quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mousse de chocolate

Ao final de um dia estranhamente tenso e corrido, nada melhor do que uma mousse de chocolate para relaxar.
Não estou comendo mousse. Ainda. Apenas acabei de fazer uma mousse a jato, antes de atualizar o blog e tomar banho para ir à aula de yoga.
Quis fazer para minha sobrinha Juliana que chegou de uma temporada de um ano nos EUA. Quase nem dei atenção para ela. Ela chegou no final da tarde de ontem depois de um voo pra lá de complicado e à noite tive ensaio do madrigal. Até estava disposta a ir para casa para estar com ela, mas como ela ia sair com amigos fui bater ponto no Chorinho.
Hoje não tive tempo, nem cabeça para almoçar com ela. Só conversamos um pouco quando fui levá-la à casa de uma prima, onde ela vai dormir para matar saudades das amigas. Por tudo isso resolvi fazer a minha "famosa" mousse (modéstia à parte) para compensar minha ausência. Incrementei a dita cuja com castanhas do Brasil, uma das minhas atuais paixões.
Na verdade o mérito da "Mousse da tia Martinha", como dizem as amigas de minhas filhas, é de minha irmã Jane - a rainha das receitas práticas de fazer, como convém a quem não é bamba na cozinha.
Essa minha irmã é tão cara de pau que no passado inventava que tinha feito alguns doces de lata. Na verdade, ela não tinha a intenção de enganar ninguém, mas não conseguia desperdiçar a oportunidade de uma brincadeira quando a ocasião surgia. Se as pessoas eram ingênuas, a culpa não era dela.
Mas a mousse é autêntica e nem sei de onde surgiu a receita. Só sei que ela funciona em qualquer circunstância. Minha irmã coloca rum, nozes, um monte de coisa para incrementar a sua. Eu gosto dela pura, mas as castanhas caem bem.
Uma vez batidos os ingredientes no liquidificador, é só botar a vasilha no congelador e aguardar para comer no dia seguinte.
Seria tão bom se tudo na vida fosse tão simples assim ... Ou será que é a gente que complica?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sono e sonhos

Estou com um problema sério. Durmo demais. Com isso o tempo acaba ficando curto para tudo que preciso e quero fazer.
Mas é tão bom dormir! Principalmente quando está fresquinho. À noite parece que  o meu espírito (ou  que nome tenha a parte imaterial que vive dentro do meu corpo) vagueia por aí. Nem sempre me lembro dos meus sonhos, mas sinto que fui longe (no tempo e no espaço).
Tenho sentido um prazer imenso de deitar na minha caminha, fechar os olhos e simplesmente dormir. Quase nunca durmo durante o dia. Não gosto e nunca cultivei esse hábito, mas preciso de umas sete horas de sono à noite para estar inteira no dia seguinte.
Gostaria sinceramente de me satisfazer com cinco horas de sono. Dizem que quando a gente vai ficando mais velha vai diminuindo a nossa necessidade de sono. Isso ainda não aconteceu comigo.
Estou lendo "O Evangelho segundo Jesus Cristo" de José Saramago. É um livro bem bacana, mas mal consigo ler um capítulo antes de fechar os olhos. Mesmo assim me dá muito prazer poder ler algumas páginas antes de dormir. É uma forma gostosa de me desligar dos acontecimentos do dia e dos problemas cotidianos.
Não consigo pular da cama e já começar o dia a mil. Preciso de um tempo para despertar. Meu primeiro ato, após a higiene de praxe, é tomar meu guaraná ralado. É um ritual que herdei de meus pais. Muita gente na minha família toma guaraná ralado e quando vou para o Rio geralmente levo algumas gramas do pó para minha família.
O ato de tomar o guaraná me traz boas lembranças. De alguma maneira eu me sinto ligada à minha raiz. Bebo guaraná no copinho que trouxe da casa da minha mãe e entro em pânico quando percebo que alguma visita desavisada o pegou para tomar água.
É assim que começo meu dia, mas nunca sei como ele vai terminar ...


terça-feira, 28 de junho de 2011

Encontros e despedidas

É engraçado essa coisa de amizades antigas. Estudei no Colégio Santo Inácio durante três significativos anos da minha vida (de 1972 a 1974). Para mim, o CSI representava um mundo novo a ser desbravado com suas centenas de exemplares de uma espécie que me assustava muito na época: meninos.
Recém-chegada de uma vida escolar em colégios de freiras exclusivos para meninas, eu era muito, mas muito tímida e tinha vergonha até de andar nos corredores no primeiro ano.
Com o tempo, fui me soltando e fiz grandes amizades - daquelas que quase ficam para sempre. Eu digo quase porque nenhum dos meus melhores amigos da época moram na mesma cidade que eu. Não vou citar nomes porque meus amigos podem não gostar, mas tem gente na França, em Brasilia, em São Paulo e até no Rio de Janeiro, que encontro eventualmente quando visito minha antiga cidade.
Recentemente reencontrei amigos e outros não tão chegados através do grupo da turma de 1974 do CSI no Facebook. De vez em quando, acabo me envolvendo em algumas conversas malucas, num ataque de saudosismo de uns e outros. Através do Face fico sabendo do sucesso de alguns e também fiquei sabendo da morte de alguns colegas.
Um deles foi muito próximo nos primeiros anos do CSI. Grande tocador de violão, namorou por algum tempo uma grande amiga e compartilhávamos fins de semana gostosíssimos numa bela propriedade em Teresópolis, regados a muita música, jogos de vôlei, sauna e piscina. Sempre achei esse nosso amigo muito precoce: ele tinha 16 anos e já tinha um filho. 
 Por razões que desconheço, eu  fui me afastando dele ao longo do curso, mas fui me aproximando cada vez mais de outros garotos que não eram da minha turma do Clássico e dos quais continuei amiga durante o tempo de faculdade. Cada um seguiu seu rumo e alguns desses amigos fizeram mestrado e doutorado fora do Brasil. Outros foram embora do país em busca de melhores oportunidades de trabalho e ficaram por lá.
Talvez a gente nunca mais se encontre, mas quero que todos saibam que ocuparam um lugar muito especial na minha vida. A vida é assim mesmo, cheia de encontros e despedidas, e espero um dia poder revê-los nem que seja para um chope à beira-mar. Saúde! 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Carandiru

