sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Harmonia

Saudades do blog ... Saudades de mim?
Acho que há tempos eu não me sentia tão em harmonia comigo mesma, apesar da correria e das angústias de sempre.
Acho que o mérito dessa mudança se deve a ...
Quando a gente está melhor de ânimo nem sabe a que atribuir a mudança.
É mais ou menos como quando aconteceu quando minha filha caçula sofria muito com bronquite. Eu dava a ela tudo que me recomendavam: homeopatia, banha de galinha caipira, fazia inalação... De repente ela foi melhorando. O que lhe fez bem? Não sei, talvez o conjunto das "terapias" ou apenas a passagem do tempo.
Nas últimas semanas, decidi não me sentir tão vulnerável e fragilizada. Comecei a ler os textos de minha amiga Dete no blog recomendado no post anterior (Spirit Guide Messages) e fiquei extremamente surpresa com algumas coincidências. Por exemplo, num sábado em que eu estava chateada por trocar a ida ao Chorinho por trabalho, ela postou um texto sobre a importância de ter o trabalho. Aquela leitura modificou totalmente meu estado de ânimo e o trabalho fluiu com facilidade.
Também voltei a praticar reiki mesmo que não seja de uma forma 100% ortodoxa. Às vezes eu durmo no meio do processo
O que mais posso contar? Continuo tentando nadar sempre que posso (menos do que gostaria) e praticando a yoga pelo menos uma vez por semana. Ah, também estou tomando homeopatia.
Continuo me sentindo sozinha às vezes, mas um pouco menos ou, pelo menos, de uma forma menos doída.
Depois de amanhã, Marina, a caçula que tomou mamadeira com banha de galinha caipira sem saber, vai chegar, mas por pouco tempo. Na segunda, ela já segue viagem para Cáceres onde vai fazer exame para tirar a carteira de motorista.
Daqui a duas semanas exatamente estarei voando para o Rio para pouco mais de uma semana com boa parte da família. É sempre bom visitar a cidade que adoro e reencontrar pessoas que amo.
Pena que minhas filhas não estarão comigo, mas faz parte: encontros e despedidas sempre, como cantou Milton Nascimento e Fernando Brant.
E la nave va.
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Resoluções para 2013

Ainda perplexa e tocada por alguns dos últimos acontecimentos do mundo - retomada da violência brutal e diária no Oriente Médio, suspeitos de ajudar os judeus sendo arrastados no asfalto por seus compatriotas, fuzileiro naval morto em consequência de um acidente banal no dia de seu casamento, retomada da violência brutal e diária em São Paulo, etc, etc, etc), resolvi ontem que quero e preciso me tornar uma pessoa melhor.
Decidi que vou ler diariamente os posts de minha sobrinha e amiga Bernadete em http://spiritguidemessages.blogspot.com.br/ e tentar repelir pensamentos ruins que só me autodepreciam e me colocam pra baixo.
Preciso desesperadamente acreditar que existe alguma ordem nesse caos ou então me entregar ao caos com menos sofrimento já que pouco - ou nada - posso fazer para evitá-lo.
Recebi uma imagem muito interessante há alguns dias através do Facebook de uma prima (Nayde).
 
Por essa imagem, percebi que muitos dos problemas de saúde que venho enfrentando podem ter origem na falta de energização de alguns chacras, principalmente os que estão marcados na imagem com os números 6, 5, 3, 2 e 1.
Diante disso, resolvi buscar novamente a ajuda de minha acupunturista, dra Satico, que muito me ajudou numa fase dificílima da minha vida, em 2007. Ela é muito requisitada e, como abri mão do meu horário, não estava conseguindo mais me encaixar em sua agenda. Até tentei fazer acupuntura com outra médica que a Satico recomendou, mas não fiquei satisfeita. Hoje, de manhã, falei com sua secretária e ela já me ligou de volta dizendo para eu telefonar novamente no início de janeiro para agendarmos um horário. Fiquei muito feliz.
Resolvi também que, embora meu lado racional não bote fé, vou investir mais no Reiki.  Encontrei um site maravilhoso através do blog citado acima: http://reiki.conhecendo.com.br/ Ontem à noite, li boa parte do conteúdo e achei que vale a pena fazer o "meu" Reiki com mais seriedade e assiduidade. Quem sabe até não me aventuro a aplicar em outras pessoas?
Não sei se por coincidência, dormi maravilhosamente bem esta noite e sonhei que tinha uma praia na esquina da rua onde morava no Rio de Janeiro (a Barão do Flamengo) com a Rua do Catete. O sonho foi tão real que acordei com a sensação de que realmente era verdadeiro. Esse terreno fica nos fundos de nossa primeira moradia no Rio, o apartamento da rua Almirante Tamandaré. Na época, eu brincava muito na varanda e adorava ver o asilo de velhas que existia no terreno, que, mais tarde, foi ocupado por um posto de gasolina.
As velhinhas andavam pelo quintal em meio aos gatos. Para aonde elas foram depois que o asilo foi desativado?
Hoje, o posto de gasolina também não funciona mais ali, mas de qualquer maneira ali nunca houve uma praia ou uma piscina. Na verdade, o "mar", ou melhor, a Praia do Flamengo, que se formou na Baía de Guanabara, fica do outro lado, mas no meu sonho tudo estava misturado no terreno da esquina, que tanto povoou minha imaginação.
O ano de 2012 ainda não terminou, mas já tenho algumas decisões para 2013.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As pequenas grandes tragédias cotidianas

Thássya (mãe do menino Ryan), Luiz Alves (avô) e Lauro (pai) lideram passeata no bairro Dom Aquino
 
Nos últimos dias ocorreram fatos graves em Cuiabá, com rosto, nome e sobrenome. No primeiro, o pedreiro Geanderson Xavier, de 25 anos, matou a ex-companheira e o filho deles a tiros. Preso, alegou que não era sua intenção matar a criança. E quanto à mãe? Eles discutiam o pagamento de uma pensão alimentícia. Já havia ocorrido casos de violência por parte do pai, mesmo assim não se evitou a tragédia.
No outro caso, ainda mais dramático, o rapaz, o técnico de informática Carlos Henrique Costa Carvalho, de 25 anos, que também está preso, matou a sogra a facadas, botou fogo nela e pegou o enteado de quatro anos, que atirou no rio Cuiabá, sem chance de defesa para a vítima.
Considero esse caso ainda mais dramático porque o assassino teve tempo de refletir enquanto se deslocava com a criança nos braços entre o bairro Dom Aquino, onde morava a mãe da criança (que estava trabalhando quando tudo aconteceu) e o rio Cuiabá.
Não sei precisar quanto ele andou, mas foram pelo menos algumas quadras. Será que ninguém viu esse homem levando essa criança à força? Por que ninguém fez nada para impedi-lo? Segundo o noticiário, alguns pescadores viram quando o assassino jogou o menino no rio e tentaram salvá-lo, mas a criança já foi encontrada morta.
Parece muita tragédia? Mas ainda tem mais: a moça, que perdeu filho e mãe, está grávida do sujeito.
Esses casos talvez pareçam sem tanta importância diante da enxurrada de mortes e violência em São Paulo, Santa Catarina e outras cidades brasileiras. Que país é este onde o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diz que as prisões medievais e, como Pilatos, lava as mãos diante dessa constatação?
Como eu disse no início, os dois assassinos estão presos.  Carlos Henrique, que matou a sofra e o enteado, recusa-se a falar (diz que só falará em juízo) e está em cela especial (até onde sei) porque os presos o agrediram. Como sempre se diz, preso também tem sua ética e alguns crimes são considerados bárbaros demais até para eles.
A esse rol de tragédias familiares, acrescenta-se o caso de quatro ou cinco crianças que eram abusados por um idoso de 85 anos com a conivência e incentivo de seus pais. Num dos jornais que li, dizia-se que os pais eram viciados em crack e mandavam os filhos para a casa do vizinho em troca de comida. Mas o relato do Conselho Tutelar, que chegou à família graças a uma denúncia anônima, diz que as crianças também eram espancadas pelo padrasto/pai (as três ou quatro maiores não são filhas dele).
Não sei o que dizer sobre tudo isso. Só sei que a vida está ficando por demais banal e existe muito desamor no mundo.  E irresponsabilidade, de pais, famílias, autoridades.
Desculpe se estou num dia pessimista. A vida continua, daqui a pouco vou me encontrar com amigas queridas que não vejo há algum tempo num chá de fraldas de um bebê que está a caminho. O mínimo que podemos fazer é amar e ser leal a nossos amigos, às pessoas que nos amam e nos protegem nesse mundo. E torcer para que esse amor transborde e seja suficiente para nos dar força para não odiar e condenar quem faz o mal, principalmente a uma criança. mas é fundamental que essas pessoas sejam punidas, ainda que seja nas prisões medievais deste nosso país.
Mais uma coisa: mulheres, não aceitem a violência doméstica! Por trás de um agressor, pode estar um assassino e a vítima pode não ser vocês e sim as pessoas mais indefesas a quem vocês deveriam proteger.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Até que a morte nos separe




