terça-feira, 30 de junho de 2009

Assis Valente

No domingo assisti ao espetáculo em homenagem aos 100 anos de Carmem Miranda, que fez parte do Circuito Cultural do Banco do Brasil. Diga-se de passagem que a programação estava interessantíssima, mas eu quase não pude desfrutar dela por problemas pessoais que não vêm ao caso.
A apresentação foi linda, super alto astral, com ótimos cantores (Eduardo Dusek e Rita Ribeiro), músicos fantásticos e um apresentador, cujo nome não me recordo, que ia contando a historinha por trás de cada música, com bom humor e muita propriedade.
De tudo que contou o que mais me impressionou foi descobrir que o compositor Assis Valente - aquele de "Camisa listrada", "Uva de caminhão" e "Brasil pandeiro" - suicidou-se. O apresentador deu a entender que a morte do compositor teve a ver com a ida de Carmem Miranda para os EUA, afinal, ela era uma das melhores intérpretes de suas canções mas leio na wikipedia que ele se matou por causa de dívidas. Uma coisa, obviamente, não exclui a outra. Achei muito triste que um compositor tão talentoso e até hoje lembrado em inúmeras rodas de samba tenha tido um final tão melancólico.
Agora sempre que ouvir e cantar suas músicas vou me lembrar dele com uma pontinha de tristeza.
Por outro lado, aprendi que Sinval Silva, autor do samba "Adeus batucada", outro grande sucesso da Pequena Notável, era motorista da cantora e lhe apresentou essa obra-prima do samba quando exercia o seu ofício. O apresentador do show contou que esse samba é considerado uma espécie de despedida de Carmem do público brasileiro. Vou ao google e descubro um vídeo fantástico no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=-fWtoHDdWz8) mostando cenas do velório da cantora ao som de "Adeus batucada".
E a gente fica só falando de Michael Jackson ...

A força do pensamento

Tenho uma filha que descobriu tardiamente o livro "O segredo", aquele que todo mundo andou comentando no ano passado (ou foi no retrasado? O tempo tem passado tão rápido...) Ela está convencida da força de seu pensamento positivo e tem tido algumas "provas" de que a coisa funciona. Eu, como sou mais cética, vejo tudo isso com reserva, mas também não vejo por que contestá-la. É melhor acreditar do que não acreditar na força de seu próprio pensamento.
Quanto a mim, percebo que quando realmente me determino a fazer alguma coisa, ela acaba acontecendo, mas duvido da minha capacidade de interferir em acontecimentos externos. Por exemplo, se sou finalista de um prêmio, será que meu pensamento é capaz de interferir no resultado do concurso? Não creio.
Percebo, entretanto, que quando a gente acorda com o tal do pé esquerdo tem a impressão que tudo dá errado. Nesse caso, acredito sim que você fica com uma energia negativa que atrai coisas ruins que só vêm confirmar o seu mau pressentimento. Em outras palavras, se você está de bom astral, as coisas boas ou ruins vão acontecer e você vai recebê-las sem fazer uma tempestade em copo d'água; se estiver de baixo astral, tudo que acontecer de ruim só vai confirmar o seu espírito de derrota.
Sempre que falo disso eu me lembro de duas pessoas importantes na minha infância e adolescência: uma delas considerava-se "azarada" e parecia não perceber as coisas boas que lhe aconteciam; a outra parecia estar sempre de bem com a vida (pelo menos na minha frente) e conseguia literalmente enxergar o sol num céu carregado de nuvens de chuvas.
Quanto a mim, alterno entre os dois comportamentos, mas tenho consciência deles e procuro seguir o segundo exemplo, embora muitos dias me pareçam nebulosos ainda que o sol esteja brilhando em todo seu esplendor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E agora, governador?