Como é difícil manter o foco quando se trabalha em casa em várias frentes ao mesmo tempo! Haja disciplina que às vezes me falta. Dá uma vontade de jogar tudo pro alto!
Mas como sou cdf, sigo caminhando aos trancos e barrancos, hoje com pés e mãos gelados apesar de estar em casa, com as janelas fechadas. O sol brilha lá fora e minha vontade é me deitar um pouco sob ele para me esquentar.
Anteontem eu fugia do sol e hoje sonho com ele... Vá entender ...
Parei um pouco o trabalho para assistir ao noticiário de TV do meio dia e duas coisas me chamaram atenção: uma foi a crise do sistema penitenciário que prossegue e a outra foi a apresentação do assassino do empresário Adriano, que morreu baleado na porta giratória do Banco Itaú há uma semana.
Vou começar pela segunda. Está acontecendo o que se previa: o vigilante se entregou sob a proteção de advogados e a alegação de que está colaborando com a justiça, e deve responder ao crime em liberdade. Que legislação estranha essa que permite que alguém que matou outro diante de testemunhas, sem chance do outro se defender, possa responder ao crime em liberdade! Quem garante que o vigia não representa perigo para sociedade? Um cara que executou o outro de uma forma tão chocante!
Quanto à crise do sistema penitenciário, não me espanta a denúncia do presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de que a maioira começa a trabalhar sem qualquer treinamento. Tampouco me espanta, embora me choque um pouco, o descaso do Estado, que não se posiciona, não se explica, não dá satisfações à sociedade que custeia sua manutenção.
O que me espanta é o silêncio de entidades de direitos humanos, advogados, representantes do Ministério Público  - pessoas e instituições que deveriam zelar, na minha opinião, pelo cumprimento da lei e pelo estado de direito.
Isso significa manter os reeducandos em segurança, sob a proteção do estado, sem representar ameaça à sociedade e nem estar sob ameaça; permitir que os agentes trabalhem com dignidade e em segurança; dar aos pais, mulheres, filhos e outros parentes dos presos condições de visitá-los sem sofrer humilhações, mas de uma forma que não coloquem o sistema em risco.
Todos que deveriam zelar pelo funcionamento correto do sistema prisional -  a sociedade como um todo - parecem lavar as mãos, enquanto o caldeirão só vai fervendo, fervendo até explodir em outros carandirus. Aí só resta contar e chorar os mortos e buscar os culpados por uma situação que parece só piorar em nosso país.

sábado, 25 de junho de 2011

Deixa Florir

Acabei de combinar uma resenha mais alentada com meu editor no Ilustrado (o Lorenzo do Tyrannus), mas quero registrar aqui a minha satisfação com o show "Deixa Florir" que o Grupo Bionne apresenta neste fim de semana (ontem e hoje) no Teatro do Sesc Arsenal.
O show é uma delícia, daqueles que você sai do teatro de alma lavada, querendo ouvir mais.  As meninas estão lindas, sorrindentes, deixando florir...
O repertório, escolhido em parceria com o diretor musical Paulo Monarco, é muito gostoso e trouxe músicas totalmente novas para mim e mesmo assim foi muito prazeroso ouvi-lo.
Desejo muita boa sorte às meninas do Bionne - grupo musical  feminino que conheço desde quando vim morar em Cuiabá (foi criado em 2003). Parece que finalmente o Bionne encontrou seu caminho. Deixa florir!
A se destacar ainda os arranjos do pianista Leandro Braga.
Quem não viu ontem, aproveite hoje que é o último dia - pelo menos desta temporada.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Comportamento estranho

Publiquei uma matéria no dia 14 passado no jornal Diário de Cuiabá www.diariodecuiaba.com.br, que traz o desabafo do músico mato-grossense Ebinho Cardoso.
Ele se mudou para Boston (EUA) com a família e vai dar aulas de contrabaixo numa universidade de New Hampshire a convite de um grande contrabaixista norte-americano Jim Stinnett, professor da Berklee College of Music.
Todo mundo que conheço - e conhece o trabalho de Ebinho - respeita-o como músico e pessoa.
Eu, particularmente, sempre fiquei muito bem impressionada com o seu talento e sua postura calma, risonha e batalhadora.
Minha matéria atraiu alguns comentários na versão online do jornal - a maioria de gente lamentando a ida de Ebinho, mas compreendendo seu desabafo e lhe desejando sorte. Foram poucos comentários  negativos e o que me chama atenção é que quem fala mal de Ebinho não assume sua identidade.
É estranho esse comportamento. Ninguém é unanimidade e todo mundo pode ser manifestar a favor ou contra. Isso é salutar, mas não é salutar que as pessoas usem um espaço público para atacar o outro protegendo-se sob pseudônimo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vida defensiva

