religiosamente.
Essas conversas fazem com que eu me sinta desconfortável. Desde menina, sou de opinião que qualquer pessoa deveria ter direito a educação e saúde de qualidade, condições de moradia e saneamento básico, independentemente de ser rico ou pobre. É claro que uma pessoa com mais grana sempre vai poder escolher melhor, ir atrás de um tratamento melhor, de uma cirurgia eletiva. Isso é inevitável, porém tem certas condições que o governo e a sociedade deveriam garantir a qualquer pessoa. ´
É utopia? Mais ou menos. Acho que se não houvesse tanto desvio de dinheiro, tanta corrupção, tanto recurso desperdiçado em obra que não terminam, superfaturadas, equipamentos e aparelhos que nunca são usados, haveria recursos para garantir um sistema básico de saúde razoável.
Talvez a utopia seja imaginar uma sociedade sem corruptos, sem mau emprego de recursos públicos e com mais planejamento. Talvez.
O que me incomoda é a sensação de desesperança, de não ver possibilidades de mudanças de verdade e me sentir tão impotente diante disso. Eu continuo podendo, eles não.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Meia noite em Paris

Sei que o assunto não é novidade, mas não resisto a comentar o filme "Meia noite em Paris", que consegui terminar de assistir ontem a muito custo.
Não sei o que aconteceu, mas o DVD rodava bem na locadora e não rodava no meu aparelho, embora eu tivesse visto outro DVD sem problemas na noite de domingo (alguém tem uma explicação para isso?). Mas eu já tinha sido fisgada pelo filme e não admitia parar de assisti-lo sem o final.
Ontem voltei para casa com o DVD testado e retestado na locadora e o problema se repetiu. O jeito foi acabar de assistir no notebook da minha filha.
Que filme delicioso! Eu seria capaz de assisti-lo mais vezes. Os diálogos são ótimos, os atores idem. Paris é sempre Paris e a trilha sonora também é uma delícia.
Eu me lembrei dos melhores filmes de Woody Allen a que assisti, entre eles, "A rosa púrpura do Cairo" (de 1985), com Mia Farrow, então mulher do diretor.
Sou da geração que cresceu assistindo a todos os filmes de Allen, que têm um tipo de humor e um ritmo muito peculiares.
Para quem ainda não assistiu a "Meia noite em Paris", fica a dica.  Não considero o filme pretensioso, mas ele tem sacadas maravilhosas, como o insight final do protagonista (interpretado por Owen Wilson, um ator que nunca me despertou grande empatia, mas que está ótimo nesse papel): o fato de algumas pessoas estarem sempre endeuzando uma época passada e achando que seriam mais felizes se tivessem nascido lá.
Valeu o esforço para ver!
Falando em passado, perdi um grande encontro anteontem no Rio: o primeiro chopp do ano de um pessoal bacana que não deixa cair a peteca da Turma de 1974 do Colégio Santo Inácio, realizando encontros regulares. O de anteontem parece ter sido especial por ter reunido algumas pessoas que não moram mais no Rio e também por ter coincidido com as comemorações de aniversário de um professor de História pra lá de especial: o Rossi, que fez 80 anos.
Ah, como eu gostaria de estar lá! Quem sabe num próximo !?!