Está quase passando batida uma notícia que pesquei outro dia no site OFiltro (http://colunas.epoca.globo.com/ofiltro/): levantamento do MEC, divulgado pelo jornal O Globo, revela que quatro estados brasileiros - Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Sul e Sergipe - e 165 prefeituras aplicaram em 2008 menos que 25% de sua receita na educação, ferindo o que determina a Constituição brasileira.
Portanto, meus amigos mato-grossenses, quando virem aqueles outdoors dizendo que o governo de MT investe em educação, desconfie!

Alerta

Estava dando uma olhada num jornal cuiabano (A Gazeta) e me deparei na mesma página com duas matérias relacionadas à pecuária: uma falava sobre preços da carne e a outra sobre uma família ligada à indústria do setor que foi presa pela Polícia Federal há poucos dias.
Na mesma página, vi a palavra "cadeia" usada em dois contextos diferentes e meio que me confundi. Fica o alerta: do jeito que a coisa está, é melhor tomar cuidado, pois nem sempre o termo pode estar se referido à chamada "cadeia da carne", cujos elos são produtores, frigoríficos, atacadistas e varejistas (açougues e supermercados).
Muitas vezes quer dizer xadrez, xilindró, prisão.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Felicidade

"Estar feliz sem ter motivo é a mais autêntica forma de felicidade". A frase, atribuída ao poeta Carlos Drummond de Andrade, me motivou a escrever esse post e me tirou momentaneamente do mau humor causado pelo velho problema da vista.
Por incrível que pareça, encontrei a frase inspiradora no site Beefpoint, cuja newsletter recebo diariamente por força do ofício. É um site bacana para quem trabalha com agronegócio.
Achei interessante porque ontem comentei com uma amiga no ensaio do coro Cantorum que eu estava feliz por causa de uma "coisa pequena", meio que justificando minha felicidade. Na sua sapiência, ela disse que as coisas pequenas é que nos traziam felicidade.
Pois bem, fiquei muito contente de saber que meu blog tem sido lido por pessoas ligadas ao meio musical de Cuiabá. Ontem, por exemplo, recebi um email de um músico - não sei se ele gostaria que eu dissesse seu nome - me convidando para o show de sua banda e solicitando um feedback sobre o grupo. Adorei!
Tenho que confessar para vocês uma coisa: no fundo, no fundo, meu sonho sempre foi trabalhar no Caderno B do Jornal do Brasil, que reunia na época em que comecei no jornalismo os jornalistas mais charmosos do país, como Tarik de Souza, Norma Couri e Zuenir Ventura, só para citar alguns.
Quando eu estava quase mudando para Mato Grosso, fui convidado pelo ex-editor do Caderno B, Humberto Vasconcelos, que estava editando o Segundo Caderno de O Globo, para trabalhar com ele. Por incrível que pareça, optei pela Editoria Nacional do JB, embora o salário do Globo fosse praticamente o mesmo ou um pouco maior. A paixão pelo JB falou mais alto e troquei a sucursal de Veja no Rio por uma terceira e última passagem pelo edifício da Avenida Brasil, 500. Bons tempos! É claro que nem tudo era maravilhoso - muito pelo contrário - mas a passagem do tempo tem esse dom de nos fazer conservar mais as boas lembranças (quase sempre). No caso do JB, isso quer dizer "mística", "pessoas muito bacanas" e "profissionais fantásticos".

PS. Eu me esquecid de dizer que meu sonho mesmo era trabalhar na revista "Realidade", que não existia mais na época em que estreei no jornalismo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Por um fio

