domingo, 31 de julho de 2011

Domingão sem Faustão

Hoje é o último dia do primeiro mês do segundo semestre de 2011. Como o tempo voa!
Depois de amanhã minha filha Marina volta para Jaboticabal para inciar seu quatro semestre no curso de Agronomia da Unesp e meu coração sofre com mais essa partida. Depois eu me acostumo, mas é tão bom tê-la por perto e tão triste saber que só nos veremos daqui a uns três meses na melhor das hipóteses!
Hoje teve um almoço da Confraria do Choro aqui em casa, pela primeira vez. Na verdade, eu só cedi o espaço e tudo aconteceu sob o comando da diretoria. Muitas pessoas faltaram, como era previsto, porque houve um casamento da filha de alguém ligado ao Chorinho, que não conheço.
Apesar de pessoas muito queridas não terem vindo, o dia foi gostoso, principalmente a parte final da tarde. A gente formou uma grande mesa em torno do violão do Fernando e foi cantando, tudo junto e misturado.
Como o ambiente é bem informal, todo mundo procurou cantar músicas que fogem ao seu repertório habitual, experimentar coisas novas. Eu, por exemplo, cantei (e me enrolei toda) "Geni e o zepelin" de Chico Buaque.
Tinha um senhor, Dito Cesário, também conhecido como "Dito Voz de Trovão". O cara canta muito! Além de solar, ele curtiu cantar junto com a gente, fazer coro, segunda voz. Muito divertido!
Apesar do calor, estava ventando gostoso na área onde ficamos. Bom demais. Adoro passar um domingo inteiro sem sair de casa, nem ligar a TV.


sexta-feira, 29 de julho de 2011

De pernas pro ar

Ontem vivi uma experiência inédita: visitei uma "boutique sensual".
Lembra aquele papo de que o ser repórter me permite fazer coisas que não faria normalmente? Pois é, ontem foi uma dessas ocasiões: passei boa parte da manhã numa boutique sensual.
Juro que não comprei nada, mas fiquei bem tentada ... Foi engraçado e tenso ao mesmo tempo.
Fui fazer uma matéria que será publicada no Ilustrado do Diário de Cuiabá de domingo, por isso não posso adiantar muita coisa (para não levar um puxão de orelha do meu chefe, o Tyrannus do "blog ao lado").
Mas aqui posso contar algumas coisas que não disse na matéria, que foi mais comportamental. Há poucos dias assisti por acaso ao filme "De pernas pro ar".
Tempos atrás, Diana, minha filha mais velha pegou o DVD e disse que era chatinho, por isso nem cheguei a me esforçar para ver, porém na segunda-feira da semana passada cheguei em casa cansada e Marina, a caçula, estava assistindo ao DVD e eu me deixei ficar ao lado dela.
Apesar de algumas cenas exageradas, eu me diverti muito. Dirigido por  Roberto Santucci, o filme conta a história de uma profissional de marketing super eficiente e meio neurótica, Alice, interpretada por Ingrid Guimarães, que de repente vê sua vida de pernas pro ar. O marido pede um tempo, ela é demitida da empresa. 
A vida de Alice se cruza com a da vizinha Marcela, interpretada por Maria Paula, que faz o papel de Maria Paula, ou seja, a boazuda, sensual, que no filme é dona de uma sex shop decadente.
Papo vai, papo vem, as duas viram sócias, o negócio prospera loucamente e tudo - vida sexual, afetiva - se resolve para as duas.
O filme tem umas cenas muito engraçadas, como a primeira noite de Alice com o coelho/vibrador. Outra cena hilária é a do jogo de futebol: Alice está usando uma calcinha com um estimulador que reage a qualquer música. Ela acaba sendo uma das torcedoras mais animadas para deleite do filho inocente.
O filme toca em alguns preconceitos, como o de Alice em relação à Marcela, e tabus, como a questão do orgasmo feminino, etc.
Pois ontem eu me vi diante de duas mulheres de carne e osso que pareciam personagens do filme. E elas - a dona e a gerente da boutique sensual - estavam ali prontas para me apresentar um mundo sedutor e totalmente desconhecido.
Para complementar a reportagem entrevistei uma terapeuta de casais muito legal e ela disse que muitas mulheres, apesar de toda a aparente liberação sexual, continuam apegadas aos padrões de suas mães em termos de sexo.  Disse ainda que tem uma geração nova que está querendo quebrar tudo, mas está quebrando a própria cara e enfrentando DSTs, gravidez indesejada e resvalando para a vulgaridade.
Não vou dizer mais, só posso assegurar que a matéria mexeu muito comigo.
Dizem que não existe coincidências.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Profissão repórter

