quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dos livros e das amigas

Ontem fui ao lançamento de um livro organizado por uma grande amiga de Cáceres. Não sei falo  sobre o livro, a amiga ou ambos. 
 O livro chama-se "Dos labirintos e das águas: entre barros e dickes" e é uma coletânea de artigos acadêmicos inéditos sobre a obra de dois grandes nomes da literatura mato-grossense: o romancista Ricardo Guilherme Dicke e o poeta Manoel de Barros. A exceção entre os artigos é um texto (aliás, delicioso) do jornalista Lorenzo Falcão, editor de Cultura do jornal Diário de Cuiabá, que teve a oportunidade de entrevistar os dois autores e conviver com ambos , principalmente com Dicke, falecido recentemente.
A coletânea é organizada pela professora Madalena Aparecida Machado, doutora em Teoria Literária pela UFRJ e professora da Unemat; e Vera Maquêa, doutora em Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa pela USP e também professora da Unemat.
Bom agora vamos à amiga. Vera é uma das pessoas de quem me senti mais próxima durante o tempo em que morei em Cáceres (a 210 km de Cuiabá). Bem mais nova do que eu, ela tinha recém se formado em Letras e amamentava a filha de um mês quando nos conhecemos na primeira reunião de professores do Departamento de Letras para o semestre que começaria em março de 1993. Eu estava preocupadíssima de largar minha filha de quase um ano em casa com a babá (as aulas eram no período noturno); ela deixaria um bebê recém nascido.
Nesses 17 anos, nossas filhas cresceram, Vera fez o concurso para professores (que nunca cheguei a fazer), mestrado na UFPR, doutorado na USP, foi pró-reitora, pré-candidata à reitora e agora está de malas prontas para Paris onde ficará 10 meses como pesquisadora. Uma trajetória e tanto! É super dedicada em tudo que faz e uma das pessoas mais apaixonadas pela literatura que conheço. 
Ontem fiquei feliz de reencontrá-la e conhecer seu mais novo produto, e triste de saber que ficarei quase um ano sem vê-la, a menos que consiga visitá-la na França. É um convite tentador!
A propósito, o livro lançado traz um artigo de outra grande amiga de Cáceres, a professora Olga Maria Castrillon Mendes, doutora em História Literária pela Unicamp e também professora da Unemat. Infelizmente ela não pode vir ontem a Cuiabá para o lançamento porque estava super envolvida com as eleições para a reitoria da Unemat .

terça-feira, 29 de junho de 2010

Covardia

Meu assunto hoje só pode ser a agressão sofrida pela repórter Márcia Pache, que conheço há cerca de 15 anos.  Ela foi agredida com um tapa no rosto pelo vereador Lourival Rodrigues Morais (DEM), conhecido como Kirrarinha. O sujeito, que responde a várias acusações, acabara de fazer um depoimento no Cisc (Centro Integrado de Segurança e Cidadania) em Pontes e Lacerda (cerca de 440 km a oeste de Cuiabá) e, quando a repórter da TV Centro-Oeste (afiliada do SBT) foi interrogá-lo, partiu para a agressão sem dizer uma palavra. 
Márcia ainda teve coragem de levantar e sair atrás dele dizendo que estava fazendo seu trabalho como jornalista.  O estranho é que embora o cara estivesse numa delegacia não foi preso em flagrante por agressão. É claro que o caso vai ter desdobramentos (segundo o noticiário local, ela iria fazer exame de corpo delito hoje e deve entrar com uma ação contra o vereador), mas é muito chocante ver o destempero e despreparo de pessoas como esse tal Kirrarinha que, não só usa o cargo para levar vantagens, como não demonstra o menor pudor em agredir uma pessoa, que é mulher e ainda está trabalhando. 
É chocante ler também os comentários postados acerca do fato: a maioria obviamente se coloca contra o agressor, mas há depoimento defendendo agressões frequentes a jornalistas mato-grossenses para que "aprendam a trabalhar direito". 
Tudo isso só denigre a imagem de nosso estado, mas fatos como esses devem ser denunciados para que pessoas desequilibradas como esse vereador (que já teria tentado  agredir outro jornalista, de acordo com o jornalista Romílson Dourado, que veicula em seu blog o vídeo da agressão à Márcia Pache em http://www.rdnews.com.br/blog/post/vereador-investigado-comete-2a-agressao-a-jornalista-veja-video, sejam definitivamente banidas do cenário político mato-grossense.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Música instrumental