Já mencionei várias vezes a yoga neste blog, mas nunca dediquei - que me lembre - um post inteiro ao assunto.
Acredito sinceramente que o mundo poderia ser bem melhor se todos praticassem yoga - essa prática milenar.
Não é minha intenção aqui contar sobre a origem da yoga, etc. Para conhecer mais, basta pesquisar na internet. Quero falar sobre minha experiência pessoal.
Conheci a yoga quando tinha 16/17 anos e nem sei o que me levou às aulas no clube Fluminense, no bairro carioca de Laranjeiras. Eu me lembro bem da professora, embora tenha esquecido seu nome.
Não fiquei muito tempo lá e logo estava praticando na academia do De Rose, então uma sala relativamente pequena num shopping comercial de Copacabana. Como era gostoso! Além de ter um clima mais intimista e indiano (incenso, músicas. etc), a academia tinha frequentadores mais alternativos, como um namoradinho (Johnny) que conheci na época. Eu me lembro da sensação boa de sair da aula, comprar um pão macrobiótico no prédio e ir comendo no ônibus até chegar em casa.
O ano seguinte foi o do vestibular e acabei tolamente me afastando da yoga. Passei anos afastada da prática até que em 2008 descobri uma professora de yoga, Moara, em Cuiabá. Pratiquei praticamente um ano com ela e redescobri o prazer das posturas e dos exercícios respiratórios. Parei novamente por motivos que não vem ao caso e, por incrivel que pareça, senti falta da prática, que retomei em outro espaço, com os professores Viviane e Juliano, que hoje mantém uma academia em Campo Grande (MS).
Como eram especialmente prazerosas essas aulas! Houve dias em que eu chorava sem parar durante a prática, externando as emoções que inundavam meu interior. Foi muito bom esse período até que mudanças de trabalho e o trânsito cada vez pior de Cuiabá me obrigaram a mais uma mudança.
Hoje frequento a academia Golfinho Azul, onde nado, faço esteira, aulas de hidrobike eventualmente e aprendi a praticar yoga com a professora Natália. No início, estranhei um pouco o ambiente, bem menos acolhedor do que o da academia de Viviane e Juliano. Mas, aos poucos, fui me habituando ao jeito de Natália e aos ruídos exteriores, que no final já me incomodam tanto.
Procuro praticar duas vezes por semana e confesso que estou meio viciada. É bom demais! Ainda sinto falta de uma ênfase maior nas respirações (os famoso pranayanas), mas, em compensação, temos sempre a oportunidade para praticar as posturas (ásanas) invertidas sobre a cabeça.
É aí que quero chegar: sempre tive o sonho de conseguir fazer a invertida (sirshasana). Morro de modo de cair, quebrar o pescoço e morrer.  Acho que quando eu era pequena alguém não me deixava dar cambalhotas e fiquei com essa paranoia de que meu pescoço pode se quebrar como o de um passarinho ou de uma galinha. Com seu jeitinho prático, Natália foi me convencendo que esse risco não existe. A gente pode cair sem se machucar.
Estou quase chegando lá. É bem verdade que ainda não consigo fazer a postura clássica com os dois braços no chão. Prefiro a alternativa da postura do elefantinho (foto acima). Na semana passada, percebi que já conseguia manter os joelhos levantados sem apoiá-los nos braços e na aula de ontem ousei levantar as duas pernas de uma vez. É claro que não fiquei muito tempo na postura: apenas alguns segundos que me pareceram uma eternidade, mas não cai para frente. Depois tentei de novo e caí para a frente, sem problema algum.
Coincidência ou não, ontem tive um dia bem interessante, que começou com a aula de yoga às 7h e terminou por volta de 3 h da madrugada. Trabalhei, fui a uma consulta médica e depois fui ao encontro de um grupo que se reúne às quintas-feiras para cantar. Foi muito bom! Cantei até.  Ainda cheguei em casa e tive energia para terminar um livro. Aliás, qualquer hora vou falar mais sobre esse, ou melhor, esses livros.
Enfim, a yoga é maravilhosa: ajuda na postura, a controlar a ansiedade, a manter o foco. Acredito que ela me ajuda bastante a tocar a vida com uma certa serenidade e saúde. Nessa altura do campeonato, não pretendo abandoná-la por nada nesse mundo.


Ainda chego lá ... Será???
 
 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Na contramão

 
 
 
Neste final de semana de muitas decisões nos municípios que tiveram segundo turno, o fato mais marcante para mim foi ter assistido, finalmente, ao filme "Incêndios", do canadense Dennis Villeneuve.
Valeu a pena esperar!
No ano passado, várias pessoas da minha família elogiaram o filme e eu fiquei muito a fim de vê-lo, mas nunca conseguia, até que na semana passada o rapaz da videolocadora Casablanca me ligou dizendo que o DVD tinha chegado. A dona da locadora comprou o DVD por sugestão minha.
O filme é tão impactante que vi na sexta-feira à noite e voltei a assisti-lo na tarde de sábado com uma amiga. Não me cansei nem por um segundo. Muito pelo contrário, consegui saborear melhor cada cena, cada detalhe do quebra-cabeça. Muito rico.
Contei a história para minha filha Diana e para sua avó e, nas duas vezes, me dei conta da riqueza de detalhes. O filme não é só o enredo, que até lembra uma telenovela de tão dramático, intrincado e surpreendente.
Cada cena, cada passagem é significativa por si só e tem sua beleza, mesmo que seja uma beleza de cortar o coração, como a cena inicial dos meninos tendo seus cabelos tosados ao som da belíssima canção do grupo Radiohead.
Os planos são longos, as cenas parecem demasiados longas e inquietam quem está por demais acostumado ao ritmo dos filmes norte-americanos. Mas, quando você realmente consegue controlar a ansiedade e entrar no clima, como tudo é bonito e se impregna na nossa mente, no nosso coração!
Acho que nunca me esquecerei desse filme, da dramaticidade da guerra que serve de pano de fundo para a história, da tristeza dos olhos dos personagens: a guerreira Nawal Marwan, seus filhos gêmeos Jeanne e Simon, o filho perdido Nihad e todos que eles vão encontrando pelo caminho em suas jornadas solitárias e dolorosas.
No filme, nunca fica claro em que país do Oriente Médio a história se passa, mas segundo os comentários que li, o filme é baseado numa peça do libanês Wadji Mouawad.
A gente pensa "que guerra mais besta" que destroi tantas vidas, quanta brutalidade, quanta destruição!
Mas o mais triste é pensar que tudo isso continua acontecendo na Síria, no Afeganistão, no Iraque, na Palestina e tantos outros lugares onde o ódio religioso serve de cortina para uma matança desenfreada e, na minha opinião, sem sentido e sem fim.
 
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O anjinho e o diabinho

Hoje li um artigo muito interessante do diretor do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais - Ícone (http://www.iconebrasil.org.br/pt/), André Nasser, em que ele faz um contraponto entre o que lhe sopra aos ouvidos o "anjinho" e o "diabinho" sobre assuntos variados, tais como mensalão, bolsa-família, combate ao crime e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No final, diante dos argumentos otimistas do "anjinho" e das críticas do "diabinho", ele acaba optando por ouvir o segundo, sob o argumento de que "apontar os desafios, portanto, é mais importante que ovacionar cegamente as conquistas".
É mais ou menos assim que me sinto em relação a Cuiabá, a Mato Grosso, ao Brasil e ao mundo em geral.
Estamos na última semana de campanha para a Prefeitura de Cuiabá, em que o segundo turno foi inevitável, colocando em confronto o simpático candidato do PT com seus aliados assustadores (o governador Silval Barbosa, o senador Carlos Bezerra e o ex-secretário Eder Morais, sem falar nas lideranças nacionais do PT) e o esforçado candidato do PSB, o empresário Mauro Mendes, uma incógnita em termos políticos e com fama de administrador competente.
Ouvindo a propaganda dos dois, a gente chega a achar que seremos mais felizes independentemente de quem ganhar, tantas são as promessas, os sorrisos e as esperanças despertadas.
Mas, aí, parodiando André Nassar, chega o diabinho para atrapalhar tudo, lembrando que em época de eleições é sempre assim, a gente sempre acha que a cidade vai ficar um tiquinho melhor se um dos vencedores fizer a metade do que prometeu, mas desde que estou aqui (há nove anos) é decepção atrás de decepção.
Que me desculpem os bairristas, mas Cuiabá está cada dia pior. Há carros demais, trânsito caótico, engarrafamentos a toda hora, crateras em todas as ruas, calçadas cheias de lixo e obstáculos, insegurança por todo lado. Falta planejamento e sobra caos por todos os lados! 
Há um mês a Prefeitura instalou jardineiras em seis rotatórias das cidades. A ideia é boa: eles pegaram sucatas de carros e convidaram artistas para pintarem as "latas-velhas", que foram decoradas com flores e folhagens com um efeito meio tropicalista. A ação de vândalos está colocando o projeto em risco.
Moral da história? Acho que é por isso que não tenho tido muita vontade de escrever no blog: o diabinho anda mais forte e me deixa muito pessimista em relação a quase tudo. Só que hoje, lendo o artigo de Nasser, percebi que o diabinho não precisa ser do mal ou um chato, ele pode ser apenas um agente que leva a gente a pensar, a questionar e não aceitar tudo com resignação.
Talvez eu precise acreditar mais na minha sensibilidade e inteligência e na capacidade de dizer não sem parecer uma chata de galochas. A gente pode (e deve) dizer não, mas tem que dar opções, tem que vislumbrar opções. Caso contrário, a gente se sente morrendo um pouquinho a cada dia.
 
