sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A respeito de violonistas e músicos inspiradores




Quem me conhece sabe que adoro música. Mas não é qualquer música. A boa música (sei que é um conceito subjetivo) me comove, me faz acreditar no ser humano. Hoje, por exemplo, eu me emocionei ao saber que o músico fluminense Egberto Gismonti, um de meus ídolos, vai se apresentar na Sala Cecília Meirelles, na abertura do Festival Villa-Lobos, com a Camerata Romeu, uma orquestra só de mulheres. Como gostaria de estar lá!

Há pouco recebi uma mensagem de um jovem violonista mato-grossense André Luiz Chitto de Oliveira, que conheci há algumas semanas numa memorável apresentação de Guinga e seus alunos no Teatro do Sesc Arsenal, em Cuiabá. Ele sugeriu que eu falasse no meu blog da morte do violonista Roland Dyens no último dia 29.

Fiquei lisonjeada com o aviso do André e um pouco envergonhada também. Eu não conhecia Roland Dyens. Agora conheço um pouco graças aos vídeos enviados pelo violonista mato-grossense.

Roland Dyens nasceu na Tunísia, mas se naturalizou francês. Segundo André, ficou conhecido pelos violonistas não só pelo alto nível interpretativo, mas também por suas composições e arranjos - muitos deles de música brasileira de compositores como Tom Jobim, Baden Powell e Pixinguinha.

Incrível, né? Esses compositores são valorizados por um músico francês e muitas vezes não são devidamente valorizados em seu próprio país.

Faço uma analogia com Egberto Gismonti, valorizadíssimo na Europa e em outros continentes e praticamente desconhecido em seu país. É uma pena.

Eu me sinto privilegiada por ter ouvido Gismonti, que até hoje me encanta e por ter tido acesso a uma cultura musical diversificada, já que estudei violão erudito, frequentei a Pro-Arte (no Rio de Janeiro), o auditório do IBAM (os saudosos concertos gratuitos das segundas-feiras), a Sala Cecília Meirelles e o Teatro Municipal. Assisti a concerto épicos (como o do músico Keith Jarrett) e a outros incríveis no Free Jazz Festival.

Uau, a mensagem do André Luiz está me levando a um passado do qual sinto muitas saudades e é melhor parar por aqui. Ainda bem que hoje temos a internet e ferramentas como o YouTube para matar as saudades e a sede por conhecimento de músicos estudiosos como o André. Lamento apenas que a maioria dos jovens se contente em ficar restrita aos sucessos do momento.  A propósito, confira aqui um dos links enviados por André.