Descobri uma qualidade em mim! Como não sou muito generosa comigo mesmo, preciso compartilhar esta descoberta.
Como vou explicá-la? Tenho uma capacidade grande de tirar leite de pedra. Em outras palavras, é muito dfícil eu pegar uma pauta e não conseguir fazer uma (boa) matéria.
Pauta, para quem não é do métier, é a ideia básica que pode gerar uma matéria jornalística.
Tem pautas que chegam à redação, outras que estão na cara e ainda outras que precisam ser "criadas". Um bom jornalista não inventa a pauta, porém pode criar uma a partir de fatos aparentemente corriqueiros ou que não chamam atenção por si só.
Uma das funções do bom assessor de imprensa é exatamente a de oferecer pautas para os jornalistas, atrai-lo para o seu assessorado, seja ele uma pessoa ou uma empresa. É claro que muitos assessores nem precisam se dar a esse trabalho e até fazem o antijornalismo, ou seja, eles querem evitar que o jornalista chegue a seu assessorado.
Mas isso é outra história e estou divagando, como de hábito.
Voltando ao início, eu me toquei de que dificilmente derrubo uma pauta. Basta ter uma pessoa que fale, uma historinha bacana, para que eu consiga criar uma matéria legal.
Quando eu trabalhava na revista Produtor Rural, jamais - que eu me lembre - voltei da rua (em geral de uma viagem) sem uma boa matéria.
Houve uma ocasião em que viajamos - o fotógrafo José Medeiros e eu - e não conseguimos chegar à cidade onde faríamos a matéria (Nova Marilândia) porque passei muito mal. Tive que fazer a entrevista principal depois por telefone, mas mesmo assim não perdemos a viagem. Conseguimos ótimos personagens no restaurante de beira de estrada onde paramos para tomar um fôlego e adiantamos o nosso lado. 
Gosto muito de ser repórter, da possibilidade de abordar e conversar com pessoas com as quais não falaria normalmente, visitar lugares e viver situações aos quais não teria acesso em outras circunstâncias.
Agora que estou trabalhando no Ilustrado do Diário de Cuiabá tenho conversado com muitos artistas e pessoas ligadas à cultura. É muito legal e, de vez em quando, tenho a oportunidade de descobrir novas facetas em pessoas que já conhecia e que nem curtia tanto. O contrário também pode acontecer, mas ainda não aconteceu.
Pena que repórteres não sejam muito bem remunerados. Embora façam a matéria-prima de jornais, revistas e outros produtos jornalísticos, em geral, ganham menos que profissionais de outras funções, que também não ganham assim tão bem.  Na verdade, o jornalismo é meio como o futebol: tem uma meia dúzia de estrelas (que nem sempre são os craques da bola) que ganha muito bem e o resto ...
Mas acho que sou uma repórter nata. Posso até desempenhar outras funções eventualmente (afinal, há sempre muitas contas a pagar), mas gosto mesmo é de ser repórter.   

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dia do Escritor

"Escrever é gravar reações psíquicas. O escritor funciona qual antena - e disso vem o valor da literatura . Por meio dela, fixam-se os aspectos da alma de um povo ou pelo menos instantes da vida desse povo".
A frase é de Monteiro Lobato e me foi apresentada por meio de um email da Editora Entrelinhas parabenizando-me pelo Dia do Escritor.
Pensei muito na mensagem de Lobato, um escritor que fez a minha cabeça e de muita gente na infância e na pré-adolescência.
Volta e meia vem à baila essa história de antena. Já falei aqui, acredito, sobre sintonizar "boas ou más estações". Como escritora tenho procurado, através do jornalismo, sintonizar "reações psíquicas" positivas.
Será isso fruto de uma necessidade vital de realçar o que é bom, belo e instiga nossa sensibilidade, a vontade de fazer mais e melhor?
À qual distância estou de fazer literatura? O que faz da literatura literatura? A questão parece fácil de ser respondida, mas não é.
Será que faço literatura? Mereço o título de escritora? Se a editora resolveu me endereçar sua homenagem devo fazer.
Tenho dois livros publicados pela Entrelinhas e já mencionados aqui. O primeiro, "Cantos de amor e saudade", de 2005, foi escrito em 1998, quando ainda morava em Cáceres e é uma biografia que se entrelaça com a história do próprio município. Ele mora no meu coração.
O segundo, "Canopus, uma história de sucesso", de 2011, também é uma biografia e conta a história de um empresário, a criação de sua empresa e sua trajetória de sucesso.  Como foi um livro encomendado, não o sinto tão meu. Não tive a mesma liberdade de criação, embora tenha me esmerado para contar uma boa história, ou seja, lancei mão de várias técnicas literárias para prender a atenção do leitor. 
Escrever é muito bom, mas é cansativo também. E muito desafiador. Você sempre pode fazer melhor. Cada vez que releio um texto, sinto que ele poderia ser melhor, mais enxuto, refinado. 
Às vezes acho que sou meio louca de escrever tanto neste blog, sem muita preocupação com o texto. Apenas dou vazão ao que passa pela minha cabeça e ao que toca ou aflige meu coração. 
É meio como água. A gente abre a torneira e ela vai escorrendo pelo ralo ou bueiro para se juntar a outras águas mais adiante. Um dia, quem sabe, chega num rio, no mar, evapora, vira nuvem, volta pra cá em forma de chuva, ou então pode ser consumida, irrigar outras plantações.
A palavra nunca se perde totalmente, assim como os escritos de jornalistas/escritores. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Violências

