sábado, 2 de abril de 2022

Adoção responsável



Há pouco mais de um ano adotei Juca. Hoje ele já é bem conhecido entre meus amigos e familiares, e mesmo quem não o conhece presencialmente acompanha suas aventuras e desventuras. 

Ter um animal em casa é uma experiência incrível e confesso que relutei muito em criar um pet em apartamento.

Quando eu era criança e morava no Rio de Janeiro com minha mãe e minhas irmãs num apartamento no Flamengo, sonhava muito em ter um cachorro. Perturbei tanto minha mãe que ela até concordou com a ideia, mas tive um momento de lucidez e desisti. Meu ideal de cachorro nunca foi um cãozinho pequeno, de apartamento. Eu sonhava com um cachorro maior, estabanado, como aqueles que a gente vê nos filmes.

Em março de 2021 ainda estávamos em pandemia quando decidi adotar um bichinho. Num domingo, após um ensaio maravilhoso do musical "O Poder da Floresta" com o Coro Experimental MT e membros da Igreja Mestre Irineu, voltei para casa inspirada e entrei em contato com Ângela Baldissera, responsável pelo Abrigo Melhor Amigo.  Quando ela me perguntou se eu queria ir ao Abrigo para escolher, respondi: não, quero um malhadinho que vi numa foto postada no Instagram. Ela me disse que ele se chamava Toco e era o último de sua ninhada que tinha ficado para trás.

No dia seguinte, o filhote,  que rebatizei como Juca, estava na minha casa e aí a gente foi se conhecendo, se curtindo e vivendo várias histórias já narradas aqui e/ou nas redes sociais.

Hoje, vendo as postagens de grupos relacionados a animais em Cuiabá (de repente, minha timeline só tem notícias sobre cachorros perdidos, achados, pedidos de ajuda para comprar ração, medicamentos, etc), tenho vontade de ficar com todos aqueles animaizinhos com cara de carentes. Eles são tão lindos! Ao mesmo tempo, eu me dou conta de como é difícil manter um animal, principalmente quando você mora sozinha.

A começar pela "obrigação" de passear com ele, de manhã e no final da tarde. É gostoso? Sim, mas não é todo dia que você está a fim, está disponível. Tem dia que você está com sono, que está chovendo, está ventando ou quente demais. E essa obrigação é diária, não tem feriado, nem final de semana. Ah, mas tem os hotéis onde você pode deixar o pet para descansar (você e ele). Sim, mas as diárias  são caras (aproximadamente R$ 50).

E aí entramos num outro ponto delicado: cuidar de um pet custa caro. Não são só vacinas e os gastos básicos iniciais (cama, bebedouro, comedouro, peitoral, guia, etc). É preciso dar vermífugo, carrapaticida com uma periodicidade bem enxuta. E mesmo assim você corre o risco de que seu animal pegue uma doença transmitida por carrapatos, já que Cuiabá está infestada desses bichinhos cuja única utilidade parece ser atrapalhar a nossa vida.

E ainda tem um arsenal de supérfluos irresistíveis: brinquedos de pelúcia, bolinhas, bifinhos, sticks, patês, biscoitos, entre outros.

De repente, você se toca que gasta mais com seu bichinho de estimação do que com si própria. Eu me dei conta disso no dia que comprei uma pasta de dente pro Juca mais cara do que qualquer uma que já comprei para mim. 

Mas aí já é tarde demais: você está irremediavelmente apaixonada por ele e a hipótese de perdê-lo enche seus olhos de lágrimas. 

O objetivo desta postagem não é desestimular a adoção de bichinhos. Eles são maravilhosos, adoráveis e nos ensinam muito. O que quero é alertar às pessoas sobre o que significa o ato da adoção. Acredito que muita gente adota, depois devolve no primeiro obstáculo e não cumpre os requisitos básicos para manter o seu animalzinho feliz e saudável.