Vou falar mais um pouco sobre os trágicos fatos ocorridos em Cuiabá. Até agora, de acordo com as notícias veiculadas, o vigilante que matou o empresário sem motivo aparente não foi preso.
Morreu mais um menino dos cinco adolescentes que subiram no telhado do Pantanal Shopping e uma terceira vítima continua em estado grave.
O laudo do IML dizendo que o agente prisional morreu em consequência de uma perfuração causada por "instrumento perfuro cortante" (chuço) contraria o atestado de óbito entregue à família da vítima após o início de motim ocorrido na Penitenciária Central do Estado na última segunda-feira. Segundo o site midianews http://www.midianews.com.br/, o laudo provocou reviravolta no caso e abriu uma crise entre órgãos da Segurança Pública.
Meu objetivo aqui não é competir com os sites noticiosos até por que não estou na rua para apurar os fatos, mas sinto falta de informações mais precisas nos três casos.
De onde saiu a informação veiculada ontem de que os adolescentes estavam tentando entrar no cinema do shopping sem pagar? De onte saiu a informação de que o empresário teria discutido com o vigilante antes dos tiros?
Seja como for, o que lamento é ver muitas pessoas dando entrevistas ou deixando depoimentos em sites de relacionamento culpando os pais pela morte dos adolescentes.
Sou mãe e sei como é dificil controlar todos os passos de seus filhos. Eu me lembro de que uma vez minha filha mais nova foi a um passeio no Sesc Pantanal com a turma da escola e me contou que ela e outros colegas tomaram banho num rio. Só depois que estavam lá há tempos, alguém da escola ou do hotel avisou que eles não poderiam tomar banho porque era muito perigoso (correnteza, peixes). Ainda bem que não aconteceu nada, mas e se tivesse acontecido? A culpa seria da escola que permitiu que um grupo de adolescentes se afastasse, mas mesmo se a escola assumisse a culpa isso não aliviaria a dor se algo de ruim acontecesse com algum dos meninos.
Elas também já foram a passeios em cachoeiras, onde um passo em falso pode ser fatal. É claro que os adolecentes do caso de ontem não deveriam ter entrado numa área reservada para "explorar" o local, como disse um dos sobreviventes, porém acho falta de compaixão responsabilizar os pais nesse momento tão doloroso.
Quanto à morte do empresário, tudo continua sem fazer sentido. Ouvi uma entrevista de uma psicóloga no jornal da TVCA sobre o caso e se alertou para o risco de atitudes desequilibradas a partir de uma situação em que o outro (no caso, o vigia) pode se sentir humilhado.  Sei que a intenção foi boa, mas nada justifica uma pessoa supostamente paga para proteger sair dando tiros (três) numa pessoa desarmada que não oferecia ameaça a ninguém.
É claro que gentileza (quase) sempre gera gentileza, mas sinto que estamos vivendo numa sociedade (Cuiabá) onde não basta dirigir de forma defensiva (evitando acidentes): é preciso viver de forma defensiva!
Isso é perigoso porque gera uma sociedade doente, de pessoas amedontradas, passivas, subjugadas pelos psicopatas de plantão ou por aqueles a quem foi dado uma arma de forma irresponsável.
A polícia não protege, a justiça é lenta, criminosos são soltos porque não há espaço nos lugares onde deveriam ser "reeducados", governantes não se pronunciam e quando falam dão declarações inconsistentes.
Viva-se com um barulho desses!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Dia trágico

Hoje não dá para ignorar os acontecimentos ruins desta cidade. De manhã um vigia de uma agência do Banco Itaú matou a tiros um empresário, dono de um tradicional restaurante de massas (o Adriano, na avenida Getúlio Vargas). Dei uma olhada nos sites da capital e a informação é de que o empresário Adriano Henrique Marissael, de 73 anos,teria discutido com o segurança por causa da porta giratória. O cara deu três tiros no cliente, estourou a maldita porta de vidro com um tiro e fugiu numa moto que roubou de um motociclista para fugir do flagrante.
À tarde uma adolescente de 13 anos morreu em consequência de uma queda do telhado do Pantanal Shopping. A menina e outros colegas driblaram a segurança e chegaram o telhado através de uma saída de emergência. Acredita-se que eles queriam chegar a uma sala de cinema, porém o teto desabou. Keiza Souza, filha única de um casal de evangélicos, morreu e dois outros meninos se feriram.
Ontem teve um início de rebelião na Penetenciária Central do Estado que está com o triplo de "reeducandos" do que sua capacidade. Um agente prisional morreu em seu terceiro dia de serviço. Segundo o jornal da TVCA, a morte foi provocada por um tiro de um calibre que só a PM tinha. A autoridade se negou a confirmar que a PM matou o agente e não os presos como chegou a ser dito, porém ficou claro que a morte não foi provocada por uma arma branca (chuço) e os detentos não tinham arma de fogo.
Nada me irrita mais do que ouvir autoridades - e própria mídia, que é obrigada a isso - chamar de "reeducandos" presos amontoados num presídio. Que tipo de reeducação o Estado está lhes proporcionando? Há alguma chance deles saírem melhores como seres humanos depois de uma temporada num local como esse?
Ontem juízes reclamavam no noticiário da TVCA de que estão sendo obrigados a liberar adolescentes criminosos em cidades do interior por falta de vagas nas unidades mantidas pelo Estado para "reeducação" de jovens infratores. Um juiz muito sensato disse que com essa atitude - a liberação de criminosos - o Estado está estimulando a população a fazer justiça com as próprias mãos. Ou seja, temos um estado inoperente.
Acabei de ler no blog da Sandra Carvalho que Mato Grosso está falido e com uma dívida imensa - herança do governo Blairo Maggi - que não consegue renegociar.  Saúde, segurança pública, educação - tudo está um caos no estado campeão na produção de grãos e carnes. Que pena! O que podemos fazer para evitar que esse estado tão bonito e próspero entre em colapso?