Troquei ontem o "Fantástico" pelo concerto do Grupo de Percussão do Departamento de Artes da UFMT. Ainda bem! Não quero com isso diminuir o "Fantástico" e sim louvar minha decisão de trocar a comodidade do sofá na noite de domingo, após uma caminhada gostosa no Parque Mãe Bonifácia, por uma ida ao Sesc Arsenal, que nos oferece tão bons espetáculos a troco de R$ 2 (o equivalente a 1 litro de leite longa vida). 
A plateia não estava lotada, mas tinha bastante gente e, como havia provavelmente muitos amigos dos músicos, logo se estabeleceu uma sintonia fina entre artistas e espectadores, com direito a comentários sobre o jogo Argentina x México e muitos risos. 
O que mais me impressionou foi descobrir quantas peças maravilhosas são escritas especialmente para instrumentos de percussão, que são muitos, alguns com nomes difíceis de gravar. O músico Alex Teixeira (aliás, Alex, que o líder do grupo, fala bem, mas um pouco baixo e às vezes ficava difícil entender o nome de compositores e músicos) destacou um compositor brasileiro, Ney  Rosauro, que é super conhecido e executado ... nos EUA e no Japão.
Assim é a música instrumental - que acompanho há décadas e aprendi a amar: sempre mais valorizada em países do chamado primeiro mundo, onde músicos como Egberto Gismonti são mais reconhecidos que no Brasil. Ainda bem que temos o Sesc Arsenal em Cuiabá e, à frente do setor de música, temos Rejane De Musis, uma "guerreira", como disse o Alex ontem, que batalha incansavelmente para abrir espaço para a música instrumental na programação de modo a dar a possibilidade aos músicos de Mato Grosso para mostrar seu talento e fomentar a criação de um público para esse estilo de música. Afinal ninguém pode gostar (ou não) daquilo que não conhece.

PS. Tive ontem a oportunidade de ouvir - e apreciar - várias peças de autoria do compositor  contemporâneo Roberto Victorio, carioca estabelecido em Mato Grosso como professor do Departamento de Artes da UFMT.

sábado, 26 de junho de 2010

Dica cultural

Embora com um olho no computador e outro na TV, no jogo EUA x Gana (sou Gana desde pequenininha), quero registrar a  apresentação da turma da percussão do Departamento de Artes da UFMT hoje e amanhã no Teatro do Sesc Arsenal em Cuiabá.
Não conheço todo mundo, mas confio em quem me deu a dica: o músico Tarcísio Sobreira, meu querido ex-aluno no curso de Jornalismo da UFMT (o mundo perdeu um jornalista, porém ganhou um músico aplicado e talentoso), baterista e percussionista.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Água no chope

É difícil não falar da decepção diante do empate do jogo Brasil x Portugal. Pior é ver que o Brasil é um time sem grandes talentos, sem jogadores capazes de nos surpreender com uma jogada bonita. Os melhores jogadores em campo? Lúcio e Júlio César, ambos da defesa. 
O meu "parente" Júlio Batista decepcionou. Segundo os comentaristas, "não entrou no jogo". Não consigo entender: o cara é profissional, vive disso, está na reserva na seleção e quando tem chance de mostrar serviço "não entra no jogo". Então não tem talento.
Enfim sei que meus comentários são irrelevantes diante da enxurrada que deve ter tomado conta da net logo após o jogo. Só tenho mais três observações:
1- É duro ter que ouvir o Galvão Bueno dando uma de "Polyanna" nos minutos finais do jogo, dizendo "bom, a gente só precisa mesmo do empate para ficar em primeiro lugar no grupo". Eu quero ver futebol!
2- O chope e a cerveja do povo devem ter ficado meio sem graça hoje (eu, como estou no trabalho, não tive esse gostinho).
3- Estou morrendo de medo do próximo jogo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Os desafios da Copa