Nesses quase 13 meses de convivência com Juca, aprendi muito sobre meus limites, minhas imperfeições e também sobre minha capacidade de amar. Adotar tem a parte boa, de rir com as travessuras de seu cão e até fazer amizades, mas é sobretudo um ato de amor, de renúncia e um compromisso até maior do que o que você estabelece com outro ser humano. 

O(a) amigo (a), o(a) namorado (a), o parente, pode até machucar seu coração (e vice-versa), mas sempre haverá a possibilidade de um diálogo, uma explicação para o fim do relacionamento, a separação, a falta de disponibilidade para uma conversa. No caso do bicho de estimação, o laço é para sempre e, por isso, a minha responsabilidade como tutora é imensa. E às vezes bem pesada.  Mesmo assim quero ficar bem velhinha ao lado de Juca. 

Juca com dois colares elisabetanos por recomendação de seu médico veterinário




domingo, 13 de fevereiro de 2022

A arte de esquentar pamonha

Dizem que a felicidade é feita de pequenos momentos. Nem sempre são situações gloriosas; às vezes são acontecimentos quase banais, que se revestem de graça e enchem nosso coração de alegria. 

Foi o que aconteceu há alguns dias quando fomos convidadas – eu e minhas duas sobrinhas, mãe e filha, que passavam alguns dias em Cuiabá – para almoçar na casa de Vera Capilé. É sempre muito gostoso ir à casa de Vera, que recebe os visitantes com muito carinho e comida boa em sua chácara na área urbana de Cuiabá. 

Nesse dia não foi diferente e, após o almoço prolongado e regado à música e cantoria, chegou a hora de embora, pois já estava prestes a escurecer. Waldir Bertúlio, seu companheiro, disse que ia comprar pamonha na Feira do Paiaguás e resolvemos acompanhá-lo pois minha sobrinha Bel ficou entusiasmada com a possibilidade de comer pamonha e curau. 

Ao chegarmos à feira, logo nos dirigimos à barraca onde Waldir costuma comprar as iguarias à base de milho e, em seguida, para satisfazer a vontade de minha sobrinha-neta Sofia, fomos atrás de pastel. Que delícia! Nada como um bom pastel de feira, farto em recheio e gigante no tamanho. 

É claro que depois de comermos cada uma o seu pastel não sobraria espaço para a pamonha e, ali mesmo enquanto devorávamos o pastel, perguntamos ao Waldir como deveríamos esquentar as pamonhas no dia seguinte. Diante de nossos ouvidos incrédulos, ele explicou que deveríamos colocá-las na água fervente. Eu questionei se seria em “banho-maria” e ele disse que não: era para colocar as pamonhas diretamente na água fervente. 

No dia seguinte, continuávamos receosas de que a pamonha fosse se desmanchar na água fervente, porém após algumas pesquisas resolvemos arriscar. Mas antes fiz uma última consulta ao Waldir.

“Bom dia! Estamos esquentando as pamonhas agora. Resolvemos seguir sua orientação. Colocamos as pamonhas ainda envelopadas numa panela com água no fogo. É isso mesmo?” 

“Sim, confirmado por Vera. Eu venho desde criança de roças de milho ...”, respondeu Waldir, com uma pontinha de impaciência. 

Pois não é que deu super certo? As três pamonhas (de comer) ficaram deliciosas como se tivessem sido preparadas naquele minuto. Agora se alguém me perguntar como esquentar pamonhas, já sei como ensinar. Não caia na tentação de colocar as pamonhas no micro-ondas pois ficarão ressecadas. Ouça a voz da experiência.

Depois desse relato me deu vontade de comer outra pamonha daquela. E tem mais um detalhe: eu descobri que amo curau. Terei que regressar em breve à feirinha do Paiaguás para comprar todas essas guloseimas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Lançamento de "Adeus ao vírus"



O lançamento do livro “Adeus ao vírus – Erradicação da febre aftosa: a participação de Mato Grosso na maior epopeia veterinária das Américas” (Entrelinhas Editora) reuniu várias gerações de médicos-veterinários, produtores rurais, jornalistas e outros profissionais ligados ao setor agropecuário, no auditório da Famato, na manhã de quinta-feira (16/12). 