PS. Acabei de ouvir no jornal da TVCA (dia 22) que o laudo do IML diz que o agente prisional morreu em consequência de sangramento provocado por arma branca (uma facada no peito) e um tiro no pulmão.  O assassino do empresário continua foragido e morreu mais um adolescente em consequência da queda no Pantanal Shopping.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Religião, religiosidade e outros baratos afins

Estou tão animada que fico até com friozinho na barriga. Por que sempre tenho essa sensação de desconforto quando estou feliz? Por que não consigo me sentir simplesmente feliz?
Os últimos dias foram cheios de altos e baixos: bons encontros, boas surpresas e outros nem tanto. Tento assimilar os ensinamentos que recebi através de Wilson Britto - o escritor citado no post anterior e que deixou um comentário gentil no blog. As coisas ruins também fazem parte da "felicidade" - o importante é a decisão de ser feliz. Por que não?
Mais uma vez retorno a assuntos já mencionados aqui: a herança da religião católica mais tradicional é um peso na minha vida. Tudo bem que nasci no século XX, mas a gente acumulou séculos e séculos de uma ideologia altamente repressora, onde o sofrimento ainda é a melhor forma de se aproximar de Deus. O grande exemplo é o Cristo crucificado e centenas de mártires, que fizeram jejum, foram decapitados, torturados em nome da Fé. Arre! Eu não quero isso para mim e não posso me culpar eternamente pelo que aconteceu com eles.
Criei um horror tão grande a essa Igreja, que virou sinônimo de hipocrisia, repressão, inquisição. "Não questione! Aceite as coisas como elas são" - era essa a mensagem que me foi passada.
É claro que depois veio a Teologia da Libertação, os padres modernos que promoveram a modernização da Igreja e se engajaram em algum momento na luta política. Mais recentemente vieram à tona os casos de pedofilia, acobertados anos a fio pelos superiores católicos.
Também não me agradam muito esses padres que vivem na mídia, cantando e faturando horrores com seus livros, CDs e DVDs.
Decididamente não sou uma pessoa de igreja, embora reconheça que haja padres e freiras maravilhosos, como há pessoas maravilhosas e outras nem tanto.
Mas é bom poder me livrar de tudo isso sem culpa e acreditar que a gente pode ter alguma forma de religiosidade sem pertencer a esta ou àquela igreja ou seita.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Meu encontro com "um homem mau"

Sempre digo que meu trabalho me proporciona muitos encontros agradáveis, que talvez não acontecessem por outros motivos.
Ontem, por exemplo, fiquei uma hora e meia conversando com uma pessoa interessantíssima. Conheci-o no final de 2008 ou início de 2009 por conta de um trabalho que fiz, cujo desfecho, está próximo.
Tivemos um ou dois encontros cujo foco foi o trabalho que eu estava realizando (um livro sobre uma terceira pessoa à qual ele está ligado profissionalmente).
Esse homem, Wilson Britto, escreveu um livro lançado pela Editora Entrelinhas no ano passado: "Um homem mau - Aquele que encontrou a Liberdade, a Paz e a Felicidade". Tive a oportunidade de lê-lo no início deste ano e cheguei a postar alguns comentários no blog. Gostei tanto do livro que queria mantê-lo ao meu lado, na mesa de cabeceira, mas acabei emprestando para uma prima que se hospedou aqui em casa e ela ainda não me devolveu (mas vai fazê-lo, tenho certeza).
Ele vai lançar outros livros pela Entrelinhas e nossa conversa - matéria-prima para uma matéria dominical no Diário de Cuiaba - girou sobre isso. E como foi interessante!
Descobri alguém que pensa muito parecido comigo em relação a Deus. Ele não nega a existência de Deus, mas respondeu com tranquilidade à minha pergunta sobre o assunto: "Ele existe?"
Por ser de uma família muito católica, tenho muito receio de revelar minhas incertezas em relação a Deus e meus questionamentos em relação à religião.
“Eu não concebo esse Deus que castiga, que premia, que pertence a uma nação e não pertence à outra, que beneficia uns e não beneficia outros, que atende à oração de um e não atende à do outro, que precisa de intermediários. Tem pessoas que precisam disso para viver. Eu não", afirmou Wilson Britto, num trecho da entrevista.
É exatamente isso que penso. Detesto quando alguém diz "pedi pra Deus e ele me atendeu" se referindo a coisas tolas, como uma prova do Big Brother, por exemplo. Será que Deus não tem nada mais importante para se ocupar do que privilegiar uns e outros no reality show das baixarias?
Mas a coisa mais linda que seu Wilson me disse foi que se você usa seu talento para fazer o bem, para tornar o mundo pouco melhor, você se aproxima de Deus e aí entendo Deus não como alguém que pune ou premia e sim como o Bem. Ele acredita que a imortalidade se dá através de seus descendentes: você vive através de seus filhos, netos e, eu acrescentaria, obras. Diz que a felicidade não é ter prazer; é uma decisão de cada um e existe no aqui e agora.
Se quiser conhecer mais seu Wilson, leia minha matéria no Ilustrado de domingo ou leia o livro "Um homem mau".

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Aprender a só ser

Hoje estou com uma preguiça de escrever ... Acabei de fazer uma matéria para o jornal Diário de Cuiabá e daqui a pouco vou fazer uma entrevista para o Ilustrado de domingo. Tenho outras matérias para escrever para a revista Corpo e Arte (recebi hoje retorno de duas fontes) e mais alguma coisa para fazer em relação a outro frila (a edição de um boletim de uma entidade de médicos).
Queria abrir meu coração (como de hábito), porém tenho medo de ser mal entendida. Mas agora que puxei o fio da meada, vamos lá ...
Fiquei frustrada com o meu aniversário ontem. Não sei se não organizei bem ou se apenas tive o azar de pegar meus amigos num dia ruim. Pouca gente compareceu. Adoro o Chorinho às quartas e ontem estava um dia bem animado, por isso eu poderia simplesmente curtir a música, os amigos e conhecidos que estavam lá, mas como me preparei psicologicamente para receber mais gente fiquei um pouco ansiosa e não relaxei ...
Enfim, decidi que não vou mais fazer comemorações desse tipo. Pelo menos até o ano que vem ... 
É tão difícil pensar a médio e longo prazo. Hoje achei graça: estava entrevistando um jovem músico de Mato Grosso, de 19 anos, que vai fazer um show no Sesc Arsenal neste fim de semana. Perguntei como ele via seu futuro como músico profissional e ele mencinou alguma coisa referente a quando tiver 50 anos como uma coisa tão longe. Ele tem razão: 50 anos deve parecer uma coisa muito distante; ele deve ser imaginar um senhor aos 50 anos.
Acho que nunca me imaginei aos 50 anos, mas se pensasse certamente não me imaginarei como sou hoje. Sinto-me extremamente feliz por me sentir tão saudável (hoje decidi que vou começar a correr e corri) e ter momentos de imensa felicidade e emoção. Por outro, eu me sinto frustrada por estar tão fragilizada  do ponto de vista financeiro e me sinto só. Há alguns dias li um comentário de Valéria Polizzi, sobrinha e escritora, falando sobre a ilusão que as redes sociais provocam.
Para mim, as redes são boas para fazer contatos (hoje mesmo consegui o telefone do meu entrevistado através delas e resolvi outras questões profissionais) e, volta e meia, nos divertem, mas nada se compara a um bom abraço, um beijo ou uma mensagem de viva voz.
Na verdade, acho que a gente precisa, como diz Gilberto Gil num momento inspiradíssimo antes de virar político, "aprender a só ser".
Preciso aprender a só ser
Sabe, gente.