A semana começou boa (para mim) dentro da água fria da piscina do Golfinho Azul. Não cheguei a nadar tudo que pretendia porque tive caimbra na batata da perna esquerda (na panturrilha). Gente, como é ruim ter caimbra! Na quarta, tive caimbra nos dois pés de uma só vez. Hoje, tudo parecia bem, quando já no finalzinho da aula batou essa caimbra em uma das pernas. Esperei um pouco para ver se a dor passava, mas o jeito foi voltar para a parte mais rasa da piscina fazendo só a braçada do nado de peito, sem mexer as pernas. Assim que saí da piscina, passou.
Nessas horas, sempre penso em alguém tendo caimbra em alto mar. Jamais nadaria em alto mar sem ter um apoio por perto, embora ache que nadar no mar deve ser uma das sensações mais incríveis do mundo.
Meu fim de semana foi muito bom, embora assustado com as notícias que todos vocês já sabem.
Na sexta, eu reclamava da violência em Cuiabá, mas o que dizer da violência na Noruega? É estranho, em países bem mais calmos que o Brasil geralmente a violência vem em doses cavalares, avassaladora, inexplicável.
Nenhum ato de violência encobre outro, portanto continuo preocupada com o não avanço nas investigações sobre a morte do jornalista Auro Ida e a falta de informações sobre o caso. Seja crime passional ou não, a sociedade não pode simplesmente aceitar esse estado omisso, em que a polícia não investiga, onde crimes permanecem sem solução. Os políticos - representantes do governo, deputados peso pesados, ex-presidente da OAB - vão ao velório do jornalista morto e se dizem pesarosos, mas e as respostas efetivas para um crime covarde que tem toda pinta de execução, quem vai dar?
Outra violência é a morte da cantora Amy Winehouse, aos 27 anos - a mesma idade fatal de tantos outros astros da música, que também fizeram história e se entregaram com vontade às drogas. É estranho isso: a gente sabe que muitos foram usuários de drogas pesadas e estão por aí contando suas histórias, aposentando-se como tios e vovôs do rock. Outros se afogaram na piscina, no próprio vômito ou se mataram de uma forma ainda mais direta.
O mundo das artes tem muitas histórias tristes como a de Amy. Há muitas outras histórias tristes por aí, que permanecem desconhecidas ou só aparecem em programas especiais sobre drogas.
Nunca fomos muito chegadas (Amy e eu), mas lamento sinceramente esse final prematuro, crivado de muito sofrimento, porque, na minha opinião, ninguém pode ser feliz ficando bêbado o tempo todo e se autodestruindo.

PS. Já ia me esquecendo de registrar aqui outra violência explícita: a execução a tiros do prefeito de Novo Santo Antônio, Valdenir Antônio da Silva.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Madrugada movimentada

Minha madrugada foi movimentada. Minha filha mais velha viajou para Natal (foi passear e já chegou ao seu destino, sã e salva) e duas amigas da caçula, colegas do curso de Agronomia na Unesp Jaboticabal, chegaram de Campo Grande. Minha casa está parecendo até pensão ou albergue.
Minha manhã foi gostosa: conheci e entrevistei um calígrafo, um senhor muito simpático e apaixonado pelo que faz.
Da minha parte tudo está calmo, mas fiquei chocada com o assassinato a tiros do jornalista Auro Ida. Não o conheço pessoalmente, porém como todo mundo estou com a pulga atrás da orelha com a execução, que, segundo a polícia, pode ser crime passional. Como o Auro sempre foi muito ligado ao jornalismo político (ele foi secretário de Comunicação da Prefeitura), há suspeitas de que o crime pode ter outra motivação.
Seja como for, o assassinato ocorreu no bairro Jardim Fortaleza, considerado um dos mais violentos da capital, e o assassino não levou nada da vítima. Ele apenas mandou que a mulher que estava com Auro saísse do carro antes de atirar para matar. 
Em matéria de violência e impunidade, Cuiabá, infelizmente, não fica atrás de outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. Talvez esteja até à frente. Ontem dois rapazes mataram a tiros um garoto de 16 anos em plena luz do dia numa escola pública cuiabana.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A volta da cigarra

A cigarra voltou ontem, com força total. Depois do ensaio do madrigal que não aconteceu por falta de integrantes e se transformou por isso mesmo numa sessão de terapia de grupo muito proveitosa diga-sede passagem, fui ao Chorinho.
Tomei uma cerveja e duas águas (gasto de pouco mais de R$ 7) e me diverti muito, apesar dos problemas, da corrupção no país, das injustiças, da solidão que às vezes bate à minha porta, etc, etc. Cantei (várias músicas relacionadas à tristeza, quase todas mandando a tristeza embora) e dancei bastante. Encontrei um ótimo parceiro de dança, reencontrei dois amigos que não via há anos. 
Saí de lá mais tarde do que devia e pretendia (esse é o problema) e a festa ainda não tinha acabado.
O Marinho - o incansável tocador do violão de sete cordas, dono e maestro do Chorinho - tem razão quando me chamou atenção na chegada por eu andar meio sumida: "Você não vai achar nada melhor fora daqui".