Como é de hábito escrevi mentalmente este post enquanto me arrumava para trabalhar. Não sei se vou conseguir repetir tudo que pensei, mas vou tentar.
Ontem, minha filha caçula me falou da tristeza de uma amiga, que conheço há muitos anos e adoro. Estresse causado pela expectativa do vestibular e escolha da profissão, desentendimentos com o namorado e os pais, enfim, problemas do cotidiano que estão deixando a adolescente de 17 anos à beira de um ataque de nervos.
Fiquei triste por ela e sem saber o que fazer. Sempre percebi nessa menina uma certa dificuldade no relacionamento com a mãe, que conheço superficialmente, mas que me parece uma pessoa muito bacana. Fiquei pensando como é frágil essa relação entre pessoas que se amam e que muitas vezes são do mesmo sangueemMuitas vezes, elas vão se afastando, criando um abismo difícil de transpor.
Ouso dizer que tenho conseguido me manter bastante próxima de minhas duas filhas, enfrentando de frente nossas tristezas, frustrações e dificuldades. Às vezes, eu me acho um pouco "chata" com a mais velha; em outras, eu me sinto "mole" demais, mas sempre procuro compensar essas dificuldades com um beijo, um toque de carinho, um sorriso.
Nem sempre é fácil ...
Às vezes, não sou tão feliz nos meus outros relacionamentos - com amigos, colegas de trabalho e pessoas do sexo oposto. A gente vai se afastando, se afastando e, de repente, já está tão longe da pessoa que fica difícil a reaproximação.
A vida me ensinou, entretanto, que os laços de amizade que valem a pena não se rompem jamais mesmo que pareçam por algum tempo irremediavelmente esgarçados.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Nostalgia

Neste fim de semana, que foi de muito trabalho como os últimos da minha vida (o perigo é eu acabar me acostumando), senti uma saudade imensa do Rio de Janeiro, abreviada um pouco por longos bate-papos ao telefone com minha irmã Jane (que pagou a conta, é claro!).
Estou com saudades do cheiro do mar. Parece pernóstico dizer isso, mas só quem se acostumou com a proximidade do mar desde pequeno, pode me entender ... Quando você vive perto do mar, sinceramente, não precisa de muita coisa para se sentir bem. Um mergulho no final da tarde ou um passeio na beira do mar, ouvindo o barulho das ondas e sentindo a água fria bater, pode ser muito reconfortante. Não sinto tantas saudades da praia cheia, da muvuca do horário de sol a pino, do grito dos ambulantes. Gosto mesmo é da praia no finalzinho da tarde, já que não gosto muito de acordar cedo.
Vou ter que segurar essa nostalgia por algum tempo, mas pelo menos este ano, pela primeira vez em muitos, posso sonhar com um mês de férias. Quero ir ao Rio sem pressa, subir a serra para visitar minha amiga Terezinha em seu sítio em Nova Friburgo, curtir um cinema num dia de chuva, ir dançar na Lapa, comer um peixe no Albamar olhando o movimento das barcas na baía de Guanabara (será que continua tão bom?)... Fazer aquelas coisas sem importância que parecem tão importantes quando se está longe do lugar onde foi criada. Mesmo que o Rio esteja descaracterizado em muitos aspectos, ele continua lindo! Pode crer!
Ah, já ia me esquecendo de dizer que em parte toda essa nostalgia foi provocada pela leitura de crônicas de Rubem Braga, um capixaba que amava o Rio de Janeiro.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Chacrinha

