terça-feira, 30 de novembro de 2010

Papo de salão

Não sou uma grande frequentadora de salões de beleza, mas vou a um desses estabelecimentos três vezes por mês, em média, para fazer as unhas, ser depilada e, mais eventualmente, cortar os cabelos.
Sou fiel aos meus hábitos e, uma vez escolhido o fornecedor de serviços e/ou produtos, dificilmente deixo de frequentar o lugar, a menos que aconteça alguma coisa ruim. Com isso vou me tornando "amiga" das pessoas que trabalham no local, embora não faça o gênero super simpática, daquelas pessoas que chegam agitando o salão com fofocas e risadas.
De modo geral gosto de ouvir as conversas e folhear as revistas (Caras, Contigo e outras do gênero) enquanto espero. Hoje, o salão estava vazio de manhã e a conversa girou em torno dos últimos acontecimentos da novela "Passione".
Quem me conhece sabe que sou chegada numa novela. Gosto das artimanhas criadas pelos autores para prender a atenção dos telespectadores, me afeiçoo a alguns personagens e admiro a evolução da teledramaturgia desde que me entendo por gente. Mas não chego a ser uma maníaca por novelas, ainda mais que hoje sempre se pode assistir ao último capítulo no youtube.
A novela "Passione", com todo respeito ao autor Sílvio de Abreu, cujo trabalho acompanho desde "Jogo da Vida" no início dos anos 80, anda me irritando. Acho que tem boas interpretações, grandes cenas (como a do encontro do Gérson/ Marcelo Anthony com a filha), mas a maldade exagerada de alguns personagens (como a avó cafetina) e a ingenuidade/bondade de outros me irritam.
Ontem mesmo desliguei a TV logo após Gérson revelar a seu terapeuta que é viciado em sexo extremo (ele gostava de assistir a cenas de sexo sujo e/ou pervertido ao vivo e na internet) e preferi trabalhar num projeto que estou desenvolvendo com um amigo (cujo tema prefiro manter em segredo, por enquanto). Eu me senti aliviada. A TV escraviza a gente.
Mas, voltando ao salão: hoje eu já estava ficando irritada de ouvir as pessoas discutindo a novela e seus desdobramentos como se fosse uma coisa realmente séria. "Eu cheguei a acreditar que a Clara (personagem de Mariana Ximenes) era boa" - afirmou uma funcionária. "Eu sempre soube que ela nunca deixou de ser má"- retrucou a outra.
O assunto começou por causa da revelação do "segredo" de Gérson ontem durante a sessão de terapia. De modo geral, todas ficaram decepcionadas, pois imaginavam uma coisa mais chocante, do tipo pedofilia ou então gostar de fazer sexo com animais.
A discussão central evoluiu para o tema quem deve ficar com quem ou quem "merece" ficar com quem. "Não, ela não ama o Totó. Ela ama o Gérson" - argumentou uma moça referindo-se à personagem de Larissa Maciel (a eterna Maísa).
Tive vontade de dizer: "Gente, é tudo mentira!" É impressionante como as pessoas se deixam levar pelas emoções das telenovelas. Felizmente o assunto mudou para a vida real e aí minhas amigas do salão começaram a falar de suas expectativas em relação ao amor. Só então voltei a me envolver na conversa, embora ainda me preservando um pouco.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O tal do interesse público

Eu não pretendia escrever sobre a operação policial militar no Complexo do Alemão - assunto amplamente divulgado, discutido, exibido pela mídia peso pesado e especialistas de todos os setores.
Não estou alheia aos acontecimentos, que considero interessantes e gravíssimos, porém me preocupa um pouco o excesso de belicismo e o empenho da mídia mais convencional (Globo, Veja) de dar uma dimensão meio "Apocalipse Now" ao evento.
É como se estivéssemos todos assistindo a mais um filme da série "Tropa de Elite", desta vez ao vivo e sem o Wagner Moura como protagonista.
Nesse turbilhão todo um personagem tem me chamado atenção pela sua quase simplicidade: o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o gaúcho José Mariano Beltrame. Ele tem se mostrado muito ponderado em suas entrevistas como a de ontem quando disse ao jornalista Paulo Henrique Amorim (acho que foi na Record) que nada disso teria acontecido se o foco de muitas ações tivesse sido o interesse público.
Pode ser engano meu, mas não senti que ele falava da boca para fora. Comentei com uma das minhas filhas sua declaração e ela me perguntou: "O que é interesse público?" É claro que expliquei, mas fiquei meio surpresa por ela não saber o que era isso. Sinal dos tempos?
O interesse público deveria pautar muitas de nossas ações, sejamos nós funcionários públicos ou não. O servidor público, por princípio, deveria ter sempre em mente o "interesse público". Políticos então jamais deveriam pensar em nada a não ser no tal interesse público. Jornalistas, por dever  de ética, deveriam manter sempre o foco no interesse público.
Mas não é o que acontece geralmente. Interesses privados - sejam eles individuais ou mais comumente de grupos, partidos - acabam se sobrepujando ao interesse da comunidade, acarretando tantos problemas que tão bem conhecemos: mau uso do dinheiro público, falta de continuidade nas politicas públicas (fatal para qualquer projeto de médio e longo prazo), etc, etc.
Ontem, refletindo com essa mesma filha sobre passado, presente e futuro de Cáceres, sua terra natal e terra dos meus antepassados, mais uma vez o tema do interesse público explodiu na nossa cara. Acho que agora ela entendeu o que é interesse público.
A propósito, li que o governo estuda comprar um avião mais poderoso e caro que o Aerolula para a presidente eleita. A aeronave já foi apelidada de Aerodilma. Será que isso é do interesse público?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Violência no Rio