É tanta coisa pra gente saber.

O que cantar, como andar, onde ir.

O que dizer, o que calar, a quem querer.



Sabe, gente.

É tanta coisa que eu fico sem jeito.

Sou eu sozinho e esse nó no peito.

Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.



Sabe, gente.

Eu sei que no fundo o problema é só da gente.

E só do coração dizer não, quando a mente.

Tenta nos levar pra casa do sofrer.



E quando escutar um samba-canção.

Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".

Reagir e ouvir o coração responder:

"Eu preciso aprender a só ser."



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mundo cão

Hoje estou feliz - à noite vou comemorar meu aniversário - mas uma coisa está me incomodando. Desde criança tenho uma atração pelas páginas de polícia dos jornais e alguns episódios sobre os quais leio ficam na minha cabeça. Ontem, li sobre uma mãe que foi ferida no rosto com faca pela filha, num bairro da periferia de Cuiabá. Achei a história tão triste.
Segundo a matéria, os vizinhos ouviram os gritos da mulher, mas tiveram dificuldades para conter a agressora, que estava numa espécie de surto. Ela já tinha esfaqueado a mãe e continuava a agredindo. Até que alguém arrumou um cigarro e a agressora se afastou, permitindo que os vizinhos socorressem a vítima, que levou 30 pontos no rosto.
Fico pensando no dia seguinte dessa mulher. Quanto sofrimento! Quanta dor ela não deve estar sentindo! O que levou essas pessoas a esse desfecho? A matéria dizia que a filha é ex-presidiária. Ela voltou para cadeia, mas até quando? Que tipo de tratamento será dado a essa mulher? Ela é louca? Viciada em drogas? Quanto mal causa e ainda vai causar aos outros e a si própria?
Eu me lembrei de um relato que ouvi de um rapaz durante viagem recente a trabalho. Ele me contou que seus dois irmãos bem mais velhos sáo viciados em droga e tornaram sua vida um inferno até que esse rapaz resolveu sair de casa, aos 12 anos. Hoje, adulto, ele ainda tem que descascar um monte de abacaxi provococado pelos irmãos viciados e tenta proteger a mãe, que vive se metendo em roubada por causa dos filhos. Detalhe: ele não põe uma gota de bebida alcóolica na boca.
Quantas histórias como essa não existe por aí? Por que a vida é tão dura com certas pessoas?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Meu caso com Amílcar Lobo

Preciso contar aqui - e só aqui tenho coragem - um fato que me encheu de orgulho há alguns dias. Eu estava ouvindo a Rádio Senado e rolou uma entrevista com o jornalista e escritor Jason T'ércio sobre o livro de sua autoria "Segredo de Estado" (Objetiva), que reconstitui o caso Rubens Paiva.
Para quem não conhece a história, Paiva - pai do escritor Marcelo Rubens Paiva - era deputado quando foi levado de sua casa no Rio por agentes do serviço secreto do governo militar em 1971. Nunca mais voltou e durante anos a fio o governo sustentou a farsa de que ele teria fugido da prisão e provavelmente morrido numa  troca de tiros com forças da segurança.
O motivo do meu orgulho? Numa certa altura da entrevista com o autor do livro, a jornalista perguntou sobre um personagem que apareceu na mídia em 1986 dizendo ter visto Rubens Paiva muito machucado no quartel da PE na Tijuca. Esse cara chamava-se Amílcar Lobo e era médico do Exército na época.
Na hora gelei. Afinal esse personagem veio à tona por minhas mãos na época em que eu trabalhava na sucursal da revista Veja (já citei esse episódio em outro post do blog). Sei lá, me deu um medo de que esse jornalista que investigou o caso a fundo desmentisse a versão de Amílcar Lobo e, consequentemente, meu trabalho.
Para o meu alívio, ele não só confirmou a versão de Amílcar, como disse que seu depoimento serviu de base para a abertura de um inquérito militar e acabou contribuindo para derrubar a versão do Exército para a morte de Rubens Paiva. Eu já  lido ou assistido a  um depoimento do Marcelo Rubens Paiva mencionando positivamente o depoimento de Amílcar Lobo, mas mesmo assim fiquei insegura quando ouvi a entrevista na Rádio Senado.
Faz 25 anos que tudo isso aconteceu. Quanto tempo se passou desde então! Como minha vida mudou! Mas eu me lembro ainda com muita emoção da noite em que atendi por acaso um telefonema no final de uma tarde de sexta-feira - aquele momento em que ninguém em sã consciência se anima a pegar o telefone numa sucursal de Veja.
Do outro lado, tinha um homem hesitante e que só precisava de se sentir amparado para contar o que considerava o grande segredo de sua vida: ele tinha visto e trocado algumas palavras com um homem espancado no quartel da PE e no dia seguinte soube que essa pessoa tinha morrido. Era uma testemunha ocular de um fato que a repressão insistia em negar.
Tive sorte em esbarrar em Amílcar Lobo, mas tive também sensibilidade, paciência e sangue frio para lidar com uma pessoa que despertava aversão (ele era acusado por outro presos políticos de não ser apenas uma testemunha da tortura) e detinha informações valiosas. Até onde sei Amílcar morreu sem conseguir reconquistar a confiança de seus pares (ele era psiquiatra e trabalhava como psicanalista no Rio), mas decisivamente ajudou a desvendar um pouco a verdade sobre os porões da ditadura.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Parabéns para mim