Já faz mais de 48 horas que não escrevo nada neste blog. Não gosto muito de escrever à noite, já estou cansada. Hoje, na verdade, evitei escrever porque me sinto obrigada a falar sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalista e não sei o que dizer.
Em princípio, achei ruim. Fico incomodada de ver minha profissão depreciada, mas reconheço que aprendi pouca coisa no curso de jornalismo da UFRJ que tenha contribuído para minha atuação como jornalista. Reconheço também que me angustiava muito quando era professora de jornalismo e me questionava se realmente estava contribuindo para que meus alunos fossem melhores jornalistas.
Li hoje depoimentos de colegas de Mato Grosso se questionando o que vão dizer a seus pais que investiram no seu curso superior. Acho que essa questão é de menos importância. A questão crucial para mim é: fazer faculdade torna as pessoas melhores jornalistas ou não? Ressalto aqui o que considero essencial como jornalista: informar bem, ser claro, não tirar proveito pessoal da profissão em detrimento da informação ao público, ajudar as pessoas a se posicionarem melhor diante do mundo. Caso a resposta seja não, o que está errado nos cursos de jornalismo, ou melhor, o que poderia ser aperfeiçoado no curso de jornalismo?
Hoje, conversando com duas enfermeiras, ouvi barbaridades sobre médicos em atividade. História de arrepiar sobre profissionais que esquecem compressas na barriga de pacientes, que ficam brabos quando são acordados durante o plantão ou incomodados durante uma festa porque deixaram de fazer o seu papel de médico, ou ainda que não sentem a menor emoção de dizer a um marido que ele acabou de perder a mulher e ainda ficou com dois filhos gêmeos para criar. Segundo elas, menos da metade dos médicos demonstra algum sentimento em relação ao ser humano e a maioria só pensa em ganhar dinheiro. Imagine tirar a obrigatoriedade do diploma de um médico, mas ter o diploma não os impede de cometer crimes e ferir os princípios de sua profissão.
Enfim, depois de ouvir ontem o senador José Sarney dando uma de ofendido por ser acusado de favorecer sua família com atos secretos e ainda ouvir o ex-sindicalista Lula sair em defesa desse rebotalho da ditadura, estou tão decepcionada com a humanidade que nem sei o que dizer. Acho que depois de tanta besteira, só recorrendo mesmo ao velho Chacrinha: "Eu não vim aqui para explicar, mas para confundir".

terça-feira, 16 de junho de 2009

Alma brasileira

Ando meio pirada depois da minha cirurgia de apêndice ... Fiquei mais sentimental, empolgada com as coisas, eu diria, até mais feliz. Coisa de doido, ?
Hoje, estou às voltas novamente com problemas na vista que me chateiam um pouco por serem um fator limitante. Mas não é disso que quero falar e sim do movimento que aconteceu a partir da ida de parte da família a Diamantino (no médio-norte de Mato Grosso) para um casamento e que vem se fortalecendo através do blog de Bernadete, minha sobrinha que mora nos EUA e com quem tenho enorme afinidade.
O blog - http://www.piassa-braziliansoul.blogspot.com/ - é maravilhoso e acabo de saber que, atendendo a pedidos do povo da família que não se garante no inglês, ganhou uma versão em português. Enfim, agora todos podem ler e comentar!
O último post dela sobre meninas que foram criadas por nossas mães/avós/irmãs mais velhas e faziam o serviço de casa em troca de moradia, roupas e escola, despertou comentários emocionados. É como se Dete tivesse tocando numa memória coletiva, por isso ela nos envolve tanto com suas histórias e nos une de alguma forma em nossas lembranças, remorsos, alegrias e tristezas.
Hoje, lendo a tradução do título de seu blog em português - Alma brasileira - eu me toquei da beleza de sua escolha. Dete é isso: mais uma alma brasileira perdida nos EUA, que sofre com a neve e o frio do inverno; uma alma especial que mantém uma ligação visceral com seu país e sua família.

