domingo, 22 de dezembro de 2019

Ciranda traz Mônica Salmaso e Nelson Ayres a Cuiabá


Todo final de ano o Instituto Ciranda Música e Cidadania dá um presente especial aos mato-grossenses. 
Antes de mais nada quero dizer que sou absolutamente apaixonada pelo trabalho realizado pelo maestro Murilo Alves e sua equipe, que acompanho com mais atenção desde 2011, quando fiz uma matéria sobre o projeto Ciranda.
A cada ano, o Ciranda se supera na surpresa do final de ano que, este ano, foi simplesmente um show com a cantora paulista Mônica Salmaso e o pianista, arranjador e compositor Nelson Ayres. 
Não posso dizer que conheço profundamente a obra de Mônica, mas sou apaixonada por sua voz, sua interpretação e seu jeito de fazer música. 

Mônica Salmaso
Infelizmente, muita gente em Cuiabá não conhece Mônica Salmaso, por isso o fato de trazê-la à capital mato-grossense, junto com o parceiro musical Nelson Ayres, ganha um significado ainda maior. Saber que na plateia lotada do Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros estavam alunos do Ciranda, alguns vindos das comunidades de João Carro e Água Fria, no município de Chapada dos Guimarães, deixa meus olhos cheios de lágrimas.

Nelson Ayres
Poderia falar horas sobre o Ciranda, mas hoje o foco é o espetáculo de ontem. Acordei recordando trechos de "Melodia sentimental", canção de Heitor Villa-Lobos que inaugurou a participação de Mônica no Especial de Natal da Orquestra CirandaMundo, sob a regência de Murilo Alves (que estreou seus óculos no palco ontem). 

Murilo Alves
A partir dali foi uma coleção de pérolas da nossa música brasileira, entre elas, "Beatriz" e "Ciranda da Bailarina", de Edu Lobo e Chico Buarque, "João e Maria", de Chico Buarque; "Odeon" - o lindo tango de Ernesto Nazareth que ganhou letra de Vinícius de Morais; e "Anos dourados" - composição de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada com a cantora e compositora cuiabana Estela Ceregatti.  

Estela Ceregatti e Mônica Salmaso
Foi tudo tão lindo e arrebatador! Se tenho alguma ressalva a fazer é ao fato de não termos um programa. Conhecia a maioria das músicas e a única que desconhecia, "Noite", composição belíssima de Nelson Ayres, foi apresentada pela própria Mônica. Mas, confesso, que sem caneta e papel à mão, me fogem agora nomes e compositores. 
O repertório foi incrível e ainda fomos brindados com um pot-pourri de músicas brasileiras (Aquarela do Brasil, Trenzinho do Caipira) apresentado pela Orquestra CirandaMundo, cujo integrante mais jovem era um violinista de 12 anos, cria do Projeto Ciranda. 
Toda essa riqueza em troca de 1 kg de alimento não perecível, graças ao apoio dos parceiros do Instituto Ciranda!
Extremamente simpática, Mônica Salmaso derreteu-se em elogios a Murilo e demais integrantes da Orquestra CirandaMundo e foi generosa com todos que a procuraram para fotos (inclusive esta blogueira, que morre de vergonha de dar uma de tiete). 

Com Mônica Salmaso (ao centro) e Vera Capilé (à direita)
Só posso agradecer por este espetáculo e desejar longa vida ao projeto Ciranda para que possa nos proporcionar outras surpresas como a de ontem.
As fotos do Especial de Natal CirandaMundo são do fotógrafo e jornalista Protásio de Morais. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Moscas volantes 2 - O retorno