Desde que cheguei do Rio algumas pessoas demonstram preocupação comigo por causa dos últimos acontecimentos na cidade, fartamente noticiados pela mídia.
Vendo de longe também me sinto aliviada por ter deixado o Rio na terça-feira, quando o conflito se agravou, mas não acredito que eu deixaria de fazer as coisas que fiz. Talvez faria tudo com um pouco mais de medo. Além disso, meus amigos e parentes continuam lá, tocando suas vidas normalmente até onde sei
O medo já fazia parte da rotina dos cariocas no final dos anos 80, quando troquei o Estado do Rio por Mato Grosso, mas, sem dúvida, a sensação de insegurança só se acentuou nos últimos 20 anos.
Percebo isso quando vou lá através das expressões de medo de amigos e parentes. Todo mundo está mais prudente e algumas pessoas certamente mudaram seus hábitos, principalmente noturnos.
Nos últimos dias que passei lá dois motoristas de táxi comentaram que a noite estava mais vazia. Um deles, que pegamos a caminho da Lapa,  contou que ganhou muito dinheiro na noite, porém agora tudo está bem mais parado.
Percebi isso quando o samba acabou no Carioca da Gema por volta de 1 hora da madrugada da última terça-feira e vi sendo fechadas as portas do Nova Capela - restaurante tradicional onde eu ia com a turma do JB depois do "pescoção" de sexta-feira (um trabalho mais puxado para fechar a edição de domingo).
Na saída do bar, pegamos um táxi para a Zona Sul e um amigo pegou outro para a Tijuca. Só fiquei mais tranquila quando consegui me comunicar com ele por email ontem.
Mas essa é a rotina do Centro e da Zona Sul, tensa, porém nada comparável a de quem mora perto da Penha, do Complexo do Alemão e da tão falada Vila do Cruzeiro, ou mais próximo dos morros onde o tráfico tem seus redutos.
Acho que os filmes "Tropa de Elite" têm um papel fundamental na tomada de consciência das pessoas sobre o que acontece no Rio.
Eu me arrepio quando ouço pessoas (como ouvi ontem em Cuiabá) dizendo "tem que jogar uma bomba atômica e acabar com todos esses bandidos". Mas e os verdadeiros cabeças, os chefões e  todo tipo de autoridade que fizeram e fazem fortuna graças ao tráfico, à corrupção, às milícias e ao crime organizado em geral? Será que não vão arregimentar novos soldados entre essa juventude sem rumo e ideais que não teme a violência e acredita piamente na impunidade? Os verdadeiros cabeças têm que ser punidos.
Será que o Rio de Janeiro (e o Brasil) está preparado para um novo tipo de sociedade? O crime, a violência sempre vão existir infelizmente, mas não é justo que comunidades se tornem reféns da bandidagem (de todos os escalões).
Cidades bem menores que o Rio como Cuiabá também estão se tornando reféns do medo e aqui a insegurança e a violência estão cada vez mais generalizadas. É preciso que o País como um todo se recrie. Tem que mudar leis, melhorar o sistema penitenciário (essa eterna fábrica de bandidos), remunerar e estruturar melhor a polícia, investir recursos públicos onde deveriam ser aplicados (educação, saúde e saneamento básico). Não adianta só reprimir, mas também não se pode deixar de reprimir.
É um longo e árduo caminho, mas que precisa ser trilhado.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meninos, eu vi!


O show de Monarco no Chorinho foi simplesmente lindo! Não tirei foto com ele (realmente não tenho alma de tiete), mas tirei fotos dele e dos músicos.
Ele é muito simpático e estava vestido à maneira tradicional da Velha Guarda da Portela: camisa de mangas compridas azul clara, calça, sapatos e chapéu brancos. 
O Chorinho estava lotado e o público reverenciou o mestre, não se furtando a acompanhá-lo em coro na maior parte dos sambas. O gostoso (ah! como gostaria de poder assistir novamente ...) foi que ele ia intermediando os sambas com historinhas sobre parceiros e companheiros de estrada, como a conversa com Cartola sobre um dos maiores sucessos do compositor da Mangueira.
"Você devia estar com a maior dor de cotovelo quando fez essa música", disse Monarco. Cartola respondeu que tinha feito para uma filha adotiva que tinha decidido sair de casa. E aí surge um novo cenário para a belíssima "O mundo é um moinho".
Monarco desfilou clássicos de Silas de Oliveira, considerado por muitos o maior compositor de samba-enredo da história. Relembrou o jovem Paulinho da Viola, cantou sambas que fez para sua mulher, lamentou a injustiça feita com Geraldo Pereira (autor de "Sem compromisso" e "Falsa baiana") que não mereceu nem o nome de uma viela em alguma comunidade carioca, e ainda cantou um mega sucesso da escola União da Ilha.
Acompanhado de dois músicos que também vieram do Rio (Paulão 7 cordas, seu produtor musical, e Alessandro no cavaquinho) e dois músicos cuiabanos na percussão (entre eles, o elegantíssimo Madalena no pandeiro), Monarco mostrou por que o samba de qualidade "agoniza, mas não morre". Ele tem o poder de evocar sentimentos, de resgatar nossa humanidade, de unir pessoas.
A noite ainda teve apresentação do estupendo violonista Joelson Conceição (cria do Chorinho, como ele mesmo reconheceu) e do grupo Orquestra de Buteco.
A casa botou roupa de festa para receber seus convidados ilustres e, no final, Marinho (violão 7 cordas) e Fátima, donos e administradores do bar, eram só sorrisos. Aliás, nunca tinha visto Marinho tão feliz.
Pena que foi uma noite só e que mais gente de Cuiabá não tenha tido a oportunidade de ouvir e conhecer Monarco da Portela. O homem tem 77 anos, mas tem uma expressão jovial e feliz. Tomara que volte outras vezes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Monarco em Cuiabá

Chego a Cuiabá afoita para assistir ao show do sambista Monarco no bar Choros e Serestas.
Vou reorganizando minhas coisas em casa, dou telefonemas importantes e vou botando os pés no chão, mas a cabeça está sempre no ar, sonhando com a "noite de gala" em comemoração ao décimo oitavo aniversário do meu Chorinho.
Entro nos sites dos principais jornais de Cuiabá para ler alguma coisa sobre o assunto e, para minha decepção, não enconto uma nota sequer. Boto o nome de Monarco no google e aparecem "aproximadamente 52.700 resultados em 0,12 segundos", mas nada sobre a apresentação em Cuiabá. Resolvo tentar "Monarco da Portela em Cuiabá" e bingo: surge o blog caentrenos com a menção ao sambista feito no dia 20 de novembro passado.
É claro que o show vai rolar: comprei meu lugar na mesa no dia 13, antes de viajar ao Rio para garantir meu lugar. Além disso, um amigo jornalista do Rio já estava sabendo do evento por meio de um primo de Cuiabá que o convidou, inclusive, para vir assistir.
Monarco tem 77 anos e acabei de descobrir que nasceu no mesmo dia (17 de agosto) que dona Estella, aquela minha amiga de Cáceres cuja biografia escrevi.  Segundo o  site http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/monarco, ele nasceu no subúrbio carioca de Cavalcanti com o nome de Hildemar Diniz e passou a infância em Nova Iguaçu antes de ir morar em Oswaldo Cruz, bairro do Rio que abriga a Portela. É um verdadeiro portelense e hoje faz parte da Velha Guarda da escola, ou seja, do Olimpo dos sambistas cariocas. Seu primeiro solo foi lançado em 1976 e através dele Monarco se revelou como intérprete. Muitas de suas composições são sucesso nas vozes de intérpretes como Beth Carvalho, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Roberto Ribeiro e Zeca Pagodinho.
A noite promete ser memorável e amanhã prometo contar mais para vocês. Quem sabe até tiro uma foto com Monarco e seus acompanhantes ...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De volta