Escrita pelos jornalistas Martha Baptista e Sérgio de Oliveira, sob os auspícios do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa-MT), a obra resgata em mais de 300 páginas a história de sucesso do combate à febre aftosa, num momento em que o estado está prestes a celebrar 26 anos sem qualquer registro da doença. 

No final de setembro de 2020, os autores começaram a ouvir os primeiros depoimentos de pessoas que trabalharam em prol da erradicação da enfermidade de maior impacto econômico na cadeia produtiva da carne. Mais de 70 entrevistas foram realizadas com fontes de Mato Grosso e outros estados, da capital federal, Bolívia e outros países. 

Diversos protagonistas dessa saga, descrita como a maior epopeia veterinárias das Américas, fizeram questão de estar presentes ao evento de lançamento. Entre eles, destaque para os veteranos da Campanha de Combate à Febre Aftosa de Mato Grosso (Cacofa), iniciativa do início dos anos 1970: Waldebrand Coelho, Juarez Molina, Jaime Bom Despacho, João Lozano Ewbank de Campos, Wilton da Silva Santos, Manoel de Aquino Filho e Adair José de Moraes. 

Veio gente da Bolívia, como Aldo Vaca, presidente da Asociación de Ganaderos de San Matias (Agasam); de Brasília, como Aluísio Sathler, veterano do Coordenação de Combate à Febre Aftosa (CCFA) do Ministério da Agricultura; e de Santa Catarina, como o professor Clovis Improta, que deu os primeiros cursos de Educação Sanitária e Comunicação para a Saúde em Mato Grosso. 

Houve quem enviasse seu depoimento em vídeo, como Guilherme Marques, do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e do Mapa; Pedro de Camargo, idealizador do Fundepec, o primeiro fundo privado de enfrentamento da febre aftosa no Brasil; Jogi Humberto Oshiai, ex-assessor da Missão do Brasil junto às Comunidades Europeias que muito contribuiu para superar as barreiras que impediam a exportação da carne bovina in natura; e Ivan Suzuki Serpa, ex-servidor do Indea, que representa a mudança de mentalidade na forma de enfrentamento à febre aftosa em Mato Grosso. “É preciso conhecer o passado para entender o presente e planejar o futuro”, afirmou Serpa em seu depoimento, destacando seu orgulho em ser o personagem do livro. 

O resgate da história de combate à febre aftosa torna-se especialmente importante no momento em que Mato Grosso está caminhando para a retirada da vacinação contra a enfermidade em todo o seu território, na opinião de Antonio Carlos Carvalho de Sousa, presidente do Fesa-MT. 

“A realização deste resgate histórico foi uma sugestão do saudoso dr. Edson Ricardo de Andrade, ex-conselheiro do Fesa-MT, realizada com êxito pelos jornalistas Martha Baptista e Sérgio de Oliveira. É importante que as novas gerações conheçam e valorizem o trabalho árduo dos pioneiros que contribuíram para a erradicação da doença no país (o Brasil foi declarado livre de aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2018). Mato Grosso está há mais de 25 anos sem um registro de febre aftosa e estamos trabalhando pela retirada total da vacinação em novembro de 2022”, comentou o presidente. 

“A gente tem que render méritos aos que começaram, como os ex-presidentes da Famato, Zeca D’Ávila (que fundou e presidiu o Fundo Emergencial da Febre Aftosa do Estado de Mato Grosso/Fefa, precursor do Fesa) e Homero Alves Pereira e, principalmente aos produtores rurais, que vacinaram sistemática e rigorosamente todo o rebanho“, comentou o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, que destacou o envolvimento dos órgãos de controle como o Indea-MT nessa luta vitoriosa. 

O pecuarista Luiz Carlos Meister, ex-vice-presidente do Fefa-MT e representante da indústria frigorífica no fundo pioneiro, também enalteceu a parceria entre a iniciativa privada e o governo de Mato Grosso no combate à febre aftosa em Mato Grosso. 