Em julho de 2012 escrevi o post que, talvez, tenha provocado mais comentários na história deste blog. O tema? Moscas volantes. 
Na época, tinha acabado de ter meu primeiro contato com esse problema. 
Acredita que, com o tempo, eu me esqueci das moscas volantes? Ou será que me habituei com elas?
A novidade é que elas voltaram com força total no último domingo. Estava na coxia do Cine Teatro Cuiabá durante a apresentação do espetáculo "Somos Coro Experimental", no qual atuei como coralista e atriz, quando percebi algo estranho na minha vista esquerda. Houve momentos em que parecia que tinha uma barata ou algum inseto se locomovendo no chão do teatro. Tudo ilusão de ótica!
Desta vez, eram mais do que moscas, pareciam verdadeiras teias de aranha. E vieram também os flashes de cor amarela no canto do olho esquerdo. 
Fiquei assustada, mas foquei no espetáculo. Já tinha muito com que me preocupar naquele momento. 
No dia seguinte, acordei exausta e, ao perceber que elas continuavam lá (as manchas), liguei imediatamente para a clínica do meu oftalmologista. Ele está de férias e só volta no próximo dia 13. Só consegui horário com outro oftalmo da mesma clínica na quarta-feira de manhã.
Confesso que fiquei bem preocupada. Comecei a ler sobre o assunto na internet e as informações são assustadoras: moscas voltantes podem ser sinal de descolamento de retina. Não precisa dizer mais nada. 
Segundo o site do Instituto Brasiliense de Olhos (Inbol), moscas voltantes são condensações da gelatina do olho, denominada vítreo ou humor vítreo - um fluido gelatinoso e transparente que preenche a cavidade interna do olho. O site do Conselho Brasileiro de Oftalmologia define moscas volantes como pequenos pontos escuros, manchas, filamentos, círculos ou teias de aranha que parecem mover-se na frente de um ou de ambos os olhos. Esse site (cbo.net.br) explica bem o problema, que é, em geral, associado à idade e à miopia. Tenho os dois fatores contra mim.
Fora o incômodo de ficar vendo as manchas se moverem, o grande risco é haver um rasgo na retina, que pode levar ao descolamento da dita cuja e, consequentemente, à cegueira.
Diante de tudo isso, consegui manter a calma e levar a vida com uma certa normalidade até quarta-feira somente depois de ler o meu próprio post neste blog. Se já padeci do problema num passado recente e não tive consequências piores, por que haveria de ter agora?
Com este pensamento positivo, fui ao Instituto Mato-grossense de Oftalmologia (IMO) na manhã de quarta-feira. Fui atendida pelo dr Luís Arthur, que foi muito gentil e fez os exames necessários (dilatou minhas pupilas e examinou-as minuciosamente com uma luz bem forte). 
Depois de algum tempo de espera - necessário para a dilatação das pupilas, exames, etc - veio o diagnóstico: ele percebeu um pequeno rasgo na retina e chamou seu colega, dr Rodrigo (especialista em retina) para me examinar. O dr Rodrigo confirmou a suspeita e disse que faríamos um procedimento com laser para fechar o buraquinho (palavras minhas, não dele, obviamente).
Mal tive tempo de almoçar e já fui submetida ao procedimento, que não chegou a doer, mas foi bem desagradável. O duro foi relaxar e manter a cabeça firme enquanto era submetida ao laser. Haja prática de Yoga nessa hora!
Saí de lá mais aliviada diante das informações de que não precisaria me privar de nada. O médico só recomendou que não colocasse a lente de contato no olho esquerdo naquele dia. Terei um retorno no dia 9.
Retomei minha vida normal desde ontem, porém confesso que ainda estou angustiada, embora muito agradecida. Afinal, consegui ser atendida razoavelmente rápido e fiz o procedimento necessário para evitar um problema maior. O IMO entrou em recesso ontem. Ou seja, por um triz não fiquei a ver navios, ou melhor, moscas volantes com risco de descolamento de retina.
O mais estranho nessa história toda foi que durante o tempo de espera na clínica fiquei conversando com uma conhecida de Cáceres que teve esse problema em um dos olhos e, por não ter sido atendida de forma adequada na época e a tempo, perdeu 90% da visão de um dos olhos. Ela fez muitos elogios ao dr Rodrigo, que hoje é seu médico, com quem faz acompanhamento para evitar que o mesmo problema ocorra no outro olho.
Diante dos caos da saúde pública no Brasil, eu me pergunto: quantas pessoas não perdem a visão parcial ou totalmente por falta de um atendimento adequado por problemas semelhantes a esse ou por falta de informação?
Por isso compartilho mais uma vez minha experiência com as moscas volantes. Minha intenção não é assustar ninguém, mas chamar atenção para um problema aparentemente bobo que pode levar à perda da visão. 
Ah, no episódio de 2012, elas apareceram no olho direito. Não consegui encontrar nenhum imagem na internet que reproduza as "minhas moscas", por isso usei a mesma imagem utilizada no post de 2012. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Saudades de Brisbane