 

domingo, 14 de outubro de 2012

Saudade

A minha saudade é uma coisa estranha ... 
Minha filha caçula veio passar o feriado comigo. Numa decisão de última hora pegou o ônibus, enfrentou cerca de mil quilômetros de estrada e veio ficar quatro dias conosco.
Ainda ontem eu aguardava com ansiedade sua chegada à rodoviária de Cuiabá e agora já está quase na hora de levá-la de volta. E aí a saudade, que andava adormecida, volta a incomodar - uma sensação estranha de tristeza e vazio.
Amanhã, voltarei à rotina e pouco a pouco as coisas vão se encaixando novamente porque sei o quanto ela está feliz em Jaboticabal, com seus amigos de faculdade e de república.
Passamos dois dias em Cáceres - a cidade onde vivi alguns dos anos mais difíceis e mais felizes da minha vida. Sempre me pergunto quando vou lá se me acostumaria novamente a viver naquela cidade, embora isso esteja totalmente fora de cogitação. Essa é uma elocubração que me permito. Vejo as ruas vazias, o silêncio quase absoluto da rua onde ficava a casa onde me hospedei (que hoje pertence a meus cunhados, mas pertenceu por muito tempo a uma prima e uma tia muito queridas) e me pergunto se trocaria a agitação de Cuiabá por Cáceres novamente. 
Adoro a balbúrdia dos pássaros nos quintais, as casas enormes e confortáveis, mas já estou  habituada novamente à praticidade de um apartamento.
Vivi um sonho feliz em Cáceres, uma história de amor que parecia que era para sempre e acabou faz tempo, deixando-me belas lembranças e duas filhas maravilhosas. Dei aulas na universidade, escrevi um livro do qual me orgulho, fiz muito amigos. 
Fico um pouco triste por conseguir encontrar poucos deles quando vou lá. A vida segue e as pessoas vão tomando outro rumo, fazendo novas amizades, novas conexões, mas isso não pode apagar o prazer que cada amigo me deu numa determinada época da minha vida.
Desta vez reencontrei um amigo que não via há anos e foi um encontro muito feliz.
Não adianta: tenho meu lado melancólico e, em vez de fugir dele ou criticá-lo, devo aceitá-lo como uma prova de sensibilidade.

PS. Parece que a despedida é mais triste quando acontece numa rodoviária ...
 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Futuro nebuloso

Às vésperas das eleições municipais, meu sentimento, infelizmente, é quase de apatia. Não estou triste, mas desesperançosa. Ontem, nem tive disposição para perder tempo do meu sono e assistir ao último debate entre os candidatos a prefeito em Cuiabá. Pelos comentários que vi hoje, nada perdi. O debate foi morno.
Nem vou ficar falando sobre as características de cada candidato, que já comentei superficialmente aqui. O que me assusta é ver como as pessoas em geral se entusiasmam tanto com a candidatura do médico Lúdio Cabral (PT), que tem voz e fisionomia calmas e cativantes, porém está cercado das forças mais tenebrosas da política mato-grossense, na minha opinião.
Se eu fosse chargista, faria uma charge assim: Lúdio, com sua aparência angelical, com asinhas de anjo e coroa de santo, cercado pelas sinistras figuras do atual governador Silval Barbosa, do presidente do PMDB, Carlos Bezerra, e do ex-superpoderoso da Agecopa, Eder Morais.
Também não suporto esse discurso de que todos os empresários são maus e só querem o mal do povo. Que papo mais antigo, quase pré-histórico! Como se todos os demais - médicos, funcionários públicos, juízes, advogados - fossem a fina flor da humanidade!
Nos últimos dias andei pensando sobre Cuiabá: que cidade temos, que cidade queremos. A cidade tem um trânsito caótico, ruas estreitas misturadas a avenidas largas; as ruas estão esburacadas e as calçadas, ah, as calçadas, são um campo minado em grande parte desta capital; transporte coletivo que só é usado por quem realmente não tem condições de se movimentar de carro ou  motocicleta; a saúde pública é um caos e acabei de ler no blog do dr Gabriel Novis Neves (Bar do Bugre) que vão acabar com a Policlínica do Verdão por causa das obras da Copa do Mundo; a violência e a insegurança pública são cotidianas e afetam pessoas de todas as classes sociais.
Não vi qualquer dos candidatos a prefeito falando com propriedade e seriedade sobre esses temas que afetam nosso dia a dia. Não consigo me convencer de que teremos uma cidade melhor a partir da administração de fulano ou sicrano. Mas alguém tem que administrar a "casa", tocar o barco e eu decidi votar em Mauro Mendes. Confesso que tenho curiosidade de saber como ele - o super empresário tão bem sucedido - vai se sair administrando uma capital tão problemática.
Quanto a vereador, decidi votar no Jaime Okamura, um cara que conheci nos bons tempos do Festival Internacional de Pesca em Cáceres. É uma pessoa focada no turismo, na beleza, sangue novo na Câmara. Quem sabe ele consegue emplacar alguns bons projetos e alterar um pouco a péssima imagem da Câmara Municipal de Cuiabá?
Não posso deixar de registrar aqui um acidente terrível que aconteceu esta semana perto de Cáceres, alías, dois. O primeiro matou uma moça que foi uma das primeiras pessoas que conheci na cidade no final dos anos 80, Sophia, e deixou gravemente ferida sua amiga - ambas atropeladas quando passeavam de bicicleta por um carro desgovernado e dirigido por um homem sem habilitação.
O outro, ainda mais trágico, matou sete pessoas, quase todas estudantes universitários que viajavam de ônibus a caminho da faculdade em Cáceres. Todos eram moradores do município de Curvelândia. O ônibus parou por causa de outro acidentes ocorrido na MT 175 e uma caminhonete Hilux que vinha em alta velocidade acabou atropelando uma leva de pessoas. O motorista está preso e alegou que a estrada estava mal sinalizada, porém não justificou sua velocidade altíssima numa rodovia precária. Nada vai devolver a vida dos que morreram, jovens universitários que provavelmente estavam realizando o sonho de pais pequenos produtores rurais.
Se todos fossem menos inconsequentes na direção, ocorreriam menos tragédias como essa, mas esperar que isso aconteça, isso sim é uma ilusão. Por isso, infelizmente, tem que haver punições mais exemplares para quem as causa, embora eu acredite que levar na consciência o remorso de ter provocado tantas mortes já é uma punição bem grande. 
 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Papo de tiete

Neste final de tarde/início de noite de sexta-feira, vou deixar que a música tome conta de mim e nada mais. Sem espaço para lamentações ou reclamações.
Esta semana assisti ao show do cantor e compositor Zé Renato no bar Choros & Serestas (Chorinho). Foi lindo! Conheço Zé Renato desde o início dos anos 80 quando ele ainda cantava no grupo Cantares, ao lado de seu parceiro Juca Filho. Éramos todos muito jovens.
Mais tarde, foi um dos fundadores do quarteto Boca Livre ao lado de Cláudio Nucci, David Tygel e Maurício Maestro e eu estava lá, acompanhando todos os shows do quarteto, saboreando cada novo disco independente.
O Boca Livre continuou sua carreira, se separou, voltou a se reunir; o Cláudio Nucci saiu, entrou Lourenço Baeta, eu vim para Mato Grosso e continuei acompanhando a carreira de Zé Renato de longe.
Comprei seu disco "Natural do Rio de Janeiro" em homenagem ao compositor e sambista Zé Kéti, que me foi roubado em 2007 (os ladrões arrombaram meu carro e levaram o aparelho de som, CDs e outras coisitas que estavam no porta-luvas).
Alguns anos depois, assisti a uma apresentação de Zé, ao lado da cantora Mariana Leporace, no Projeto Pixinguinha. Mais algum tempo, nos reencontramos na praia de Ipanema logo após um show dele num palco montado sobre a areia, ao pôr do sol.
Para mim, ouvir e ver Zé Renato é sempre um prazer. Na quarta-feira, não foi diferente. O show foi quase um recital, só voz e violão, e que voz! Ele interpretou vários sambas de Zé Kéti, que amo de paixão, de Noel Rosa, Chico Buarque, João Bosco, Dorival Caymmi, etc. Mas o que mais me emocionou foi (re)ouvir alguns clássicos do Boca Livre na voz de Zé, especialmente, "Diana" de Toninho Horta.
Amanhã, tem Festival de Jazz na Chapada dos Guimarães ( a terceira edição do Chapada in Jazz), e lá vamos nós - minha irmã Jane e minha filha mais velha, Diana. Vou ver mais uma apresentação de Zé Renato, desta vez ao lado de Renato Braz. Acho que vai ser lindo! Também vou assistir ao show do norte-americano Paul Lieberman. Antes do festival, vou assistir a uma mostra de música instrumental no Circo Pirathiny, da qual participará o violonista Leonardo Boabaid Yule.
Acredito que será um fim de semana especial e no domingo, no programa "The Voice", vai ter apresentação da jovem cantora Ana Rafaela Oliveira, um talento genuinamente cuiabano que conheci há três anos numa roda de samba no Chorinho e por quem torço muito.
 
