sexta-feira, 31 de julho de 2009

Zii e zie

Ontem cometi um erro: fui assistir ao show de Caetano Veloso sem procurar me informar sobre o que me aguardava. Provavelmente, pensei: Caetano é Caetano e ponto final. Não é bem assim.
Saí do Centro de Eventos do Pantanal decepcionada como muita gente ou, pelo menos, como todos que estavam no meu grupo. Eu tinha assistido ao "Cê" no ano passado e tinha gostado da jeito jovial do sexagenário Caetano no palco, acompanhado de uma banda jovem, bandaCê, que continua o acompanhando.
Mas ontem foi estranho. O som estava muito ruim realçando a estridência da guitarra em muitos momentos. Eu não conseguia ouvir o que Caetano estava "me dizendo". O espaço do Centro de Eventos do Pantanal é péssimo para shows: as pessoas ficam passando, os garçons vem pra acertar a conta do que foi consumido antes do show começar. Definitivamente não é uma casa de show. Eu mal conseguia enxergar Caetano ou desfrutar das belas imagens exibidas no fundo do palco, com uma iluminação extraordinária. Fiquei com vontade de ir lá pra frente para ver melhor as caras e bocas de nosso astro, apreciar seus pulinhos e rebolados.
Acreditem, adoro Caetano e o coloco numa espécie de altar particular, onde o lugar principal está reservado para "São" Chico, que disputa seu espaço com Mílton, secundados por Gilberto Gil e Paulinho da Viola. De todos os citados, talvez, seja ele, Caetano, quem mais tem feito um esforço para se renovar como compositor e intéprete. Ao mesmo tempo, Caetano é todo camaleão. Tem o Caetano que faz show em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova com Roberto, o que canta no filme "Volver", o que grita "Rata" e incendeia o público do Circo Voador (segundo me relataram do Rio).
Qual Caetano as pessoas de Cuiabá foram ouvir? Um cara gritou lá do fundo: "Tieta"! Fiquei morrendo de medo de que ele resolvesse atender ao pedido do rapaz. Ou ainda que cantasse "Sozinho" ou "Leãozinho", como muitas pessoas esperavam. Não é desse Caetano que gosto mais, mas concordo que ele poderia mesclar as músicas do último CD com mais canções antigas (a propósito, adorei ouvir a nova versão de "Objeto não identificado").
Talvez se eu conhecesse mais as novas músicas do CD "zii e zie" - ou tivesse lido mais o blog Obra em progrresso - teria desfrutado mais do show e sairia mais feliz (Caetano é um grande cronista do mundo contemporâneo). Para mim, faltou ligação, emoção.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Aqui e agora

Quase fim de julho. Caramba, só faltam quatro meses para o Natal, que provavelmente vão passar voando.
Acho engraçado quando as pessoas dizem "Ah, que bom que hoje já quinta-feira e o fim de semana está chegando". O problema é que o fim de semana também vai passar rapidinho e logo, logo vai chegar segunda-feira e uma nova semana.
A grande sabedoria, que venho perseguindo desde que tinha 17 anos e descobri a yoga, a filosofia oriental, o escritor Aldous Huxley, é conseguir viver "aqui e agora". Isso significa controlar a ansiedade e conseguir viver intensamente cada momento.
E se ele for de dor ? - eu me pergunto. Se for uma dor física, obviamente, temos que procurar formas de aliviá-la. Se for espiritual, mental, é preciso também encará-la de frente e ver o que ela quer nos dizer, como uma febre que, geralmente, é sintoma de alguma doença. Você pode até baixar a febre, mas se não for atrás do motivo pode morrer de uma apendicite, uma pneumonia ou qualquer outro tipo de infecção.
O importante nisso tudo é conseguir parar, respirar e ter clareza do que você deseja na vida.
Dia desses, numa conversa por email com Dete, minha amiga e sobrinha que mora nos EUA,- velha companheira de muitos momentos de angústia existencial -, ela me falou algo mais ou menos assim: se você estiver num hospital, à beira da morte, pense no que gostaria de ter feito e não fez.
Eu pensei: não quero me ver nessa situação (tão retratada em filmes e romances) para rever o filme da minha vida e lamentar o que não fiz. O meu tempo é aqui e agora.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A prefeita

