domingo, 30 de setembro de 2018

Merlí



Acabei de assistir a um episódio especialmente bom da série “Merlí”, da Netflix.  Chorei até. Para quem nunca viu, trata-se de uma série cujo cenário principal é uma escola pública de Barcelona, onde o protagonista é um professor de filosofia, Merlí Bergeron, um cara irreverente, surpreendente e que sempre se mete onde não é – e onde é – chamado. 
Cada episódio tem como título e tema condutor um filósofo, cujas ideias principais servem de pano de fundo para os acontecimentos envolvendo professores e alunos. O episódio ao qual me referi foi dedicado a Kierkegaard e o tema principal foi a morte, mas também o fato de todos nós errarmos. Acho que é isso que mais me agrada na série: todos erram, inclusive Merli. Amizades são desfeitas e refeitas, antigos inimigos se tornam aliados. Na vida também é assim, mas é difícil para nós admitirmos nossos erros e, eventualmente, pedirmos perdão. 
Os políticos também são seres humanos, mas por conta do ego, da sede do poder, eles querem nos fazer crer que são mitos, paladinos da justiça ou coisa parecida. Não são. Apenas, a maioria deles tem mais cara de pau do que nós, meros mortais.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Overdoze no Sesc Arsenal



Em meio à tensão da atual campanha presidencial, vivi momentos de imenso prazer no Sesc Arsenal, em Cuiabá, na quentíssima noite de sábado passado. 
Acontecia a programação do Overdoze - evento realizado como fechamento de Guaná 2018, Aldeia de Arte e Cultura. Afora a pouca divulgação de um evento de tamanha grandiosidade, só tenho elogios para o Overdoze deste ano.
Minha intenção inicial era assistir à apresentação da dupla Vera e Zuleika, artistas consagradas que raramente têm pisado num palco nos últimos anos, embora estejam quase sempre presentes nas plateias dos espetáculos realizados na capital mato-grossense. Detalhe: soube do show por indicação de uma amiga.
Como essa apresentação estava marcada para as 22h30, resolvi conferir o que aconteceria antes. Decidi ir às 20h30 para assistir aos shows de Luth Peixoto e banda, e da amiga Deize Águena. Ficaria para a apresentação de Vera e Zuleika e voltaria para casa. Pois, acabei deixando o Sesc depois das 2h da madrugada e ainda corria solta a incrível apresentação de Nega Lu e banda. Fui vencida pelo cansaço.
Adorei o show de Luth Peixoto, cujo talento aprecio desde que ele era atração fixa no saudoso Tom Chopin. Luth também é autor e fez uma apresentação vibrante e contagiante.
Em seguida, Deize, Rita de Cássia, Rusível de Jesus, Mônica Campos e Nilson Brito nos deliciaram com sambas memoráveis.  Peço desculpas se esqueci de mencionar algum músico.
Vera e Zuleika já subiram ao palco "causando". Que força têm essas "meninas" no palco! Em companhia de músicos excelentes (Rusível de Jesus no violão, Fidel Fiori no baixo e Josué de Carvalho na percussão), elas arrasaram com a originalidade de suas canções e vozes. Espero que não demorem tanto para se apresentar novamente.
Resolvi aguardar o show de Nega Lu, mas não sabia o que aconteceria em seguida. Rolou o som do Zabumba Beat, forró da melhor qualidade produzido por músicos de Mato Grosso. O tempo passou rápido! 
Logo depois subiram ao palco os três músicos do Trio Trinca Brasil de Brasília. Não tinha informação alguma sobre eles (e continuo sem ter, a propósito) e me apaixonei. Foi a grande surpresa da noite para mim. Eu amo música instrumental e os caras são músicos excepcionais. Gaita, violão e bateria se revezando em solos e arranjos que fazem bem à alma e nos fazem esquecer a maré de ódio e imbecilidade que varre este país. "Ponteio", "Trenzinho do caipira" e outros "clássicos" se juntaram a músicas autorais num repertório delicioso que proporcionou quase uma hora de êxtase, sentada na grama do jardim do Sesc Arsenal. 
A noite já estava menos quente e aí Nega Lu e seus músicos subiram ao palco apresentando repertório autoral. Dona de grande voz, Nega Lu me surpreendeu com a qualidade de seu trabalho, mas como disse antes eu já estava exausta e não consegui ficar até o final. Poucas pessoas ficaram e dava para perceber que havia muitos amigos e parentes da própria cantora, que é de Rondonópolis.
Imagino a loucura que deve ser organizar uma programação iniciada às 14h, mas eu questiono se o público de Cuiabá tem esse pique para acompanhar uma maratona de shows que vai até tão tarde. Fiquei um pouco triste vendo Nega Lu e seus músicos se apresentando para meia dúzia de gatos pingados! 
O público do Sesc Arsenal é bem família. A gente vê muitos pais com filhos, que aproveitam as atrações para o público infanto-juvenil e acabam voltando para casa razoavelmente cedo. Mas muita gente não tem o hábito de frequentar o espaço, sobretudo num horário mais tardio, até porque o Sesc Arsenal costuma fechar antes de meia-noite, ou seja, não há essa cultura de ir lá mais tarde. O lugar é lindo, a comida boa e barata, mas, na minha opinião, ainda carece de divulgação para um público mais amplo, sobretudo em ocasiões especiais como o Overdoze.
Em resumo, gostaria que mais gente tivesse aproveitado a oportunidade de apreciar tantos talentos e música de tão boa qualidade.
PS. Fotos gentilmente cedidas por Maria Teresa Carrión Carracedo, que me alertou sobre o show de Vera&Zuleika no Overdoze.