sábado, 13 de junho de 2009

Roça de livros

Não podia deixar de postar alguma coisa no dia do meu aniversário. Este aniversário tem um sabor especial. Acabei de passar por uma cirurgia delicada (todas são, no momento em que você toma uma anestesia geral e apaga no centro cirúrgico, tudo pode acontecer). Nos primeiros dias pós-cirurgia me senti péssima: sozinha, velha, abandonada ... Enfim, a gente tem uma tendência a exagerar quando está fragilizada.
Aos poucos, fui reencontrando meu eixo e ficando animada novamente. A gente percebe - com perdão do lugar comum - que não vale a pena ficar dando uma de vítima e ficar com pena de si mesma. Mesmo que a vida não pareça ter muito sentido, não adianta, a vontade de seguir em frente é maior.
Já estou dançando novamente, trabalhando, cantando, tocando em frente, mas um pouco mais consciente da importância de respeitar meu ritmo, meus desejos pessoais e cada gesto de carinho, venha de onde vier. Se a gente não acreditar que o bem vai atrair o bem, fica difícil sobreviver!
Por isso quero terminar esse post especial de aniversário contando uma notícia muito legal que recebi ontem de uma grande amiga, daquelas que a gente pode ficar sem ver um tempão, mas sabe que é uma pessoa importante na nossa vida. Ela me contou de um blog e uma iniciativa em Santa Maria Madalena, uma localidade de Nova Friburgo, no Estado do Rio, onde vive com o marido uma vida que eu sonhei viver: no campo, fazendo coisas simples e significativas. Eles criaram um projeto de estimular a leitura e o amor pelos livros em crianças e adolescentes locais. Não é maravilhoso? Quem quiser conferir, visite o blog: http://rocadelivros.blogspot.com

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Samba-choro

Esta semana, por conta da comemoração do meu aniversário no Chorinho, acabei caindo por acaso num site muito legal: http://www.samba-choro.com.br/
Segundo o seu idealizador e um dos responsáveis até hoje, o site surgiu em 1996 por uma necessidade de suprir a falta de informação no Rio de Janeiro sobre locais onde se podia ouvir e tocar esse tipo de música.

O negócio cresceu, se nacionalizou e hoje traz uma agenda cultural bem atualizada e abrangente, que cobre praticamente o Brasil inteiro. Achei bárbaro!
Agora, quando for ao Rio, por exemplo, posso saber onde vai rolar um bom choro ou uma roda de samba sem precisar recorrer aos jornais (fico sempre meio perdida ... coisa de gente que virou meio provinciana).
Adoro conhecer essas iniciativas que deram certos, apesar dos pesares, inclusive, adicionei o site (ou sítio, como eles preferem chamar) entre os blogs e sites que acompanho.

Minha rede está aumentando e fico muito feliz de me ligar a pessoas afins, com gostos e preocupações semelhantes.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Questão de gosto

Ontem, por algum motivo que me foge à compreensão, não consegui logar no meu blog. Por isso, resolvi tentar hoje cedo do meu computador de casa.
Não vou ter muito tempo para escrever porque preciso seguir adiante ...
Hoje vou comemorar meu aniversário, que é daqui a três dias. Não que eu não pretenda comemorar de alguma forma no dia 13 (talvez um jantar, um cineminha), porém por alguma circunstâncias resolvi convidar alguns amigos para ir ao Chorinho nesta noite de quarta-feira, que costuma ser um dia tranquilo. (Infelizmente, para os frequentadores habituais, o Chorinho virou point e ainda cheio demais).
Não tenho grandes pretensões: quero estar entre amigos, ouvir música, cantar e eventualmente dançar. Ah, e gastar pouco. Algumas pessoas poderiam achar podre essa receita, mas meus verdadeiros amigos (inclusive alguns que estão fora de Cuiabá) certamente curtirão.
Fico me lembrando de um empresário que conheci este ano e comemorou seu aniversário em abril no Museu Viscaya em Miami onde o aluguel do espaço por algumas horas (se for num dia de semana) custa a bagatela de US$ 7.500 (algo em torno de R$ 15 mil). Apesar dos pesares, prefiro meu Chorinho, que é bem baratinho.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

De volta

Hoje voltei a trabalhar na revista. É uma sensação gostosa! Estamos de mudança física e, por isso, não posso nem falar em volta à rotina. Por enquanto, nada é rotina.
No mais, fica a sensação de ter tirado umas "férias " forçadas, férias em que, cá entre nós (e a torcida do Flamengo), eu aproveitei para trabalhar no livro que estou escrevendo.
Por enquanto, não posso contar muito mais. Não é um projeto meu, mas neste momento estou muito feliz porque durante sete dias eu acordei, almocei, dormi, tomei banho pensando no livro e é essa sensação é muito gostosa. Quando você entra nesse pique, mergulha no trabalho, fica super empolgada e o trabalho flui.
Não sei se o resultado vai agradar ao cliente, mas, pelo menos, estou com a sensação de dever quase cumprido. E também a sensação que coisas boas virão na sequência. Tomara !!!
PS. Percebi que usei a palavra "sensação" várias vezes. Como escritora, deveria buscar sinôminos, mas confesso que estou com preguiça. Tenho a sensação de que vou ficar assim mesmo ...