Acabei de ler no portal Terra que jornalistas e torcedores em geral estão enfrentando muitos problemas durante a Copa do Mundo na África do Sul: roubos, dificuldades de acesso aos estádios por causa do trânsito, insegurança em geral.
Não é fácil organizar um evento desse porte, que junta gente (em geral, fanática) de várias partes do mundo, com culturas e idiomas diferentes. Esse é um desafio que enfrentaremos (inclusive, nós de Cuiabá) daqui a quatro anos. Não tenho a pretensão de falar da situação no resto do Brasil, mas aqui em Cuiabá dá até um frio na barriga imaginar o caminhão de problemas a serem resolvidos. 
Insegurança, trânsito, deficiência em transporte público são alguns dos gargalos de uma cidade que tem a sua beleza e seus encantos, mas ainda deixa muito a desejar como capital de um estado célebre pelos números do agronegócio. 
Há dias estamos enfrentando dificuldades decorrentes da deficiente coleta de lixo e, segundo a empresa (ir) responsável, falta lugar adequado para despejar as toneladas de sujeira coletadas diariamente. Dá para ver o lixo acumulado nas calçadas ou espalhados pela ação de animais ou vândalos.
Sem falar nas calçadas praticamente inexistentes. Há poucos dias minhas irmãs, de passagem por Cuiabá, andaram enfrentando o desafio de caminhar pelas vias públicas de um dos bairros mais charmosos da capital. Calçadas irregulares, com mato, lixo e buracos, quando não invadidas por veículos.
Gostaria de poder só entoar loas a Cuiabá, mas meu papel como cidadã e jornalista é apontar problemas, a tempo de serem sanados. A solução depende dos administradores eleitos por nós, porém depende muito também da nossa consciência e posicionamento como cidadãos. 
Que cidade queremos para viver?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fome

Manchete dos principais jornais hoje, a notícia de que 35% dos brasileiros ainda passam fome, segundo o IBGE, é um soco no estômago. A matéria do Estadão acrescenta que 11,7% das pessoas passaram a ter acesso à comida desde 2002/2003.  O jornal O Globo diz que a população gasta tanto com transporte quanto com comida. Isso é um absurdo!
Estatísticas e percentuais parecem dados abstratos, mas não são. Dá para imaginar a angústia das pessoas que passam o dia com fome e vão dormir de barriga vazia. 
Quando estou com fome, produzo mal, raciocino mal e fico de péssimo humor. Isso acontece eventualmente, como há poucos dias quando, por circunstâncias de trabalho (estava numa área rural a centenas de quilômetros de casa), fui obrigada a "almoçar" quase às 3h da tarde, num dia iniciado às 6h. Mas  me conforta a certeza de que vou comer - e bem - em algum momento do meu dia. 
Desde pequena sempre imaginei que seria capaz de fazer loucuras caso fosse submetida a uma situação de fome crônica, principalmente se isso envolvesse minhhas crias. Mas tenho que confessarque tenho feito muito pouco ou nada para aliviar a fome desses 35% de brasileiros. Assumo minha culpa e me envergonho dela.


terça-feira, 22 de junho de 2010

Algo de novo no ar

Nos últimos dias uma das minhas diversões é conferir lista de políticos (prefeitos, ex-prefeitos, parlamentares, ex, etc) que não poderão se candidatar nas próximas eleições se ... 
Enfim, ainda estamos meio cabreiros e desconfiados quanto à aplicabilidade efetiva do Projeto Ficha Limpa no pleito de outubro (quando a esmola é demais o pobre desconfia ...), porém há algo de novo no ar este ano além da fumaça das queimadas - o período de seca promete ser terrível aqui na Região Centro-Oeste - e dos fogos (por causa dos jogos da Copa do Mundo e das festas juninas).
Aqui em Mato Grosso aparece o nome de tanta gente nessas listas que até brinquei: "Acho que vou me candidatar a algum cargo". Afinal, sou mulher (os partidos têm que cumprir aquele percentual) e até agora tenho "ficha limpa". 
A que situação chegamos em nosso país: ser político e ocupar um cargo público quase virou sinônimo de desonestidade! Temos que fugir das generalizações, que são sempre perigosas e não levam a lugar algum. Mas seria muito bom que honestidade, ética e transparência voltassem a ser características comuns em nossa sociedade como todo e não qualidades a serem destacadas de tão incomuns.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Esboços