 

sábado, 22 de setembro de 2012

Ipês e mangas

Eu me tornei uma blogueira semanal. Não posso dizer que isso é culpa do trabalho. Já houve períodos em que trabalhei mais e mesmo assim conseguia atualizar o blog com mais frequência.  Uma crise bloqueira? Pode ser.
O problema de escrever uma vez por semana é encontrar o foco certo. Falar sobre o quê quando tem tanta coisa acontecendo externa e internamente?
Hoje estou na expectativa feliz da chegada de uma de minhas irmãs a Cuiabá. Como boa leitora de "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint Exupéry, eu me lembro da sensação que antecede a chegada de alguém de quem se gosta.
A espera faz parte do pacote e tem que ser curtida como um bom vinho ou uma cerveja gostosa.
E por falar em cerveja, isso me lembra calor e me lembra Cuiabá. O calor foi embora! Hoje o tempo está nublado e sujeito a chuvas. Bom para quem precisa trabalhar ou não quer ou não pode sair de casa. Ruim para mim que pretendia levar minha visita para um banho no rio Mutuca. Mas a gente vai esperar o tempo firmar para ir lá ...
Enquanto o tempo não melhora, vamos encontrar outros programas gostosos em Cuiabá ... Como ir ao Chorinho, ao Sesc Arsenal, comer um peixe gostoso em algum lugar ...
Bom mesmo é estar em boa companhia. Só vou sentir muito a falta de minha filha caçula, que estuda em Jaboticabal (SP).
Mas e quanto ao resto do mundo? Continua uma loucura! Os mulçumanos extremistas continuam morrendo nos protestos contra o filme e as charges que ironizam o profeta Maomé.
Ex-marido manda matar ex-mulher no ABC paulista; menino de 13 anos que foi estuprado e espancado por sobrinho e padrastro, respectivamente, e estuprou e espancou dois irmãos, pode ser condenado à prisão perpétua na Flórida.
É tanta história triste, tanta barbaridade que a gente vê/ouve no noticiário.
Essa história do garoto me tocou muito. Segundo o telejornal da Record, a mãe do menino não buscou socorro para o irmão espancado (de 2 anos) e ele morreu. O irmão mais velho, de 13 anos, está preso e vai a julgamento. A mãe também está sendo julgada e pode ser condenada, mas não por homicídio. Caramba, esse menino é tão vítima quanto seus irmãos! Vítima do abandono, de maus tratos, da violência doméstica que, infelizmente, é tão comum na nação mais rica do Planeta. O que aconteceu com o outro irmão dele (o estuprado)? Com esse padrasto, com o sobrinho, tio ou primo que estuprou o garoto de 13 anos?
Eu acho que a violência é uma espiral e sou tentada a aceitar que alguma coisa espiritual faz com que algumas pessoas sofram tanto, como esse menino ou a moça barbaramente assassinada a mando do ex-marido, alguém que ela provavelmente amou algum dia.
Histórias tristes, como tantas outras que nem sempre se tornam públicas, já que em geral elas só se tornam públicas quando há um desfecho mortal.
Mas deixemos essas histórias tristes de lado. Aqui em Cuiabá a eleição continua morna, na minha opinião. Parece que vamos ter segundo turno e certamente a disputa se tornará  bem mais acirrada, com mais acusações e um tiroteio verbal que me deixará mais zonza.
Em termos de trabalho a semana foi bacana, com o lançamento da 10ª edição da revista Corpo e Arte - a quarta em que faço todos os textos jornalísticos - e a festa dos 15 anos da Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) na Casa Cor MT 2012, no anexo do Hospital de Câncer de Mato Grosso.
Ah! Antes que eu me esqueça, os ipês estão floridos, Lindos! E tem muita manga no chão. Estou com um saco de mangas à espera de minha visita (graças a uma colega de trabalho que pegou para levar para casa e acabou não podendo fazer isso).
 
Rua de Cuiabá após a chuva em foto do site Olhar Direto


domingo, 16 de setembro de 2012

Pra não dizer que não falei de flores

 
Foto de Augusto César Areal, tirada de um ipê que plantou em Brasília e publicada no Facebook
 
Hoje sonhei que estava mergulhando no mar frio e delicioso da Barra da Tijuca. No sonho eu perdia uma vasilhinha de plástico (de brinquedo, sei lá) e ficava esperando que as ondas a trouxessem de volta. Até que ela era pega por algumas pessoas, mas mesmo assim eu conseguia resgatar minha vasilhinha.
Acredito que o sonho seja reflexo da saudade enorme que tenho do mar, da secura extrema em Cuiabá e de uma conversa que rolou ontem sobre praia na choperia do Sesc Arsenal. Um dos presentes dizia que detestava água do mar gelada e falava sobre sua praia favorita e fiquei pensando em quanto adoro a sensação de mergulhar no mar gelado. Também fiquei pensando qual era minha praia favorita: não sei,  adorei tantas praias que conheci ao longo da vida .... em Salvador, Natal, Porto Seguro, Búzios, Arraial do Cabo, Ubatuba, Guarapari, Rio de Janeiro  ... Acho que a melhor praia é aquela onde a gente está "aqui e agora".
Por esse papo dá para sentir que não estou curtindo minha praia agora. É muito difícil viver em Cuiabá nesta época do ano. O calor, o céu cizento, o ar opressivo não são nada estimulantes. Junte-se a isso uma campanha política que só me confunde, um clima político no país altamente venenoso e realmente a gente tem que fazer um esforço para não entregar os pontos.
Quase todo mundo em Cuiabá está reclamando de falta d'água (no meu prédio mesmo há um aviso nos elevadores alertando para esse risco). Reclama-se muito dos serviços da CAB Ambiental, a empresa que comprou há poucos meses o direito de explorar os serviços de água e esgotos na capital. Apenas quatro vereadores votaram contra a venda e se comenta que os demais e o prefeito teriam levado uma grana para aprovar a privatização da antiga Sanemat. Os serviços desta também deixavam a desejar, mas até agora não houve melhora e a empresa que brigou tanto para comprar a concessão já está querendo sair fora. Dá para entender?
Não, assim como não dá para entender o jogo político pesado que está por trás de tudo, seja o levante árabe pelo mundo, seja a reportagem da Veja sobre o mensalão (e Lula), seja a confusão da campanha para prefeito para Cuiabá, onde o candidato do PT, o médico Lúdio Cabral, está junto com Silval Barbosa, cujo governo vem privatizando tudo na saúde e entregando os serviços na bandeja às tais OSSs. Mas ele é o cara, dizem as pessoas; por outro lado temos o empresário Mauro Mendes, que não chega a convencer no seu personagem de empresário bem sucedido  e bonzinho que vai resolver todos os problemas de Cuiabá.  Continuo confusa.
Diante de tudo isso, fico com o exemplo de uma pessoa discreta que faz um trabalho lindo, sem alarde. Ela planta árvores em Brasília. Não só planta como cuida delas como se fossem verdadeiros filhos. Fico super orgulhosa de meu sobrinho e afilhado, Augusto César.
E por falar em árvores, flores, soube que amanhã vai ter um movimento bacana em Cuiabá: Não reclame do calor, plante uma flor. Será às 7h na praça Clóvis Cardoso. Estou querendo ir para ver qual é.
 