Hoje, de manhã, encontrei no caixa do supermercado uma ex-colega de "malhação". Quase não a reconheci e ela, muito simpática, contou-me que não estava malhando mais na academia porque quase não está parando em Cuiabá: virou prefeita. Achei muito divertida a ideia de ver minha companheira de aulas de jump e step na administração de sua cidade, Alto Paraguai - um daqueles municípios que mesmo quem mora em Mato Grosso e lida com a informação como eu pouco conhece.
Vou ao google e consigo poucas informações sobre Alto Paraguai. Descubro que tem cerca de 10 mil habitantes e está situado a pouco mais de 210 km de Cuiabá. Sua história está ligada ao garimpo, o que indica que deve estar entre os municípios mais pobres e devastados de Mato Grosso.
Não existe um Mato Grosso, nem poderia haver, num estado com uma área tão grande (é o terceiro maior do Brasil). E é isso que me encanta - e, às vezes, me desencanta - no estado em que nasci e voltei a viver por opção ou destino (ou ambos): a diversidade de paisagens, culturas, gente e, por outro lado, a imensa desigualdade social. Mas não deixa de ser uma terra de oportunidades (muitas vezes, aproveitadas pelos oportunistas de plantão).
A propósito, minha colega de ginástica foi eleita depois que o primeiro colocado foi cassado sob acusação de compra de votos. Tomara que ela utilize sua disposição física para trazer algo de bom para sua comunidade e sua simpatia para conseguir acordos que tragam melhorias para todos e não apenas para um determinado grupo político.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ao blog, com carinho

Hoje, na gangorra emocional que é a minha vida, estou me sentindo muito feliz. Tive um óitimo fim de semana, produtivo, gostoso e rodeado de música e dança, como eu gosto. Tive bons encontros e noticias auspiciosas. Assisti novamente a um filme maravilhoso: "A vida dos outros". É um filme alemão, daqueles que não passam nos cinemas de Cuiabá (pelo menos, no circuito convencional) e fala de amor, vigilância, censura e, sobretudo, de humanidade na Alemanha comunista (a antiga RDA). O filme é de uma delicadeza ímpar, embora tenha certas fortes e mostre personagens sórdidos, como o ministro que usa seu posto e poder para manter uma relação com uma atriz de sucesso e lança mão de uma artimanha para tentar afastá-la de seu verdadeiro amor, um escritor.
Revi também a trechos de "Crash - No limite", filme norte-americano que considero um dos mais inteligentes e comoventes que vi nos últimos anos.
Mas o que eu queria dizer mesmo hoje é que este blog tem me trazido muitas coisas boas: novos amigos, descobertas sobre mim mesma e o reforço de antigas amizades. Cada vez mais me surpreendo com a força da palavra escrita, mesmo que seja numa tela virtual.

domingo, 26 de julho de 2009

Dr Gabriel

Por pura preguiça, costumo me dar folga como blogueira aos domingos. Pura bobagem, afinal é bastante comum eu ligar o computador para trabalhar num projeto paralelo.
Hoje, acordei relativamente cedo para os meus costumes (de domingo, diga-se de passagem) e resolvi dar um rolê na internet antes de me dedicar ao tal projeto. Entre outras surpresas, encontrei uma matéria ótima no estadão sobre cientistas ingleses que provaram a teoria da relatividade de Einstein em maio de 1919 na cidade cearense de Sobral.
Resolvi entrar no site www.clickmt.com.br para checar os artigos do Dr. Gabriel e gostei tanto do que li que resolvi escrever esse post. Provavelmente ele nunca saberá disso, mas não importa.
Quero externar minha admiração por esse homem, aparentemente tão avesso a beija-mãos como ele mesmo diz. Os textos do Dr. Gabriel são ótimos, repletos de uma ironia juvenil. Aliás, é isso que mais admiro nele: apesar de já estar na casa dos 70, ele não envelhece: continua trabalhando, fazendo caminhadas, musculação e tem uma aparência jovial. É verdade que ele é muito crítico, às vezes quase amargo, mas como não ser - como ele próprio diz - diante de tantos desmandos do poder, tanta loucura como assisitir ao "nosso" Lula elogiando publicamente "Elle" e defendendo com unhas e dentes o famigerado Sarney. Dá vontade de vomitar.
Os últimos três artigos de Dr. Gabriel estão especialmente saborosos. São crônicas curtas intituladas "Remédios caseiros", "Exemplo" e "Estilo". Nesta última ele faz uma defesa do seu "estilo" de escrever diante de críticas de leitores de que anda muito pessimista. Nosso cronista faz uma relação de fatos atuais, como as tais relações perigosas entre Lula, Collor e Sarney. Em "Exemplo" fala com muita precisão da importância do exemplo vir de cima e questiona a validade de cursos de liderança, etc, diante do "mau exemplo" dos líderes. E finalmente, em "Remédios caseiros", faz a gente rir com uma leitura bem humorada de alguns problemas do mundo atual.
Da minha parte, prefiro o seu estilo "pessimista" e irônico ao festival de tolices mal escritas que se vê por aí.