Pobre blog! Ficou abandonadinho hoje. O tempo passou tão rápido  no horário de almoço que não tive como atualizá-lo.
No meio do dia, enquanto comia, pensei em falar sobre a loucura pós jogo do Brasil. Minha filha mais velha me mostrou fotos da avenida Getúlio Vargas, perto do Chopão e a duas quadras da minha casa. É lá que boa parte da população cuiabana comemora as vitórias da seleção brasileira. Vi um mar de gente e, mais uma vez, tive a certeza de que não pretendo ir à rua nos dias de jogo, ainda mais depois que ela me contou ter presenciado brigas. Acho que estou ficando velha. A multidão, o som alto dos carros, buzinas e fogos me incomodam muito.
 No final do dia, enquanto relaxava na sessão de acupuntura em busca de solução para alguns problemas crônicos, pensei em escrever sobre meus sonhos. Tenho sonhado muito com mar, sonhos intensos, perturbadores - um prato cheio para o psicanalista que não tenho. Num deles, diante da minha dificuldade de enfrentar as ondas para voltar para a areia, decidi pedir ajuda a um homem que estava perto, mas quando fomos sair as ondas tinham sumido e nem precisei de sua ajuda. Achei o sonho bastante claro.
Agora à noite, quando finalmente tive tempo para escrever, pensei que não poderia deixar de registrar a morte de um adolescente de 15 anos num incêndio provocado por outros garotos no Complexo do Pomeri -  a "Febem" de Cuiabá. Outros três meninos permanecem internados. Achei a notícia muito triste. Nossa sociedade continua fechando os olhos para a realidade dessas instituições de "ressocialização" de menores infratores, aonde, volta e meia, vão os representantes da lei para constatar as condições precárias e a insegurança total. Mas pouco ou nada muda depois. Continuamos não dando muitas chances de vida a nossos meninos e meninas carentes.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Digestão difícil

Hoje é sexta-feira, tenho uma longa matéria para terminar de escrever sobre a última viagem feita a municípios do Sudeste mato-grossense e luto para espantar a preguiça, depois de uma semana de muitas festividades: meu aniversário no domingo, posse da nova diretoria da Famato na segunda, jogo do Brasil na terça, comemoração do meu aniversário na quarta, outro aniversário na quinta ... e a certeza de uma noite de sexta e um sábado movimentados por causa da permanência em Cuiabá de uma irmã.
Acabei de vir de um almoço farto e gostoso numa peixaria  em comemoração ao aniversário de um colega. Está tudo bem comigo, mas não posso deixar de registrar e lamentar o assassinato de um pai de família num assalto em São Paulo, diante do filho de 11 anos e da mulher grávida, que também foi baleada. Fatos como esse nos lembram da banalidade da vida (ou da morte) num país, onde a violência, a impunidade se tornaram comuns. A dor e a tragédia andam sempre próximas da alegria. Por que elas machucam tanto certas pessoas e poupam outras?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Comemoração

Hoje uma das minhas irmãs visitantes foi embora. Uma visita muito rápida, mas extremamente significativa e carregada de emoção. Confesso que fiquei com os olhos úmidos quando a vi entrar na sala de embarque. Quando voltaremos a nos ver?
Mas a vida continua. A outra ainda está aqui e temos ainda bons momentos a curtir. 
Ontem festejamos meu aniversário no Chorinho (o bar Choros & Serestas).  Foi muito gostoso - uma noite memorável. Amigos queridos presentes, algumas ausências sentidas - algumas esperadas, outras não. 
Senti muita falta de algumas pessoas que estão sempre presentes nas noite de quarta-feira e que nem sabiam do meu aniversário, mas que não foram ontem. Gente como Sandra, Haroldo e Henrique, que anima e aquece nossas noites com suas vozes e conhecimento musical. Como Andreia, a jovem tocadora de cavaquinho, presença calma, porém fundamental na harmonia musical. 
Mas o Chorinho é sempre assim - recheado de surpresas. Uma noite nunca é exatamente igual à outra. Assim como a vida. Ainda bem.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Excessos verde-amarelos