De volta à minha casa em Cuiabá (eu ia usar a palavra "lar", mas para mim ela é mais abrangente e posso chamar de "lar" o lugar onde eventualmente estou, como a casa de uma irmã, desde que eu me sinta em casa), trago muitas saudades dos amigos, parentes e lugares (re) visitados no Rio de Janeiro.
Mas trago também a alma mais leve e a sensação de ter renovado minhas baterias. Torço para que não estejam "viciadas" e não retornem muito rapidamente à condição anterior.
Esta temporada no Rio me fez muito bem e sou muito grata a todos que me receberam com tanto carinho. Em alguns casos, os encontros foram rápidos, porém intensos: em outros (como no caso da minha sobrinha Bernadete) foram mais presenciais e sentimentais. Como ela mesmo reconheceu quando deixávamos o Carioca da Gema na madrugada de hoje, assim que o conjunto parou de tocar:
- A gente conversa mais pelo skype quando estou nos EUA e você em Cuiabá.
É verdade, concordei. Nossos encontros aconteceram em meio à presença de outras pessoas e de uma pessoa em especial: seu marido Bill, que veio pela primeira vez ao Brasil.
Espero que ela não se zangue de eu estar aqui contando essas coisas para alguns velhos e novos amigos que seguem minhas aventuras e desventuras neste blog.
Fiquei muito feliz de ter encontrado o amparo e carinho de irmãs, sobrinhos e outras pessoas que fazem parte da família (como Jorgina) e de novos amigos que fiz nessa temporada carioca. Fiquei feliz também de ter conseguido reunir em alguns momentos amigos  de contextos e décadas diferentes e acredito que o conteúdo desses encontros alimentarão por algum tempo minha imaginação e meu espírito nesta cidade onde escolhi morar e onde faço novos amigos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fim da temporada carioca

Minha temporada no Rio está quase terminando. Claro que estou com saudades de minha casa e minha filha (das duas, mas só vou rever, por enquanto, a que mora comigo em Cuiabá), mas já estou morrendo de saudades daqui ...
Vocês não têm ideia da quantidade de gente amiga e querida que tenho aqui ... Gente que conheço desde 10 anos, como minha amiga Cynthia, que vou encontrar hoje; gente que conheço há mais de 30 anos, como meus amigos da ECO, que reencontrei agora; gente que conheci em Mato Grosso há pouco mais de 10 anos e mora aqui; gente que conheci desde que nasci, como minhas irmãs e minha cunhada, e gente que vi nascendo como meus sobrinhos e sobrinhos netos. 
É engraçado que o Rio é grande, mas consigo reencontrar conhecidos por acaso na rua, como ontem quando esbarrei no meu grande amigo Saboya, corumbaense como eu, mas radicado aqui desde criança. 
Tenho vontade de voltar para cá, ah, como tenho ... Não é impossível. O que me prende a Mato Grosso? Antes era o fato de manter as filhas perto do pai, mas agora ele não está mais lá e nem a menor está mais lá. Trabalho? Acabei de perder meu emprego e ainda estou tateando em busca de novas fontes de renda. Amigos? Sim, gosto muito dos amigos que fiz lá, mas tenho amigos aqui e lá. Há a questão da sobrevivência e ela é preocupante tanto lá quanto aqui. Não é uma decisão fácil, de jeito algum ... Vamos ver ... Tenho que pensar bastante e ser mais assertiva nos meus planos e decisões. 
"O que será do amanhã?
O que vai ser do meu destino? ..."



sábado, 20 de novembro de 2010

Rio familiar

Ai, gente, eu não queria, mas já estou ficando com o coração apertado, vendo se aproximar o dia de meu retorno a Cuiabá. É tanta gente para ver, rever, conhecer, reconhecer no Rio de Janeiro ...
Ontem tivemos uma noite super agradável. Depois de uma passada no Centro Cultural do Banco do Brasil no Centro, onde conheci a Banda Lunar (só de mulheres) no projeto Novas Gafieiras, tomamos alguns chopes e comemos pastéis deliciosos num boteco numa ruela logo atrás do CCBB e, em seguida, nosso grupo eclético (minha irmã, minha cunhada, uma sobrinha, um amigo jornalista e um amigo dele que se juntou a nós) seguiu para o Trapiche da Gamboa, onde me senti em casa.
Num determinado momento, o amigo do meu amigo disse: "Você não tem isso em Cuiabá ?!?", numa referência à roda de samba de alto nível que estava rolando. "Tenho sim!" - respondi, me lembrando do "meu" Chorinho (o bar Choros&Serestas, minha segunda casa em Cuiabá).
A diferença é que no Rio a gente tem vários "Chorinhos", embora eu ame a atmosfera  de amizade que rola no Chorinho cuiabano nas quartas-feiras e no início das noites de sábado. Diga-se de passagem que na próxima quarta vai rolar o 18º aniversário do Chorinho e vai ter show especial com o sambista Monarco da Portela e conjunto. Já encontrei duas pessoas aqui no Rio que falaram para eu dizer ao Monarco que estive com eles.
Hoje fui à praia em Ipanema e agora estamos aguardando um telefonema de Dete (a sobrinha que chegou dos EUA hoje à tarde) para nos encontrarmos em algum bar. No mínimo outras três sobrinhas deverão se juntar a nós. Essa nossa família é grande e adora um reencontro.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Rio com sol

O sol voltou a brilhar no Rio. O céu está lindamente azul. O povo daqui diz que está quente, mas estou achando tão fresquinho! Coisa de gente que mora em Cuiabá, cidade apelidada carinhosa a apropriadamente pelos roqueiros de lá como "hell city".
Hoje fui caminhar na orla de Ipanema e Leblon e não resisti: acabei dando um mergulho na água gelada do mar. Uma delícia!
Depois almoçamos num restaurante a quilo (minha irmã Jane, Rosinha - uma das minhas várias sobrinhas- e eu) e daqui a pouco vamos pegar o metrô para ir ao Centro Cultural Banco do Brasil. A noite promete.
Acho que a minha temporada vai ser curta para rever todos os amigos e parentes com a profundidade necessária. É gente demais!
Hoje, numa parte da manhã, por exemplo, fiz altas amizades com minha sobrinha neta Luísa, que está prestes a completar três anos. Uma gracinha!
Ontem tomei caipirinha de pitaia, que amo, num bar na avenida Vieira Souto com Jael, amiga dos tempos da ECO que não via há décadas e não pôde participar de nosso encontro de terça-feira.
É isso. Enquanto eu estiver no Rio, queridos leitores, não esperem de mim posts muito profundos. O tempo é curto e só dá para pincelar algumas linhas, num clima meio jobiniano.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rio com chuva