Um post do dia do nosso aniversário é especial? Depende ... de como você encara o seu aniversário.
Trabalho e faço tudo (quase) normalmente no dia do meu aniversário, mas gosto de comemorar a data, mesmo que seja em outro dia, como tem acontecido nos últimos anos. Tenho moldado a comemoração ao meu dia preferido do Chorinho (o bar Choros & Serestas), que é quarta-feira. Este ano quis me rebelar e comemorar de outra forma, já que a quarta anda muito movimentada, mas me conformei e acho que no final das contas vai ser gostoso.
Já estou sempre entre amigos lá e fica fácil convidar outros sem muito trabalho, já que a única coisa que vou levar é um bolo para compartilhar, velas (talvez) e guardanapos de papel. O tempo não está para gastos com festas ...
Mas não tenho do que reclamar. Estou com saúde (perto do que vi hoje numa reportagem da TVCA sobre a fila para cirurgias em Cuiabá, estou bem até demais) e bastante disposição para o batente. Quero me estabilizar financeiramente e poder planejar viagens e a compra de um carro um pouco melhor. Meu desejo é poder manter o que tenho e conseguir pagar as contas com uma certa folga.
Nessa altura do campeonato não tenho grandes arroubos de grandeza. Queria muito ter uma fazenda, um cavalo, cachorros. Tive tudo isso numa época da minha vida, mas não tenho mais.
 Se me permitem um sonho neste dia de aniversário (esse é o meu presente): quero ser mais generosa, me livrar de toda mágoa, inveja e outros sentimentos ruins; quero ver minhas filhas felizes, com uma profissão definida e capacidade de seguir seu rumo sozinhas (elas estão quase conseguindo) e, finalmente, queria encontrar um companheiro amoroso, bem humorado, compreensivo e que queira compartilhar comigo novas descobertas.
Dizem que no dia do nosso aniversário o universo conspira a nosso favor, então por que não aproveitar a energia deste momento em que tanta gente se dirige a mim para me desejar felicidades?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Encontros casuais

Ontem quando saía do Sesc Arsenal, fui abordada por um rapaz que me pediu uns trocados por ter olhado meu carro. Até quis argumentar que ele não estava ali quando estacionei o carro debaixo de chuva, mas já ia procurar uma moeda para lhe dar quando meu carona encontrou um real e lhe deu.
Fiquei pensando nele: um rapaz de uns 16/18 anos, negro, encorpado, de bermuda e pés no chão. Aquilo me doeu tanto, que tive vontade de arrumar um par de sandálias Havaianas ou um tênis e dar para ele. Pode ser apenas uma viagem minha, mas fico pensando em quanta gente anda pelas ruas em Cuiabá e outras cidades brasileiras precisando às vezes apenas de uma chance para mudar de vida.
Todo dia ouço falar que Cuiabá tem muita oferta de emprego, que falta mão de obra para construção civil e outros setores, mas, ao mesmo tempo, parece que cresce o número de flanelinhas e de gente com malabares nos sinais em busca de alguns trocados.
Falta uma ponte entre as duas extremidades ou falta vontade de trabalhar? Falta qualificação? Como um cara como o "meu" guardador pode fazer para sair das ruas? Será que ele quer sair?
Na quarta-feira também aconteceu uma cena bizarra. Eu estava num sinal de três tempos, desses demorados, e passou um cara mais velho, mal vestido, falando que ninguém dava dinheiro para ele, que as pessoas tinham medo dele e que ele estava desde 4h lá sem ganhar um centavo (já eram quase 7h da noite). Podia ser um golpe de marketing, mas seu discurso gritado enquanto passava me comoveu e procurei correndo ao menos um centavo para lhe dar. O sinal abriu e quando vi que não encontrava minha carteia dei-lhe minha vasilha de plástico com biscoitos que tinha levado para o trabalho de manhã. Não sei se ele ficou contente, se gostou dos meus biscoitos integrais, mas pelo menos alguém não lhe foi indiferente. certo?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vespeiro

Hoje vou falar de um assunto delicado: a invasão da usina de Dardanelos em Aripuanã por índios das etnias Arara e Cinta Larga. Como estive lá em março passado, não resisto a fazer algumas considerações sobre o caso, depois de ler matérias de sites mato-grossenses dizendo que a usina destruiu o Salto Dardanelos e que a empresa responsável pela construção, a Energética Águas da Pedra, não cumpriu o prometido com as comunidades indígenas.
Quero deixar claro que viajei a Aripuanã para fazer um trabalho para essa empresa e, portanto, sou tecnicamente parcial, mas eu estive no município durante vários dias, circulei livremente, conversei com gente do governo, pessoas comuns, ribeirinhos, produtores rurais e realmente constatei que a empresa trouxe vários benefícios para a comunidade, que sempre viveu esquecida de todos.
Não vou discutir aqui se a usina hidrelétrica deveria ou não ter sido construída ali. Isso não me compete e não vai adiantar ficar discutindo isso nesta altura do campeonato. O que posso assegurar é que a empresa trouxe benefícios para a comunidade  nas áreas de saúde, educação e principalmente no que diz respeito à capacitação. Construiu um hospital, um centro de educação continuada com auditório, pavimentou ruas e avenidas, enfim, acabou fazendo um papel que é, em tese, do estado (governo e município).
Aripuanã é uma região linda, cheia de atrativos (cachoeiras, rios maravilhosos), mas fica totalmente isolada na maior parte do tempo. O município está a quase mil quilômetros da capital e no período das chuvas desse ano só era possível chegar de lá de avião. Como fazer turismo, como se desenvolver num município tão isolado?
Durante minha estadia ouvi relato de moradores que questionavam a ajuda dada aos índios, que vivem a 40 km (os Arara) e 90 km (os Cinta Larga) do local onde a hidrelétrica foi construída. O que ficou claro para mim é que foi firmado um Termo de Compromisso com os indígenas, após a invasão de agosto de 2010,  estabelecendo as responsabilidades da empresa, da União, do Estado de Mato Grosso e do município em relação a demandas de infraestrutura (moradia), educação, saúde e projetos de sustentabilidade.  Até onde sei a empresa cumpriu a sua parte, mas será que o governo (federal, estadual e municipal) cumpriu a sua?
Ou seja, qualquer matéria veiculada na mídia responsável teria que apurar tudo isso e não jogar com os chavões de sempre, dizendo que a usina acabou com a cachoeira, etc, etc. Realmente a visão da hidrelétrica rasgando a mata causa impacto, mas, como eu já disse, a usina - considerada uma obra de engenharia exemplar - já está pronta. A quem interessa ver o circo pegar fogo?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Porque é preciso cantar ...