O livro publicado pela Entrelinhas Editora, como parte da série Memória do Agronegócio, conta como o vírus da aftosa foi identificado no século XVI, na Itália, chegando às Américas no século XIX, e como foi sua erradicação em países como os Estados Unidos, onde não circula desde 1929. Resgata também a traumática experiência de quem lidou com a doença quando ainda não havia disponibilidade de vacinas no país, passando pela fundação de entidades como o Panaftosa, estruturação dos serviços veterinários estaduais, criação dos Fundos Emergenciais privados, produção das primeiras vacinas a serem utilizadas em campanhas e a impressionante evolução desses imunizantes – um dos fatores primordiais para a erradicação da doença em nosso país. 

A obra traz ainda um panorama da situação atual no continente sul-americano, onde apenas a Venezuela registra casos da doença, e abre espaço para a discussão do momento: se o Brasil está realmente preparado para retirar a vacinação. O livro não será comercializado e sua distribuição será direcionada pelo Fesa-MT a Sindicatos Rurais, universidades, pesquisadores e órgãos do setor agropecuário. Os interessados em conhecer a obra deverão procurar o Fesa-MT: www.fesamt.com.br



sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Lançamento de "O portão do inferno - Casos arquivados"



Foi uma noite muito especial, a começar pelo local: a Casa Barão de Melgaço, no Centro histórico de Cuiabá. Construída entre 1775 e 1777, e inaugurada em 1802, ela serviu de moradia a partir de 1843 para o Almirante Augusto João Manuel Leverger, que foi presidente da Província de Mato Grosso e passou à história como Barão de Melgaço.

Hoje o imóvel é sede do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e da Academia Mato-grossense de Letras, e os bustos e retratos do morador famoso e outros intelectuais célebres de Mato Grosso dividiram espaço na noite de 9 de dezembro com personagens do livro "O portão do inferno - Casos Arquivados" (Entrelinhas Editora).



Estavam lá a noiva Teodora, o casal de facínoras Lucinda e Jorge (a fina flor da sociedade), Orlando e Romeo, e Dolores, todos carregando no corpo e no olhar as marcas adquiridas em vida. E havia ainda uma pianista pálida martelando uma melodia inquietante nas teclas do instrumento que pertenceu à Dunga Rodrigues.


Tudo isso aconteceu em meio ao lançamento de "O portão do inferno - Casos arquivados", romance de estreia de J.R.N. Ferreira. O Salão Nobre da Casa Barão de Melgaço estava repleto de amigos do músico Jefferson Roberto Neves Ferreira.

Ao lado da editora Maria Teresa Carrión Carracedo e do designer Mike Vanni, ambos da Entrelinhas, e da jornalista Martha Baptista, esta que vos fala, Jefferson apresentou J.R.N. Ferreira, que se lança no mercado editorial com um livro arrebatador e aterrorizante.

Foi em janeiro de 2014 que ele começou a escrever a história que resultou em "O portão do inferno - Casos arquivados", aproveitando um ano em que estava de mal com a música. O incentivo do amigo Thiago Bazzi fez com que acreditasse no potencial da trama, que foi sendo desenvolvida com muitas pesquisas e perambulações de bicicleta pelo Centro de Cuiabá, em busca de informações, referências históricas, os tais "casos arquivados".

Em janeiro de 2015, o livro estava pronto e para escrevê-lo o autor se inspirou em alguns personagens que fazem parte das chamadas "lendas urbanas" da capital mato-grossense. Leitor voraz de Agatha Christie, Stephen King e Raphael Montes, e fã incondicional da série "American Horror Story", produzida por Ryan Murphy, ele desenvolveu uma trama envolvente e personagens absurdamente fortes. Alguns são detestáveis, outros despertam a compaixão do leitor.

Em 2019, Jefferson apresentou seus originais para mim, a amiga coralista (ele é fundador e regente do Coro Experimental MT) que gostava muito de ler (e escrever). Apesar de não ser meu gênero preferido de literatura, não consegui parar de ler. Desse contato com a obra, nasceu a ideia de apresentá-la à editora Maria Teresa, que, embora também tenha sentido um certo estranhamento, devorou as 300 páginas do livro num final de semana. 