domingo, 7 de junho de 2009

Abagaba

Eu amo a música! Adoro o cinema, a literatura, mas amo a música acima de qualquer arte.
Estou falando disso hoje porque hoje fui assistir a mais um espetáculo no Cine Teatro Cuiabá. Fui com expectativa maior em relação ao primeiro show, de bossa nova, com Boni e Quinteto Cuiabano. Foi legal, mas deixou a desejar. Bons músicos, mas o cantor não era aquelas coisas, além de ser muito pouco carismático.
O melhor veio depois com o show "Sopro presente" - Abagaba. Pensei, se tem sopro, deve ser legal, mas não me toquei que Abagaba é nome de um antigo grupo instrumental de Cuiabá que está se recompondo. Estavam no palco o baterista Sandro Souza, o guitarrista Danilo Bareiro, o baixista Samuel Smith e o saxofonista Phelyppe Sabo. O show foi maravilhoso, misturou jazz, funk, rock. Eles tocaram John Coltrane, dá pra acreditar? Energia pura, dava vontade de levantar da cadeira e dançar. Muito bom!
É legal que tenha sido aberto um espaço para esse tipo de som em Cuiabá. Tomara que venham muitos outros shows, mas me deu saudades de um espaço como o do finado Jazzmania no Rio de Janeiro, onde a gente podia pelo menos balançar mais o corpo. Pra mim música vem sempre com a dança, mas nem sempre o espaço é apropriado.
De qualquer maneira, foi bom e fico feliz de constatar mais uma vez a qualidade dos músicos cuiabanos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sobre relvas e selvas

Continuo me sentindo cada dia melhor, embora saiba que piso - e sempre estarei pisando - num terreno acidentado e enlameado.
Deixa eu me explicar melhor: quando eu era menina escrevi uma vez numa redação escolar que eu estava feliz como "um cabritinho saltando na relva". A relva me parecia na época a coisa mais bonita que podia existir no mundo: verdinha, segura, bonita.
Na vida real, dificilmente andamos na relva. O mundo está mais para "selva". Mesmo na cidade, o terreno é quase sempre acidentado e é preciso tomar cuidado para não cair.
Nas minhas temporadas no Pantanal, também era preciso estar atenta: além de tocos de pau, havia inúmeros perigos nas minhas caminhadas, principalmente cobras.
Mesmo no Parque Mãe Bonifácia, que amo de paixão, é preciso tomar cuidado: já encontrei cobras e até capivaras no meio do caminho.
Nem por isso a caminhada se torna menos gostosa.
Uma vez, num sonho, recebi uma "mensagem" do meu sobrinho Del, que morreu aos 26 anos: "Escolher o caminho mais difícil pelo simples prazer da aventura". Amei essa frase e a escolhi como uma espécie de talismã para minha vida. Mas, às vezes, pareço esquecer disso e fico ansiando pelo conforto e a serenidade da relva idealizada.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Recuperação judicial