PS. Já ia me esquecendo de dizer que o Dr. Gabriel foi fundador e primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Com as próprias asas

Faz frio em Cuiabá! Fui almoçar no Shopping Pantanal, perto do meu local de trabalho, e foi gostoso ver uma outra paisagem, com pessoas super agasalhadas. Parecia até que eu estava em São Paulo, embora ainda fosse possível encontrar pessoas de camiseta, bermudas, chinelos e sandálias. Tem gente que sai de casa e não acredita no frio, ou então não tem casaco, ou vai ver que não sente frio mesmo.
Eu fui bem preparada, de suéter, meias e sapatos fechados, Estou com frio em dobro (ou em triplo) porque fico pensando em minha filha num ônibus a caminho de Belo Horizonte, onde participará a partir de amanhã de um Encontro Nacional de Estudantes de Arquietetura (Enea). Enquanto isso, a mais nova está seguindo de carona para Cáceres, cidade famosa pelo calor, mas que também tem um frio de lascar, devido ao famoso "vento sul" que vem das Cordilheiras dos Andes.
Tento manter minha cabeça ocupada para não ficar pensando demais nas minhas meninas. Triste sina de mãe: quando os filhos estão juntos nos pertubam, sugam nossa alma; quando estão distantes, deixam nosso coração apertadinho. Como disse, minha sobrinha e amiga Dete, mais experiente que eu (tem três filhos e eles já estão um pouco mais crescidos): "É bom vê-los voando com as próprias asas". É bom sim, mas que deixa nosso coração apertado, ah isso deixa.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Hormônios em ebulição

Ontem, graças ao meu gastroenterologista (tá certo?), conheci dois sites muito interessantes: www.umaoutravisao.com.br e www.westonaprice.org
Ambos tratam de questões de saúde, principalmente no que diz respeito à alimentação. Voltarei ao site a Fundação Weston A. Price em outra ocasião, pois agora quero falar do site brasileiro que traz literalmente "uma outra visão" sobre temas bastante comuns na mídia em geral, como menopausa, obesidade, câncer de pele, etc.
Gostei especialmente do artigo sobre menopausa que trata desse período na vida da mulher não como "uma doença" ou "fim de linha" e sim como um período natural e digno na trajetória das representantes do sexo feminino. O artigo fala sobre a reposição hormonal, que há alguns anos era quase obrigatória e hoje é discutível do ponto de vista da relação custo-benefício, e diz que muitos problemas relacionados ao chamado climatério são provocados por situações vividas pela mulher da chamada meia-idade (abandono do ninho, proximidade da aposentadoria dela ou do companheiro, etc).
Em suma, vivemos numa sociedade onde muito nos é permitido (certamente, tenho muito mais opções que minha mãe ou minha avó), porém a cobrança pela eterna juventude talvez nunca tenha sido tão cruel.
Aos 50 anos, minha mãe, Nilzalina, era uma víuva de luto fechado, com uma filha pequena para criar e muitos netos. Sua perspectiva de vida, dizia, era terminar de criar a filha temporã, "a raspa de tacho", cuidar da casa e receber a família no horário das refeições (e como ela cozinhava bem...)
Hoje, tenho que trabalhar (e garantir o sustento da minha pequena família, formada por duas filhas), zelar pela casa (mesmo que não cozinhe como minha mãe), resolver um monte de pepinos sozinha e ainda quero me divertir! Para complicar mais as coisas (ou não), ainda inventei de escrever este blog ...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sobre mulas e concursos de beleza