Vou fechar com este post minha coletânea de relatos sobre minha mais recente viagem à Austrália. 
Ainda não fez um mês que voltei, mas cada vez mais aumenta em mim a sensação de que tudo foi um sonho (ou um pesadelo, dependendo do momento, hahaha). 
Isso é comum quando a gente tem uma mudança brusca de rotina. No caso da Austrália, me encanta especialmente, como eu disse no primeiro post, a sensação de poder circular pelos lugares aos quais fui com segurança, sem medo de assaltos, roubos ou qualquer tipo de violência. Espero que isso se mantenha e saber que minha filha Diana está segura lá me traz uma felicidade enorme e compensa a minha tristeza por não tê-la perto de mim.
Na semana passada, Carol, uma amiga que mora em Brisbane, me relatou um fato muito interessante. Acredito que ela não vá se importar por eu estar compartilhando esta história aqui. Afinal, este espaço é tão íntimo!
Carol estava aguardando para fazer exames de rotina numa clínica quando chegou um homem visivelmente descontrolado (drogado), sem camisa, descalço e com feridas nas pernas. Segundo ela, o homem disse alguma coisa à recepcionista e começou a rabiscar os formulários que estavam no balcão. Para encurtar a história, Carol disse que a moça não levantou a voz em momento algum e apenas perguntava ao recém-chegado seu nome e se tinha consulta marcada. Após alguns minutos angustiantes, um médico apareceu, cumprimentou o homem com gentileza e o conduziu a seu consultório. 
Você consegue imaginar este final de história numa clínica em qualquer cidade brasileira?
Vivemos num país em que sempre nos orgulhamos da cordialidade das pessoas. Hoje, sinceramente, já não sei se as pessoas mudaram ou se acreditávamos numa mentira. As pessoas não mudam tão rapidamente. O que vemos agora - é claro, que há exceções - são pessoas mal educadas, que falam alto, se irritam com facilidade e já partem para ignorância por qualquer motivo. O que vemos agora são pessoas muito preconceituosas, algumas quase doentes, mas que arrotam "sua superioridade" em relação a quem não pensa igual, tem cor diferente, opções sexuais diferentes. 
Eu mesma me policio para não berrar minhas poucas certezas para as pessoas que estão ao meu redor, seja presencialmente ou via rede social. 
Porém é difícil aceitar pessoas que defendem torturadores, que negam o golpe militar de 1964, que engolem as idiotices que a maioria dos representantes do atual governo vocifera na mídia.
Mas este post não era sobre a Austrália? Era para ser, mas é difícil falar de uma viagem a um lugar que me pareceu tão organizado e lindo quando se vive no caos brasileiro, onde o telejornal despeja diariamente carradas de más notícias sobre violência, corrupção, desembargadores que ganham indenizações milionárias enquanto outras pessoas não têm o que comer ou não conseguem atendimento nos hospitais e postos de saúde públicos para atender às suas necessidades mais básicas.
Na verdade, eu queria falar sobre o sistema de ferry boat  - um transporte público que atende à população que transita entre a City (o centro comercial e financeiro da cidade) e bairros situados às margens do Rio Brisbane - o chamado Riverside. 



Andei algumas vezes de ferry na modalidade turista, ou seja, deslumbrada com a paisagem e a sensação boa do vento do fim da tarde fustigando o meu rosto. 
Graças às informações que recebi de Diana na minha primeira temporada em Brisbane, consegui pegar uma embarcação da linha CityHopper, que pára em algumas estações, em determinados horários e é 100% free! E pasme: quando você entra em qualquer embarcadouro há informações completíssimas sobre horários e tipos de embarcações disponíveis, e elas são extremamente pontuais. 




Nessa tarde, peguei um ferry entre o bairro de New Farm e a City onde fui encontrar Diana na saída do trabalho. Fiquei surpresa ao ver a fila de pessoas que aguardavam esse mesmo barco em Eagle Street Pier, onde desci por indicação do funcionário do CityHooper (lindo e gentil!). 



Tudo isso após passar parte da tarde em New Farm Park, um dos meus locais preferidos em Brisbane, terminando a leitura do livro "Corpo em combate, cenas de uma vida", de minha sobrinha-neta Sofia Karam. Mas isso já é assunto para outro post...


New Farm Park 


Esta foto nada tem a ver com o texto. É apenas uma boa lembrança do meu segundo dia em Brisbane, visitando o Monte Kutha onde se tem uma das mais belas vistas da cidade, em companhia de minha filha Marina e sua amiga Sibele.



domingo, 8 de dezembro de 2019

Sobre coalas e cangurus


Uma amiga jornalista me perguntou sobre cangurus e coalas, e prometi que escreveria um post sobre esses animais que são a marca registrada da Austrália. Qualquer evento internacional envolvendo Austrália tem um canguru ou um coala ao lado da logo.
Na primeira ida a Brisbane, visitei o Jardim Zoológico. Foi o meu primeiro contato com cangurus e coalas, e na oportunidade vimos mais um monte de animais típicos de qualquer zoológico do mundo: macacos, elefantes, zebras, girafas, tigres (o que mais me impressionou).
Desta vez visitamos em companhia de amigos o Lone Pine Koala Sanctuary, situado a 12 km de Brisbane. Como o passeio aconteceu no meu segundo dia de viagem, estava ainda sob efeito do jetlag, mas foi bem legal.



Paguei 42 dólares australianos (o equivalente a cerca de 120 reais) pelo ingresso no parque no qual permanecemos por aproximadamente duas horas e meia. O Santuário foi aberto em 1927 e, de acordo com o site koala.net (que eu deveria ter lido antes de visitar), foi criado para abrigar coalas órfãos, machucados e doentes numa época em que esses animais eram abatidos visando o comércio de peles.
Vimos vários coalas em suas gaiolas (eles parecem comer ou dormir o dia inteiro) e decidimos não tirar fotos com um deles no colo. Confesso que me arrependi. Não estou certa quanto ao preço agora, mas era caro (35 dólares australianos) e eu estava recém-chegada à Austrália, ainda bastante assustada com os gastos que viriam inevitavelmente ao longo de mais três semanas. Mas conseguirmos tirar "casquinha" de um coala, que estava disponível para fotos free no colo da funcionária do Santuário. Não foi igual a carregar e tirar uma foto agarradinha com um coala, mas deu uma sensação de proximidade. 