O "clássico " professor Rossi: saudades de nossas aulas de História


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Aniversário

Hoje é aniversário de minha filha Diana.
Não é de praxe fazer um post sobre datas natalícias, mas hoje me deu vontade. Talvez porque seja a primeira vez em 22 anos que passo o aniversário longe dela.
Geralmente, nesta época, estamos de férias ou recesso (nos bons tempos da revista "Produtor Rural") e comemoramos o dia juntas, seja no Rio de Janeiro, em Cáceres ou mesmo em Cuiabá.
Este ano, eu não tinha como ir a Cáceres e ela quis passar seu aniversário lá, na cidade natal, entre parentes próximos (avó, tios, primos e irmã) e amigos. Eu fiquei de fora. Mas não me importo, sinceramente. Nossa ligação está muito além disso e, em breve, nos veremos novamente (na quinta ou na sexta).
Acho emocionante pensar que minha filha está fazendo 22 anos. Uma mulher. Bonita, inteligente, sensível, meio doidinha e infantil tem hora, mas que está descobrindo aos poucos sua potencialidade.
Ela fez um último semestre primoroso na faculdade depois de alguns tropeços. Foi muito bacana vê-la se esforçando para fazer os trabalhos e projetos.
Não tenho dúvidas quanto à sua capacidade, mas acho que às vezes lhe falta um pouco de disciplina.
Não sei se a culpa é minha e nem se a questão mais importante é identificar culpados nessa altura do campeonato. O imporante é que ela está amadurecendo e continua uma menina feliz.
Às vezes, sinto um aperto no coração, um medo imenso de não poder dar proteção necessária à minha garotinha. Dá uma pontinha de saudades do tempo em que ela era tão pequeninha que eu podia carregar no colo e proteger de tudo. A gente passou os primeiros anos de sua vida muito próximas mesmo. Ficávamos boa parte do tempo na fazenda do Pantanal e ela era quase a minha única distração. Eu contava histórias, brincava e acompanhava orgulhosa suas brincadeiras com as crianças da fazenda. Eu tinha parado de trabalhar na época e só vivia para a família.
(Suspiro)
Nossas crianças crescem e a gente não se decide se quer que continuem se comportando como crianças e precisando tanto do colo e da proteção da mamãe ou se quer que se tornam grandes, independentes e voem por conta própria.
(Mais um suspiro)
Well, seja como for, eu quero mesmo é que ela seja uma pessoa independente, equilibrada e nunca perca o jeito moleque, a capacidade de rir, que, em algumas ocasiões irrita o meu lado mais sério e controlador, porém, na maioria dos casos, me faz feliz e reconhecer que tudo (a mudança de estado, de vida) valeu a pena.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O filme da minha vida

Hoje, enquanto nadava, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo. E olhe que quase não fui à aula movida pelo medo da chuva (que não caiu) e pela pressão de escrever uma matéria para a revista com a qual colaboro (escrevi assim que cheguei da academia).
Cheguei a ficar na dúvida por alguns minutos se fazia aula de hidrobike ou nadava simplesmente. Optei por nadar. Ainda bem. Hoje a música das aulas de hidro não estava tão alta e foi muito gostoso ver o sol se insinuando entre as nuvens e iluminando o fundo da piscina aos poucos.
Eu me imaginei por alguns segundos nadando em alto mar. Acho o máximo nadar no mar, além das arrebentações, mas não sei se teria coragem para tanto. Eu me lembro com inveja da personagem principal do filme "Bossa nova", que nadava na praia do Arpoador no Rio.
Quando estou nadando acho que terei energia e disposição suficientes para mudar o filme da minha vida.
Já disse e repito: acho que estou fazendo menos do que poderia fazer, estou subaproveitada profissionalmente e como pessoa.
Estou disposta a lutar por um pouco mais de emoção. Não sonho com um "final feliz"... Mentira, sonho sim: só que meu "final feliz" passa pela sensação de plenitude, de conseguir ter uma existência mais plena, intensa.
A minha vida já teve algumas guinadas cinematográficas, alguns episódios dignos dos melhores romances, porém tem andado meio morna ultimamente. Coisas da meia idade? Hum, não creio.
Acho que é mais uma coisa de uma pessoa que andou meio que pendurado as chuteiras, aceitando mui passivamente os padrões e restrições de uma sociedade míope e ainda muito machista.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Incoerência