PS: Você, que vem a Cuiabá por alguns dias nesta época do ano, não desanime. É possível se divertir aqui e ser feliz, apesar do clima, principalmente quando se está perto das pessoas que a gente ama.
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Doces lembranças

 
 
 
Estou atrasadíssima no meu blog. Há dias tenho um tema na cabeça, mas por várias razões não consegui escrever o post. Ontem cheguei em casa da caminhada ávida pelo blog e tive que lidar com a estranha sensação de ficar sem internet. Ainda bem que tudo voltou ao normal sem que fosse necessário pedir ajuda.
Na véspera desse fim de semana prolongado, confesso que me angustiei diante da falta de opções, de programas e até de amigos. Muitos viajaram para longe e fiquei sonhando com a possibilidade de fugir dessa calorenta e inóspita capital por alguns dias.
Até que meu final de semana foi gostoso, tranquilo, preguiçoso, mas regado a almoços em família, leituras, música, caminhadas, um pouco de trabalho e um delicioso filme francês para completar ("Uma doce mentira" com Audrey Tatou).
Mas o pensamento que embalou a véspera do feriado me trouxe à memória um lugar do meu passado que eu amava de paixão. Sei que hoje não é mais tudo isso, porém o que fica é lembrança boa. Ilha de Paquetá! Estava tão cansada de trânsito, barulho de motor, buzinas, que sonhei com a tranquilidade de Paquetá - uma ilha a cerca de 40 minutos (?) de barco do Rio de Janeiro, onde não entra carro. Lá os turistas e moradores andam a pé, de bicicleta ou charrete.
Ah, quanta saudades dessa Paquetá da minha infância: dos dias que passamos lá em família, andando de bicicleta, de pedalinho, fazendo piquenique na praia e nos sentindo como personagens do romance de José de Alencar  (acho que é "Senhora" que se passa lá).
As praias de Paquetá nunca foram boas, afinal, trata-se de um lado da Baía de Guanabara, mas há 40 anos as águas eram razoavelmente limpas e, por serem extremamente calmas, era muito gostoso para nós, crianças, tomarmos banho ali.
Sonhei, portanto, com essa Paquetá idílica e emoldurada nas minhas melhores lembranças da infância, embora também eu me recorde dos meus enjoos na travessia de barca quando era menor.
Mas é isso a vida: com o passar do tempo, as lembranças boas acabam se sobrepondo às ruins e a gente acaba ficando com a sensação de que sempre foi muito feliz e não se dava conta disso.
Apesar de ter ficado em Cuiabá, consegui curtir o Parque Mãe Bonifácia no sábado e no domingo e fiquei muito feliz de ter conseguido no sábado tomar uma água de coco fiada, já que nunca me lembro de levar dinheiro. Seu Manoel foi generoso (já paguei ontem as duas águas) e me proporcionou um momento sublime, daqueles que guardarei sem dúvida na memória: tomar água de coco gelada depois de uma caminhada no clima desértico de Cuiabá não tem preço!

domingo, 2 de setembro de 2012

Setembro musical



Setembro é um mês difícil de aturar em Cuiabá e no Centro-Oeste em geral. Estamos há mais de 70 dias sem uma gota de chuva, vivendo num clima de deserto, numa capital onde sobra poeira e o céu vai ganhando um tom esbranquiçado que faz doer a alma.
Mas tenho notícias alvissareiras para alegrar o coração daqueles que amam a música como eu. Setembro será um mês recheado de bons programas.
A começar pelo show de Maurício Detoni, cantor da terra que vive hoje no Rio de Janeiro, e vai dar o ar de sua graça no jardim do Sesc Arsenal, esta semana, para fazer o pré lançamento de seu CD: "Canto pra Terra" é o nome do show que acontecerá na quarta e quinta-feira, às 20h30m, com entrada franca. Imperdível!
No dia 15, sábado, vai acontecer uma espécie de miniviradacultural no Sesc Arsenal. Acabo de receber mensagem do Grupo de Percussão do Departamento de Artes da UFMT, do professor Alex Teixeira e dos músicos Tarcísio Sobreira, Estela Ceregatti, Juliane Grisólia e outros, informando que o grupo vai se apresentar nesse evento às 17h (Concerto ao Pôr do Sol). O GPDA é apenas uma das atrações de um evento que acontecerá no jardim, também de graça. Dá para perder?
Em setembro, soube ontem de fonte quentíssima, teremos o prazer inenarrável de assistir a um show do cantor capixaba José Renato no bar Choros & Serestas (Chorinho). Será no dia 26. Sou mais que suspeita para falar de Zé Renato, cuja carreira acompanho desde ... faz tempo.  Somos da mesma idade e frequentávamos alguns lugares em comum nos anos 80. Fui muito próxima do quarteto vocal Boca Livre, que tem em Zé um de seus fundadores e destaques. Adoro sua voz, suas composições e seu talento para homenagear grandes compositores de um passado recente, como Zé Kéti, que amo de paixão.
Ah, no final de setembro, ainda teremos Festival de Jazz na Chapada ... Mas isso sim já é uma outra história. E eu, se tudo correr bem, receberei uma visita sempre muito especial. Portanto, vou tentar não me importar muito com o tempo lá fora e a propaganda política irritante.
Setembro pode ser sim um ótimo mês para se viver em Cuiabá.
Ia me esquecendo de dizer que hoje (domingo) tem show da banda Vanguart, na Praça Santos Dumont, às 20h. Pertinho da minha casa. Vou conferir.

PS. Teremos ainda este mês o grupo vocal Alma de Canto com seu repertório do rei Roberto Carlos e o lançamento do CD do grande trompetitsta Toni Maia. 
 
 


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A última das românticas

É impressionante como certas coisas mudaram tanto nas útimas décadas. Quando comecei a trabalhar com jornalismo havia poucos assessores de imprensa, que geralmente eram vistos por nós, repórteres, como barreiras no caminho da informação. Eu me lembro especialmente de um assessor de imprensa de um órgão federal ligado ao abastecimento, setor que cobri por um período: ele ficava em sua mesa num prédio de uma das avenidas centrais do Rio de Janeiro, era boa praça, mas nunca dava as notícias que queríamos. Era o próprio burocrata.
Fiquei alguns anos afastada do dia a dia da profissão durante o tempo em que me casei, tive filhos e vivi minha aventura pantaneira, e quando retornei ao mercado em Cuiabá em 2003 encontrei outra realidade. Quase todos os meus alunos do curso de Jornalismo da UFMT sonhavam com um emprego numa assessoria de imprensa. Eu me indignava e dizia que assessoria de imprensa era coisa de jornalista à beira da aposentadoria, de quem já cansou de correr atrás da notícia.
Mal sabia que meu discurso estava ultrapassado e deslocado no tempo. Sempre fui uma romântica.
Trabalhei sete anos na revista Produtor Rural onde vivi grandes momentos e emoções, mas a revista acabou - como muitos sabem - e eu me vi diante de novo mercado de trabalho.
Depois de algumas tentativas de trabalhar em redação de jornal, acabei me firmando na revista Corpo e Arte - onde trabalho como repórter e redatora também, já que entrego todas as minhas matérias prontas com título, subtíitulo e destaques - e há um mês comecei a trabalhar na assessoria de imprensa da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).
Estou gostando da experiência e aprendendo o que é ser assessor de imprensa nos tempos atuais:  tenho que atender as demandas dos jornalistas, gerar e provocar demandas, produzir matérias, alimentar os sites (da Ampa e do Instituto Mato-grossense do Algodão - IMAmt), para citar apenas as tarefas mais corriqueiras.  O que me complica mais é lidar com as novas tecnologias, logo eu que comecei no jornalismo com a velha máquina de escrever que dominava com maestria.
Não quero ser saudosista. Adoro o computador e tudo que ele me permite: copiar, colar, deletar ... Mas acho que as novas tecnologias somadas à realidade do mercado de trabalho exigem cada vez mais de nós, jornalistas. Ganhamos menos e trabalhamos mais.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ilusões perdidas

As pesquisas indicam que um dos candidatos à Prefeitura de Cuiabá, o empresário Mauro Mendes, tem larga margem de vantagem em relação a seus concorrentes.
Não acredito que tenhamos grandes mudanças até o dia das eleições e seguiremos numa eleição sem graça em que não consigo mais acreditar em ninguém.
Hoje, alguém me perguntou: em quem você vai votar? Ainda não sei.
A princípio, votaria no Mauro Mendes, em quem votei nas últimas eleições para governador na disputa com o atual governador Silval Barbosa, que nunca despertou minha simpatia.
Mas não aguento mais esssa lenga-lenga de cara pobre que trabalhou e ficou rico, tornando-se um mega empresário de sucesso. Além de me fazer sentir uma idiota por continuar tão dura, essa história tem alguns pontos obscuros.
Se ele é rico não vai roubar, certo? Isso é relativo. Ele pode não roubar para si, mas pode permitir que um monte de gente ao seu redor roube (ou continue roubando).
Não consigo ver um plano de governo, um desejo real de fazer uma administração moderna, menos viciada e que realmente possa trazer uma melhoria de vida para os mais carentes. Cuiabá precisa  de um choque de administração. Será que Mauro Mendes tem força para isso? Será que está a fim de dar uma guinada?
O candidato do PT, o médico Lúdio Cabral, é mais simpático. Tem uma cara de gente boa. Votei nele na última eleição para vereador, mas o fato de ter o apoio do PMDB de Silval anula qualquer possibilidade de votar nele.
Quanto ao candidato Carlos Britto (de que partido ele é mesmo?) é uma pessoa que muda toda hora de partido, de aliados, de cargo. Já foi secretário de Segurança Pública, de Comunicação e de outras pastas que eu nem me lembro mais. Não sinto firmeza nele, apenas o desejo de estar sempre próximo do poder.
Temos ainda no "páreo" o candidato do PSDB, o também médico Guilherme Malouf. Nem tenho o que falar sobre ele. Uma das propagandas que vi diz que nele a gente pode confiar porque é médico e vai cuidar bem da saúde. Tô fora! O pior secretário de Saúde que já conheci é um médico, Pedro Henry, portanto ...
Como vocês viram, minha opinião sobre os políticos vai de mal a pior. É uma pena! Eu gostava de votar, adorava o período eleitoral quando morava no Rio de Janeiro, frequentava comicios, fazia campanha voluntária para meus candidatos. A decepção com o PT e tantos políticos me tornou um ser descrente. Infelizmente.
Terei que fazer um esforço para escolher um vereador em meio a um mar de cavaletes espalhados ao longo da avenida do CPA (parece até um cemitério) e tentar dar meu voto a um dos candidatos a prefeito. Não acho que valha a pena anulá-lo. Anular é abrir mão do meu direito de decidir pelo menos pior.
 