Acabo de dar uma geral nas notícias e fiquei triste de saber que um casal de bolivianos foi detido no Aeroporto Internacional de Várzea Grande com cerca de 170 cápsulas de cocaína no estômago, enroladas em papel alumínio e plástico. Segundo a notícia publicada no Diário de Cuiabá, o homem transportava cerca de 90 e a mulher, grávida de seis meses, umas 80 cápsulas. Como a carga foi detectada no equipamento de raio x, foram levados ao Pronto Socorro, radiografados e tiveram que tomar purgante para expelir a droga.
Só de pensar em toda situação, fico com o estômago embrulhado. O que leva pessoas a se submeter ao papel de mulas? Para mim, só pode ser o desespero e a falta total de perspectiva de vida.
Não quero, entretanto, ficar nessa constatação banal. Quero falar novamente do programa "Profissão Repórter", que, mais uma vez, foi muito bom. O tema foi super bem escolhido (concursos de beleza) e a montagem de toda a pauta foi muito boa. Caco Barcelos e sua equipe abordaram o concurso de mini Miss Brasil (estilo Pequena Miss Sunshine), de "prendas" e de garota da laje. Em todos, apesar das diferenças, o tom ficou sempre entre o cômico e o patético. O envolvimento da família no caso das minis candidatas à Miss Brasil e das "prendas" é total. Na minha opinião, concursos como os das mini Miss Brasil deviam ser proibidos pelo Juizado de Menores. As crianças, coitadas, são vítimas de mães enloquecidas - e pais, provavelmente, omissos -, que cultuam a beleza de uma forma ensandecida, transformando suas meninas em arremedos de Barbies, Xuxas e mini drag queens.
O mais divertido de todos foi o da garota da laje porque não tem subterfúgios. É brega mesmo!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Para ver as meninas ...

Estou apaixonada ... por uma música de Paulinho da Viola, que fui descobrindo aos poucos. Só hoje, depois de ouvi-la várias vezes no Chorinho, na voz da minha amiga Fátima, aprendi seu nome "Para ver as meninas". É aquela que diz "Silêncio, por favor ..." É tão linda! Eu estava me sentindo meio infeliz e, de repente, essa música, por mais triste que seja, me consolou.
Por coincidência minha irmã Jane me contou ontem por telefone que foi assistir a um show do Paulinho da Viola no Canecão, no sábado. Perguntei se ele cantou essa música. Ela disse que não, mas também não demonstrou conhecê-la. Minha irmã disse que o show foi maravilhoso, o Canecão estava cheio e todo mundo cantou junto com Paulinho seus maiores sucessos.
Só não morri de inveja dela por dois motivos: o primeiro porque há alguns anos no Rio vi uma apresentação do mesmo Paulinho numa casa de show pequena, na Lapa (Sacrilégio), de uma forma totalmente inesperada. Fomos eu e minha sobrinha, Bel, assistir a um outro show também na Lapa e nos deparamos com uma apresentação de uma banda de country rock. Como não tínhamos vindo de ônibus e metrô de Ipanema para assistir a uma banda de rock, resolvemos ir embora e acabamos entrando num bar onde haveria uma homenagem ao César Farias, pai do Paulinho. Um moço, que estava na porta e ficou nosso amigo, disse que o Paulinho vinha dar uma canja. Acreditamos nele e nos demos bem. Nunca lamentei tanto não andar com máquina digital a tiracolo porque ficamos pertinho do Paulinho. Até conversamos com ele e com Nélson Sargento, que estava lá também.
O segundo motivo é que no sábado também assisti a um show muito legal, num ambiente completamente diferente. Fui conhecer uma banda nova, Expresso Vinil, de blues e rock, num bar chamado Blues Moto Bar. Foi muito legal e, na saída, por volta de 2 h da madrugada, ainda peguei o finalzinho do show do Mandala Soul no vizinho Clube da Esquina. Deu pra matar um pouquinho da saudade do Mandala, das músicas de Tim Maia e do Rio de Janeiro. Eta saudade imensa ...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Flexibilidade e leveza

A semana começou complicada, com a descarga do vaso sanitário disparando antes das 7h da manhã. Minhas filhas e eu tentávamos desesperadamente fechar algum registro que interrompesse aquele jorro incessante de água. Em vão. Tive que esperar pela chegada do zelador, grande Jamil, que veio com uma chave de fenda e rapidamente "resolveu" o problema. Ele ficou de voltar mais tarde com a solução definitiva: a troca do reparo da válvula e sei lá mais o que.
Nessas horas sinto falta de um homem em casa, embora - ai... ai... ai... - ande cada vez mais decepcionada com a qualidade técnica dos seres do sexo masculino.
Outro dia quase tive um ataque no posto de gasolina quando um moço encheu até a boca o reservatório de água. Coitado, ele não sabia que sou extremamente traumatizada com a questão da ventoinha/radiador/etc. Falei para ele: "Moço, você não sabe que não pode ir colocando água assim até a boca e ainda mais com o carro desligado?" Acho que não sabia ...
Na verdade, hoje eu queria comentar um texto muito legal que recebi de uma amiga e que nos aconselha a sermos menos exigentes na escolha de nossos parceiros. O autor diz que mulheres são condicionadas a buscar homens mais velhos, protetores, enquanto os homens foram condicionados a buscar mulheres mais jovens e dependentes. Quanto mais velhas, menos chances as mulheres bem sucedidas profissionalmente têm de encontrar um parceiro (legal, ?).
O texto termina exortando as mulheres a serem menos exigentes em seus relacionamentos e procurarem se relacionar com "mais flexibilidade e leveza". Então tá.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Questão de ponto-de-vista?