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bordadeiras

Ontem optei por não escrever. O fato de ter trabalhado bastante de manhã e à tarde não é desculpa. Na verdade, achei que não tinha o que dizer. Ou então, o que tinha de dizer era um pouco complexo demais, aborrecido demais até para mim. Sabe aquela coisa de há ocasiões em que é melhor permanecer calado?
Ando assim, sem vontade de falar. Nem de cantar, ando com vontade. Mas é um estado transitório, espero. Sabe quando dá um cansaço de falar das coisas?
Ontem, assisti à reportagem sobre pai e filho espancados porque confundidos com um casal gay. Achei tão triste ... Não seria menos triste se realmente fossem um casal gay, porém a intolerância de parte da sociedade - tão permissiva com outras coisas - não suporta nem carinho entre pai e filho. O que é isso?
Fico deprimida de assistir a tantas cenas de violência. Todo dia tem roubo de escola em Cuiabá. É impressionante! Os ladrões entram com facilidade, levam computadores, dinheiro, aparelhos de televisão e nada consegue deter a ação criminosa.
Em outros níveis da sociedade, ladrões levam nosso dinheiro e bens por meio da corrupção, da ineficiência. Mais uma vez, nada parece conseguir deter a ação criminosa, tanto que temos ladrões senadores, deputados federais, prefeitos, secretários de estado e vereadores.
Não vou terminar esse post só com constatações amargas. Ontem, conversei com uma mulher incrível. Ela se chama Louriza e é mãe do Leonardo Yule, aquele violonista de quem falei bem há alguns dias. Pois bem, ela coordena um projeto muito legal em Chapada dos Guimarães com bordadeiras, a partir de uma metodologia chamada Matizes Bordados Dumont. Esse é o assunto da minha matéria amanhã no Ilustrado do Diário de Cuiabá. Entrem no site http://www.diariodecuiaba.com.br/ e leiam se tiverem curiosidade. Infelizmente o site não traz fotos.
Para conhecer mais sobre a proposta original (eu confesso que não conhecia), entrem no site http://www.matizesbordadosdumont.com/ É uma história linda que vale a pena conhecer.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pantanal

Sou absolutamente apaixonada pelo Pantanal. Não pelo Pantanal das novelas, revistas e fotos, e sim pelo Pantanal de verdade, com seus desconfortos, calor sufocante, temporais assustadores, mosquitos, insetos e outros bichos, ameaçadores ou não. Meu sonho é conseguir um dia escrever um livro ambientado no Pantanal, que pode ser ficção ou não.
Por que toda essa introdução? Ando muito emotiva e, no sábado de manhã, fiz uma entrevista com um fotógrafo especialista em fotos do Pantanal. A conversa durou mais de uma hora e à medida em que ele ia descrevendo cenas e passagens emocionantes, contando as histórias por trás das fotos, fui me emocionando de um tanto. Acho que ele percebeu que cheguei até a secar algumas lágrimas que insistiam em sair dos meus olhos.
Pensei muito ontem e anteontem, e cheguei à conclusão de que o período mais feliz, mais intenso da minha vida, foram os anos que passei viajando para o Pantanal de Cáceres, no final dos anos 80 e início dos anos 90.
Claro que não era o Pantanal sozinho o responsável por tanta felicidade. Era tudo: o casamento, a possibilidade de uma relação a dois tão íntima, as pessoas que conheci na minha fazenda e nas propriedades do caminho, a minha primeira gravidez, a chegada da primeira filha, que viajou de carreta com pouco mais de um mês de vida.
Eram tempos heróicos, mas lindos, e as pessoas de Cáceres não entendiam como eu, vinda do Rio de Janeiro, conseguia ficar lá e eu não conseguia entender como elas suportavam aquela vidinha monótona de Cáceres.
Com o tempo, por causa da falta de grana, o nascimento de uma segunda filha, mas principalmente pela dificuldade de viver da fazenda do Pantanal, fomos forçados a ficar mais na cidade e, aos poucos, o Pantanal passou a ser uma lembrança na minha vida - uma espécie de sonho, que tinha seus momentos de pesadelo (quando surgiam as baratas monstruosas e outros animais assustadores).
Meu coração ficou muito apertado neste fim de semana. Hoje, está um pouco melhor, mas não queria deixar de registrar esses sentimentos no blog.
A saudade dói.

sábado, 16 de julho de 2011

Terra de contrastes

O jornal Diário de Cuiabá publica em toda edição um artigo de seus repórteres ou editores. A publicação segue um rodízio, dirigido pela editora de Opinião do jornal, Tânia. Estou trabalhando lá há exatos dois meses e já publiquei três artigos. Vou compartilhar neste espaço o artigo que está publicado na edição de hoje. O título é "Terra de contrastes".

Cuiabá é uma cidade cheia de contrastes. É uma capital violenta, onde os assaltos não têm hora, nem lugar para acontecer. Na quinta-feira, tentaram assaltar a Casa de Festas no Shopping Goiabeiras à tarde. Na fuga os ladrões atiraram e acertaram um motociclista que teve o azar de estar no lugar errado na hora errada. Como eu sabia que minhas filhas iam lá atrás de ingressos para a Expoagro, fiquei preocupada.
À noite, fui fazer uma matéria para o Diário de Cuiabá no Sesc Arsenal, no Porto. Toda quinta-feira tem bulixo e evito ir porque fica cheio demais. Cheguei pouco antes das 20h e quase não consegui achar nada para comer. A maioria dos vendedores já estava de panelas vazias.  Tinha gente comprando, comendo, sentada na grama do jardim assistindo ao show das bandas osviralata e Tocandira! O Sesc Arsenal estava lotado e, apesar da multidão, rolava um clima festivo, quase familiar.
Nesse mesmo dia, andei pelo Centro no período da tarde e, como sempre, fiquei assustada com a confusão e o barulho. A cidade está muito suja e a gente vê muito maluco nas ruas. Não vi sinais de policiamento, os carros estacionam onde bem entendem – tudo muito caótico.
Cuiabá é uma cidade bonita, mas me assusta. Vim do Rio de Janeiro – uma capital que também fascina e atemoriza. Eu tinha a ilusão de que em Mato Grosso seria possível não se repetirem os erros de outras capitais maiores, se criar uma sociedade mais harmoniosa, respeitosa e feliz.
Não é o que tenho visto. Vejo uma capital de grandes contrastes sociais, sem políticas públicas e uma classe política que respeite o bem comum. Como somos nós, os cidadãos, os responsáveis por ter colocado e manter essa classe política no poder, ando pessimista.
Agora está na moda privatizar tudo – saúde, fornecimento de água, museus. Se o governo é incompetente para gerir, então para que governo? Por que financiar os salários de vereadores, deputados, secretários municipais e de estado, prefeitos e governadores?
É essa cidade – sem segurança, crivada de acidentes de trânsito e pequenas tragédias diárias - que queremos para nós e nossos filhos? Será que somos capazes de mudar esse filme?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um funcionário exemplar