 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Transporte coletivo em Cuiabá e Várzea Grande, uma utopia?

 
Perspectiva do VLT na Avenida Fernando Correa - imagem da Secopa
 
Ontem quando voltava do trabalho no início da noite vim pensando enquanto observava as pessoas nos pontos de ônibus. Cuiabá é uma capital que, a exemplo de algumas capitais brasileiras, conserva resquícios de uma cidade do interior.
As avenidas largas e modernas, como a Historiador Rubens de Mendonça (também conhecida como Avenida do CPA) ou a Fernando Correa, conectam-se com ruas estreitas e tortuosas num emaranhado que complica a vida dos cidadãos que precisam se deslocar pela cidade. Junte-se a isso um calor infernal e uma falta absoluta de atenção ao transporte público e temos o caos que se vê hoje nas vias públicas.
Ninguém quer andar de ônibus em Cuiabá e Várzea Grande, a cidade grudada na capital que abriga o Aeroporto Internacional e tantos  problemas ou mais que sua vizinha mais famosa. Praticamente todo mundo que conheço tem carro ou moto. Vim tentando me lembrar de amigos que usam o transporte público. Dois deles abandonaram o ônibus recentemente e agora estão devidamente motorizados. Só consegui me lembrar de duas amigas jornalistas que andam de ônibus não sei se por opção ou falta de.
Estudantes andam de ônibus, mas se forem de família rica ganham um carro assim que completam 18 anos. Tenho uma amiga que tem três filhos na faixa de 20 anos: todos ganharam um carro do pai quando passaram no vestibular. Hoje a família tem cinco carros na garagem!
Morei muitos anos no Rio de Janeiro e já visitei algumas cidades no exterior. Em algumas o transporte público funciona razoavelmente e isso, somado à falta de lugares para estacionar, faz com que muita gente opte por andar de metrô, ônibus e, eventualmente, táxi. Minhas duas irmãs que moram no Rio abriram mão de ter carro. Tudo bem que elas não são o melhor exemplo já que estão aposentadas, mas uma das minhas sobrinhas vai e volta para o trabalho de bicicleta. São poucas as pessoas que conheço no Rio que se deslocam de carro no dia a dia.
Minha amiga Bárbara, que mora em Brasília, contou no nosso último encontro que vai e volta de metrô para o trabalho já que o trânsito da capital federal deixou de ser aquela maravilha.
Mas voltando a Cuiabá, discute-se agora a implantação do sistema VLT (Veículo Leve sobre os Trilhos) em função da Copa do Mundo de 2014. Pelo que li, a obra foi liberada novamente. Não sei sinceramente se essa era a melhor opção para Cuiabá, pensando no bem estar da população em geral e não nos poucos dias em que haverá jogos da Copa nesta capital.
Parece até mentira: somos bombordeados com informação sobre a briga VLT x BRT (Bus Rapid Transit), mas tenho sempre a impressão de que altos interesses escusos estão por trás de tudo e não consigo separar o joio do trigo.
De uma coisa eu tenho certeza, nunca se pensou realmente na construção de um sistema de tráfego em Cuiabá - e quiça, no Brasil - em que se valorize o coletivo, os interesses das pessoas mais carentes ou da população em geral e o resultado disso é o caos que estamos vivendo. Todo mundo quer comprar carro (e governo e indústrias fazem tudo para alimentar essa obsessão) e muita gente nem consegue pagar o financiamento depois.
Será que não se formam profisisonais (engenheiros, urbanistas) com esse tipo de preocupação - o bem coletivo - ou a má gestão política das cidades não dá chance para os planejadores e aqueles que  estudam em busca do que é melhor para todos a curto, médio e longo prazo?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Desde que o samba é samba



Terminei a leitura de um livro que não estava no meu programa. Como assim? Fui trocar o livro que ganhei de uma amiga ("Furacão Elis" que li há décadas e reli com prazer há poucos anos) e acabei seduzida pela capa e o título do novo livro de Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus" - o livro que originou o filme homônimo.
Não tinha lido crítica, nem ouvido falar de "Desde que o samba é samba" (Editora Planeta do Brasil), mas resolvi investir, achando que era uma história da origem do samba. Acertei em parte. O livro conta o surgimento de um novo ritmo no Rio de Janeiro no finalzinho dos anos 1920. A história se passa no bairro do Estácio, na zona de baixo meretrício e menciona vários logradouros reais, como os morros de São Carlos e Mangueira.
Confesso que gostei bastante, embora tenha ficado um pouco confusa com os personagens. O autor optou por misturar personagens reais, que chama apenas pelo primeiro nome, como Silva (Ismael Silva), Miranda (Carmen Miranda), Alves (Francisco Alves),  Manuel (Manuel Bandeira) e Mário (Mário de Andrade), com outros fictícios. Criou um triângulo ou quadrado amoroso rocambolesco que é o fio condutor da história, formado pelo capoeira e cafetão Brancura, o português Sodré, a prostituta Valdirene e o jovem Valdemar, que logo sai de cena.
O livro tem passagens confusas e repetitivas, e é muito pesado, abusa da violência, dos palavrões e da linguagem para lá de chula. Não recomendaria sua leitura a minhas irmãs mais velhas, por exemplo. Não é questão de puritanismo, é porque é chocante mesmo.
Mas, no final das contas, ele dá seu recado ao contar como um grupo de compositores do povo criou um ritmo novo, a primeira escola de samba (Deixa falar ...) - fatos que mudariam os rumos da música popular brasileira e da cultura do país.
Gostei muito também dos capítulos que falam sobre o surgimento e a consolidação da macumba no Rio, assim como a ênfase do autor à forma como a polícia (mal) tratava os descendentes de escravos e reprimia suas expressões culturais. A própria escola de samba surgiu como uma tentativa de criar um espaço onde as famílias, o povo mais humilde pudesse brincar, sambar sem risco de ser espancado pela polícia ou entrar em confronto com outras agremiações.
Confesso que fiquei triste quando o livro acabou, o que é um sinal de que conseguimos estabelecer uma cumplicidade legal, porém isso não me impede de ver alguns defeitos na narrativa, que merecia uma costura melhor.
Como sou cada vez mais apaixonada pelo samba, adorei conhecer melhor a história de seu nascimento e do sambista Ismael Silva, hoje tão esquecido.  Aliás pretendo aprender um samba seu para cantar no Chorinho (bar Choros & Serestas).



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desrespeito

Nos últimos dias tive conversas rápidas com pessoas diferentes que vou tentar resumir aqui. Elas me falaram sobre desrespeito, sobre quanto foram (e ainda são) desrespeitadas em situações de trabalho. Fiquei chocada e ainda estou pensando a respeito.
Acho sinceramente que a gente precisa se respeitar para que os outros nos respeitem. É claro que estou falando de situações normais e não estou me referindo a situações de guerra ou outras situações extremas ( que nunca vivi) onde regras básicas de sobrevivência acabam prevalecendo.
Numa relação conjugal, entre pais e filhos, parentes de qualquer espécie, amigos, e também de patrão/empregado, chefe/subordinado, deve haver respeito ... ao que foi acordado, aos direitos e deveres de cada um, à individualidade, ao bom senso.
Claro que isso é difícil de ser estabelecido no dia a dia e também o limite de tolerância de cada pessoa é muito subjetivo e individual.
Eu, por exemplo, não gosto de gritar com ninguém e não tolero que gritem comigo. Tenho uma dificuldade enorme para cobrar coisas (tarefas, etc) dos outros e detesto que me cobrem também. Isso torna minha vida na Terra um pouco complicada, é claro. Tenho muita dificuldade para ser chefe, naturalmente, já que não sei cobrar, mas, por incrível que pareça, consegui me desempenhar satisfatoriamente como professora, já que conseguia deixar as regras claras e não abria mão de certos princípios básicos na minha função de educadora.
É claro que já me senti desrespeitada em relações pessoais e/ou de trabalho, mas de modo geral procurei - e procuro - sair fora quando o nível de desrespeito me parece demasiado.
Esse assunto é por demais complexo e, quanto mais penso, mais vou me enredando nos pensamentos.
Como preciso me arrumar para trabalhar, vou botar um ponto aqui que está longe de ser final.
Mas a pergunta que fica na minha cabeça e que não tive coragem de fazer a essas pessoas que se queixaram da forma desrespeitosa em que foram (ou ainda são) tratadas é: por que você aguentou (ou ainda está aguentando) isso? 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Refluxo