Ontem, graças àquele jogo morno da estreia da seleção brasileira, tive um final de tarde gostoso com irmãs de passagem por Cuiabá. Fomos ao supermercado comprar ingredientes para o bolo de hoje, lanchamos no Bolo de Arroz, fomos ao ensaio do Cantorum no Morro do Seminário e na volta ainda tomamos (Jane e eu) uma cerveja no bar do Roberto e da Sílvia.
Quanto ao jogo, prefiro não comentar. É claro que não empolgou. Fico só preocupada com os excessos (da torcida brasileira) num dia de jogo morno. Não fui atrás de estatísticas, mas num bate-papo no café da manhã aqui na Famato foram inúmeros os relatos de acidentes testemunhados e de outros que quase se tornaram acidentes. Eu mesma vi, da janela do meu apartamento, um jovem empinando a motocicleta na frente de uma caminhonete que cantava pneus. 
Talvez eu esteja ficando velha, mas nada justifica tantos excessos. Perder a vida ou parar num hospital por causa de jogo é uma grande bobeira, na minha opinião.  Sei que isso são palavras jogadas ao vento porque provavelmente esse clima de euforia, loucura e agressividade só vai se intensificar à medida que a Seleção for se apresentando - e ganhando (espero). 
Por isso, eu, pelo menos, pretendo sair o mínimo de casa nos minutos que antecedem ou logo depois do jogo. Acho mais prudente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Problemas mecânicos

Ontem, por alguns instantes, estava tão feliz e me sentindo tão leve que até acreditei que ter um carro zero quilômetro (ou, pelo menos, mais novo) fosse um detalhe  insignificante. Acho que não tenho o espírito assim tão elevado. 
Ontem deixei meu Paglio 2000 na oficina para tentar resolver um problema recorrente de vazamento de água e risco de aquecimento do motor e estou até agora a pé.
O problema tomou proporções maiores e eu, na minha ignorância, não sei se ele já existia (e estava oculto) ou se foi criado por alguma manobra mal feita do mecânico.
O fato é que estou super chateada porque não sei como voltarei para casa daqui a pouco (num dia de estreia do Brasil na Copa) e nem se terei carro nos próximos dias.
Eu sei que alguém (ou meu bom senso) vai dizer que isso não é o fim do mundo, que posso pedir carona, pegar ônibus (como a maioria dos brasileiros, embora depender de transporte público em Cuiabá seja a treva) ou até um táxi. Mas a sensação de perda e pesar é imensa. Pior é a sensação de burrice e arrependimento: maldita hora que fui levar o carro na oficina! 

PS. O rapaz da oficina acabou de me ligar dizendo que o carro ficou pronto. Ufa! Voltei a ter "chão" de novo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Viva a vida!

Ontem fiz aniversário. Não sei se por isso, ou por conta da viagem que fiz na semana passada, ou da presença de duas irmãs em Cuiabá (a de Brasília e uma do Rio de Janeiro), mas estou com a cabeça nas nuvens. Uma vontade de  curtir o dia bonito e celebrar a vida. 
Fazer aniversário tem isso de bom. Amigos e parentes de longe - e de perto - ligam, outros mandam emails carinhosos ou, no mínimo, uma mensagem pelo orkut. É bom ser lembrada e se sentir querida. Comecei a comemorar no sábado à noite sutilmente, continuei ontem e na quarta-feira vou reunir amigos no Chorinho - a minha segunda casa em Cuiabá. Foi lá que aprendi a cantar (com a ajuda preciosa do Cantorum, ou melhor, do André Vilani) e redescobri o prazer de dançar. E que prazer! 
Não tenho carro zero, nem poupança, mas tenho saúde, duas filhas lindas, uma família maravilhosa e protetora, amigos fundamentais (alguns a distância) e disposição para trabalhar, dançar e cantar. O resto, dizem por aí, a gente corre atrás.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Lar doce lar