Hoje conheci um cara surpreendente. Não vou identificá-lo a seu pedido, para não prejudicá-lo. Ele trabalha num local de visitação pública em Cuiabá desde a sua fundação.
Pareceu ser um funcionário muito dedicado. Disse que seu cargo é comissionado (de confiança) e que no entra-e-sai de novos administradores já chegou a ficar meses sem receber, mas nem por isso deixou de fazer seu trabalho. Ele trabalha praticamente sozinho. Perguntei como faz para ir ao banheiro, já que fica na porta recebendo o público que paga para entrar. Acho que ele nem respondeu a pergunta.
Ele disse que chega algumas horas antes da abertura do local ao público para fazer o trabalho interno de manutenção. Trabalha de terça a domingo - feriados - o dia inteiro. Enfrenta graves problemas de falta de segurança e já enfrentou um assalto à mão armada, onde teve bens valiosos furtados, assim como os turistas surpreendidos no local.
Enquanto conversávamos um cara sem camisa, nem sapatos, daqueles que a gente nem entende direito o que diz mas sabe que está pedindo dinheiro, falou conosco. O funcionário mandou que não perturbasse e o cara foi embora. Perguntei se ele o conhecia e a resposta foi que era "um noiado" da região.
Fiquei muito impressionada com tanta dedicação e amor à camisa, numa capital onde vemos tantos casos de funcionários fantasmas, pouco compromissados ou com evidente desleixo no trato com o público.
Vocês podem questionar "e se for tudo mentira?" Pode ser que o nosso amigo tenha exagerado para nos impressionar (eu estava com uma colega), mas ele me pareceu sincero. A verdade é que ele estava lá, recebendo os visitantes de forma gentil, e nos deu a impressão de que quer melhorias para o lugar de que toma conta.
Aliás, em matéria de turismo, Cuiabá está mal.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Solar

Hoje voltei a nadar. Que delícia! Às 7h30m, depois de deixar minha filha mais velha na UFMT, eu me lancei à piscina.
Aprendi a nadar quando era pequena, nas piscinas maravilhosas do Fluminense, no Rio. Embora tenha feito minha iniciação na sede do tricolor, sou botafoguense desde que me entendo por gente. Já tive muita raiva do Flu por causa de uma derrota imposta ao Botafogo no último minuto do Campeonato Carioca nos idos dos anos 70, mas hoje tenho até simpatia pelo clube do Fred.
Essa é uma outra história e, enquanto aguardo a chegada do presidente da Confraria do Choro à minha casa (essa também é outra história), vamos voltar à piscina.
Voltei a nadar depois que tive minhas filhas, quando morava em Cáceres. Durante mais de um ano nadei na piscina do Boto cor-de-rosa, a academia do Capim, um cara super boa praça que aprendi a estimar. Tive vários professores no período, mas aprendi muito sozinha, com a prática, e com uma amiga que nadou comigo numa época, Carolina. Ela nadava bem melhor que eu e me deu dicas maravilhosas. Bons tempos ...
Aos poucos, fui enjoando da piscina e achei que precisava de ginástica mesmo, uma coisa mais forte para dinamizar os músculos. Mais tarde, eu voltei à yoga. Estou sempre voltando. 
Mais de 10 anos depois estou de volta à piscina, com o mesmo maiô (argh), porém tive que comprar touca nova e vou ter que comprar óculos também. Os antigos estão frouxos e deixam entrar algumas gotas de água, o que não é nada seguro para quem nada de lentes de contato.
Meu professor na academia Golfinho Azul (o nome Boto, acredito, foi inspirado aí, pois há 15 anos a Golfinho já era referência em natação em Mato Grosso) chama-se Jean, mas provavelmente terei outros porque nem sempre poderei ir nos primeiros horários da manhã. Ele foi bastante gentil e, uma vez constatado que sei nadar, me mandou fazer algumas práticas para melhorar o desempenho de braços e pernas. Disse que vai me ensinar como melhorar a perna no nado de peito.
Hoje demonstrei para ele minhas habilidades nos três estilos: crown, peito e costas, mas ele se concentrou mais nos dois primeiros. Contei para ele, tentando disfarçar o meu orgulho, que aprendi a nadar borboleta no Boto.
Nadar é muito gostoso e altamente relaxante. Dizem que é um exercício completo e que emagrece. O chato é ter que botar touca e óculos. Eu me sinto horrorosa quando estou nadando, e, ao mesmo tempo, maravilhosa, porque me integro totalmente com o elemento água. Acho que sou meio peixe, boto, golfinho ...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nublado