Hoje me consultei com uma médica maravilhosa: dra Rafaela de Liz P.S Lermen. Até que tenho sorte com médicos. Em geral, quando preciso de algum especialista peço socorro ao Dr Gabriel Novis Neves, que sempre indica os melhores.
Mas neste caso a indicação veio de um homeopata, Dr Luiz Augusto Cavallini Menechino, que também é muito legal e me foi indicado por uma jornalista que conheci em minha breve passagem pela redação do jornal Folha do Estado.
Adoro médico que explica tudinho, que te atende como se tivesse todo o tempo do mundo.
A dra Rafaela é assim. Pegou uma ilustração do aparelho digestivo e me explicou tudinho sobre o meu problema: refluxo alcalino ou refluxo duodeno-gástrico. Como achei interessante o funcionamento do aparelho digestivo, onde tudo tem sua função e razão de ser!
Embora seja um probleminha chato, saí de lá me sentindo acolhida, protegida, completamente diferente de que como me senti quando saí do consultório de outro gastro há um ano. Ele pareceu não dar a menor bola para o meu refluxo (era apenas mais um caso), receitou e me dispensou, dizendo que a outra alternativa seria uma cirurgia.
É claro que não vou conseguir explicar aqui tudo que me disse a dra Rafaela. Para isso, eu teria que ter dado uma de jornalista e anotado tudo que ela falou, tintim por tintim.
Entre outras coisas interessantes ela me confirmou o que já suspeitava: a vesícula (que tirei há 12 anos) faz falta sim. Segundo a dra Rafaela, atualmente não se tira mais a vesícula por qualquer pedrinha. Essa postura dos médicos, disse, mudou há cinco anos. A vesicula tem um papel importante no aparelho digestivo liberando mais ou menos "saponáceo" para ajudar na digestão dos alimentos. Se ela não existe mais a liberação é sempre a mesma independentemente de estarmos comendo alimentos de digestão mais fácil ou mais complicada.
Isso não quer dizer que tenho refluxo por causa da falta da vesícula, mas tudo acaba se misturando.
A dra Rafaela confirmou que não posso me deitar após as refeições (enquanto estamos de pé funciona a lei da gravidade e é mais difícil acontecer o processo de refluxo) e devo evitar alimentos gordos, carnes, leite, frituras, líquidos durante as refeições, roupas apertadas, balinhas de hortelã e menta, e chicletes. Posso até contrariar as recomendações, mas sei que pagarei um preço (como hoje: acabo de vir de um aniversário e comi além da conta).
A médica pediu que eu volte daqui a seis semanas, mas antes devo ir ao cardiologista para ver se meu coração está 100% para ela me receitar um remédio. Como minha cardiologista (também queridíssima) está de férias, vou ter que aguardar. Contei isso à dra Rafaela e ela se divertiu com a informação de que a dra Marta está passeando pela Europa com sua mãe de 87 anos.
Ah, vou ter que tomar um remédio que a dra Rafaela chama de inibidor de bomba (de próton), que é bem carinho... Mas ela disse que não será para sempre. Ainda bem.
Quando vou a um médico como ela fico com muita pena das pessoas que não têm a mesma oportunidade ou sorte que eu. Quando a gente tem algum problema de saúde o que mais quer é ter a sensação de ter um médico por perto que realmente pareça interessado em resolver o teu problema e não te trata como mais um paciente.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Roda viva



O lado ruim de ficar várias dias sem atualizar o blog é que a gente não sabe por onde começar, do que falar. São tantos assuntos! Cuiabá está pegando fogo! Em todos os sentidos.
Para variar, há focos de incêndio por todos os lados neste período de seca, que só deve terminar em outubro e é a pior época do ano para mim. Por enquanto o céu ainda está azul, mas até quando?  Muitas pessoas ainda insistem em queimar o lixo, as folhas secas sem pensar nas consquências para o meio ambiente e a saúde geral do povo.
Além disso, tem outro incêndio que diz respeito à discussão sobre o VLT - o transporte do futuro que deveria chegar antes da Copa de 2014. Está uma confusão dos diabos. A pedido do Ministério Público, a Justiça suspendeu o contrato no valor de R$ 1,477 bilhão e proibiu a execução das obras do Veículo Leve sobre Trilhos, o tal do VLT.
Está um fuzuê danado com um monte de gente se manifestando, quem é contra ou a favor do atitude do MP, do VLT, enfim, nessa altura do campeonato a maioria nem sabe se a escolha de Cuiabá para ser subsede da Copa foi boa ou ruim para Mato Grosso.
Confesso que sou uma delas: no início, achei bom, embora nunca tenha me entusiasmado, mas diante da lerdeza nas decisões, das disputas políticas e da incompetência da classe dirigente, temo que preferia ficar com a velha Cuiabá de sempre. A Copa parecia uma oportunidade para a realização de obras que beneficiariam a população como um todo, mas desde que criaram a Agecopa a coisa só foi piorando.
Mas eu quero registar aqui - ainda que tardiamente - a morte de Antônio José Waghabi Filho,  o Magro do MPB-4, aos 68 anos, em consequência de um câncer. Cresci ouvindo o MPB-4 e guardo na memória as imagens e o som maravilhoso do quarteto cantando "Roda viva" com Chico Buarque num festival da Record. Gostava de todos no MPB-4, mas do alto de meus 10/12 anos era apaixonada pelo Magro. Mania de gostar de homem barbudo e magro, que se refletia no meu Beatle preferido (George Harrison).
Li que ele era um grande arranjador e fico contente que tenha levado a vida fazendo música. Talvez não tenha tido o reconhecimento desejado; talvez não tenha sido devidamente remunerado para isso. Não sei. Só sei que devo muito ao Magro e ao som do MPB-4, que embalou boa parte da minha adolescência. Morro de inveja do meu amigo Eugênio que contou ter assistido a uma apresentação do grupo em Curitiba há uns cinco anos.

domingo, 5 de agosto de 2012

A arte da felicidade

Balneário Mutuca

Meu domingo foi tão bom que chego a me sentir culpada. Como o ser humano é complexo! A gente busca ser feliz, deseja felicidades para as pessoas o tempo todo, mas tem dificuldade em ser feliz. Simplesmente.
Este era o último fim de semana de férias de minha filha caçula e eu queria poder me dedicar 100% a ela. Trabalhei bastante durante a semana para estar livre no final de semana, de corpo e alma.
Ontem, de manhã, enquanto aguardava sua chegada à Rodoviária, fui nadar e me senti imensamente feliz nadando durante uma hora sob o sol quente de Cuiabá. Por que nadar me deixa tão feliz? Não sei. A mistura da temperatura da água, do som que ela faz quando me movimento, a sensação de senti-la passando por meu corpo e o visual da piscina me fazem muito bem. Gosto da ideia de estar movimentando meu corpo: pés, pernas, tronco, braços, cabeça. Tudo trabalhado de uma forma harmônica: respiração e movimentos. Procuro manter minha mente focada no ato de nadar, mas de vez em quando ela viaja.
Pouco depois de meio dia Marina chegou e, após um almoço caseiro, fiz uma coisa que ainda não tinha feito: assisti às Olimpíadas. Vi provas de corrida, de salto, natação, salto ornamental, jogos de vôlei. É impresssionante ver os corpos malhados, alguns belíssimos (como os dos homens corredores), outros nem tanto. E a rapidez com que nadam! A felicidade do Phelps ganhando mais uma medalha olímpica (nem me lembro quantas foram) foi emocionante!
Hoje ouvi uma pessoa criticando os gastos com os jogos olímpicos (o envio das delegações, a ostentação) quando há tanta gente sofrendo nos corredores dos hospitais. Eu entendo o ponto de vista dela, mas não acredito que seja por causa disso que faltam recursos para que as pessoas sejam atendidas decentemente na saúde pública. Se pelo menos não se desviassem recursos, a sociedade não permitisse que equipamentos e remédios ficassem sem uso ou mesmo que prédios construídos para serem hospitais ficassem abandonados; se os médicos e demais profissionais da saúde fossem devidamente remunerados para fazerem seu serviço e também cobrados por isso, e tivessem condições para desenvolverem seu trabalho a contento ... E que só trabalhassem na saúde pública os profissionais que tivessem uma compreensão de sua importância e grandeza.
Enfim, não acho que o problema da saúde pública seja falta de grana e sim de má gestão e falta de decisão política, pela qual somos todos responsáveis.
Como somos responsáveis pela má qualidade da educação pública, do transporte público e dos serviços públicos em geral e pela má qualidade de nossos representantes em todas as esferas políticas, sejam elas legislativas ou executivas.
Enfim somos responsáveis pela sociedade em que vivemos, mas, apesar disso hoje estou feliz porque tive um dia muito feliz ao lado de minha filha caçula - uma pessoa que eu amo e a quem procurei dar o melhor de mim.
E amanhã é segunda-feira e estou feliz com isso também porque vou sair de casa para trabalhar. Para mim, isso é uma dádiva. Tem maluco pra tudo, né?