O designer Mike Vanni, o autor Jefferson Neves, a editora Maria Teresa e a jornalista Martha Baptista 

"Não me lembro de nenhum autor mato-grossense que tenha tido o atrevimento de seguir na direção das séries policiais e noir da Netflix, contextualizando-as neste espaço-tempo", diz Maria Teresa. 

O espaço é Cuiabá e a estrada que leva à Chapada dos Guimarães, com destaque para o local conhecido como Portão do Inferno. O tempo é a década de 1940 e a atualidade. 

O autor brinca com as noções de tempo, vida e morte, realidade e ficção para fisgar seu leitor e torná-lo "testemunha, cúmplice e vítima de situações perturbadoras". 



O livro está disponível na loja virtual da Entrelinhas (www.entrelinhaseditora.com.br). É uma oportunidade ímpar para conhecer um novo escritor, que diz estar cheio de ideias para novos projetos nesse campo. Eu, pelo menos, já estou louca para ler o próximo livro. 

Os personagens que surpreenderam o público durante o lançamento foram interpretados por Manoela Cavalcanti, Wagton Douglas, Gabriel Amaral, Hector Kirizawa, Tayta Moraes, Yasmin Moreira e Hyanna Toledo  A maquiagem ficou a cargo de Manoela e Ló, e a caracterização dos personagens contou com a colaboração de Luiz Pita.  Fotos de Ricardo Carrión Carracedo. 







quinta-feira, 30 de setembro de 2021

"Simples Assim " reúne Vera Capilé, Jefferson Neves e Martha Baptista no Garden Pub



Nesta sexta-feira (1º de outubro), Vera Capilé, Jefferson Neves e Martha Baptista sobem ao palco do Garden Pub para fazer o que lhes dá muito prazer, em meio a mil e uma atividades: cantar.

Vera é psicóloga, cantora, compositora, atriz e escritora, entre outras facetas de sua personalidade destacada recentemente pelo projeto Mestres da Cultura, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc. Natural de Dourados (MS), está muito feliz com a notícia de que receberá em breve o título de Cidadã Mato-grossense, outorgado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso.


Foto Fred Gustavos
O cuiabano Jefferson Neves é compositor, arranjador, cantor, escritor, fundador de vários grupos vocais (como o Alma de Gato e Mesa pra 6) e dirige o Coro Experimental MT desde 2017.

Foto Dizão

Martha Baptista também vem da parte sul do antigo estado de Mato Grosso (de Corumbá), morou muitos anos no Rio de Janeiro, outros tantos em Cáceres, e trabalha em Cuiabá como jornalista e escritora.

Foto Dizão

Desde 2017 Vera, Jefferson e Martha têm um encontro semanal marcado no Coro Experimental MT. E foi lá, em meio a várias apresentações que descobriram outras afinidades transformadas em matéria-prima do show "Simples Assim", cuja estreia aconteceu em março de 2020, uma semana antes do início da pandemia deflagrada por uma nova espécie de coronavírus. 
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“Nossa proposta inicial foi cantar o que nos emocionava, evocava emoções passadas ou simplesmente nos renovava a energia vital”, comenta Martha Baptista.

Por conta da pandemia, não foi possível fazer novos shows presenciais, apesar da boa receptividade do público, mas este ano, em meio à retomada de algumas atividades culturais – cercada dos cuidados necessários -, Jefferson entendeu que era o momento de reunir o trio para mais uma edição de “Simples Assim”. O show, a ser apresentado nesta sexta-feira, é totalmente diferente do primeiro e ganhou a participação de novos músicos, porém a essência continua a mesma.

“Todos nós tivemos liberdade para propor canções, que serão apresentadas em duetos ou trios, e outras que serão interpretadas como solo. Com isso, o show ganha em diversidade, contando, inclusive, com um bloco internacional”, conta Vera.