O Rio com chuva fica diferente. Fica meio deprê, mas eu não estou a fim de entrar nessa. Vou me encontrar com minha irmã Jane daqui a pouco no Centro Cultural Carioca para ouvir velhos sucessos de Carmem Miranda, minha nova paixão. Vou celebrar a vida!
Hoje almocei com uma sobrinha muito querida que está lutando bravamente por sua saúde. Depos do almoço, passeamos pelas lojas do RioSul e, por alguns minutos, brincamos que éramos muito ricas e podíamos comprar qualquer coisa que desejássemos. Entramos numa loja bonita, cheia de calçados e bolsas maravilhosas e caras, perguntamos preços, pegamos alguns nas mãos e fomos super bem tratadas pelo funcionário da loja, que logo foi informado que não estávamos dispostas a comprar. Na saída, agradecemos a atenção e eu disse: "Quando a gente tiver dinheiro, a gente volta". Ele respondeu, gentil: "Pode voltar mesmo sem dinheiro".
É disso que gosto no Rio: você vê tanta gente diferente, gente simpática, gente carrancuda, estrangeiros, brasileiros de vários estados. Na ida para o RioSul conheci uma italiana que mora no Rio há oito anos e "peguei carona/' com ela para atravessar a galeria subterrânea sob a rua Lauroa Muller e chegar ao shopping. No trajeto ela me contou que talvez não volte para seu país natal pois a vida lá está muito difícil. "Pela primeira vez na vida tenho vergonha de dizer que sou italiana", comentou, numa referência aos escândalos  protagonizados pelo primeiro-ministro de seu país, Sílvio Berlusconi. 
Almocei super bem (e por menos de R$ 20) no La Mole e na saída do restaurante encontrei uma contemporânea da ECO-UFRJ, Sheila Kaplan, de uma turma mais jovem que a minha. Contei a ela sobre o meu encontro de ontem com ex-colegas da ECO, ela disse que em breve vai rolar um reecontro de pessoas de sua turma, trocamos cartões e fiquei de avisá-la quando estiver no Rio. Talvez isso nunca aconteça, mas é sempre gostoso rever gente conhecida no Rio. Dá uma sensação de intimidade com a cidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Éramos seis

Hoje eu me senti como um personagem de um conto que vai ao encontro de amigos que não vê há mais de 30 anos. A gente fica feliz quando ouve aquelas palavrinhas mágicas: "Você não mudou nada!"  E sorve essas palavras com prazer na ilusão de serem verdadeiras. Não são. Ou são? Talvez a gente conserve alguma coisa do passado. 
Éramos seis no encontro de ex-alunos da ECO-UFRJ. Dois que eram esperados não foram. Um porque pegou uma virose, outra porque estava resfriada e quebrou um dente. Em compensação, foi um que não era esperado.
Conversamos atabalhoadamente sobre família, filhos, trabalho e um pouquinho sobre o passado.  Eu  fui uma das pessoas que menos falou, acredito. Sempre fico meio tímida quando estou com mais de duas pessoas. De repente, parece que não tenho muito o que contar. Não fiquei rica, não tenho uma empresa (até tenho, mas não sei muito o que fazer com ela) e tampouco um emprego. Não sou assim engraçada. Sei que fui eu  que consegui de alguma forma reunir aquelas pessoas ali, então eu tenho um poder de agregar, de reunir as pessoas. Todas foram extremamente carinhosas comigo. Mas, por alguns momentos, eu me senti tão perdida, tão frágil. 
Realmente eu não mudei nada ... Apenas estou 30 anos mais velha, me apaixonei, me mudei para Mato Grosso, botei duas filhas no mundo, virei professora, me decepcionei com o homem que amei, trabalhei sete anos numa revista de agronegócio, perdi meu emprego e adoro cantar. Porém preciso arrumar um jeito de cntinuar ganhando dinheiro e adoraria encontrar um novo amor.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Rio nublado

Estou no Rio. A beleza da chegada foi tocante, embora o céu de domingo estivesse nublado. O Rio nublado é tão diferente! É mais relaxante. Sem a força do sol e o céu azul, a cidade fica mais recatada, menos exibida. 
Ontem, por uma coincidência fantástica, viajei com um casal que tem fazenda em Cáceres (MT) e mora no Rio e acabei ganhando uma carona do Aeroporto Santos Dumont até o Flamengo, onde estou hospedada.
É feriado, quase não há trânsito e decidi visitar o Jardim Botânico, cuja última visita - salvo engano - foi há mais de 18 anos quando estava grávida de minha filha caçula. Foi um passeio bonito. O jardim estava cheio! Muitos turistas - gringos, brasileiros e algumas pessoas com cara de carioca mesmo. Passei na esquina da rua que eu subia para chegar em casa no bairro do Jardim Botânico.
Mais cedo, fomos - minha irmã, meu cunhado e eu - ao Aterro do Flamengo para caminhar. Também tinha muita gente e me encantei especialmente com os cachorros - muitos e de raças variadas. 
É disso que gosto no Rio: a possibiidade de ir à rua e ver muitas caras diferentes - de velhos, cinquentões, jovens, crianças e muitos cachorros.  Todo mundo na sua, fazendo caminhada, passeando com filhos, animais, vindo das compras, comendo, bebendo. As pessoas pegam ônibus (fomos de ônibus do Flamengo ao bairro Jardim Botânico), andam para pegar o metrô.
Nesse ponto é muito diferente de Cuiabá e de outras capitais menores, onde não sei se por causa do clima sempre escaldante ou se por hábito mesmo, a gente quase não vê pessoas andando nas ruas. As pessoas saem para fazer caminhada de manhã ou no final da tarde, mas se precisarem ir no outro quarteirão e tiverem carro, dificilmente irão a pé. Adoro ver as pessoas nas ruas em trajes normais e não só em trajes de caminhada. 
Espero que até o fim de semana o sol dê as caras, mas estou curtindo esse clima nublado. Deu até para sentir um friozinho esta noite. Calor demais também cansa.