Ufa! Estou em casa. Cansada, mas aliviada por ter rodado cerca de 1.700 km em quatro dias sem qualquer incidente. A pior coisa que me aconteceu nesses dias foi ter ido dormir na quarta-feira com minha senha do Banco do Brasil bloqueada (até agora não entendi o motivo) e sem um real na carteira. Ainda bem que no dia seguinte o problema foi sanado com uma ida à agência de Alto Taquari.
Hoje, meu dia começou às 5h em Alto Araguaia, na divisa com Goiás, e terminou (ou melhor, está terminando) às 23h em Cuiabá. Nem pensava que teria energia para escrever, mas cheguei em casa vi o netbook aberto e tomei coragem.
Eu e Rafael (o fotógrafo que me acompanhou nessa viagem) rodamos quase 300 km em estrada de chão até Barra do Garças (a cerca de 500 km de Cuiabá), passando por cidades que quase ninguém conhece em Mato Grosso como Araguainha; almoçamos divinamente à beira do rio em Barra do Garças e seguimos viagem até General Carneiro, onde visitamos uma aldeia bororo.
Por volta de 17h, retomamos a viagem e decidimos tocar direto até Cuiabá, depois de um lanche em Primavera do Leste. Quando chegamos a Chapada dos Guimarães, parecia que estávamos no quintal de casa. 
 Em termos de quilometragem é como se tivéssemos ido a São Paulo e voltado num mesmo dia. Mas é muito boa a sensação de poder tomar banho e dormir em sua própria casa. E o que é melhor: não ter que acordar cedo amanhã!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Em trânsito

Estou em Alto Araguaia, na divisa com Goiás, depois de ter passado a noite e boa parte do dia em Alto Taquari. Nem vou escrever muito agora porque estou exausta e cheia de poeira, mas preferi escrever antes do banho porque depois ia me dar preguiça demais.
Estamos trabalhando hoje desde 6h, numa região de Mato Grosso que segue o horário de Brasília (mas meu relógio biológico segue o fuso de Cuiabá). Isso depois de dormir super mal em Alto Taquari, onde por pouco não ficamos sem quarto. Se algum de meus leitores vier algum dia a Alto Taquari,  é bom reservar hotel antes. Alto Taquari está bombando!  As razões? Isso vocês vão ter que ler na revista Produtor Rural de julho, mas posso adiantar que tem a ver com a construção de uma mega usina de álcool e bioenergia. 
O dia lá foi cansativo, mas muito produtivo e cheio de surpresas. Mas, com isso, minha programação está toda confusa e estourada. Sou obrigada a mudar meus planos toda hora, o que faz parte do jogo. 
Tem horas que acho que estou cansada demais para esse tipo de trabalho; tem horas que acho que é isso que me rejunesce e me mantém na profissão de jornalista.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Rumo Sul

Estou em Alto Garças, a 357 km ao sul de Cuiabá. Estou começando hoje uma reportagem para a revista  Produtor Rural na Região Sudeste de Mato Grosso, dando continuidade a uma série iniciada no ano passado com as regiões Norte, Noroeste, Médio-Norte e Centro-Sul. Falta ainda fazer as regiões Oeste e Nordeste. Quando tiver terminado tudo, vou conhecer razoavelmente este estado imenso, lindo e tão cheio de contrastes.
Amanhã prosseguiremos viagem até Alto Taquari, passando por Alto Araguaia. Estou curiosa: nunca fui a Alto Taquari. Já passei por Alto Garças e Alto Araguaia outras vezes indo de carro para o Rio de Janeiro, mas faz tempo. 
São estranhas essas cidades que crescem às margens das rodovias. Hoje conversei com uma moça que mora em São Pedro do Cipa e trabalha num comércio na beira da estrada. Ela disse que adora o barulho dos caminhões. "É sinônimo de movimento", disse. Definitivamente a gente tem que aprender a não julgar a vida dos outros pela nossa. Ela parecia tão feliz fazendo pedicure ali à margem de uma BR e me contou que perdeu o marido há seis meses num acidente de carro. Detalhe: ela tem três filhos e apenas 25 anos. 
É ... Viajar por Mato Grosso é cultura!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Novos tempos