Acabei de ler um texto lindo de um amigo blogueiro. O texto é baseado na lenda "O cavalo de Saiou" e o blog se chama "Cotidiano de um Espirito".  Se tiverem curiosidade de ler, ele já está incluído na minha lista de blogs.
O texto bate na tecla de que nada acontece por acaso e que nosso espírito está aqui para aprender. Tomara que seja verdade.
Tenho pensado muito nos últimos dias e me esforçado bastante para não ficar triste. Afinal, tenho duas filhas maravilhosas, família idem, saúde, conforto, etc, etc.
Mas o fato é que tenho me sentindo muito sozinha e não é fácil ficar sozinha com meus pensamentos.
Tive tantas oportunidades na vida e aproveitei muitas deles. Fui corajosa, reconheço, porém não assegurei muitas conquistas feitas e hoje eu me sinto meio de mãos vazias.
É doloroso admitir isso.
Estou buscando desesperadamente saídas para essa sensação de angústia e frustração, atenuada com trabalho, a prática de natação e yoga, e leituras.
Assisto atônita ao noticiário de TV.
Inúmeras pessoas perdem tudo que conseguiram juntar em catástrofes mais ou menos naturais. Aquela história dos moradores da região de Campos, no norte fluminense, que tiveram suas casas inundadas depois que a enchente derrubou um pedaço da estrada é de doer! A matéria de ontem do Jornal Nacional ou do Hoje (já não me lembro) me confundiu mais do que esclareceu em relação às (ir)responsabilidades sobre a construção da rodovia.
Outra reportagem mostrou centenas de pessoas em várias cidades passando dias em filas em frente a lojas de eletromésticos para aproveitar as liquidações. Compram tanto para depois as enchentes levaram tudo (ou os ladrões)!
Em Cuiabá, a polícia esforça-se para prender dezenas de criminosos envolvidos na modalidade denominada "saidinha de banco", aí vem um desembargador e solta todo mundo por uma firula jurídica. Ontem, saíram novos mandados de prisão contra os ladrões. Tomara que eles estejam quietinhos esperando a polícia prendê-los de novo.
Juro que quero acreditar na sociedade, ser positiva, mas fica difícil diante de tanta incoerência de quem deveria zelar por uma vida mais segura.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Refluxo

Hoje fiz um exame chatinho, mas indolor, que mostra o estado de nossas narinas e da garganta através de um tubo fininho que o médico enfia pelo nariz e que deve ter uma câmera de vídeo, imagino.
No ano passado fiz esse mesmo exame a pedido da minha pneumologista, dra Keyla, maravilhosa, que desconfiou que eu sofria de refluxo. Tomei o medicamento recomendado por algum tempo e não refiz o exame quando ela pediu (acho que foi em julho) por uma mistura de preguiça, falta de tempo e saco. Fiquei braba porque um gastro que consultei simplesmente perdeu esse e outro exame em sua renomada clínica (e nunca mais me deram notícias sobre o exame; também não pretendo botar meus pés lá nunca mais).
Fiquei meio revoltada com esses médicos que adoram pedir exames e os perdem. Como se fazer exame fosse a coisa mais divertida do mundo.
Há duas semanas, entretanto, tive mais uma dor de garganta forte acompanhada de rouquidão e consultei um otorrino no Hospital Otorrino que, por sorte, era o mesmo que tinha me atendido em abril quando tive outra crise semelhante. Ele me medicou e pediu o tal exame de vídeo, que resolvi encarar novamente.
Enquanto aguardava o exame, li uma Veja antiga com uma reportagem de capa sobre o câncer de Lula e já estava quase convicta de que tinha um problema semelhante. Afinal, os sintomas eram parecidos e ele também fez a video ..... antes de qualquer outro exame mais específico.
A boa notícia é que não tenho qualquer tumor na garganta, segundo o meu médico (fiz questão de marcar o exame com ele). A má notícia é que há sinais claro do tal refluxo, que tem tratamento, mas não sei se tem cura.
Na próxima semana voltarei ao consultório do dr. Alexandre para que ele me medique. Provavelmente terei que voltar a tomar o tal do Omeprazol (acho que é esse o nome). É um remédio caro e, no ano passado, comprei todas as doses na farmácia popular por sugestão da dra Keyla. O problema é que o gastro (o tal que perde os exames e cujo nome prefiro não dizer) me disse que os remédios dessas farmácias não são confiáveis.
Droga! Tomar um remédio, que não é de graça, à toa é o fim da picada e se isso acontece (remédios não confiáveis) está ocorrendo um crime contra a saúde das pessoas que acreditam nas tais farmácias populares. Agora vai prova isso.
Na dúvida, acho que vou optar por pagar o preço das farmácias convencionais e tomar um remédio cujo efeito seja garantido.
Mas vou também buscar tratamentos alternativos.
Nos sites que pesquisei sobre o problema (Refluxo Gastroesofágico e Refluxo Laringofaríngeo), há recomendações no sentido de: evitar comer perto de dormir (já sigo essa recomendação, mas nesses dias de festa andei relaxando), evitar refeições pesadas a qualquer hora do dia, bebidas alcóolicas, refigerantes, cigarro, cafeína, chocolate, tomate e frutas cítricas, alimentos fritos ou gordurosos e acúmulo de peso. E o indefectível estresse, tão difícil de se evitar hoje em dia.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Questão de escolha