Hoje não estou especialmente inspirada e estou sem tempo, por isso vou reproduzir aqui um trecho da entrevista com a cantora e compositora Simone Guimarães que me tocou especialmente. A entrevista (quase na íntegra) foi publicada na edição de ontem do Diário de Cuiabá no Ilustrado (http://www.diariodecuiaba.com.br/)
"Continuem cantando. O canto é uma coisa linda. Quando a gente está em contato com o canto é capaz de estar em contato com outras milhares de coisas. Cantar é necessário como respirar e brincar".
É por isso que canto. Às vezes quando estou no carro entediada - estou sem som - eu canto. Quando é de  dia e tem muito trânsito, tenho medo de alguém ver e me achar ridícula, mas quando é de noite, canto com vontade e tudo fica bem mais suportável.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Tortura doméstica

Por que o tempo passa tão rápido? Quando se está assistindo à TV, meio minuto de comercial (como frisou Fátima Bernardes ontem no Jornal Nacional) parece uma eternidade, mas quando estamos na agitação do dia a dia meia hora voa!
E por falar em Jornal Nacional, ontem assisti a uma reportagem muito importante e triste. Falava sobre medidas de combate à violência contra crianças e citou boas iniciativas da cidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
Fiquei muito impressionada de saber (mais uma vez) que existe gente que consegue ser tão má com seus filhos ou por crianças pelas quais deveria zelar. Em Mogi das Cruzes, eles estão cruzando dados nos hospitais para checar os casos de violência doméstica. Segundo os entevistados, dificilmente o agressor leva a vítima ao mesmo estabelecimento de forma seguida para não levantar suspeitas.
Não entra na minha cabeça que alguém machuque o filho a ponto de ter que levá-lo a um hospital. Por que essas pessoas ajem assim? Que mente mais perversa que é capaz de machucar alguém mais frágil e depois ir buscar auxílio médico  alegando quedas e acidentes?
Quando essa pessoa busca socorro médico para a vítima provavelmente é porque esta já corre algum risco de morte, ou seja, quantos espancamentos e agressões sequer são tornados públicos?
Enfim, é um assunto que me entristece e diante do qual eu me sinto totalmente impotente. Por isso só posso louvar autoridades, pessoas comuns, ONGs e instituições em geral que se dedicam ao problema, e tentam amenizá-lo, procurando aliviar a dor dessas crianças e livrá-las de seus torturadores.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bombeiros

Hoje vou mudar um pouco o meu tema para não ficar monótona. Ando tão apaixonada pela música que só consigo falar de música, cantores, compositores ...
Afinal não é sempre que a gente tem o privilégio de conviver com pessoas tão ricas, bem informadas como o baixista e compositor Novelli (aquele do Clube da Esquina) e a cantora e compositora Simone Guimarães.
Fiz uma entrevista gravada com eles, que deve ser publicada no Diário de Cuiabá http://www.diariodecuiaba.com.br/ amanhã, tão interessante, tão profunda, que fico me coçando para adiantar aqui alguns pontos, mas não vou furar eu mesma, né?
Ontem, falando com duas de minhas irmãs ao telefone, elas me acharam animada e olha que ontem praticamente não saí de casa: almocei sozinha, fiquei trabalhando e só fiz uma caminhada no parque Mãe Bonifácia no fim da tarde. E mesmo assim foi um domingo gostoso!
É muito bom trabalhar nas coisas que a gente gosta, mas o meu dilema permanece: como pagar as contas (energia, telefone, comida, condomínio, gasolina, roupas, lazer, etc) com o dinheiro ganho honestamente como jornalista?
Mas, para ser fiel ao início do post, quero falar sobre o protesto dos bombeiros no Rio. Não acompanhei detalhes, mas estou a favor deles e irritadíssima com o governador Sérgio Cabral.
Como exigir de profissionais que trabalham no limiar da vida e a morte que dêem seu sangue ao estado em troca de um salário que não chega a R$ 1 mil? Esses políticos, do tipo do Cabral, são horríveis: não são eles que pegam no pesado na hora das grandes tragédias, como desabamentos, incêndios e enchentes. Eles só chegam no local depois que as coisas estão mais calmas para prometer ajuda que nem sempre vem, mas não pagam um salário justo a bombeiros, policias, professores, médicos e outros profissionais que realmente ajem para que as coisas funcionam razoavemente bem.
Espero que os bombeiros consigam seu intento. Todo meu apoio aos soldados do fogo!

sábado, 4 de junho de 2011

A noite vai ser boa ...