sábado, 13 de novembro de 2010

Mau sinal

Acabei de ler com pesar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou a candidatura à reeleição do deputado federal Beto Mansur (PP-SP), que havia sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Essa decisão, segundo o site http://www.midianews.com.br/ libera Mansur para assumir uma cadeira na Câmara.
Não conheço o deputado, mas se ele estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa não deve ser boa coisa. Mansur foi prefeito em Santos e seu nome está relacionado a vários casos suspeitos de corrupção.
A notícia, além de colocar em xeque a festejada Lei da Ficha Limpa, me deu um frio na barriga: essa decisão é um sinal mais que verde para outros casos que ainda serão julgados, cujo resultados afetam diretamente a composição da Câmara, como os dos deputados Pedro Henry (PP-MT) e Paulo Maluf (PP-SP). Entre parênteses, que partido bom esse PP, só tem fera.
Ainda de acordo com o site citado, depois de 3 de outubro a Justiça Eleitoral já liberou outros dois barrados por TREs com base na Lei da Ficha Limpa. No caso de Mansur, ainda cabe recurso por parte do Ministério Público Eleitoral e do deputado Nobel Soares (PSOL-SP). Ou seja, a briga fica no tapetão. Lamentável.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Antes tarde ...

No domingo, por volta das 15h30m, estarei cantando baixinho "Minha alma canta/ Vejo o Rio de Janeiro/ Estou morrendo de saudades/ Rio,   seu mar/ Praia sem fim/ Rio, você foi feito pra mim" (Samba do avião, de Tom Jobim)
É tão bom pensar que estarei na cidade onde cresci. Serão poucos dias, mas intensos, cheios de reencontros e, quem sabe, encontros também.
Hoje, li no portal Terra uma notícia horrível sobre a orientadora de uma escola do Rio Grande do Sul (acho que é de Porto Alegre), que foi agredida por um aluno do curso de auxiliar de enfermagem. Segundo a história que li, o cara ficou nervoso por causa de uma nota baixa e foi enviado pela professora à sala da orientadora, eles discutiram e ele a agrediu com uma cadeira, machucando-a bastante.
Se a história é verdadeira (deve ser, por que quem teria machucado a mulher?), eu pergunto: que tipo de pessoa agride alguém porque está chateado com uma nota baixa? O que essa pessoa é capaz de fazer? E, principalmente, o que fazer com uma pessoa dessas para evitar que cause mais mal a outras?
São respostas que, para variar, não tenho. Eu me assusto por viver num mundo onde existe pessoas assim, sem qualquer capacidade de autocontrole e com muita capacidade para machucar de quem está no seu caminho.
Nessas horas, fico apreensiva por minhas filhas, queria poder protegê-las de todo mal. Eu me preocupo com as pessoas do bem, mas isso não pode ser um fato congelante. Tenho que procurar me ligar na energia boa que emana de tantas pessoas bacanas.
Às vezes, eu queria poder mais, ser mais forte e poder levar mais coisas boas às pessoas, mas aí eu me toco da minha limitação. Sou tão medrosa, até de barata eu tenho medo.
Por isso tento fazer bem a mim mesma para que o meu bem estar leve bem estar aos que estão próximos, numa espécie de círculo positivo, como acontece quando se joga uma pedra na superfície da água.
Será que estou sendo ingênua e egoísta demais?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A energia do (ou da?) yoga

Hoje cheguei em casa decidida a usar a energia boa da aula de yoga que fiz das 7h30m às 8h30m para escrever um post. Mas, por força do hábito, comecei a ler as notícias do dia e acabei lendo duas que me abalaram.
A primeira dizia respeito a um acidente entre um carro e uma carreta em que o motorista do primeiro morreu devido à violência do choque. Acabei sabendo que o rapaz, de 23 anos, tinha acabado de tentar forçar a ex-mulher a reatar uma relação e, segundo as informações do jornal Diário de Cuiabá, ele a tinha forçado a entrar no seu carro durante a madrugada e a espancado durante o tempo (cerca de uma hora) em que ficaram juntos. Quando voltaram para a casa dela, a mãe da moça estava esperando e ameaçou chamar a polícia. O rapaz foi embora transtornado e acabou se envolvendo no acidente. Não deixa de ser uma espécie de suicídio.
Esta semana um sargento do Exército aparentemente matou a mulher com tiros e depois se matou na casa do casal, na Vila Militar, a duas quadras da minha casa.
Os dois casos são igualmente tristes. O que leva as pessoas a ficarem tão transtornadas a ponto de matar ou agredir o outro que foi ou é "objeto de seu amor" e depois se matar ou colocar sua vida em risco? Para mim, isso não é amor, é descontole, falta de amor próprio, sei lá.
A outra notícia que li hoje foi sobre o atropelamento de uma mulher de 52 anos por um ônibus. A notícia, que li no site midianews, não dava detalhes sobre as circunstâncias do acidente, cuja vítima morreu na hora. Ela estava voltando para o trabalho, teria atravessado fora da faixa (atravessar na faixa em Cuiabá também não é sinônimo de segurança) e o motorista foi levado do local porque populares ameaçavam linchá-lo. Mais uma mãe, uma avó tão jovem, perde a vida de uma forma violenta e quase banal.
E a energia positiva da yoga? Estou tentando recuperá-la dentro de mim. A prática da yoga, da meditação e outros caminhos que venho buscando para buscar equilíbrio, paz e saúde física e mental, não me trazem respostas para muitas indagações, nem me garantem proteção contra os horrores desta vida. Mas, sinceramente, eu me sinto imensamente privilegiada cada vez que chego e saio da minha aula, que tenho feito religiosamente duas vezes por semana há mais de um ano. Prefiro abrir mão de uma roupa ou um sapato novo a ficar sem minhas aulas de yoga. A prática de yoga mexe com a coluna vertebral, músculos, articulações, me faz me sentir como se eu voltasse a ter 17 anos em alguns momentos (idade em que pratiquei yoga pela primeira vez).
Os exercícios de respiração mexem com meu corpo inteiro e, algumas vezes, trabalham até minhas vísceras. Parece que a energia está explodindo dentro de mim e às vezes me pego sorrindo no meio da aula. De vez em quando, meus olhos se enchem de lágrimas e nem sempre sempre é de tristeza.
Hoje, no final da aula, conversei cerca de meia hora com minha professora Viviane. Entre vários assuntos, falamos sobre pessoas que tomam remédios demais para controlar a ansiedade, o estresse, para dormir, se manter acordado, etc, e os perigos que o consumo desses medicamentos acarretam. Nossa conclusão: muitos desses remédios e desses problemas poderiam ser evitados com a prática da yoga. Eu acredito nisso e convido todas as pessoas que lêem meu blog a fazer pelo menos um dia na vida uma aula de yoga. É bom demais! Agora, tomem cuidado porque a prática sem a orientação de um bom profissional também pode ser perniciosa ou, no mínimo, inócua. 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Rumo ao Rio