Quando nasci minha mãe tinha 44 anos e ela ficou viúva aos 49 anos. Era uma mulher muito bonita, porém a lembrança que tenho dela nessa época era de uma pessoa velha. Assim que meu pai morreu, botou luto fechado e demorou um bom tempo para que voltasse a vestir alguma roupa de cor (assim mesmo só tons neutros e claros). Pouco saía ou se divertia. Era uma pessoa bem humorada, sagaz, mas era sobretudo uma pessoa do lar, que gostava de reunir as pessoas em volta da mesa de almoço e jantar. 
Por que estou falando sobre isso? Porque cada vez mais me dou conta do quanto o mundo mudou nos últimos 50 anos no aspecto doméstico. Na quinta-feira passada, eu estava super orgulhosa de reunir minhas duas filhas e meu "genrinho" em volta de um bolo recém saído do forno. Fiquei orgulhosa também de ver a "minha" receita de mousse de chocolate (na verdade, a mousse da tia Jane) replicada por todos os cantos (as meninas e suas amigas adoram). E só.
Segui em outro rumo: mal sei cozinhar e às vezes lamento não ter o dom de oferecer a meus amigos e à minha família um almoço como os da minha mãe. Fazer o quê? Cada um nasce com um dom e parece que não herdei o da minha mãe - e tampouco quis aprender com ela a arte da culinária.
O mundo mudou. Hoje os encontros acontecem em restaurantes ou então contrata-se um profissional (ou mais de um) para preparar a comida da moçada, como ocorreu nos dois almoços dos quais participei nos últimos domingos. 
Sinceramente? Sinto nostalgia dos almoços preparados por minha mãe, mas prefiro curtir a festa à minha maneira: cantando, dançando e bebendo. No máximo, se precisar, posso dar uma força com a louça depois ou então levar uma sobremesa. Nesse sentido contrario minha xará, Marta, irmã do Lázaro, aquele que Jesus viria a ressuscitar. Conta a Bíblia que ela foi se queixar a Jesus que sua irmã Maria só estava curtindo a presença Dele, enquanto ela trabalhava e corria de um lado para outro. Jesus lhe respondeu que Maria tinha escolhido a melhor parte. Eu também. 
"Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; 
E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada"
(Lucas 10:41b-42).




domingo, 6 de junho de 2010

Orgulho

"A cada dia que passa mais me convenço de que o desperdício da vida está no Amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que esquivando-se do sofrimento podemos perder também a Felicidade. A Dor é Inevitável- O Sofrimento é Opcional." (Carlos Drummond de Andrade)
O texto acima foi me passado por um email amigo (recebo tantos que não pertencem a essa categoria!) e gostei tanto que decidi reproduzir aqui, que é uma forma de compartilhá-lo com mais gente e conservá-lo. Ele resume bem o que penso e busco para minha vida, nem sempre com sucesso.
Acho que a maior lição que poderíamos passar para nossos filhos e outras pessoas que nos busquem como referência é que a dor faz parte da vida. Nem sempre você vai ganhar, conseguir o que quer, sem falar na dor física que também faz parte do processo. Só se machuca quem cai; só cai quem se arrisca, quem tenta sair do lugar. O excesso de proteção não faz bem a ninguém. A capacidade de se arriscar, correr o risco de quebrar a cara, tomar um não, é fundamental para se viver com plenitude. Até para se aprender mais sobre si mesmo. 
Fui uma criança super protegida (três ou quatro mães à minha volta). Foi bom? Sim, teve seu lado bom, mas por um triz não cresci medrosa demais, insegura demais. Nem sei como virei jornalista, saí de casa, me mudei de estado - com sofrimento, mas com alegria também. Sinto que escrevi - e ainda estou escrevendo minha história. Caramba, estou orgulhosa de mim!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Envelhecer