Vamos, Martha, esqueça o pessoal que está viajando ou, pelo menos, esticando uma semana de preguiça após o Réveillon. Você também já experimentou essa sensação, portanto, nada de reclamações!
Um pouquinho de sol à beira-mar? Pra quê, se tenho a piscina do Golfinho Azul? Um passeio na Lagoa Rodrigo de Freitas com direito a uma parada num quiosque para uma caipirinha ou um chopp? O que é isso para quem tem o Parque Mãe Bonifácia e as noites sempre quentes do Chorinho com direito ao atendimento vip do garçon Juliano?
Brincadeiras à parte, decidi que não vou me deixar abater pelas condições do momento.  Preciso me manter lúcida e focada para poder sonhar com as férias, que podem ser no Rio, em Vila Bela da Santíssima Trindade (morro de vontade de conhecer e meu sonho é visitar a cidade em julho, durante a festa do Congo) ou em Machu Picchu (outro sonho de consumo).
Não desejo nada impossível, né mesmo? Pior é quem tem dinheiro sobrando e nem tem vontade de sair de casa, ou melhor, nem sabe aonde ir ou sequer se identifica com o prazer provocado por um pouco de ócio (sempre criativo). Diga-se a bem da verdade que tenho um amigo que diz estar completamente feliz em casa e não sente mais vontade de visitar outros lugares. É uma questão de escolha.  No que me diz respeito, amo viajar e sempre desejei trabalhar e ter dinheiro para poder viajar.
Espero poder retomar esse estilo de vida em breve.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Insight

Quando eu era criança e até uma parte da minha adolescência, acreditava realmente que era possível mudar o mundo, ter uma sociedade mais justa.
Com o passar dos anos, fui deixando de acreditar num monte de coisas, inclusive, na minha capacidade de me mobilizar para mudar o mundo e em qualquer possibilidade de mudança de fato.
O cinismo, a cara de pau e o lado mau das pessoas foram prevalecendo a ponto de sobrepujar as iniciativas bacanas.
De alguma forma, uma parte de mim foi se tornando amarga, apática e desesperançosa.
Acabei me acomodando numa vidinha medíocre, egoísta, sem muitas perspectivas e, tenho que admitir, vazia.
Nunca quis isso para mim.
Eu não quero ser assim, mas não sei como agir. Tenho vontade de fazer alguma coisa concreta, mas não sei o que fazer e como fazer.
O fato de não me envolver com igrejas ou qualquer tipo de religião também dificulta. Eu me sinto isolada, sozinha.
Mas hei de encontrar um modo de romper isso.
Se alguém tiver alguma ideia, agradeço.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Disposições do primeiro dia do ano

Depois de uma ótima festa de Réveillon, regada à música da melhor qualidade, minha única disposição de Ano Novo é manter o foco e não deixar a peteca cair.
Juro que não quero me deixar abater por pensamentos sabotadores, destruidores e imobilizadores.
Preciso ser firme e disciplinada para dar os passos necessários à realização de algumas tarefas e que no final de contas não são especialmente difíceis para mim.
Tenho que me manter lúcida e guardar energia suficiente para perseguir objetivos maiores e traçar metas a médio e longo prazo.
Isso tudo pode parecer papo furado, mas essa é realmente minha disposição neste momento.
Preciso achar o amor dentro de mim, tirar o melhor de mim e deixar o pessimismo para dias piores (acho que é essa a ideia).