quinta-feira, 30 de abril de 2009

Preocupações e distrações cotidianas

Hoje acordei meio chateada e fiquei um pouco mais mal humorada quando vi meu extrato bancário. Minha irritação aumentou quando fui ao açougue comprar um quilo de carne moída para o almoço e me deparei novamente com minha dificuldade para impor minha vontade ccmo consumidora ao açougueiro. Acho que é trauma de infância: minha mãe era tão eficiente nisso e conseguia ser tão desagradável com o balconista (desculpe, mãe, contar isso) que eu fiquei traumatizada. Já me aconteceu no supermercado de eu deixar a carne que comprei, mas não consigo "brigar" com o açougueiro se ele cortar mal ou escolher mal a carne.
Por isso, prefiro sempre comprar o frango na cartelinha, mas minha filha caçula disse que não suporta mais comer filé de frango.
Voltei para casa desanimada e com pouco tempo para me arrumar pro trabalho, mas aí durante o banho comecei a ouvir música e fiquei traçando mil planos para o coro Cantorum. Fiquei empolgada e com vontade de pegar o telefone e ligar pro André Vilani (nosso regente) expondo minha idéias. Refreei essa vontade diante do acúmulo de coisas a fazer (vou viajar domingo e tenho mil coisas para ajeitar em casa e no trabalho), mas botei no papel minhas idéias para conversar com ele quando voltar.
Ah, antes disso dei algumas risadas quando encontrei com uma vizinha, perguntei sobre seu filho que eu não via há tempos (e jurava ser gay) e ela me disse que ele voltou com a mulher e se mudou. Será que me enganei ???

quarta-feira, 29 de abril de 2009

De novo

Aconteceu de novo: uma escola de Mato Grosso (estado que se orgulha de figurar nas estatísticas dos maiores produtores) lidera o ranking ... das piores escolas na última lista do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Trata-se de uma escola do município de General Carneiro, situado a 440 km de Cuiabá, na região do Araguaia. Não deixa de ser um golpe para um governo que se jacta de ter feito muito pela educação, mas, na minha opinião, deixou muito a desejar nos quesitos principais: valorização dos professores e condições mínimas para que eles possam realizar o seu ofício num estado, onde ainda há muitos empregos, porém muitas pessoas ficam à margem do mercado de trabalho por falta de qualificação mínima, ou seja, saber ler, escrever, fazer as quatro operações básicas.
A lista do Enem traz novamente o Colégio São Bento do Rio de Janeiro com os melhores resultados e mantém a triste liderança das escolas públicas no ranking dos piores. Eu me lembro com carinho de alguns amigos do São Bento que conheci há mais de 30 anos quando fizemos juntos um encontro de jovens: de um lado os meninos do São Bento, de outro as meninas do Colégio Santa Úrsula, até então privativo do sexo feminino. Será que eles se deram bem na vida??? Será que estão felizes?
Ah, ia me esquecendo de contar que a escola em que fiz meu 2º grau (o Clássico), o Colégio Santo Inácio, ficou em segundo lugar entre as melhores do Rio de Janeiro. Não vi a classificação geral. Seja como for, aprendi muito no tempo em que estudei lá. Não sei se isso me torna uma pessoa mais feliz, mas tenho muitas saudades das manhãs passadas lá, dos meus colegas, dos papos nos corredores e de algumas aulas, como as de literatura francesa, de história, geografia, biologia. Com certeza, fui muito feliz lá, apesar de todas as angústias típicas da adolescência.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mundo cão

Pego o jornal "A Gazeta" meio desavisada e leio a manchete: padrasto estupra menina de menos de 2 anos e ainda queima suas genitais (da menina) para encobrir seu crime.
Essa notícia me derruba. Não consigo pensar em mais nada a não ser na dor dessa criança (que está no hospital depois que o avô descobriu o crime) e no tipo de pessoa que faz uma barbaridade dessas.
Ainda ontem as atenções na cidade se voltavam para a morte do menino Kaytto, de 10 anos, assassinado por seu estuprador que está preso. Hoje, elas se voltam para esse padrasto e a mãe da menina, que foi conivente com o crime.
Como sempre penso em tantas outras crianças vítimas de maus tratos em casa e sem ter a quem apelar. Penso nas minhas filhas e no meu desejo de protegê-las. Penso ainda nas pessoas que dizem que sempre tem um anjo da guarda zelando pelas crianças. Será? Pelo visto esses anjos andam meio preguiçosos.
A vida segue. Preciso trabalhar e garantir o sustento da minha família, mas confesso que meu coração continua apertado diante da minha impotência diante das atrocidades desse mundo cão.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A arte de envelhecer

Acabei de ler no portal Terra que uma pesquisa concluiu que "mulheres brasileiras não sabem envelhecer". Nem preciso ler a matéria para saber o que diz, pois convivo com mulheres o suficiente - e comigo mesma - para já ter chegado à mesma conclusão.
Por que é tão difícil envelhecer? Percebo nos encontros familiares que há uma preocupação latente em perceber quem está com aparência melhor, quem apresenta menos os sinais inevitáveis do tempo. Quando alguém diz: "Você está muito bem", isso deve ser entendido por: "você não aparenta sua idade".
Por que somos tão obcecados em aparentar menos anos do que temos? Por que ficamos tão felizes quando uma pessoa que acabou de nos conhecer demonstra surpresa sincera em saber a nossa idade real? Acho que tudo isso tem a ver com a forma como a sociedade trata os idosos, principalmente as mulheres.
Não gosto de mentir a minha idade e sinto muito orgulho de tudo que vivi ao longo das últimas cinco décadas, mas confesso que a perspectiva de ficar velhinha, flácida, com artrose, artrite, muitas rugas e dificuldades para me locomover me assusta. Assusta-me mais ainda a possibilidade de ser tratada com complacência pelas pessoas mais jovens bem intencionadas.
Por isso decidi que o importante é me esforçar para conservar dentro do possível minha saúde física e mental. Ter a capacidade de ler, pensar, dançar, caminhar com desenvoltura enquanto for possível e adquirir a capacidade de aceitar as limitações que virão com o tempo. Aprender a arte de envelhecer, sem entregar os pontos.