A direção musical ficou a cargo de Jefferson Neves, que convidou os músicos Thiago Costa (bateria) e Samuel Ribeiro (baixo) para darem aquele molho especial, e Eduardo Santos para acompanhar os cantores no violão e na viola. Jefferson também atua como pianista em diversos momentos.

“Minha vida anda bem agitada, mas é um prazer enorme poder cantar o que gosto, do nosso jeito”, diz Jefferson, que sempre surpreende o público com sua ousadia na releitura de clássicos da MPB e da música internacional.

E é dessa forma, simples assim, que Jefferson, Vera e Martha vão se apresentar no agradável espaço do Garden Pub, interpretando canções de autores como Ivan Lins, Milton Nascimento, Edu Lobo, Vander Lee, Eduardo Gudin, Sérgio Bittencourt, e – como não poderia deixar de ser -  de Chico Buarque – uma paixão tão grande dos três cantores que até mereceu um bloco exclusivo.

Serviço
O que: Show “Simples Assim”
Onde: Garden Pub
Quando: 1º de outubro, às 20h
Informações: 65-98405.3085
Reservas: 65-99351.4532 (Johny)   

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Filhote desse lugar


No início da noite desta primeira quarta-feira de setembro, sob um calor enlouquecedor, corri para o Sesc Arsenal, no Centro de Cuiabá, onde por aproximadamente 50 m, relaxei, ri e me emocionei com o documentário “Filhote deste lugar”, dirigido por Juliana Capilé, que faz parte do Projeto Mestres da Cultura – Uma homenagem à Vera Capilé.

Tenho o prazer de conviver com Vera mais assiduamente desde 2017 quando nos tornamos colegas no Coro Experimental MT. Nesses últimos quatro anos a gente se aproximou muito e conheci a Vera avó, mãe, irmã, esposa, cozinheira, costureira, psicóloga, gerontóloga, que convive muito bem com a Vera cantora, coralista, compositora, atriz e escritora.  Que mulher danada!

Mesmo assim, eu me surpreendi com “Filhote deste lugar”, que é também o título de uma das composições de Vera Capilé.

Como resumir 60 anos de carreira e 72 anos de vida em cerca de 50 minutos? Pois Juliana Capilé e sua equipe conseguiram fazer isso com maestria! É o tipo do documentário que dá vontade de ver e rever e rever porque são tantos detalhes, é tanta informação, que se torna impossível registrar tudo de uma vez.

Mas o mais importante é perceber a grandeza de Vera. Ela é muito maior do que aparenta ser! A menina atrevida, travessa, que viveu intensamente sua infância em Dourados (MS) e a juventude numa Cuiabá provinciana e, ao mesmo tempo, cheia de vida, encontros, cultura, foi acumulando diversas experiências ao longo das décadas.

Participou do saudoso Projeto Pixinguinha, com o qual levou a cultura mato-grossense à Europa e a outros estados brasileiros; uniu-se a vários parceiros artísticos e acabou aterrissando no Coro Experimental MT para acrescentar uma vivência nova: a de ser coralista.

Disciplinada, generosa, abriu portas para novos artistas e sempre foi muito amiga dos amigos, como o ator Liu Arruda (1957-1999) – uma amizade que rendeu alguns dos momentos mais emocionantes do documentário.

Minha intenção aqui não é contar tudo. Não quero lhe tirar, caro(a) leitor(a), o prazer de assistir a “Filhote deste lugar”. Mas aproveito para destacar a qualidade técnica do documentário, com fotografia e som impecáveis, sem falar, é claro, da trilha sonora. Uma legião de artistas e amigos de Vera, de Mato Grosso e de outros estados (e até do exterior), desfila no documentário em depoimentos que se entrelaçam e se complementam com um único objetivo: contar um pouco da carreira de Vera Capilé e mostrar por que ela merece como poucos o título de Mestre da Cultura.