Fiquei especialmente tocada pelos coalas depois que voltei ao Brasil e vi reportagens sobre o sofrimento desses animais (os que estão soltos na natureza) durante os incêndios florestais que castigaram a Austrália em outubro/novembro.
Na verdade, penso que o pobre do animalzinho está se lixando para tudo e acho meio exploração cobrar tanto por uma foto, porém, refletindo um pouco mais, talvez seja uma forma de obter renda para cuidar de mais coalas. Sei lá. Teria que conhecer melhor os responsáveis pelo santuário para tirar minha conclusão.
Após o breve contato com um coala de verdade, percorremos o santuário em busca de outros animais, como o dingo, um cachorro que é considerado nativo da Austrália, embora não seja uma espécie nativa. Segundo o site do Santuário, os primeiros dingoes teriam chegado ao país há 3.500/4000 anos com colonizadores asiáticos, de barco. Outra curiosidade que acabei de aprender: eles não latem, embora emitam sons.


Foto do site koala,net
Vimos outros animais típicos da Austrália, mas o ponto alto do passeio foi a área dos cangurus. Outra informação interessante: somente nessa reserva há quatro espécies diferentes do que nós, brasileiros, chamamos de cangurus. Conhecemos red kangaroos (cangurus vermelhos), eastern-grey kangaroos (cangurus cinzas), swamp wallabies e red-necked wallabies.  Aqui cabe um parênteses sobre a diferença entre canguru e wallaby: eles são parentes, da mesma família de macropodidae e da mesma subclasse de marsupiais, porém o wallaby é menor e menos famoso que seu primo. 

Marina, minha filha, e sua amiga Sibele (amiga do curso de Agronomia da Unesp/Jaboticabal, que está estudando inglês em Brisbane) e o maior canguru que vimos no santuário.
Ficamos mais de meia hora passeando entre cangurus e wallabies e, diante, de sua placidez, até nos questionamos se estavam dopados. Mas acabei de ler no site do Santuário que eles são "naturalmente calmos e dóceis". Além disso, por serem de uma "espécie crepuscular", são mais ativos de manhã cedo e no final da tarde. Isso explica porque eles estavam tão paradões na hora de nossa visita, que foi por volta de 13h (no início da tarde). Vi pessoas se aproximando deles, fazendo selfies, até abraçando os cangurus. Não cheguei a tanta intimidade, mas consegui me aproximar o suficiente para uma foto.





É o que tenho para contar sobre esses animais singulares e que ainda me desconcertam. Super recomendo a visita ao Lone Pine Koala Santuray e acredito que na minha próxima visita à Austrália vou interagir mais com coalas e cangurus. Quantos às baratas, espero apenas aprender a ignorá-las. 



sábado, 7 de dezembro de 2019

Descobrindo Sydney - Parte 2




Nosso terceiro e último dia na maior cidade da Austrália começou com o clima muito incerto. O voo de volta a Brisbane estava marcado para o final da tarde, porém tínhamos que fazer o check out antes do meio-dia. Por isso optamos por tomar um bom banho e já arrumar as malas para deixar na recepção, de modo a ficarmos mais livres ao longo do dia.
Após uma rápida troca de ideias com a recepcionista do Boutique Hotel para sabermos se estávamos devidamente agasalhadas para o clima, deixamos o hotel e decidimos seguir a pé até Darling Harbour - um dos pontos turísticos da cidade. Pensa num vento gelado!!! Como sempre, as meninas se guiavam pelo Google Maps e eu preferia o velho e bom mapa de papel que ganhei no hotel.
O detalhe desse dia - que fez toda a diferença - é que era Melbourne Cup.  Na primeira terça-feira do novembro, os australianos param para assistir ao que chamam "the race that stops the nation". É feriado nacional no estado de Victoria, estado onde está situada a cidade de Melbourne - a segunda maior da Austrália, situada mais ao sul do país. As corridas de cavalo acontecem em Melbourne, mas o país não só pára para assistir ao evento, como se veste como se estivesse indo ao hipódromo. As mulheres usam chapéus bizarros e seus melhores vestidos, e circulam pelas ruas de sapatos altos, de salto fino. Os homens vestem ternos, blazers, alguns usam gravatas borboletas. É um desfile de moda e os bares faturam com isso, criando eventos nesse dia.

Momento da corrida de cavalo principal. Mesmo em Sydney, há pontos de apostas e as pessoas se aglomeram para assistir às corridas. Os mais endinheirados se vestem de forma especial, e se reúnem em bares e eventos fechados. Em geral, bebe-se muito nesse dia. 
Nós, naturalmente, não "fomos convidados para a a festa", porém nos divertimos observando o ir e vir dos locais. 
Decidimos tomar nosso desjejum num dos cafés na orla de Darling Harbour. Estava tão frio que as gentis garçonetes nos ofereceram mantinhas para nos protegermos do vento que insistia em entrar.
Mais animadas após matarmos a fome, caminhamos contra o vento,  com écharpe e documentos, até a área mais emblemática de Sydney, onde se encontram a Opera House e Royal Botanic Gardens. 
Apesar do vento gelado, o dia estava lindo e curtimos muito ver os bares apinhados de gente na lateral do Opera House (alguns têm eventos fechados, só para convidados, com música ao vivo da melhor qualidade). 