Quanto mais eu vivo, mais me dou conta de que quanto tenho a aprender ... Diante disso, acho que nem deveria dizer mais nada neste blog. Mas, vamos lá, conversava há pouco com uma colega de trabalho quase da minha idade que me falava com naturalidade e total sinceridade sobre a relação que mantém há um ano com um homem casado. Ela se admirou de eu dizer que não gosto de me relacionar com homens casados.
- Por que? - perguntou. "Você quer se casar ou coisa assim?"
Respondi que não e fiquei, pasmem, envergonhada de lhe dizer que não me sinto bem, acho antiético, sei lá. Ela me falou das vantagens de um relacionamento assim e disse que já avisou o cara que não pretende morar junto com ele caso de separe da mulher. Quanto a esta, sabe do relacionamento e vive mandando mensagens espinafrando minha colega, etc. Acho que eu teria que nascer de novo para encarar uma situação dessas, mas concordo com minha interlocutora: quem está traindo na história é o marido e a mulher deve ter boas razões para suportar essa situação. Na cabeça da minha amiga, está tudo bem.
É senpre interessante ouvir outros pontos-de-vista.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Por quem os sinos dobram

Um dos romances que mais me marcou na adolescência foi "Por quem os sinos dobram" do escritor norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961). A história se passa na Guerra Civil Espanhola e fala sobre heroísmo, coragem, mas o que sempre ficou na minha memória foi a epígrafe: "Não me pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".
Desnecessário explicar, não é mesmo? Pois foi esse pensamento que me veio à mente quando senti as lágrimas rolarem após ter lido meio por acaso a história de duas pessoas comuns assassinadas em São Paulo, numa série de reportagens especiais do portal Terra. Li sobre a morte de uma executiva e de um ciclista, entregador de uma lanchonete. Este último morreu durante uma perseguição a ladrões pela polícia. Segundo a versão da polícia, os supostos ladrões balearam o rapaz para atrapalhar a caçada, já que os policiais pararam para prestar socorro ao rapaz. Será ???
Não importa, o que importa é que ele morreu deixando uma mãe e uma irmã ainda mais traumatizadas, já que o pai desse rapaz morreu assassinado num assalto frustrado quando o filho tinha apenas 10 anos.
É impressionante como a tragédia bate à porte insistentemente de pessoas comuns, que não brincam com o perigo, nem buscam a morte. Eu não consigo entender e fico muito assustada, imaginando por que isso acontece com uns, enquanto outros parecem viver tão felizes.
Ontem, à noite, meus olhos também se encheram de lágrimas ouvindo relatos de alunos e da professora de uma escola que funciona numa fazenda e que será alvo da reportagem que estou fazendo para a revista Produtor Rural. São histórias simples e comoventes de pessoas muito simples, "desimportantes", para quem estudar é a porta para uma vida melhor. Será ???
Não importa, o que importa é que eles têm a esperança dessa vida melhor e acreditam no que fazem.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ai que preguiça!

Hoje estou com uma preguiça que nem Macunaíma, o herói sem caráter de Mário de Andrade. Não estou querendo parecer culta com a comparação, apenas tenho muito nítida na memória a imagem do ator Grande Otelo (que tive o prazer de entrevistar várias vezes no Rio de Janeiro) esticando os braços no filme de Joaquim Pedro de Andrade e dizendo "Ai que preguiça!" O filme era muito louco e interessante e me marcou bastante. Achava muito forte a interpretação da atriz Dina Sfat, mulher do ator Paulo José, que fazia o Macunaíma adulto, numa das muitas loucuras do filme, já que o mesmo personagem era interpretado por um ator negro e outro branco.
Durante anos eu ia ao Parque Lage e me lembrava da cena da festa do filme, filmada numa piscina da residência dos antigos proprietários, que, aliás, serviu de cenário para uma montagem muito doida de "A Tempestade" de William Shakespeare. Bons tempos ou será que eles parecem tão bons agora porque a gente tende a se lembrar mais das coisas boas e esquecer as ruins?
Isso ocorre também em relação ao tempo em que morei em Cáceres, no interior de Mato Grosso. Em geral, as primeiras lembranças que me vêm à mente são as boas: a casa grande e gostosa, o quintal, os cachorros, o espaço para as meninas brincarem e receberem amigos, o silêncio, algumas festas, as caminhadas na rua do Iate Club, a praia do Iate, os passeios de barco com os amigos em dias de muito sol, cerveja e preguiça, os domingos no Coloio, a chácara do seu Walter, pai de minha amiga Selma ... Mas tinha o tédio também de algumas tardes de muito calor em que pouco havia para fazer ...
Ainda busco meu espaço em Cuiabá, embora não raro tenha a ilusão de tê-lo encontrado ... Talvez, alguns anos adiante eu me lembre com saudades das noites de samba no Chorinho, das caminhadas no Parque Mãe Bonifácia, dos ensaios e apresentações do Cantorum e ... do carinho de alguns poucos e bons amigos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Luz no fim do túnel