Hoje, para variar, já escrevi um monte de coisas na minha cabeça e agora já nem sei sobre o que quero falar.
Estou tão entusiasmada com a organização do pequeno encontro com meus ex-colegas de faculdade que pareço criança. Aliás, não consigo pensar em outra coisa a não ser minha viagem para o Rio no próximo domingo.
É tão bom saber que vou reencontrar a família,  amigos, lugares que adoro. Vou rever o mar! Só quem já viveu no litoral sabe a falta que o mar faz.
Uma ex-colega da ECO (Escola de Comunicação), Cláudia, sugeriu que a gente se encontre no bar Amarelinho na Cinelândia. Amei a sugestão! Além de ser de fácil acesso (vou estar na casa de minha irmã do Flamengo, perto da Cinelândia de metrô ou de ônibus), o Amarelinho me lembra os tempos de faculdade, de assembleias acaloradas no Sindicato dos Jornalistas que fica bem pertinho, na rua Evaristo da Veiga.
Cláudia disse ter ensaio de coral no dia combinado, mas se propôs a se adaptar à data que for melhor para todos. Que coincidência: eu também tenho ensaio de coral às quartas-feiras, mas nesse dia por acaso o regente do meu madrigal vai liberar o grupo para ir ao Painel de Regência na UFMT. Eu não irei por motivos óbvios ...
Enfim, os anos passam, mas de repente a gente encontra tantos pontos em comum com pessoas que não vê há décadas.
É assim a vida: cheia de encontros e despedidas, como tão bem disseram Mílton Nascimento e Fernando Brant naquela bela canção. Bom mesmo é poder se despedir das pessoas sem mágoas ou arrependimentos, com um abraço bem apertado. Podemos revê-las um dia ou não.
Hoje, caminhando, pensei: a vida toda busquei reencontrar a alegria de quando era menina. Em vários momentos a reencontrei, mas quase sempre ela chegou acompanhada de culpa e medo de perdê-la. A gente busca tanto a felicidade, mas por que é tão difícil abrir os braços e aceitá-la quando ela vem, mesmo que seja incompleta, incerta? Que seja eterna enquanto dure, parodiando o poeta Vinícius de Morais.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A violência nossa de cada dia

Ainda bem que este ano "estou" fora do Enem. No ano passado, por causa de minha filha Marina, que hoje está feliz no curso de Agronomia da Unesp em Jaboticabal para orgulho da mamãe, acompanhei o Exame Nacional do Ensino Médio passo-a-passo e morri de raiva junto com minha filha e seus amigos quando o Enem foi cancelado por causa do vazamento das provas.
Nova data foi marcada, o pessoal ficou sob estresse mais um tempo e o exame ficou um pouco desacreditado.
Este ano, quando tudo parecia bem eis que surge mais uma bomba: cerca de 20 mil candidatos, segundo os jornais, receberam provas com problemas de impressão e talvez o exame seja anulado.
É inacreditável! Nessas horas ninguém é culpado.  Os culpados devem ser os estudantes que continuam se submetendo docilmente ao Enem na esperança da democratização do acesso à universidade pública. Que "bela" lição nossos jovens recebem ao chegar ao mundo adulto!
Esse é o Brasil! Já que falei em jovens, aproveito para mencionar dois assuntos que estão relacionados ao tema: na tarde de sábado, quando saia do cinema no Shopping Pantanal com minha filha Diana presenciamos o início de uma briga entre rapazes que caminhavam logo atrás de nós. De repente, três deles estavam envolvidos numa briga. Susto, corre-corre, todo mundo meio passado diante daquela cena de violência aparentemente gratuita num local onde supostamente as pessoas se sentem protegidas da violência das ruas. Não fiquei lá para saber como tudo acabou, mas fiquei triste por aqueles jovens que vi andando atrás de mim e pareciam tão calmos e dispostos a uma tarde de lazer.
Outra nota triste é a quantidade de acidentes que testemunhamos diariamente em Cuiabá. Na sexta, teve um na esquina da minha rua (Estevão de Mendonça com Dom Bosco) entre um ônibus e um carro. Embora  o cruzamento tenha sinal, deve ser um dos campeões em acidentes da capital. No sábado, vi um motociclista no chão à espera de socorro em outra esquina da Dom Bosco e ontem vi outro na mesma situação numa entrada da avenida Miguel Sutil onde já assisti a outros acidentes. Falta fiscalização, mas falta muita conscientização dos próprios motoristas, motociclistas e também dos pedestres, embora estes sejam sempre as maiores vítimas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Praticutucar

Hoje fui assistir ao show da turminha do Praticutucar. Que trabalho bonito!
O grupo, formado por crianças de várias idades, foi criado em 2005. Eu tinha assistido a uma breve apresentação do Praticutucar no Festival de Inverno em Chapada dos Guimarães em 2008 e tinha adorado a proposta da regente Rejane De Musis. Eram dezenas de crianças cantando apenas músicas de Mílton Nascimento - uma coisa simplesmente inacreditável em Mato Grosso, neste começo de século.
A cada ano, pelo que entendi, eles trabalham um compositor da MPB. Este ano foi a vez de Ivan Lins, um compositor meio injustiçado, na minha opinião, que tem algumas criações brilhantes (a maioria delas em parceria com o letrista Vítor Martins), mas não é tão popular quanto outros artistas de sua geração.
Esse é, na minha opinião, o grande mérito do trabalho de Rejane: apresentar a novíssima geração composições de artistas que talvez eles nem chegariam a conhecer se dependessem da mídia ou de seus próprios pais.
O show teve como destaque a jovem Ana Rafaela, que tem 16 anos uma voz e um carisma fantásticos e começou a cantar no Praticutucar. Além de fazer o vocal, ela apresentou um número solo: "O amor é meu país", uma canção linda que, se não me falha a memória, foi apresentada num festival nos idos dos anos 60.
A apresentação teve ainda a participação especial da cantora Rita Cássia, mãe de uma integrante do Praticutucar, e um acompanhamento musical de primeira qualidade, com o baixista e arranjador Ebinho Cardoso e o baterista Sandro Souza, entre outros  músicos.
Hoje tem mais mais uma apresentação do coral no Teatro do Sesc Arsenal, mas acho que vai ser meio difícil conseguir ingresso de última hora. Quem conseguir provavelmente vai sair do show bem mais feliz, leve e esperançoso do que quando entrou.