Passeamos bastante, desfrutando da belíssima vista da Baía de Sydney, e tiramos muitas fotos. A mais engraçada de todas foi tirada no momento em que uma lufada de vento quase me derrubou. 




O prédio do Opera House é magnífico e até pensei em fazer um tour por seu interior, mas diante do preço (não me lembro exatamente quanto), desisti porque, na verdade, gostaria de assistir a um espetáculo e não fazer uma excursão num teatro vazio.
As meninas tinham decidido que almoçaríamos num lugar longe dali que supostamente teria um hamburger muito especial, com uma camada extra de queijo: raclette (um queijo suíço derretido).
Mas antes fiz questão de visitar The Rocks - o mais antigo bairro de Sydney, que fica perto da baía. 


Diana posa para foto diante de uma decoração feita especialmente para saudar os visitantes em The Rocks no dia da Melbourne Cup



Adorei o passeio e o ponto alto foi a visita ao The Rocks Discovery Museum. Eu poderia passar horas lá assistindo aos vídeos, aprendendo mais sobre as origens desse imenso e intrigante país chamado Austrália. A entrada era gratuita e ficou muito claro que os pioneiros realmente enfrentaram tempos duros para se estabelecerem no local. Sabe aquela história que os ingleses traziam condenados para a nova colônia? É a pura verdade. 
Após The Rocks, um bairro charmoso, pegamos ônibus para ir ao tal bar que as meninas queriam conhecer. Foi meio decepcionante. Lugar vazio, atendentes mal humorados, mas o sanduíche (com raclette) estava bem gostoso, principalmente para quem já estava morrendo de fome. 
Decidimos retornar a pé ao hotel para queimar um pouco das calorias recém-adquiridas e também economizar. Os ônibus são ótimos, mas as passagens não são baratas, principalmente para quem não ganha em dólar (o dólar australiano está na seguinte proporção em relação ao real: 1 dólar = 2,80 reais). O percurso foi gostoso por causa do clima fresco (já não estava tão frio) e a harmonia entre nós. 
Como ainda tínhamos tempo antes de ir para o aeroporto e não tínhamos nenhum programa especial em mente, escolhemos um parque no caminho e nos sentamos na grama, como muitos locais fazem, esperando o tempo passar. Ficamos conversando e contei às meninas sobre meu amigo Magno Jorge, que deixei em Cuiabá em estado terminal. Falei sobre sua doença, o que aprendi nos dias em que acompanhei seu drama, e que sabia que dificilmente o encontraria com vida quando retornasse ao Brasil. 
Nesse mesmo dia (ou no dia seguinte, não estou bem certa), soube pelo amigo Rodrigo Vargas que Magno tinha falecido em Cuiabá. 


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Descobrindo Sydney - Parte 1


Hoje convido você a um passeio por Sydney que, embora não seja a capital da Austrália, é a maior cidade do país e a mais famosa.
Nossa viagem (fomos eu e minhas filhas Diana e Marina) a Sydney começou num voo, de aproximadamente uma hora e meia, que saiu bem cedinho (quase madrugada), no domingo (dia 3 de novembro), de Brisbane. A distância entre as duas cidades é de pouco mais de 900 km e elas estão localizadas em estados diferentes: a primeira em Nova Gales do Sul e a segunda em Queensland, com uma diferença de uma hora no fuso horário.
A previsão do tempo era de chuva nos três dias que passaríamos  lá, o que nos deixou um pouco desanimadas e nos obrigou a malabarismos para arrumar a mala (de 10 kg no máximo). 
No primeiro dia choveu. Chegamos mortas de sono ao Boutique Hotel, que fica localizado na George St, bem perto de Chinatown. Como não podíamos fazer o check-in naquela hora, somente deixamos as malas na recepção (pessoal muito simpático e solícito) e fomos atrás de um bom café da manhã, que foi praticamente um almoço. 
Um pouco mais animadas e alimentadas, flanamos pelas redondezas e demos um rolê no gigantesco Paddy's Markets à espera do horário de fazer o check-in. Nosso primeiro objetivo era fazer o Free Tour, que partiria de um local entre a St Andrews Cathedral e o Town Hall. O roteiro era extenso e bastante atraente, e minha filha Marina e eu estávamos entusiasmadas por conta de outras experiências muitos boas com esse tipo de tour. Diana, entretanto, estava desanimadíssima: muito gripada, não parava de espirrar.  Iniciamos o tour, que estava muito interessante (mesmo que eu compreendesse somente a metade do que a guia falava), porém começou a chover forte e não tínhamos guarda-chuva. Optamos por entrar num café da Lindt, onde nos deliciamos com bebidas e comidas, tudo naturalmente à base de chocolate. Diana ia voltar sozinha para o hotel, mas mamãe super protetora preferiu acompanhá-la e, após um banho, deixamos ela dormindo no quarto e saímos para beber e comer (Marina e eu). Estava bem frio.
Minhas primeiras impressões de Sydney foram complexas. A cidade é bem mais movimentada que Brisbane (em pleno domingo), mais suja (pelo menos, no Centro) e a quantidade de gente pedindo dinheiro ou simplesmente morando na rua é grande. Não sei se não homeless por opção, ou por problemas de saúde (drogas, etc), mas é sempre triste ver pessoas deitadas num colchão no meio da rua ou simplesmente pedindo dinheiro. Em Sydney, a gente não anda tão despreocupada com a bolsa, mas nada que assuste quem é brasileiro e está acostumado com cidades mais perigosas.
Única foto do nosso primeiro dia em Sydney, no Hyde Park
Nosso segundo dia em Sydney foi glorioso. O dia amanheceu lindo e Diana acordou praticamente recuperada da gripe (ou alergia). Sendo assim,  partimos para nosso programa mais audacioso: fazer a travessia de Bondi a Coogee (Bondi Coogee Coastal Walk), uma caminhada de aproximadamente 6 km. Com a experiência de sua primeira ida a Sydney, Diana achou que seria mais interessante fazermos a caminhada inversa ao que a maioria das pessoas faz. 