Tenho um problema na visão aparentemente besta mas que me incomoda bastante, como já contei em outro post: o ceratocone. É difícil de explicar e eu acabo me irritando com o mal em si, que afeta minha visão, e a dificuldade de as pessoas entenderem por que simplesmente eu insisto em não usar óculos se as lentes de contato estão me irritando.
Desde o final do ano passado o ceratocone, entre outros problemas, vem me tirando do sério. Atrapalha meu humor, minha autoestima e minha capacidade de trabalho. A situação ficou muito ruim há umas duas semanas e, graças à interferência de uma colega de trabalho, fui a um novo oftalmologista em Cuiabá, novo para mim que há seis anos frequentava o mesmo profissional.
Além dele ter sido altamente atencioso comigo e ter parecido compreender a dimensão do meu sofrimento, hoje finalmente ele me deu um "diagnóstico" após vários exames. No caso do meu olho esquerdo, que sempre foi o pior, ele não vê muita saída a não ser o transplante de córnea. No caso do olho direito, ele me falou de uma técnica nova, corneal cross link, que vem sendo usada em alguns centros no Rio de Janeiro e Estado de São Paulo. É uma esperança e, literalmente, uma luz no fim do túnel!
Por conta disso, entrei no google e acabei de descobrir um blog direcionado ao ceratocone e que fala exatamente do cross link.
Sei que há coisas bem piores no mundo, mas é impressionante como a visão - ou melhor, a redução na nossa acuidade visual - apavora e saber que outras pessoas estão ligadas no assunto é, no mínimo, confortante.
Em termos concretos, pretendo consultar um especialista que já trabalha com essa técnica assim que for possível para ver se ela se aplica ao meu caso e retornar ao meu novo oftalmologista para fazer um teste de lentes de modo a ver se encontramos uma lente que me traga um pouco mais de conforto e de visão. Mas ele já me adiantou que não pode garantir que vamos ter sucesso e que não quer que eu tenha despesas desnecessárias. Parece pouco, mas é tão bom a gente lidar com profissionais sinceros, mas que não deixam de nos dar uma pontinha de esperança.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quebra de rotina

Hoje tive um dia surpreendente graças à grandiosidade de Mato Grosso. Às 6h30m estava no aeroporto de Várzea Grande para embarcar no voo que levaria o presidente da Comissão da Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, a duas cidades para fazer palestras aos produtores locais. Depois de duas horas de voo num avião com seis lugares chegamos a Colíder, 620 km ao norte da capital. A palestra aconteceu no Centro de Eventos da Prefeitura e foi bem interessante.
O palestrante, acredito, conseguiu falar na "língua" dos produtores, muito deles de aparência muito simples. Alguns fizeram perguntas e aprenderam um pouco sobre o complexo mundo da pecuária do leite onde produzir muito nem sempre significa se dar bem por causa da velha lei da oferta e da procura.
Após um almoço bem informal na sede do Sindicato Rural de Colíder, em que descobri que o prefeito local tem uma fábrica que fornece móveis para a Tok&Stok - uma loja que forneceu boa parte dos móveis do meu apê no Rio de Janeiro - corremos para o "aeroporto" e seguimos pra Araputanga, outra região leiteira situada a 330 km na região oeste. O percurso durou mais de duas horas, mas, apesar de alguns solavancos "normais" segundo os passageiros mais habituados a esse tipo de voo, passou rápido já que vim gravando uma entrevista com o palestrante a ser publicada na revista Produtor Rural. A descida em Araputanga foi um pouco mais emocionante porque a pista era menor, mas, como comentaram outros passageiros, foi mais macia do que muita aterrissagem de aviões da Gol.
Alvim fez sua palestra meio a toque de caixa porque precisávamos levantar voo antes das 17h porque a aeronave não estava autorizada a viajar à noite, Partimos por volta de 17h25 e chegamos a Cuiabá uma hora depois. Somando tudo, foram mais de cinco horas de voo.
Apesar do cansaço, até que foi gostoso ... Ver caras diferentes, conhecer realidades diferentes e, ver meu estado lá de cima. Não gostaria de fazer um programa desses todos os dias, mas de vez em quando até que é bom. A gente sai da rotina e se desliga um pouco dos problemas do dia a dia.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Som e fúria