O documentário “Filhote deste lugar” foi produzido com recursos da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), graças ao projeto apresentado e coordenado por Tatiana Horevicht. Nessa quarta-feira foi distribuído ao público um livro como parte da homenagem à Vera Capilé e ele traz como inovação um QR Code, que permite o acesso ao álbum comemorativo “Vera Capilé – 60 anos de Carreira”.

Nessa mesma noite a homenageada autografou seu livro “De Matto-Grosso a Mato Grosso – Das fronteiras paraguaias ao centro geodésico da América do Sul: a trajetória de um caminhante” (Entrelinhas Editora – 2021), também publicado com recursos da Lei Aldir Blanc. Nesse livro, ela conta a história de seu pai Sinjão Capilé, que faleceu em 2015, aos 99 anos, e é até hoje sua grande inspiração.

É ou não é uma mulher danada?

PS. Fotos e arte do projeto são de autoria de Fred Gustavos.


sábado, 17 de julho de 2021

Lixo e falta de educação




Ontem falei do lado bom de sair pelas ruas de Cuiabá com meu cachorro Juca, mas hoje quero falar de um aspecto bem feio da cidade: como a capital de Mato Grosso está suja!

Gostaria de ter várias imagens para comprovar o que digo, porém a agitação de Juca não me permite tirar as fotos que gostaria. Hoje, por sorte, consegui fazer um registro na Praça Oito de Abril, por volta de 7h da manhã! 

Adquiri o hábito de sair com Juca de manhã e no final da tarde. A gente varia o itinerário, mas temos alguns pontos fixos, como algumas praças próximas ao meu prédio, situado no bairro Popular. 

Em praticamente todas sempre encontro muito lixo acumulado: sacos plásticos, embalagens vazias (de quentinhas, sanduíches), sacolas de papel, caixas de papelão (ou isopor) e muitas garrafas de vidro (as populares long necks) e de plástico. 

Também encontro muitos varredores de rua, que trabalham para a Prefeitura. 

Em algumas praças, como a Praça Popular, onde estão situados vários bares, e na Oito de Abril (também conhecida como Praça do Choppão), há muitas lixeiras. Ninguém pode alegar falta de um local adequado para jogar seu lixo. Mas as pessoas parecem que fazem questão de deixar seus restos jogados como se fossem cães marcando território. Alguns chegam ao cúmulo de jogar o lixo no meio de um canteiro para dificultar o trabalho de quem recolhe a sujeira deles. É revoltante!

A gente tem ido muito a uma pracinha (Manoel Miráglia), que fica na esquina da Avenida das Flores com a Rua General Ramiro Noronha, no bairro Jardim Cuiabá, e lá não há lixeiras. Para piorar a situação, ela se transformou num ponto de apoio de entregadores por aplicativo, que também acumulam muito lixo.

Resumo da ópera: a Prefeitura podia instalar mais lixeiras em alguns locais, porém muitas pessoas parecem estar se lixando para esse tipo de recipiente. Ou seja, faltam educação e senso de civilidade. Sabe aquele habito de colocar qualquer pedaço de papel no bolso ou na bolsa? Pois é, eu sou assim e não vejo mérito algum nisso. Se tive algum mérito foi passar isso para minhas filhas, que também são incapazes de jogar uma lata (ou uma garrafa) na rua. 

Eu nem falei da situação de ruas e calçadas (quando existem) ... A quantidade de lixo e mato mesmo em ruas centrais é impressionante!

Fica aqui o meu registro. Talvez não adiante de nada, mas peço a quem me ler que ponha a mão na consciência e pense: que tipo de cidade estamos construindo e deixando para nossos filhos/netos/bisnetos? Como podemos mudar essa situação?

Aproveito a postagem, lançada ao vento, para fazer um apelo à Prefeitura de Cuiabá: por favor, aproveite os espaços vazios em alguma das praças dos bairros Goiabeira, Popular ou Jardim Cuiabá, para criar um "parcão", uma área exclusiva para cães, a exemplo das que já existem no Jardim das Américas e na Morada de Ouro.  Além das praças mencionadas acima, temos como opção a Praça Santos Dumont, que está super abandonada, e a Praça Clovis Cardoso.