Hoje de manhã pensei com meus botões: uma das maiores felicidades da vida é saber envelhecer com dignidade. Aceitar que a pele já não é tão viçosa, que os cabelos não têm o mesmo brilho que antes, que os olhares já não se voltam para você com a mesma frequência que antes (que diferença isso faz se você sempre pareceu não perceber e morria de vergonha?)
Sei que falar isso é chover no molhado, mas como é difícil a gente se libertar da pressão da sociedade pela beleza, pela juventude. Outro dia minha amiga Bernadete Piassa escreveu em seu blog sobre a cobrança que existe em relação a um corpo magro http://piassa-braziliansoul.blogspot.com/.
Hoje, enquanto aguardava na fila das Lojas Americanas, vi uma dezena de revistas femininas (das mais baratinhas, de R$ 1,99, às mais sofisticadas), que vendiam dietas milagrosas, fórmulas incríveis para chegar ao corpo dos sonhos e perder aquelas gordurinhas extras. Eu, que trazia nas mãos um pacote de marshmallow, brinquei com minha filha caçula: "Ainda bem que a gente não tem esse problema".
Mentira, mas nem por isso ficamos obcecadas por ter o corpo dos sonhos. Mas como é difícil se sentir bonita, atraente na meia idade (uau, pesado esse termo, não?)
Quando a gente vê um cara mais velho, grisalho e bonito (são raros, por aqui) a gente pensa "que coroa bonitão!" Porém se alguém passar por mim e dizer que "que coroa bonitona", eu me sentiria meio incomodada.
Por que a gente tem que sempre esperar que as pessoas digam: "Nossa, 53 anos? Não parece!" Racionalmente, a gente diz: "O importante é ter saúde!" Claro que é, mas o mais importante mesmo é estar com a cuca boa para aceitar com tranquilidade os fatos da vida e até a possibilidade de um novo amor na, argh, meia idade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aniversário




Tomo a liberdade de veicular esta "arte" do colega Neemias que homenageia os aniversariantes do mês de junho da Famato. O motivo da inclusão no meu blog é óbvia: estou entre os aniversariantes (Onde está Martha?)
Achei a ideia muito boa e confesso que sempre fico curiosa para saber como nosso amigo artista vai caracterizar o/a aniversariante. 
Fazer aniversário é bom: às vezes você ganha presentes e, de modo geral, recebe uma enxurrada de carinho dos amigos mais chegados e da família. Hoje, temos que agregar a isso também inúmeras mensagens (algumas bem protocolares) recebidas via orkut, além das mensagens nada a ver de empresas e/ou pessoas com quem você mantém relações meramente profissionais.
Tem também o aspecto de estar ficando mais velha (esse papo de melhor idade não me convence), mas por outro lado completar mais um ano significa que você teve mais um ano de vida, o que não é de se desprezar num mundo onde tantos jovens e crianças não têm a mesma chance. O que você fez com esse tempo e o que pretende fazer com o que vem pela frente é  outra história.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Haja estômago!

Tenho um sobrinho e afilhado (aliás, uma das pessoas mais interessantes que conheço) que diz que não lê blog de ninguém porque as pessoas nunca dizem realmente a verdade por autocensura. Eu argumentei que costumo me expor bastante no meu blog, mas reconheço que muitas vezes tenho que guardar alguns sentimentos e opiniões para mim. Não seria nada sensato ir dizendo tudo que penso e sinto num espaço tão público ... 
De vez em quando, como ontem, eu me surpreendo com o "alcance" deste blog: fiz um comentário (do qual nem me recordava) sobre um hotel no interior de Mato Grosso e ontem, sete meses após visitá-lo, recebi um email de alguém do hotel meio que pedindo desculpas por minhas acomodações (reclamei do tamanho do banheiro) e meio justificando que eu não conheci todos os apartamentos e portanto ... O email terminava com uma oferta de melhores acomodações quando eu voltar lá. Então tá combinado. 
Hoje eu poderia falar sobre o prazer de almoçar em família, mesmo que seja num restaurante a quilo (almocei com minhas filhas e primos de Cáceres de passagem por Cuiabá), mas não posso deixar passar batido o ataque israelense á frota de navios que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Há algum tempo eu decidi que não iria me deixar mais impressionar com mortes, atentados, etc, daquele lado no mundo. Por mais que me esforce não consigo entender e tampouco acreditar numa solução pacífica. Confesso, porém, ter ficado chocada com esse último incidente, que deixou o saldo de  pelo menos 10 mortes e 25 feridos.   
No mais acabo de ler em OFiltro que o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) foi presentado com o maior volume de recursos dado a uma emenda de um congressista (R$  6, 6 milhões) no mesmo dia em que seu partido confirmou apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Roussef, do PT. Haja estômago!