quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Músicos maravilhosos



Nos últimos dias assisti a dois documentários musicais. Ambos maravilhosos, mas de origens diferentes e sobre temas também diversos.
Assisti ao primeiro no domingo, ou melhor, comecei a assistir porque o sono feroz (depois de um dia de banho de rio na Chapada dos Guimarães e caminhada no Parque Mãe Bonifácia) me impediu de concluir meu intento. 
Trata-se do documentário "Buena Vista Social Club", dirigido pelo alemão Wim Wenders em 1999. O documentário teve uma bela carreira internacional, com direito à indicação ao Oscar em sua categoria, mas, por razões que só quem mora na periferia dos grandes centros urbanos entende, nunca consegui assisti-lo. Estava procurando um filme para assistir na Netflix quando o encontrei.
O filme é muito bom! Fiquei com vontade de assistir de novo e de novo e de novo. Ele fala sobre a reunião de antigos músicos cubanos (excelentes), que são tirados do ostracismo por causa de um disco produzido pelo guitarrista e produtor musical norte-americano Ry Cooder. Esses artistas têm em comum o fato de terem se apresentado no Buena Vista Social Club, em Havana (capital de Cuba), que fechou as portas nos anos 50.
O filme é um passeio por Havana, que ora lembra a Lapa carioca com seus casarões belos e decadentes; ora lembra a zona portuária do Rio de Janeiro. Mas, em meio às ruas esburacadas, as lentes de Wenders conseguem captar beleza, por exemplo, da gente reunida nas portas e que saúda os músicos protagonistas. As cenas perto do mar são belíssimas. Os depoimentos dos músicos, que seguem um roteiro básico (quem sou, como me iniciei na carreira musical), são emocionantes e suas performances (seja no estúdio precário, seja nos palcos de teatros famosos em Amsterdam e Nova York) são inesquecíveis. O filme e o disco Buena Vista Social Club fizeram muito sucesso nos anos 2000 e sei que alguns dos músicos destacados morreram logo depois desse ressurgimento.
O outro documentário, assistido ontem, chama-se Loki, e foi dirigido por Paulo Henrique Fontenelli, em 2008. Tive acesso a ele  por sugestão do Facebook (post sobre o Canal Brasil). Também fiquei com um pouco de sono, mas resisti até o final. Adorei! Ele conta a história de Arnaldo Baptista, o lendário fundador e líder da banda Os Mutantes, formada com seu irmão Sérgio Dias e a cantora Rita Lee, que foi casada com Arnaldo.
Baseado em depoimentos de amigos e críticos musicais (Tárik de Souza e Nélson Motta, entre outros), e em imagens preciosas de todas as fases de Arnaldo (desde sua primeira banda, anterior aos Mutantes), o documentário ressalta a genialidade do músico, incensado por artistas estrangeiros como Kurt Cobain (Nirvana) e Sean Lennon (o filho de John e Yoko).
O documentário é muito emocionante por tudo que Arnaldo passou (o envolvimento com drogas pesadas, a tentativa de suicídio de uma clínica de reabilitação) e mostra o artista hoje, pintando em seu sítio em Juiz de Fora, onde mora com a atual mulher e fiel escudeira Luciana Barbosa. O final é lindo! (não vou dar uma de spoiler) Vale a pena ver este documentário sobre um músico ícone de uma das épocas mais criativas da MPB. Ah, Loki é o nome de um disco solo de Arnaldo, lançado em meados dos anos 70, na fase pós-Mutantes e considerado uma obra-prima por muitos músicos e pelos fãs.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mesa pra seis, por favor



Em meio a tantos acontecimentos impactantes - o desastre ambiental de Mariana e a volta do terror em Paris - resolvi escrever sobre o belo.
No domingo, venci a preguiça e fui ao Teatro da UFMT assistir à apresentação do novo grupo vocal mato-grossense Mesa pra seis, formado por Jefferson Neves, Klauber Borges, Raul Fortes, Laís Epifânio, Thaina Pinheiro e Tuanny Godoy.
Foi lindo! A proposta do grupo, pelo que entendi, é valorizar a boa música popular brasileira (Chico Buarque e Cartola) e alguns clássicos da música internacional (Gershwin, Cole Porter, entre outros), em arranjos vocais belíssimos, especialmente, pela mistura de vozes masculinas e femininas.
O show também teve direito a alguns solos e contou com a participação do violonista Eduardo Santos. A se destacar também a percussão feita por alguns integrantes do grupo (Raul e Tuanny) e a performance de Jefferson Neves ao piano.
E o que tornou esse show tão especial? Exatamente a suavidade: o cenário, a iluminação, os figurinos - tudo estava extramente harmônico. Algumas vozes se sobressaíram em alguns momentos (especialmente nos solos), mas tudo aconteceu de uma forma suave, extremamente agradável para meus ouvidos tão cansados de barulho e estridência. 
Todos os solos foram lindos, mas ouvir a bela voz de Jefferson Neves interpretando "Everytime we say goodbye", do compositor Cole Porter, não tem preço!
O espetáculo "Ao Amanhecer" foi primoroso e, ao final, o público da apresentação de domingo foi surpreendido com a notícia de que a cantora Laís Epifânio tinha se apresentado sob o peso da notícia da morte de seu marido, ocorrida depois que ela já estava no teatro. Os músicos no palco não conseguiram mais segurar as lágrimas, contidas durante o show, e muitos também se emocionaram na plateia. 
Fiquei encantada com o profissionalismo de Laís, que nos brindou com uma versão dramática de "As rosas não falam" (Cartola) e também se destacou com a interpretação de "Summertime" (George Gershwin) ao lado de Thainá Pinheiro. 
Mato Grosso sempre está nos surpreendendo com a qualidade de seus artistas. Como sou mais ligada à música, acabo acompanhando mais a parte musical, seja vocal ou instrumental. É uma pena que a distância dos grandes centros urbanos (eixo Rio/São Paulo) dificulte um pouco a divulgação de nossos talentos.
Espero que o espetáculo "Ao Amanhecer" volte a ser apresentado (foram só duas apresentações no Teatro da UFMT neste final de semana) e mais pessoas possam desfrutrar do prazer de assisti-lo e de ouvir as vozes do grupo Mesa pra seis.