Qualquer semelhança com a minissérie que começou ontem na Rede Globo (não) é mera coincidência. Na verdade, minha intenção aqui é comentar o livro "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", de autoria de Nélson Motta (Editora Objetiva - 2007).
A propósito, achei interessante o primeiro epísódio da minissérie, embora um pouco confuso. Não sei se estou ficando burra, mas não consegui entender a personagem da atriz Regina Casé e, particularmente, tenho alguma resistência a Felipe Camargo como ator.
A lembrança mais forte que me trazem as palavras "som e fúria" é em relação ao desespero do rei Macbeth, na tragédia homônima de William Shakespeare.
Life’s but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.
Após a morte da Lady Macbeth, Lord Macbeth, desesperado, diz que a vida é como um conto contado por um idiota, cheio de som e fúria, mas que nada significa.
Acabei de descobrir que "Sound and fury" é também o título de um romance do escritor norte-americano William Faulkner, publicado em 1929, em que ele utiliza a técnica narrativa denominada "fluxo da consciência", que já tinha sido utilizada com sucesso por autores europeus como James Joyce e Virginia Woolf.
Acabei não comentando o livro (o do Nélson Motta) mais uma vez e descobrindo que devo evitar a dobradinha "som e fúria", pois já está muito manjada.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Arroubos de humanidade

Sabe aquele velho ditado que diz "Nada como um dia após o outro dia "? Pois é ... Hoje estou bem menos angustiada do que ontem e vim pensando no caminho pro trabalho sobre as pessoas que vêem em mim "um exemplo de equilíbrio". Vai ver que sou, né?
Só que cansa essa história de ser boazinha, equilibrada, a boa aluna, aquela que não falha, que não desaponta ninguém, que sempre sabe entender o lado do outro e está sempre disposta a perdoar. E nem sempre é reconhecida por isso.
Neste fim de semana, sem entrar em detalhes, tive uma crise relacionada a isso: a mistura do livro sobre Tim Maia (Som e fúria) de Nèlson Motta com alguns acontecimentos pessoais provocou uma espécie de curto-circuito interno sem maiores danos (ainda bem!) Por algumas horas, eu deixei de lado a razão e deixei o coração falar, com a raiva, dor e tristeza que vem juntos.
Naturalmente o meu super ego estava atento e me deixou cheia de culpa e remorso, afinal, raiva não é um sentimento digno de uma "moça" comportada e politicamente correta.
Decidamente, não é fácil viver e nem sempre é possível agradar a todos. Mas sabe de uma coisa,? Eu preciso aceitar que nunca fui e nunca serei santa, e tenho que ser mais complacente com meus arroubos de humanidade.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Loja virtual

Para compensar um pouco o baixo astral do post anterior, informo a pedido da Editora Entrelinhas de Cuiabá que meu livro "Cantos de amor e saudade - a história de Cáceres contada através das lembranças de vó Estella", publicado em 2005, e outras publicações dessa editora, podem ser adquiridos por meio do endereço: www.carrionecarracedo.com.br/loja/default.php