sábado, 6 de novembro de 2010

Com açúcar e com afeto

Acabei de ver um Globo Repórter tão bonito! Foi sobre o amor, a importância do afeto e algumas iniciativas bacanas. Na verdade  foi tudo meio "junto e misturado". Falou sobre trabalho voluntário (pessoas que levam flores a asilos de velhos, jovens que levam música e carinho a pacientes num hospital de São Paulo) e contou a história de um jovem músico que saiu da favela de Heliópolis para o mundo das orquestras. Mostrou também os frutos do trabalho da Unidade de Polícia de Pacificação no Morro da Previdência no Rio de Janeiro. Cada história melhor do que a outra. Acho que foi o melhor programa da série que já vi. Foi o que mais comoveu e me trouxe mais informação (se bem que adorei o que teve outro dia sobre os benefícios da meditação).
Achei fantástica a história da norte-americana autista, Temple Grandin, que mudou sua história ao perceber que sua forma de pensar era diferente depois de passar uma temporada numa fazenda observando os animais. Hoje ela é uma das mais respeitadas médicas veterinárias do mundo. É engraçado que eu já conhecia seu trabalho, sua preocupação com o bem-estar animal, o curral diferente que ela inventou para evitar o estresse de bois e vacas, mas não sabia que era autista.
Assistindo ao programa, eu me dei conta de que como fui e sou importante para minhas filhas porque dei - e continuando dando a elas, na medida do possível, muito amor, afeto, proteção. Mas quero amar mais e sinto que posso fazer mais. Não sei o que me impede, o que me tolhe, porém tenho que conseguir liberar mais o amor que está dentro de mim. É uma questão de sobrevivência.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um sonho

Hoje tive um sonho muito forte, que prefiro não contar aqui, porém a sua lembrança me fez ter vontade de falar sobre o livro que acabei de ler. Chama-se "Manual da paixão solitária" (Companhia das Letras, 2008) e foi escrito pelo gaúcho Moacyr Scliar, um dos meus escritores preferidos.
Há muitos anos, quando trabalhava na sucursal carioca da revista Veja, recebi uma pauta sobre Scliar, que acabara de lançar um livro de contos. Posso falar mal de Veja por um monte de razões, mas em lugar algum que trabalhei tive tão boas condições de trabalho. Fui autorizada a comprar e ler vários livros de Scliar para me embasar melhor para a entrevista que faria com ele por telefone. Escrevi uma matéria pequena, de uma página, mas que prazer me deu aquele trabalho!
Desde então eu me tornei fã de Scliar. Li há uns dois ou três anos o romance "A mulher que escreveu a Bíblia", que é uma delícia, e agora minha amiga Mônica (grande fornecedora de livros) me emprestou o "Manual".
Gostei tanto do livro que acabei de ler e comecei a ler de novo. Parece até mentira! É que ele pequeno e tem muitos personagens e isso meio que confunde a gente. Por isso recomecei a leitura para esclarecer alguns pontos e agora não consigo parar.
O livro trata de amor, de paixão e, principalmente, de sonhos, por isso a associação com meu sonho. Ele fala também com muita propriedade sobre a escrita, como uma paixão solitária, embora também fale sobre outro tipo de "paixão solitária". É muito divertido porque o texto é, ao mesmo tempo, sério e leve, irônico, debochado.
Na verdade, os grandes narradores da história são Shelá e Tamar, que contam sua versão dos mesmos fatos, inspirados numa passagem de menos importância do Velho Testamento da Bíblia.
Eu já ia me esquecendo de dizer que com "Manual", Scliar ganhou o Prêmio Jabuti de 2008.
A leitura da obra está me convidando a escrever uma história, assim como Shelá e Tamar, graças à imaginação e ao talento de Scliar, escreveram a sua história.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Questão de preço

Há alguns dias surgiu um vazamento na pia da cozinha. Chamei o encanador que presta serviços no prédio, ele olhou, detectou a origem do problema, trocou uma peça (cujo valor não sei) e me cobrou R$ 70 por um serviço feito em menos de uma hora.
Eu cheguei a dizer a ele que tinha que dar mais de duas horas de aula de inglês num curso de língua para ganhar isso. O encanador sorriu meio amarelo, pegou seu dinheiro e foi embora.
É impressionante como tenho dificuldade para dar valor, ou melhor, dar preço ao meu trabalho.  E isso se torna mais complicado ainda quando se está trabalhando como free-lancer. Cada orçamento, cada negociação é um parto e sempre fico com a sensação de que poderia ter pedido mais, assim como tenho a sensação de que poderia ter pechinchado mais em casos como o do encanador.
Sou filha de um comerciante, de um mascate que subia e descia o rio Paraguai no início do século passado levando sua mercadoria. Por que não herdei de meu pai o tino comercial? Por que é tão difícil para mim negociar, pechinchar? Por que o trabalho do outro - seja ele um encanador, pintor, mecânico, uma costureira, manicure, cabelereira, etc - sempre parece ter mais valor?
Dizem que o valor é dado pela necessidade do serviço prestado ou da mercadoria adquirida. Talvez seja isso: como não sei fazer aquele serviço, pago o que a pessoa me pedir. 
Se você precisa interromper um vazamento vai pagar o que o primeiro encanador pedir até porque é um saco ficar recebendo em casa e fazendo orçamento com um monte de encanadores. Diga-se de passagem que não é tão fácil conseguir que um encanador vá à sua casa com a presteza necessária. 
 Se seu carro está quebrado e o mecânico lhe cobra um xis pelo serviço, você vai acabar cedendo se confiar nele ou então vai ter que correr atrás do outro, ficar mais tempo sem o veículo e ainda se arriscar a ter um aborrecimento.
Enfim, hoje não tenho soluções, apenas angústias e divagações. Não tenho espírito de funcionário público, mas cresci num tempo em que o objetivo do jovem recém saído de uma faculdade de jornalismo era conseguir um emprego num jornal ou uma revista legal. Se você fosse competente (e eu fui), conseguia fazer uma carreira em função de novas propostas de trabalho que iam surgindo. Ou seja, se alguém queria te contratar tinha que oferecer no mínimo algo a mais que o seu patrão atual para te cativar.
Nos últimos 20 anos - período em que troquei o Rio de Janeiro por Mato Grosso - o mundo mudou muito e o setor das comunicações foi um dos que mais sofreram os reflexos dessas mudanças. Hoje, exige-se outro perfil do profissional de comunicação: ele precisa ser ainda mais versátil, empreendedor, dominar as novas tecnologias e isso implica saber ditar o seu valor num contexto altamente competitivo.
Eu estou aprendendo e tentando manter uma atitude positiva, mas juro que tem horas que me dá uma inveja da tranquilidade do meu encanador. Acho que preciso tomar umas aulas com ele.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Antes tarde do que nunca