Foi lindo, inesquecível! Após um farto café da manhã (só lembramos de tirar a foto depois de comer), pegamos um ônibus e descemos na praia de Coogee e fomos caminhando sem pressa, degustando paisagens incríveis, cada uma mais estonteante que a outra.

Estava sol, porém tinha uma brisa geladinha para quem está acostumada ao clima mato-grossense e, infelizmente, não tivemos coragem de mergulhar em nenhuma das praias e piscinas maravilhosas que vimos ao longo do passeio. Bobeira minha: mesmo usando protetor solar, fiquei com a marca da blusa!



No caminho, nos deparamos com uma exposição de esculturas muito legal e, à medida que nos aproximávamos de Bondi - a praia mais famosa de Sydney - a pista ia ficando mais cheia de gente: idosos com dificuldades para andar, crianças, grupos de estudantes. 


A Estátua da Liberdade Louca, minha escultura preferida da exposição.




Quase no final da caminhada, uma vista estonteada de Bondi Beach

Mas, para mim, o ponto alto do passeio foi o trecho próximo ao cemitério de Waverley. Fiquei realmente deslumbrada com a paisagem.



Ao final da caminhada, nos presenteamos com um sorvete do Ben&Jerry em Bondi e pegamos o ônibus de volta para o Centro, com a intenção de visitar Manly, uma praia à qual se chega de ferry-boat. Tínhamos receio de que o tempo poderia ficar novamente ruim no dia seguinte, o último que passaríamos em Sydney.




Travessia de ferry boat para Manly. Ao fundo, o icônico Opera House

Nossa intenção era tomar banho de mar, mas quem disse que tivermos coragem? O ar estava ainda mais gelado e ventava muito. Passeamos pelas lojas, tiramos fotos e comemos fish&chips num restaurante à beira-mar, devidamente acompanhado (no meu caso) de um cálice de vinho tinto. Chique, né?


Brincando de tirar fotos com a GoPro da Marina em Manly
Voltamos para o Centro de Sydney muito alegres e caminhamos até o hotel. Após o banho, fomos atrás do jantar. Andamos muito à procura de um restaurante com rodízio de pizza que as meninas descobriram (não sei como), mas quando chegamos lá o rapaz que nos atendeu disse que não aceitavam mais fregueses (já era tarde, por volta de 21h). Me deu vontade de sentar no chão e chorar.
No retorno ao hotel (sempre a pé), decidimos parar num restaurante tailandês. Marina não gostou muito da ideia, mas o jantar acabou sendo divertido e, guiadas por Diana, comemos razoavelmente bem. Pelo menos, o lugar estava muito cheio e animado.



Vou deixar o terceiro dia de Sydney para outro post. Imagine se eu ficasse lá uma semana!
PS. Após a experiência do primeiro dia em Sydney, Diana passou a levar sempre seu guarda-chuva na bolsa, que funcionou como uma espécie de amuleto contra a chuva. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Música em Brisbane