Você já teve a sensação de entrar numa espécie de pré-curto-circuito?
É assim que estou me sentindo hoje. Parece que tudo vai dar errado e que sou uma pessoa rolando ladeira abaixo.
Tenho um lado racional forte, que procura segurar a onda. "Não há motivo para entrar em pânico!" "Tudo, tudo/ Tudo vai dar pé" - repito mentalmente, ecoando a versão de Gil para "No woman, no cry", de Bob Marley.
Será que a questão é mental, espiritual, hormonal ou é de ordem prática mesmo?
Os problemas estão sempre rondando - com maior ou menor intensidade. Dizem que é a gente que escolhe se vai ficar bem ou mal, mas por que estou tendo tanta dificuldade para sintonizar com a rádio do bem estar?
Amanhã pretendo iniciar as aulas de natação para ver se reencontro meu equilíbrio interno e recupero minha autoestima.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Descrente

Hoje, no Jornal Nacional, ouvi denúncias sobre má aplicação de recursos destinados à reconstrução da cidade serrana de Nova Friburgo, arrasada por enchentes em janeiro passado.
Caramba, não basta a população ter passado por tudo aquilo (mortes, medo, perda de casa e outros bens)?
Hoje, eu queria poder falar de coisas boas, mas tem hora que não dá. Fica difícil acreditar no ser humano. Será que a desonestidade é condição sine qua non para se chegar ao poder?
No noticiário local da Globo, assisti a uma matéria sobre o drama de milhares de pessoas de um município do nordeste de Mato Grosso, Alto Boa Vista  (a cerca de mil quilômetros de Cuiabá), que vivem sob o medo de serem  retiradas à força de suas terras. Pelo que entendi as terras em questão pertencem a índios Xavante, mas essas pessoas - pequenos proprietários - pagaram por elas num passado recente e construíram suas vidas ali.
Li no site da Globo http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2011/05/luta-por-terra-em-mt-pode-terminar-em-conflito-entre-indios-e-fazendeiros.html que a Funai diz que índios Xavante foram retirados da área na década de 60 "com a ajuda do governo federal " e instalados numa aldeia a 400 km da região. "Na época, a terra foi desocupada, vendida e loteada".
A irresponsabilidade neste país é incrível! Por que os índios foram retirados de sua terra sagrada? Quem vendeu e loteou suas terras? As pessoas que compraram a terra não o fizeram de má fé. Como fica a situação dessas pessoas?
Tenho o maior respeito pelos indígenas, que foram donos de boa parte dessas terras por muito tempo, mas nem sempre o problema do índio é falta de terra.  Muitas vezes eles precisam de recursos, assistência técnica para sobreviver no mundo atual, precisam de assistência médica para não morrer de doenças de branco e subnutrição.
Acho que há exageros de todas as partes e geralmente a corda arrebenta do lado do mais fraco. Vê lá se iam tirar terras de um mega proprietário de terras, como um Blairo ou Eraí Maggi, para devolver aos índios!

domingo, 10 de julho de 2011

Saindo do forno

Acabei de assistir a um concerto lindo no Teatro do Sesc Arsenal. Emocionante. Foi um concerto basicamente de violão de um músico cuiabano que conheci recentemente. Ele se chama Leonardo Yule, tem 31 anos e uma formação acadêmica de respeito. É formado pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM) de São Paulo, mas escolheu morar em Chapada dos Guimarães, onde está envolvido com um projeto de mountain bike para turistas e outro de formação de jovens concertistas.
Na apresentação deste fim de semana ele tocou com três de seus jovens alunos. Tocaram e bisaram "Chovendo na roseira" de Tom Jobim. Tenho especial carinho por essa música que tem sempre o poder de me deixar com os olhos marejados. Algumas músicas são assim, comovem, ainda mais se são tocadas por quatro violões.
O concerto teve outros momentos incríveis. Ele começou com uma peça do compositor Abel Carlevaro, o prelúdio "Evocation", que Leonardo teve a oportunidade de apresentar em 2000 para o próprio Carlevaro.
Depois ele chamou ao palco seu pai, Juliano Yule, e juntos tocaram "Sonata Barroca" de Padre José Gallés e "Danza de la vida breve" de Manuel de Falla, que também tem o poder de me comover.
Depois, se não me falha a memória, ele tocou "Canção para Isadora" do compositor mato-grossense Roberto Victorio - uma peça curta para violão e vibrafone, este executado por Daniel Bayer.
Em seguida, chamou ao palco o contrabaixista Fidel Fiori e ambos tocaram "Lamentos do morro" de Garoto - compositor, arranjador e instrumentista paulista - e "Alma Llanera", canção popular venezuela. Esta segunda peça foi tocada na viola-de-cocho por Leonardo.
O penúltimo número foi uma composição de Celso Machado, "Parazula" , apresentada por Leonardo (violão), Fidel (baixo elétrico), Daniel Bayer (vibrafone) e Sandro Souza (caixa). Gostei tanto que adoraria ouvir novamente.
E, no final, Leonardo chamou seus pupilos para tocarem a já citada "Chovendo na roseira".
Aprendi muito com este concerto. Ele foi simples, mas ao mesmo tempo profundo e surpreendente. 
É impressionante como a gente conhece tão pouco a música, especialmente a brasileira e, mais especialmente ainda, a música instrumental. 
Por exemplo, eu que me considero uma pessoa razoavelmente informada, não conhecia o Celso Machado. Pesquisei na internet (viva o google!) e descobri que ele é um músico fantástico, que toca e ensina violão e percussão, e mora no Canadá. Seu site oficial www.celsomachado.com  está escrito em inglês e diz que ele se apresenta há 40 anos em palcos da Europa, Estados Unidos e Canadá.
Se eu pudesse, gostaria de ouvir tudo de novo.
Às vezes a gente paga caro por um programa e sai insatisfeita. Hoje, paguei R$ 15 por esse concerto e saí muito feliz.