(...) Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá para ser feliz"
Um homem também chora (Guerreiro menino) do mestre Gonzaguinha

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

De trabalho novo

Hoje vou iniciar um novo trabalho no período da tarde.
Há alguns dias estava conversando com uma amiga querida de Cáceres (Bárbara) que não via há uns dois anos e me toquei de quanto minha vida profissional andou agitada desde que saí da revista Produtor Rural em setembro de 2010, em virtude do fim da publicação decretado pela Famato por razões financeiras.
Foi difícil situá-la e, aos poucos, eu ia relembrando tudo que aconteceu desde então: a revista Corpo e Arte (já estou concluindo a minha quarta edição), a revista Globo Rural (também continuo envolvida com esse frila), a revista Bio (do amigo Romildo Guerrante. meu ex-chefe de reportagem no Jornal do Brasil), as revistas RDM e Ótima (participações episódicas), o Grupo André Maggi (participei da elaboração do Relatório de Sustentabilidade 2011, que, aliás, acabou de chegar da gráfica; estou louca para buscar meu exemplar), a Entrelinhas Editora (uma relação que não está mais tão intensa quanto no segundo semestre de 2011, mas continua firme), a breve passagem pelos jornais Folha do Estado e Diário de Cuiabá (dos quais me despedi sem problemas), a elaboração dos boletins da Somago (uma entidade que reúne médicos ginecologistas e obstetras de Mato Grosso), além de outros frilas mais rápidos.
Trabalho não faltou, embora nem sempre nas condições financeiras mais satisfatórias. É bem verdade que recusei ou abandonei aqueles que não me pareceram seguros ou interessantes do ponto de vista profissional e pessoal.
Houve momentos em que me senti desvalorizada, desesperançada e deprimida. Mas, de modo geral, acho que estou aguentando bem o tranco e buscando meu caminho nessa selva que chamamos de vida.
Hoje enfrento um novo desafio, na Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa-MT) - um convite que surgiu em decorrência do trabalho que realizei no setor do agronegócio na época da revista Produtor Rural. Por mais que eu queira, não consigo me afastar do agronegócio e é bobagem lutar contra isso num estado como Mato Grosso, onde o agronegócio ainda é o setor de maior expansão, fonte de empregos e renda.
Trabalhar com cultura (no sentido mais amplo e não apenas cotonicultura) em Mato Grosso - o que eu gostaria - ainda é utopia, a não ser para aqueles que têm uma visão muito distorcida da cultura, com raríssimas exceções.
Sigo em frente porque ainda tenho três bocas para alimentar e ainda conservo sonhos a realizar, o que inclui viagens e outras coisas mais.

sábado, 28 de julho de 2012

Estrela solitária



Assisti ontem ao filme "Heleno", de José Henrique Fonseca. É bonito, muito bem feito, o Rodrigo Santoro está maravilhoso no papel título, mas é triste demais ...
Como botafoguense sempre fui fascinada pela figura de Heleno de Freitas, o craque botafoguense que brilhou nos anos 1940 e, ainda por cima, era lindo e elegante. Nunca fui muito fundo na história de Heleno, embora soubesse que ele era temperamental e que tinha ganho o apelido de "Gilda" da torcida adversária por causa do personagem homônimo interpretado pela atriz Rita Hayworth.
Não sabia que a história dele era tão triste ... O filme não obedece a uma ordem cronológica, é como se o próprio Heleno relembrasse o seu passado. É impressionante a mudança sofrida por Santoro: o homem belo e irresistível transforma-se num homem feio, alquebrado, de cabelos ralos, dentes estragados, que mal consegue andar sozinho e permanece numa espécie de transe, sem se comunicar com ninguém.
Por que? O que levou Heleno a esse final trágico antes de completar 50 anos?
A sífilis, que ele se recusava a tratar? O vício em éter? Li uma matéria que diz que não se sabe exatamente quando os sintomas da doença começaram a tomar conta do corpo e da mente de Heleno.
No filme, vemos um Heleno craque, mas sempre de temperamento difícil, egocêntrico, sem um mínimo de espírito de equipe. Muito pelo contrário, para ele, todos os outros jogadores do time eram pernas de pau, só atrapalhavam. Seu amor pelo Botafogo era absoluto. Um craque-problema, um bad boy da primeira metade do século XX.
Heleno era de família rica, advogado formado. Por que era tão agressivo e autodestrutivo?
O filme não dá respostas definitivas, porém mostra com muito realismo a trajetória do craque rumo ao fim e se permite algumas cenas muito poéticas mostrando a paixão de Heleno pela bola e pelo futebol, que ganha uma dimensão mítica. É um belo filme e triste, muito triste.
Ah, o filme é baseado no livro "Nunca houve um homem como Heleno", de Marcos Eduardo Neves, de 2006. Fiquei com muita vontade de lê-lo.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Na estrada com Walter Salles



Por coincidência, li o livro "On the road" de Jack Kerouac este ano, depois de algumas tentativas frustradas de leitura. Isso acontece comigo de vez em quando: tento iniciar a leitura de um livro sem sucesso até que um dia - não sei por que - a barreira se desfaz e conseguimos estabelecer uma relação profícua e duradoura.
Foi assim com "On the road" e também com outro livro - este de Moacyr Scliar - que estou lendo agora e vou comentar mais adiante, quando concluir sua leitura.
Fiquei tão fascinada pelo livro de Kerouac que fui buscar mais informações sobre ele e aí descobri que Walter Salles, o badalado cineasta brasileiro, estava concluindo um filme baseado no livro.
Naturalmente fiquei louca para assisti-lo. Minha curiosidade ficou ainda mais atiçada graças a uma matéria lida na revista da Gol, durante um voo para o Rio em junho passado.
Quando vi que o filme estrearia em Cuiabá juntamente com o lançamento no resto do país, quis ir vê-lo no primeiro fim de semana, mas não consegui. No domingo passado, finalmente, assisti à adaptação feita por Salles para o livro de Kerouac.
Ainda não tenho uma opinião 100% formada, mas eu gostei do filme, embora ache que ele não seja o melhor programa para a maioria das pessoas. Aliás, Diana, minha filha mais velha que me acompanhou, notou a quantidade de pessoas que deixou a sala de cinema do Pantanal Shopping antes do final da sessão.
O filme é meio confuso, como o livro, cheio de personagens malucos que entram e saem da história, protagonizada pelo escritor Sal Paradise (interpretado pelo ator Sam Riley e alter ego de Kerouac) e pelo aspirante a escritor Dean Moriarty (personagem interpretado por Garrett Hedlund e inspirado no escritor Neal Cassady). Tem algumas mulheres, como a doidinha Marylou (Kristen Stewart), a amarga (ou realista?) Camille (Kirsten Dunst), que disputam o amor de Dean, e a mexicana interpretada pela atriz Alice Braga, que vive um romance com Sal. Quanto aos homens, os mais presentes são Carlo Marx (interpretado por Tom Sturridge, que seria na verdade o poeta Allen Ginsberg) e Old Bull Lee (vivido pelo ator Viggo Mortensen e inspirado no escritor William S. Burroughs).
Como o livro ainda está fresco na minha memória, consegui acompanhar todas as aventuras e ainda senti falta de algumas passagens e personagens que no livro têm uma presença forte. Mas é claro que seria impossível levar para a tela todos os personagens do livro de Kerouac, que marcou justamente por seu estilo inovador, pela narrativa em primeira pessoa e sem firulas, nos anos 1950.
Acho que o diretor conseguiu levar para a tela uma boa versão do livro, que talvez instigue uns e outros a encarar sua leitura. Aquela coisa louca de fumar, beber e se drogar o tempo todo está bem presente, o que fez Diana, minha filha, fazer o seguinte comentário: "E ainda dizem que o povo de hoje que é doido!" Na verdade, cada momento era vivido como se fosse o último.
A trilha sonora do filme, embalada por muito jazz, é interessantíssima, assim como algumas cenas em que a música tem uma participação fundamental. Admito, porém, que em alguns momentos o filme fica meio cansativo, justamente por tratar de acontecimentos meio jogados, aparentemente sem ligação.
Gostaria de saber a impressão sobre o filme de outras pessoas que não leram o livro. Diana gostou, mas teve em mim uma espécie de tradutora. Certamente ela não veria o filme se não fosse pelo meu convite.
Os atores estão bem, embora eu imaginasse o Sal mais franzino e menos bonito para contrastar mais com a masculinidade exacerbada de Dean Moriarty. A propósito, o ator que o interpreta é lindo, mas achei meio exageradas as comparações com James Dean e Marlon Brando, que li na internet.
Vale a pena ver o filme, mas vá com o espírito desarmado e sem esperar uma história daquelas que a gente fica querendo saber o fim. "On the road" ou "Na estrada" é como um álbum com muitas fotos e recordações de uma época de várias viagens. As histórias que ligam umas às outras ou que estão por trás dessas imagens nem sempre são totalmente ou suficientemente contadas.