"Retorno" hoje a Brisbane em busca de lembranças que gostaria de compartilhar com mais pessoas. Realmente, Brisbane - apesar das baratas - é uma cidade fascinante!
Hoje vou falar sobre música. Quem me conhece sabe quanto amo e valorizo a boa música e, principalmente, adoro música ao vivo, músicos de rua. 
Na primeira viagem que fiz à Austrália, visitei várias cidades litorâneas e me encantei com a quantidade de músicos de rua, que se apresentam em troca de doações dos transeuntes. Até flertei com a fantasia de me ver mais jovem tocando violão e cantando na rua a boa e velha MPB. 
Desta vez, eu me deparei menos com artistas que me fizeram interromper a caminhada e até teve um que me provocou efeito o contrário: vontade de andar mais rápido. Se não me falha a memória, isso aconteceu no Centro de Sydney, onde um rapaz cantava um desses hits de desenho animado da Disney a plenos pulmões com acompanhamento mecânico.
Mas os músicos que deixaram melhor impressão em mim nesta temporada foram um brasileiro e o duo australiano Cadence Guitar, formado por Justin Husband e James Diamond. Também vou incluir nessa lista uma jovem que cantava e tocava violão num bar de rua em plena City, em Brisbane.  Voz deliciosa, repertório idem e aproveito para fazer uma observação: não foi cobrado couvert artístico.  Aliás, outro fato curioso: em Brisbane, você não paga para entrar em bares com música ao vivo. Acredito que o cachê dos músicos seja pago diretamente pelos bares. Isso permite, por exemplo, que você percorra vários bares numa mesma saída sem se preocupar com gastos com entrada ou couvert, já que paga somente pelo que consome. Numa mesma noite, fui a três bares diferentes com uma amiga de Cuiabá que está morando lá e só não fomos a um quarto porque perdemos a noção da hora: quando chegamos lá já passava de meia-noite e o bar já estava fechado, infelizmente.
Mas voltemos aos três músicos citados no início do texto. Na primeira semana em Brisbane, visitamos Eat Street Northshore, na noite de sexta-feira.  Foi um dos melhores programas que fiz nesta temporada! Comida excelente e variadíssima, de todas as partes do mundo, inclusive, do Brasil (galinhada e moqueca)! É claro que preferi provar petiscos de outros lugares. Cervejas, vinho, doces e sorvetes maravilhosos!  
Mas o melhor da noite para mim foi uma dupla de violonistas que estava se apresentando num palco secundário. Fiquei completamente hipnotizada, quase em êxtase com o repertório (clássicos da música instrumental), a destreza e a musicalidade dos rapazes. Foi mágico! Quem conhece o LP Friday Night in San Francisco (1981) com Al DiMeola, John McLaughlin e Paco de Lucia sabe do que estou falando. 
Quando tentei fazer um registro com meu celular mais de perto, os dois pararam e fizeram pose, achando que eu estava fotografando. O resultado foi bem engraçado.







Nossa cara de felicidade depois de comer e beber bem, e ainda escutar música da melhor qualidade.


Outra surpresa veio também numa sexta-feira quando fomos à inauguração na City do novo café de Cleberson, um brasileiro divertidíssimo que mora há anos em Brisbane. Minha filha Diana trabalhou para ele por um  breve período há algum tempo e eles ficaram amigos. A inauguração começou às 16h e terminou depois das 21h, Teve cerveja, champanhe, vodca e comida à vontade, mas o que mais me encantou foi a música. 


O alegre encontro de dois botafoguenses em Brisbane: o baiano Cleberson foi zagueiro do Botafogo, no Rio de Janeiro, e hoje trabalha e vive na Austrália com a mulher neozelandesa e as filhas. Foto de Diana Graça.


Um amigo de Cleberson, o brasileiro Maurício Hosi, um paulista radicado em Brisbane há muitos anos, fez um som maravilhoso (empolgante) na guitarra. Tocou pop (tipo George Benson), música brasileira num estilo que me encanta - uma mistura de Joe Pass e Hélio Delmiro. Um som vigoroso, mas extremamente melódico e harmonioso. Coisa fina! 
Gostaria de ter mais histórias boas para contar e tenho certeza de que Brisbane esconde tesouros e grandes músicos até por ser uma cidade tão cosmopolita. 
Nessa quinta-feira que vaguei pela noite com a amiga Caroline Peron fomos a um bar onde se ouve e se dança salsa em pleno Fortitude Valley, e a dois bares com bandas de rock and roll. 
Da próxima vez, vou realizar um desejo: visitar um piano bar. 


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Primeiras impressões de uma segunda viagem à Austrália




Desde que cheguei da Austrália, há duas semanas, venho ensaiando escrever sobre a minha segunda visita a esse país que passou a fazer parte da minha vida, de forma inesperada, quando minha filha Diana resolveu fazer intercâmbio lá em 2014. 
Na verdade, ando preguiçosa, em parte por culpa do jetlag que, acreditem, pega a gente de jeito, por conta da diferença de 13 horas no fuso horário (considerando as cidades de Brisbane, onde ela mora, e Cuiabá, onde eu moro).
Tenho tanto a falar que nem sei por onde começar. Em 2017, quando retornei da primeira vez, dividi meu relato em várias postagens, que comecei a publicar quando ainda estava em viagem. Agora, como só publiquei pequenas postagens nas redes sociais, a dificuldade para começar fica maior.
Estou escrevendo para mim ou para os outros? Essa é a primeira questão. Não sou blogueira de viagem. Meu objetivo maior é registrar percepções, impressões, pequenas alegrias e descobertas, e isso tanto serve para mim (uma forma de organizar minhas lembranças de viagem) quanto para os outros que se interessem pelo assunto.
Feito esse longo nariz de cera (adoro essa expressão), vou escolher um tema para esta primeira postagem: como foi retornar à Austrália? O encanto da primeira viagem permaneceu?
Foi estranho. A primeira visita a Brisbane foi só encantamento. Desta vez, o encantamento foi mais ocasional. 
A cidade continua magnífica e o que mais me encanta lá talvez seja a sensação de segurança.
É muito bom andar nas ruas sem medo de ser assaltada, abordada por outras pessoas, a qualquer hora do dia ou da noite. Uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei a Brisbane foi comprar uma mochilinha, que me acompanhou o tempo todo, na praia, nos passeios, de dia, de noite. Nela, eu colocava meu passaporte, celular, uma garrafa de água e um casaquinho (nas primeiras semanas), fora outras coisas de praxe, e seguia sem medo de ser feliz. 