Recebi comentários interessantes a respeito do último post, no próprio blog e no Facebook.
Li-os, porém ontem não tive tempo de atualizar o blog. Trabalhei bastante no Diário de Cuiabá e saí correndo da redação para ir ao show de lançamento do CD "Cirandando" de Vera Capilé. Foi lindo!
Quando o destino natural parecia ser a minha casa resolvi de supetão correr para o Boteco da Mãe Joana, onde acontecia o show de Claudio Zoli. O show estava marcado para as 9h, já passava das nove, mas Deise Águena, cantora e amiga, achou que valia a pena tentar. Como eu tinha um ingresso de cortesia por causa de matéria feita na véspera, resolvi experimentar.
Foi ótimo, o show tinha começado atrasado e ainda conseguimos assistir a muitos números, inclusive, o artista cantava "Noite do prazer" ("A noita vai ser boa...") quando chegamos, número, aliás, que foi bisado ao final.
O lugar - o Boteco da Mãe Joana - é relativamente novo em Cuiabá e sui generis: uma casa enorme, com uma piscina no meio, que me lembrou o cenário do filme "Terra em transe" de Glauber Rocha (acho que é esse que foi filmado na casa do Parque Lage, no Rio). As donas, duas paranaenses recém desembarcadas de Curitiba, são muito simpáticas e animadíssimas, e meu amigo Epson, companheiro do Madrigal do Avesso, estava lá porque fez a abertura do show.
Quanto ao Zoli, fez um show decente, acompanhado de Samuel na percussão, mas o som e a disposição do espaço não ajudaram muito. Quando ele encerrou o show e o público pediu bis, Zoli convidou as pessoas a se aproximarem mais e dançarem e aí ficou bem mais gostoso. Ficou aquele clima gostoso de anos 80.
Hoje, daqui a pouco, tenho que ir para o Sesc Arsenal para ensaiar a música "Janaína" de Simone Guimarães e Novelli, que vamos cantar junto num arranjo feito às carreiras pelo maestro Carlos Taubaté. O povo do meu Madrigal vai cantar, assim como outros alunos do curso de técnica vocal dado por Simone.
Acho que vai ser uma delícia: cantar junto com dois músicos da pesada uma música linda e emocionante e ouvir Simone cantando ao  som de violão de Novelli.
Foi uma semana e tanto. E vou deixar para continuar num outro dia a discussão sobre o tema "Utopia".

PS. Quem tiver curiosidade para conhecer um trabalha maravilhoso e realmente revolucionário, leia amanhã no Ilustrado do Diário de Cuiabá matéria com o maestro Murilo Alves (http://www.diariodecuiaba.com.br/)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Utopia

Acabei de chegar do Sesc Arsenal. Assisti a um concerto didático da Orquestra do Estado de Mato Grosso, fiz uma entrevista ótima com o maestro Murilo Alves para uma matéria e depois dei um tempo até o horário marcado para a oficina de técnica vocal que aconteceria no Sesc às 19h.
Foi legal acompanhar a montagem do Bulixo que acontece no Sesc às quintas-feiras, ver as pessoas chegando com panelas, isopor, carrinhos, cadeiras e mesas, e montando aos poucos as barracas de comida, bebida e artesanato variado.
Dei uma volta para ver o que ia comer e fiquei perdida diante de tantas opções de pratos quentes, salgados e doces. Acabei comendo uma empadinha de frango e, mais tarde, comi um sobá - um prato da culinária japonesa à base de macarrão, legumes e carne, muito apreciado em Campo Grande (MS). Estava gostoso.
Após a oficina, tivemos um mini show de parte do grupo Urutau, com os músicos Estela Ceregatti, Juliane Grisólia e Jhon Stuart ( o grupo completo tem mais três integrantes). Foi lindo!
Voltei para casa encharcada de música, cheia de expectativa em relação ao show de amanhã (de Vera Capilé) e de depois de amanhã (de Simone Guimarães), e um pouco preocupada com um monte de coisa que tenho para fazer nos próximos dias.
Quero me manter animada e otimista (estou adorando o meu trabalho no Diário de Cuiabá), mas tem hora que me dá aquela velha angústia proveniente de ainda ter tantas incertezas na minha vida (em todos os sentidos, financeiro, profissional, sentimental). Nessas horas bate uma solidão braba.
 Nesses dias tenho recebido muitos elogios ao meu trabalho e isso, paradoxalmente, me deixa feliz (estou fazendo exatamente o que gosto de fazer) e triste, porque o que ganho (mesmo com os frilas) ainda não é suficiente para pagar as despesas da minha família.
Esse é um nó que não consigo resolver, mas não quero - e não vou - me deixar abater. Eu queria realmente fazer um trabalho que fosse significativo para a sociedade, fosse prazeroso para mim e me garantisse autonomia financeira. Será que isso é uma utopia?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Novelli

Hoje é primeiro de junho, mês do meu aniversário, e vou passar por aqui correndo. Que dia cheio de novo! Mas foi bom! Recebi o dinheiro de um frila que estava meio enrolado, o que me dá um certo refresco.
Estou indo para o Sesc Arsenal daqui a pouco. Vai ter a continuação da oficina de técnica vocal com Simone Guimarães às 19h e às 18h tenho uma entrevista marcada com ela para o Diário de Cuiabá.
Ontem, após a oficina, vi um cara conversando com Estela Ceregatti, cantora e compositora cuiabana, e saquei que ele era o Novelli. Para quem não conhece, Novelli é um dos maiores baixistas brasileiros, um cara quente do Clube da Esquina, que naturalmente não teve a mesma projeção que outros de sua geração, como Beto Guedes, Toninho Horta e Milton Nascimento, por não ser cantor. Era um cara da cozinha e que cozinha!
Pois ele está em Cuiabá para tocar com a Simone no sábado. Falei para ele que eu tinha um disco histórico, o LP gravado em 1973 por ele, Beto Guedes, Danilo Caymmi e Toninho Horta, e tive que confessar minha predileção por este último. Acho que ele não se chateou (pelo menos, espero). A gente não escolhe nossas paixões, principalmente quando se tem 17 anos.