Foto de Leonardo e seus pupilos, gentilmente cedida pelo Tyrannus

sábado, 9 de julho de 2011

Encruzilhada

Acabei de ler dois textos em blogs recomendados no lado direito deste blog que me inspiraram a escrever.
Um deles "Entre o fuzil e o cantar" (Três meninas do Brasil) fala sobre uma experiência vivida na Nicarágua; o outro é um poema publicado em Diário de Marias. Recomendo a leitura dos dois.
Ambos me remetem a uma questão crucial: o que quero fazer da minha vida? O que estou fazendo da minha vida? É esta a vida que quero para mim?
A resposta é não, mas não me sinto capaz neste momento de ir mais fundo nessa reflexão, ou, pelo menos, de externar o que se passa dentro de mim. Vou ao supermercado tratar de questões mais concretas.
Quem sabe mais tarde?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Perguntar não ofende

Os jornais de hoje trazem chamadas dizendo que o ex-governador Blairo Maggi é o preferido do PR para o Ministério dos Transportes.
Eu vou dar uma de boba (aliás, devo ser boba mesmo por não entender o que se passa): a cúpula do Minsitério não caiu por acusações de corrupção favorecendo o PR? Então por que o PR continua dando as cartas no Ministério?
O ex-todo poderoso do DNIT, Luiz Antônio Pagot, não é homem de confiança de Blairo, então como se explica que o próprio Blairo vá tomar conta do terreiro?
São perguntas ingênuas, talvez, mas são as que eu gostaria de fazer à presidente Dilma se ela fosse me responder a verdade.
A verdade? Quem se importa com a verdade no meio político e empresarial?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lançamento

Ontem foi o lançamento do meu segundo livro, publicado como o primeiro pela Editora Entrelinhas, de Cuiabá.
Meu papel neste caso foi de coadjuvante, mas tudo bem. Era assim que tinha que ser. Seja como for, não posso deixar a ocasião passar em branco,  neste blog.
O livro chama-se "Canopus - uma história de sucesso" e foi escrito por encomenda. Trabalhei nesse projeto do final de 2008 até o início deste ano, com intervalos. Como o livro foi encomendado à Editora pelo dono do Grupo Canopus  (um conjunto de empresas do setor de quatro e duas rodas, que está abrindo cada vez mais seu leque de atuação), tive que me adequar ao ritmo e à agenda de Marcos Cruz, o biografado.
Estou feliz com o resultado. Aprendi muito com esse trabalho, conheci pessoas muito legais através dele e tive experiências muito interessantes também. Amadureci.
O livro pertence a Marcos Cruz, que vai promover o lançamento dele em todas as cidades onde o Grupo Canopus atua. Pelo que sei serão 25 lançamentos. Eu só vou participar do lançamento em Cuiabá. A renda obtida com a venda dos livros vai para o Instituto Canopus - uma oscip criada por Marcos Cruz que faz um trabalho bacana.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Humanos, porém irracionais

Hoje, ouvi mais uma matéria no telejornal de meio dia na TVCA sobre a fila de pacientes que aguardam (im)pacientemente por uma cirurgia ortopédica no Pronto Socorro de Cuiabá (até hoje eram 165). São homens em sua maioria, quase todos vítimas de acidentes envolvendo motocicletas.
Teve uma entrevista ao vivo com o promotor Alexandre Guedes que disse uma coisa óbvia, porém muito sensata. Independentemente da solução para o problema da fila para cirurgias, existe uma demanda que não pára de crescer e interrompê-la depende de uma política de repressão aos infratores das leis do trânsito.
Dirigir em Cuiabá é uma loucura! É preciso estar sempre muito atento a todas as loucuras que motoristas de carros, ônibus e motos fazem. Ninguém respeita sinais de trânsito, setas, faixas, etc. É difícil a gente passar um dia sem ver um acidente, com maior ou menor gravidade. 
Às vezes quando estou no trânsito fico imaginando o que passa na cabeça dos motociclistas e alguns motoristas. Será que eles se julgam homens de aço ou algum personagem de desenho animado, daqueles que podem se esborrachar no chão e logo depois estão prontos para outro embate?
Fico com coração partido quando vejo aquelas pessoas esperando por uma cirurgia "eletiva", com risco de ficarem com pernas e braços atrofiados ou até perderem os membros fraturados. Para mim, cirurgia eletiva é uma plástica com fins de estética, uma operação na garganta, enfim, qualquer cirurgia que não implica risco de perda de movimento, da capacidade de trabalho ou de levar uma vida normal.
As pessoas precisam ser mais sensatas e não se achar acima da vida e da morte, do bem e do mal, quando estão pilotando suas motos ou dirigindo carros. Quando chegam nos hospitais estropiados - se não morrem no caminho - todos são mortais e humanos. Se têm dinheiro para pagar planos de saúde ou cirurgias particulares, esperarão menos e sofrerão menos. Mesmo assim sofrerão. Até quando?