Dia dos mortos - há quanto tempo não visito um cemitério!
Os mortos que me perdoem, mas tenho horror a cemitério. Eu me sinto meio mal, mas tenho que confessar: desde que me mudei para Mato Grosso nunca mais visitei o túmulo dos meus pais no Rio de Janeiro e não tenho vontade de ir. Fui muitas vezes ao cemitério para "ver" meu pai quando era muito pequena e isso meio que me traumatizou. Enquanto minha mãe e minhas irmãs rezavam, eu ficava imaginando meu pai lá dentro do túmulo, sozinho. Morria de medo daquelas histórias de gente que era enterrada sem estar realmente morta e me assustava a ideia de que isso pudesse acontecer comigo ou alguém da minha família.
Por mim, todos seriam cremados e não haveria cemitérios. As cinzas ficariam em potinhos, que não ocupariam muito espaço ou então seriam espalhadas em algum lugar, conforme a vontade do morto. Meu tio Natalino Fontes, por exemplo, quis que suas cinzas fossem espalhadas no Pantanal mato-grossense, onde tinha suas fazendas. Achei tão bonito isso!
Quando eu morrer, se for possível, quero que meus órgãos sejam doados e depois ... sei lá, não quero pensar nisso agora. Acho que gostaria de ser cremada para não correr o risco de acordar debaixo da terra.
Hoje, assim que acordei, pensei por alguns segundos nas pessoas que amei e que já se foram: meus pais, meu irmão Zezinho, meu sobrinho Del. É sempre neles que penso em primeiro lugar. Depois penso nos meus cunhados, outros parentes e amigos que já foram. Ainda bem que são poucos. Sou muito grata por isso.
Eu me lembrei de novo de Lúcia Rito - amiga querida que foi de uma generosidade ímpar comigo. Mas não pensei nela por ser Finados e sim porque nesses dias de muita reflexão, descobertas e interrogações, eu voltei a me lembrar da energia dela, de sua enorme criatividade. Como tinha planos e ideias, minha amiga Lúcia! A última vez que a encontrei foi a dois dias de uma cirurgia da qual ela não mais se recuperou. Ela parecia tão otimista e combinamos de dançar salsa em algum lugar do bairro carioca de Santa Tereza no dia seguinte. Eu não fui porque era véspera de eu ir embora e achei que tinha que ficar com minha família. Hoje eu me arrependo.
Por isso acho que a gente tem que procurar viver e dar o melhor de si para cada pessoa que é importante a cada momento. A gente não deve guardar, reservar o amor para momentos apropriados. Sempre fui muito comedida nas minhas manifestações de amor, como se o amor gastasse e tivesse que ser usado com parcimônia. Como se dentro de mim tivesse uma vozinha dizendo: "Vê lá se você não vai se arrepender de dar seu amor a essa pessoa! Será que ela digna de seu amor?
Os mortos estão mortos e torço para que sejam espíritos e recebam nossas manifestações de amor, ainda que tardias e expressadas longe dos cemitérios.
Por isso, apesar de desempregada, eu vou ao Rio de Janeiro este mês: para rever algumas pessoas que amo, inclusive, amigos que estiveram muito afastados nos últimos 20 anos e que agora vou rever.

PS: Se alguém que estudou na Escola da Comunicação da UFRJ na minha turma ler por acaso este post, entre em contato comigo (martharb@terra.com.br): estamos organizando um pequeno encontro no próximo dia 17.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O dia seguinte

Hoje, pela primeira vez, estou enrolando para atualizar o cáentrenós. Não que eu esteja mais ocupada do que o habitual nesta segunda-feira, meio com cara de feriado. O problema é que não posso deixar de comentar o resultado da eleição de ontem e não me sinto à vontade para fazê-lo.
Aqui, em Cuiabá, está tudo muito quieto. Como era esperado, o candidato José Serra venceu Dilma por uma margem pequena (ele ficou com pouco mais de 52% dos votos e ela com aproximadamente 48%). Muita gente que conheço deixou de votar porque preferiu aproveitar o feriadão e não vi grandes manifestações de alegria ou tristeza. Ficou mais uma sensação de frustração.
Eu não deixei de acreditar totalmente na possibilidade de vitória, mas já esperava o resultado. Queria poder estar feliz agora, me sentir confiante, otimista, mas o que fazer com tanta coisa que está entalada na minha garganta e embrulhando meu estômago?
Tenho muito claro que não votei no Serra e muito menos no PSDB, eu votei contra o PT. Quanto à Dilma, não tenho esse horror que muita gente tem, mas sinto um certo receio dessa candidata meio fabricada, que tinha uma cara e uma aparência há alguns meses e reapareceu na campanha com outro visual, sempre de cabelo e terninhos impecáveis.
Infelizmente, enjoei de Lula, de sua voz, sua fala grosseira e atropelada. Não tenho saudades de Palocci, nem de José Dirceu; adoraria não ter que ouvir mais a voz, nem ver o bigodão de José Sarney, assim como gostaria de não ter que aturar a figura sinistra do vice Michel Temer. E é claro que não me agrada a ideia de encarar Collor, Renan Calheiros e outras figuras que estão novamente na crista da onda (será que chegaram a sair algum dia?)
Mas, claro que vou torcer para que Dilma me surpreenda (no sentido positivo) e que mostre que tem predicados para governar esse paisão enorme - a eterna "bola da vez" no discurso dos chamados especialistas, o gigante tão pródigo e generoso com suas elites e tão perverso com a maioria de sua população.
Que o PAC saia do papel e o Brasil deixe de exibir a vergonha de ter tanta gente vivendo com esgoto e lixo na porta, e sem água potável; que a saúde e a educação públicas cumpram seu papel e não sejam marcadas por tantos contrastes, escandâlos e casos de violência; que o nosso dinheiro - aquela enorme quantia que a gente devolve em impostos para o governo - não seja tão desviado e torrado em campanhas e na sustentaçào do luxos e mordomias dos que estão no poder; que os companheiros sejam menos corporativistas, nepotistas e déspotas; que morra menos gente de dengue e doenças ligadas à fome e à miséria; que a gente tenha mais motivos para acreditar na palavra do outro e que vale a pena buscar a autenticidade; que ética, sustentabilidade e cidadania recuperem seus significados e deixem de ser apenas palavras da moda, prontas para enfeitar o discurso de qualquer um.