Acabei de ler no jornal "Diário de Cuiabá", com pesar, que o grupo de um mega produtor rural de Mato Grosso, Orcival Guimarães, pediu recuperação judicial, aliás, um recurso que vem sendo adotado por várias empresas de peso do agronegócio.
Nesses seis anos que venho trabalhando como jornalista do setor, conheci algumas pessoas de quem gostei muito e uma delas foi o Orcival. É um cara franco, muito simples e, acredito, cheio de boas intenções. No início do ano passado, por causa de uma reportagem, passamos quase quatro dias juntos viajando por suas fazendas do médio norte e nortão mato-grossense. Em nenhum momento, eu me senti entediada ou constrangida de alguma forma. Era como se eu estivesse viajando com um amigo ou um parente legal.
Este ano, voltamos a nos encontrar por conta de uma reportagem sobre investimentos estrangeiros em Mato Grosso. Mais uma vez, Orcival me ajudou muito ao comentar abertamente o novo modelo introduzido por grandes grupos argentinos no estado em que o produtor passa a ser um prestador de serviços. Reli a matéria agora e lá estão todos os indícios de que seu grupo enfrentava uma forte crise.
Acho muito louco o modelo adotado no agronegócio do estado, que privilegia os grandes grupos e sufoca os médios produtores. Os pequenos vão se virando com o apoio do Pronaf, etc. Orcival chegou no topo e, nesse caso, o tombo é sempre maior. Imagino que não tenha sido fácil a decisão de expor publicamente suas dificuldades e torço para que recupere de fato o comando de seus negócios e continue a ser a ótima fonte de sempre.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Desejo

Li outro dia no meu livro sobre cabala que o que move a gente é o desejo. Quando não há desejo - de comer, de amar, de abraçar, de mudar de vida, de qualquer coisa - é como se nos transformássemos num boneco, que se move, fala, faz coco, xixi, dorme, mas não tem alma ou espírito ou sei lá o que.
Era assim que eu estava me sentindo nos últimos dias: uma pessoa sem desejo, sem vontade de viver, insossa, sem importância. De repente, não mais que de repente, as coisas banais voltam a me motivar: a comida gostosa da Cida, uma vontade de comer couve refogada, o prazer de almoçar junto com minhas filhas, de ouvir suas risadas e inquietações, de ajudar minha filha caçula a estudar inglês para a prova do FCE, e até - pasmem! - de comemorar meu aniversário. Fazendo o que? O que mais gosto de fazer: ouvindo música no Chorinho, cantando e - quem sabe? - até dançando.
O mundo continua a mesma merda de sempre, aviões caem sem qualquer lógica aparente, pessoas morrem, passam fome, passam frio e, eu, aqui no conforto do meu lar, sinto novamente meu coração se encher não mais só de pesar, mas também de amor. Isso talvez não me traga explicações para aquelas perguntas metafísicas, mas me traz conforto. É pouco? Talvez, porém, pelo menos, por algum tempo, deixa eu ficar com essa sensação boa.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Alegria Alegria

Cuiabá é uma das subsedes da Copa do Mundo 2014. O fato foi super comemorado ontem após o anúncio (já meio esperado) da Fifa. Milhares de pessoas saíram às ruas, buzinaram, encheram a cara e comemoraram a vitória de Cuiabá sobre Campo Grande (nosso principal rival).
É claro que acho positivo o fato de Cuiabá ter vencido a disputa, afinal, fica a esperança de investimentos para resolver (ou, pelo menos, amenizar) alguns dos gargalos desta capital: segurança, saúde, infraestrutura, mobilidade, etc. Muita gente vai meter a mnão no dinheiro dos investimentos? Certamente, porém, a vantagem é que nesse caso as coisas têm que ser feitas ou a gente dança.
Ontem, diante da minha janela, um enorme engarrafamento se formou. Era gente buzinando, com som alto, motos passando por cima das calçadas, o caos habitual. No meio da balbúrdia, duas ambulâncias do Samu buscavam espaço para passar, em busca de suas vítimas. Imagino que muita gente tenha se excedido na comemoração e esteja hoje no hospital ou em casa, recuperando-se dos excessos.
Espero que o fato de sediar jogos da Copa traga também um pouco mais de civilidade para a população local. Mas eu me lembro dos ingleses, tão educados, tão civilizados e tão ... hooligans. É realmente ando pessimista demais em relação à humanidade.