domingo, 13 de julho de 2014

Teve Copa




Os últimos 30 dias foram atípicos. Tiveram momentos de muita expectativa e ansiedade, momentos deliciosos (como as horas passadas com meus hóspedes estrangeiros: a australiana Jennifer e seu marido, o holandês Ruud; os canadenses David e Désirée; o chinês Sam e sua namorada, a filipina Johana) e momentos de decepção.
Foi muito gostoso a realização de alguns jogos da Copa em Cuiabá, apesar de toda expectativa negativa e da raiva passada por conta do atraso de muitas obras (para falar a verdade, essa raiva não é passado e continua viva). A Arena Pantanal ficou linda, cumpriu seu papel e agora a pergunta que fica é: o que será feito desse grande estádio a partir de agora? 
Os turistas vieram, principalmente chilenos e colombianos, e saíram satisfeitos com a hospitalidade mato-grossense.
Foi uma delícia assistir a alguns jogos do Brasil no bar Choros & Serestas (o meu querido Chorinho), apesar de o local ter sido cenário da partida fatal com a Alemanha. 
Falar desse jogo é chover no molhado: não acho que ocorreu um apagão de 5 ou 6 minutos. Acho que nossa seleção era fraca, muito dependente de um jogador só (Neymar) e se perdeu muito tempo com firulas. Cabelinho pra cá, visitas nada produtivas, enfim, prevaleceu o show e faltaram treino, aplicação e um esquema de jogo mais inteligente. Faltou trabalho.
Alguém pode dizer que é fácil falar depois do leite derramado. Nunca cheguei a me empolgar com essa seleção (difícil se empolgar depois de um jogo como aquele contra o México), embora tenha curtido muito o jogo contra a Colômbia. Fiquei sempre na saudade dos grandes escretes que vi jogar, que podiam até perder (como perdeu a geração de Zico e Sócrates), mas impunham respeito em campo e faziam nosso coração disparar de orgulho e emoção, e não de medo de rodar - ou de levar uma goleada histórica.
Tomara que o que aconteceu sirva de estímulo para mudanças. 
Gostei da vitória da Alemanha. Embora quisesse permanecer neutra (afinal, tínhamos a possibilidade de um campeão sul-americano), não escondo que torci pela seleção alemã, por ene razões ... Seria insuportável ficar ouvindo Maradona e outros argentinos curtindo com a nossa cara. Pelo menos, no caso dos alemães, não teremos que ouvir gozações e, se ouvirmos, não entenderemos ...
Andei fazendo uma pesquisa básica num momento mais monótono do jogo deste domingo e constatei que em 20 torneios de Copa do Mundo, o Brasil sagrou-se pentacampeão, Itália e Alemanha são tetra, Uruguai e Argentina são bi e os outros campeões são Inglaterra, França e Espanha. 
Faz 12 anos que um time sul-americano não ganha uma Copa, já que os últimos campeões foram Itália (2006), Espanha (2010) e agora Alemanha. 
Tivemos grandes representante do futebol americano nesta Copa e no final grande parte dos latino-americanos (pelo menos os brasileiros) torceu por uma seleção europeia. Fazer o quê?
Antes que eu me esqueça, não podemos deixar de destacar a prisão de lideranças dos protestos de rua, nos últimos dias. Confesso que ainda não me informei suficientemente sobre o assunto, mas ao que tudo indica as prisões foram arbitrárias. Pelo que vi hoje o pau voltou a comer no Rio de Janeiro no entorno do Maracanã. Confesso que estou com medo do que vem por aí ... Sempre achei que a combinação Copa do Mundo e eleições era totalmente indigesta. Aqueles que achavam que a vitória do Brasil iria favorecer a reeleição da presidente Dilma devem estar felizes ... Só o tempo dirá o que vai acontecer. Só sei que aqui em Mato Grosso teremos pela frente uma disputa bastante acirrada. 

PS. A foto ilustra a parceria dos alemães com os índios Pataxó do Sul da Bahia. Pode ter sido jogada de marketing, mas é melhor um marketing tem traz benefícios para uma população sofrida e carente do que o marketing pelo marketing, que só beneficia o patrocinador e seu(s) garoto(s)-propaganda.