Caminhei muito pelas ruas de Brisbane e de Sydney, cidade que visitamos por três dias e que merece um post à parte. Peguei ônibus sozinha, me perdi, pedi ajuda a pessoas no meio da caminhada ... Fiquei horas num parque público simplesmente lendo e parando de vez em quando para sentir o vento, ouvir o barulho das folhas e dos pássaros. Como tem pássaro em Brisbane! Em nenhum momento, alguém me incomodou, interrompeu meus devaneios ou me pediu alguma coisa. 
Pássaro típico da Austrália passeia muito perto do banco onde eu estava sentada no Botanic Garden

Sinceramente não sei como funciona a economia na Austrália e em Brisbane em particular. A quantidade de imigrantes é imensa. Na maioria das vezes em que usei carro via aplicativo ou táxi, os motoristas eram indianos ou paquistaneses (só houve uma exceção em que o motorista era australiano e aparentava ter algum tipo de deficiência). Você vê pessoas nas ruas de várias nacionalidades e não raro ouve alguém falando Português enquanto espera o sinal abrir. Os australianos também estão por ali e, de vez em quando, você até conhece um. Aparentemente eles não se incomodam com a presença de tantos estrangeiros e têm seus empregos garantidos.
Os ônibus não têm cobradores e os motoristas são até brincalhões. Teve um que disse para mim e para minha filha que tínhamos que pagar uma cerveja para ele porque estávamos fazendo seu ônibus de táxi (ele nos esperou um pouco enquanto caminhávamos até o coletivo).
Quando o passageiro entra e sai passa seu cartão (o GoCard) pela leitora que informa seu saldo. Minha filha disse que em algumas linhas é possível pagar ao motorista em cash (dinheiro vivo). 
Os postos de gasolina não têm frentistas. O próprio motorista abastece seu carro e paga depois no caixa do posto. 
Os caminhões de coleta de lixo são conduzidos por um motorista e têm um mecanismo que "pega" o recipiente na porta das casas e despeja seu conteúdo na caçamba. 
Brisbane é bastante limpa (ao contrário de Sydney, que tem bastante lixo na rua) e há banheiros públicos por toda parte (ruas da City, o centro comercial e financeiro da cidade; praias, parques). E o que é melhor, os banheiros estão sempre limpos e têm papel higiênico disponível!
Ruas e estradas estão cheias de obras, mas até as obras lá parecem organizadas e realizadas de uma forma que não incomoda tanto as pessoas. 
Tem uma coisa que não gosto em Brisbane: estranhamente tem muita barata na rua. Desta vez, como não era alto verão, só vi uma na rua para ser sincera, mas levei alguns sustos na casa em que estava hospedada. São umas baratas gigantes, muito escuras, nojentas, assustadoras. Preciso superar essa fobia antes de retornar à Austrália.
Já me falaram que a Austrália é o Brasil que deu certo. Não sei se a comparação é correta porque há semelhanças entre os dois países, mas certamente há muitas diferenças. A Austrália tem aproximadamente 25 milhões de habitantes numa área de quase 8 milhões de quilômetros quadrados. O Brasil tem 210 milhões de habitantes numa área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados! Nossa densidade populacional é de 23,8 habitantes/km2; a da Austrália não chega a 3 hab/km2! O Brasil foi "descoberto" pelos portugueses em 1500, enquanto a Austrália teve a costa leste mapeada pelo inglês James Cook em 1770. 
O fato é que a Austrália - do que conheço pessoalmente e do que ouvi falar por meio da experiência de pessoas que conheci - é um país muito amigável (friendly). Ainda bem! Porque minha filha não pensa em voltar. Quer saber a verdade? Morro de saudades dela (principalmente quando volto de lá) e me pergunto "o que fiz para merecer uma filha morando tão longe", mas admiro demais a coragem dela, a forma como encara e vem vencendo as adversidades, e morro de inveja de sua aventura australiana.  Acho que me realizo através dela.
Marina (de passagem), eu e Diana no meu primeiro dia em Brisbane após mais de 18 horas de voo e outras tantas de aeroporto. /Estamos em New Farm Park, um dos meus locais favoritos na cidade.