Angústia

Comecei a semana angustiada. Os motivos são vários e não vou cansar meus leitores até porque (esse é junto ou separado?) eles (os motivos, não os leitores) são, em sua maioria, triviais e, talvez até familiares à maioria das pessoas. Muita pressão, cobrança (mais interna do que externa), autoestima em baixa, etc, etc ...
Sinto que preciso me reequilibrar internamente para seguir em frente com menos desgaste e sofrimento. Entre as medidas de ordem prática, pretendo retomar algum tipo de exercício físico (que me faz bem à alma) esta semana: não sei se retomo as aulas de yoga, volto pra academia, mudo pra natação ou pra hidroginástica.
Em meio a essa onda de angústia, vou à copa da instituição onde trabalho para tomar um cappucino e pego a edição de A Gazeta de domingo para ler. Fico sabendo que oficiais da PMs de Mato Grosso, investigados e presos pela Polícia Federal, tinham uma fortuna incompatível com o vencimento de seus cargos graças à troca de "serviços". Entre outras coisas descritas na reportagem, eles simulavam uma invasão a alguma propriedade rural para cobrar pelos serviços de expulsão dos supostos invasores. Ah, li também sobra a morte de um adolescente de 15 anos a facadas em consequência de uma briga com outro adolescente por motivos "fúteis" (o assassino começou a perseguir o outro porque este teria mexido com a sua namorada). Parei de ler o jornal, invadida por uma sensação de angústia ainda maior.
O que fazer da minha vida? O que ensinar às minhas filhas? O que esperar desse mundo tão louco onde a vida vale tão pouco, a impunidade é enorme e onde quem deveria proteger a população agride, rouba e lança mão de seu poder para transgredir a lei?
Antes que alguém me diga "mas eles estão presos", eu pergunto: "E quantos como eles continuam soltos?" ou "Até quando?" ou ainda "E quanto às suas vítimas?"
Leio no mesmo jornal uma reportagem sobre sofrimentos psicológicos impostos a crianças por pais ou mâes (em geral, mães) que, por motivos pessoais, querem distanciar seus filhos do ex-cônjuge. Para isso, denigrem a imagem do pai (ou da mãe), chegando a acusá-los de abuso sexual.
Volto para minha sala e descubro em OFiltro (www.colunas,epoca.com.oglobo.com/ofiltro) que a ONU estima que o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia (cerca de R$ 2,40) no mundo deverá aumentar para cerca de 90 milhões até o final deste ano em consequência da crise financeira mundial.
Num outro dia, talvez, eu terminasse este post com uma mensagem de esperança, hoje está difícil. Lamento.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

No ar

Parece até mentira, mas entre o último post e este estive no Sul do país. Como finalista de um prêmio de jornalismo (o Massey Ferguson), recebi passagens e hospedagem para dar um "pulo" em Porto Alegre. Foi cansativo, mas muito gostoso.
Saí de Cuiabá no final da tarde de quarta-feira depois de um exaustivo dia de trabalho e cheguei a Porto Alegre quase meia-noite. No caminho, entre uma conversa e outra com algum companheiro de viagem mais interessante, li a revista da Gol de cabo a rabo (muito boa, aliás, ao contrário dos lanchinhos servidos a bordo, argh!).
Encontrei-me no aeroporto com meus companheiros de prêmio e seguimos para o hotel, todos exaustos. O quarto do hotel era meio gelado e barulhento e acordei ontem muito cansada. Reencontrei alguns companheiros no café da manhã e seguimos para o local do evento, o Terra Ville, um condomînio de luxo em Belém Novo, bem distante do Centro.
Foi legal porque no caminho deu pra conhecer um pouquinho de Porto Alegre. Vi o Estádio do Internacional, que pareceu a todos menor depois do jogo da noite de quarta-feira em que o time da casa empatou, mas perdeu; o Guaíba e mutas áreas verdes.
A entrega dos prêmios aos vencedores nas cinco categorias (jornal, revista, internet, fotografia e TV) aconteceu durante o almoço no restaurante Nossa Querência e foi rápida, emocionante e informal. Pelo segundo ano consecutivo, fui e voltei finalista. Claro que fiquei frustrada, mas não chateada porque percebi que um dos meus concorrentes (que venceu) teria mais chances: uma ampla reportagem sobre 100 anos de migração japonesa no Brasil assinada pelo veterano Geraldo Hasse (que mora em Porto Alegre) e Mônica Canejo (que mora em São Paulo).
Fiquei feliz com a vitória de alguns jornalistas que conheci lá e com os quais simpatizei muito, como Geovana Pagel (Agência de Notícias Brasil Árabe), que ganhou na categoria internet com Isaura Daniel, e César Dassie que venceu na categoria TV (Programa Globo Rural - TV Globo/SP).
Após fotos, abraços e despedidas, a maior parte da turma foi de ônibus para o aeroporto, onde cada um seguiu seu destino. Diante de uma espera de uma hora até o momento do embarque, mais conexão em Congonhas e o tédio de muitas horas de voo, decidi me dar de presente um livro. Queria comprar a biografia de Carmem Miranda de Ruy Castro, mas na falta do livro, optei pela biografia de Tim Maia, de Nélson Motta, que devorei até chegar em casa, quase 1 hora da madrugada. Estou amando o livro! A história do Tim é muito interessante e o texto bem leve. Além do mais, a maior parte dos episódios narrados envolve fatos, lugares, pessoas e acontecimentos muito próximos de mim.
Voltei a Cuiabá cansada e com uma dificuldade de botar os pés e a cabeça no chão novamente. Parece que continuo viajando ...