domingo, 29 de maio de 2016

A magia do teatro



"Peer Gynt, o Imperador de si mesmo" é o título de uma peça teatral em 5 atos, escrita em versos pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen e publicada em Copenhagen, em novembro de 1867. A primeira apresentação da peça no palco aconteceu em Oslo, capital da Noruega,  em 1876.
Pois o lendário,sonhador e sedutor Peer Gynt vem ganhando vida nos palcos de Cuiabá através do ator Sandro Lucose, do Teatro Mosaico. Neste final semana, Peer Gynt/ Sandro Lucose foi visto no palco do Teatro da UFMT.  Há cerca de um mês, andou pelo Teatro Zulmira Canavarros e, em poucas semanas, poderá ser encontrado no teatro do Sesc Arsenal (dias 11 e 12 de junho).
É uma chance para quem ainda não assistiu a essa montagem, que resume a história do herói (ou seria mais um anti-herói?) norueguês em cerca de uma hora de espetáculo. 
Sozinho no palco, Sandro dá vida a inúmeros personagens, entre homens e mulheres - como um impagável noivo gago. Lançando mão de recursos básicos da arte teatral - mudanças de voz, expressão corporal, iluminação e alguns adereços de palco, como tecidos -, o ator consegue narrar com grande vivacidade as aventuras e desventuras de Peer Gynt.  
Uma narrativa rica que ora diverte, ora emociona.  Mas, para isso, é preciso esquecer um pouco a razão e se entregar ao clima onírico do espetáculo. 
" Peer Gynt fechou os olhos, talvez para dormir, talvez para finalmente encontrar a si mesmo. (...) Tesouros que as traças devoram e a ferrugem corrói não importam. O nosso tesouro maior está no pensamento, no bom senso e nos sonhos. São eles que podem reerguer os que tombam. E mesmo aqueles que tenham suas vidas ceifadas em um lapso de segundos, por ora, a morte não  existe, porque os nossos espíritos são tesouros eternos e, por isso mesmo, podemos confiar nossas esperanças na certeza do amanhecer",  diz Peer Gynt/Sandro Lucose no belo texto impresso no marcador entregue como souvenir na saída do teatro.
Bilheteria solidária em prol de várias instituições filantrópicas e a participação de amigos na produção do espetáculo - tudo isso faz parte das últimas temporadas de "Peer Gynt".
Descubro ao final da peça que Sandro Lucose é natural de Poxoréu e se apaixonou pelo teatro ainda menino numa visita de escola ao teatro da UFMT. 
Há mais de 10 anos acompanho o trabalho do Teatro Mosaico e já vi encenações com vários atores, de textos variados, mas ainda não tinha visto um monólogo em que apenas um ator dá vida a tantos personagens.
Na primeira vez que vi "Peer Gynt" com Sandro Lucose, por questões técnicas ou pessoais, não fui tocada pela magia do teatro, mas nesta noite de domingo, eu me deixei seduzir pelo talento do ator e pela beleza da encenação (iluminação, trilha sonora, efeitos visuais e sonoras). Trouxe um pouquinho de Peer Gynt para casa.