segunda-feira, 4 de julho de 2011

A era da inocência

Desde que eu me entendo por gente (e isso faz tempo), sei que rola muita corrupção em órgãos ligaodos a obras públicas. Era assim no tempo do antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), hoje repaginado como DNIT - alvo do escândalo da hora.
A história de relações ilícitas e obscuras entre governo, empreiteiras e partidos políticos vêm de longe e, provavelmente, nem é exclusividade brasileira.
É uma pena que seja assim. Na época, a gente, bobinha, achava que era coisa do governo militar que, apesar de ter sido implantado para varrar a corrupção, logo caiu de boca nela. E assim foi sendo construído o Brasil grande, com obras faraônicas, super faturadas, algumas bem sucedidas, outras nem tanto (como a Transamazônica).
Na época, nos idos dos anos 70, eu pensava, como muitos da minha geração, que um dia isso acabaria e que chegariam ao poder legítimos representantes do povo que tomariam decisões baseados no interesse público. Histórias da carrochinha ...
Não gosto de cair na vala comum de dizer todo mundo é corrupto e o mundo não tem jeito, mas sinceramente não sei o que dizer, nem em quem acreditar.
Não me venham dizer que as coisas estão melhorando porque hoje a mídia denuncia, etc. Há mais de 20 anos, o jornalista Jânio de Freitas, premiadíssimo, já era mestre em denunccar que as licitações no governo eram feitas com cartas marcadas.
Lamento, mas hoje está difícil ter esperança num Brasil melhor. Só queria muito que todos os que realmente são corruptos pagassem por seus crimes da mesma foram que os ladrões que roubam casas e assaltam pessoas na rua ... Ladrão é ladrão, seja ele de colarinho branco ou do tipo mais reles. Mas eles se protegem e os do primeiro tipo geralmente acabam premiados com aposentadorias invejáveis ou cargos em tribunais que deveriam fiscalizar as obras públicas, que ajudaram a superfaturar. 

sábado, 2 de julho de 2011

Samurai

Só vi pedaços do Globo Repórter de hoje sobre animais e pessoas que amam e protegem os animais, mas desde ontem ou anteontem queria muito escrever sobre Samurai
Não sei o motivo, mas de repente me deu uma saudade tão grande dele.
Samurai foi para nossa casa ainda bebê, com fama de ser de uma raça de caçadores de onça. A ideia era levá-la pro Pantanal, mas ele nunca chegou a conhecer o Pantanal. Será que teria sido mais feliz lá, caçando onças e exercendo sua vocação?
Ele era vira-lata, mas tinha sangue e genes de uma raça de cães caçadores, cujo nome esqueci. Meu ex-marido escolheu o nome: Samurai.
Como ele era lindo! Cresceu, tinha cara de bravo, mas era um doce! Cuidava da minha casa em Cáceres  e foi um grande amigo depois que ficamos sozinhas, eu e minhas filhas. Como era bom chegar em casa e encontrá-lo no portão! Às vezes eu demorava a abrir o cadeado porque ele queria lamber minhas mãos e eu nunca gostei de lambida de cachorro.  Nessas horas eu ficava um pouco irritada.
Mas como ele era carinhoso, fiel, me olhava com aqueles grandes olhos amistosos e cheios de amor. Uma vez um cara  estranho se aproximou do portão quando eu estava do lado de fora e Samurai se perfilou ao meu lado ameaçador.
Adorava ver seu focinho de manhã entre as grades da janela. Ele sempre estava por perto. Só não gostava quando tinha fogos e ele se escondia  debaixo da cama. Como era difícil tirá-lo de lá! Às vezes eu tinha que arrastá-lo.
Quando vim embora para Cuiabá fiquei muito sentida de deixá-lo e  tentei encontrar um lar substituto para ele. Não tive muita sorte na minha primeira tentativa e quando voltei a Cáceres resgatei Samurai, que estava maltratado. Consegui então um segundo lar adotivo, na casa da minha manicure, Dina, uma pessoa adorável. Ela também se apaixonou por Samurai embora ele vivesse às turras com Pingo, seu outro cão.
Quando fui a Cáceres das primeiras vezes ia sempre visitá-lo e ele sempre me reconhecia. Era muito carinhoso. Um dia fiquei sabendo que morreu, de doença. Fiquei triste, mas já não convivia com ele. Sei lá, devia ter um jeito da gente poder homenagear os cachorros que amou. Tive alguns na vida, mas sem dúvida tenho um carinho muito especial por Samurai e Manchinha. Um dia vou contar a história de Manchinha.
Acho que cuidei bem de Samurai e ele foi fiel comigo até o fim. Amor de bicho é uma coisa muito especial e só quem vivenciou uma experiência dessas pode entender o que estou dizendo. Eles não traem, não mentem, não disfarçam o que sentem. São realmente autênticos.