domingo, 26 de abril de 2009

A arte da paciência

Hoje estou feliz porque consegui passar o dia todo com as duas lentes de contato. E quanto a amanhã? Não sei, é uma incógnita.
Gostaria de abordar vários assuntos aqui: o filme ao qual assisti ontem (Divã, com Lília Cabral), o livro que estou lendo (sobre a atriz Leila Diniz), o desfecho do meu último caso amoroso (meio decepcionante, mas como sempre, com um lado meio cômico), etc. Mas vou falar de uma coisa que vem me martelando a cabeça desde quinta-feira. Cheguei à conclusão que a maior virtude de um repórter é a paciência, aliás, eu diria que a maior virtude das pessoas em geral é a paciência.
Quando era jovem, achava bárbaro aquelas pessoas impacientes, do tipo que não leva desaforo para casa e segue à risca a letra de Vandré: "Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer".
Com o passar do tempo, fui percebendo que muitas brigas e desentendimentos poderiam ser evitados se houvesse um pouquinho mais de paciência de ambas as partes. Às vezes, o silêncio, a capacidade de não retrucar na hora valem ouro e podem significar a diferença entre a vida e a morte. Passei a admirar mais as pessoas que se calam ou não reagem não por covardia, mas por sabedoria.
Eu achava que o melhor repórter era aquele agressivo, invasivo. Hoje, não, penso que muitas vezes na reportagem, assim como na política, é preciso engolir sapos, dar uma volta maior para se chegar aonde se quer. É preciso ter paciência, mesmo que isso pareça muito difícil e arriscado na maior parte das vezes. É essa arte que quero cultivar: a da paciência.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ceratocone

Estou triste por ter abandonado um pouco meu blog. Não é falta de assunto e sim uma mistura de falta de tempo com falta de visão. Eu explico: tenho viajado bastante pela revista (ontem mesmo visitei um lugar maravilhoso, a Usina Itaicy, às margens do rio Cuíabá), tive visitas nesse período (parentes que vieram para o casamento em Diamantino e alguns ficaram por aqui para visitar Nobres e Chapada dos Guimarães) e não consigo resolver um problema na minha vista.
Acontece que sofro há anos de ceratocone, um troço chato pra caramba que faz com que a gente fique extremamente dependente da lente de contato e ao mesmo tempo se incomode bastante com o seu uso. Isso porque o ceratocone é uma deformação na córnea e o uso da lente meio que corrige o problema. Mas chega num ponto que o problema pode ser grande demais e aí a lente incomoda muito. A saída é meio drástica: fazer uma cirurgia de transplante de córnea que também não é uma garantia de 100% de visão e tranquilidade.
Enfim, não gosto de ficar me queixando, mas desde dezembro praticamente vivo apenas com um lado da lente de contato (o direito) e o olho esquerdo me incomoda muito. Isso faz com que eu veja tudo meio desfocado, o que me estressa. Afinal não sei qual será o meu futuro.
Enfim, tenho um retorno no oftalmologista daqui a pouco, mas embora sempre tenha confiado nele, ando meio desalentada porque ele não tem me dado respostas satisfatórias.
Isso faz com que escrever, ler, dirigir, tudo que depende de uma boa visão, venha se tornando um suplício para mim. Por isso, se eu não escrever com muita assiduidade, pode ter certeza que a culpa é do ceratocone.

domingo, 19 de abril de 2009

Questionamentos

Meu blog anda tão abandonado ... Andei viajando bastante. Saí de Cuiabá na quarta em direção a Diamantino, onde visitei algumas fazendas; segui no mesmo dia para Tangará da Serra, onde visitei outra fazenda e de lá para Campo Novo do Parecis, onde visitei uma feira de agronegócio.
Foi muito legal, mas um pouco cansativo. Quando cheguei no hotel em Campo Novo, estava travada por causa dos solavancos da viagem e do péssimo encosto do carro. Botei a colcha no chão e fiz quase uma hora de yoga. No começo mal conseguia fazer os movimentos, mas fui me soltando e, acredite se quiser, fiquei boa. No outro dia, cheguei inteira em Cuiabá quase nove horas da noite e ainda fui para Praça Popular encontrar minha filha e minha irmã do Rio.
Ontem o dia foi puxado também e fiquei sabendo da morte de um menino de 10 anos de Cuiabá que estava desaparecido. Achei a história tão triste. Ele foi abordado no ponto de ônibus por um sujeito que conhecia seu pai e lhe ofereceu uma carona. O cara já tinha sido preso e condenado por estupro e assassinato de uma criança em Primavera do Leste. Estou contando tudo do jeito que me relatou a secretária do salão onde fiz as unhas. Que tipo de justiça é a nossa que solta um cara desses e que tipo de prisão é a nossa que não recupera um tipo desse para a vida em sociedade? Achei tudo muito triste e a moça ainda me contou a história de uma senhora que estava vendendo banana frita no salão e que perdeu o filho único recentemente num acidente de carro.
Saí de lá com vontade de proteger minhas filhas e sem o menor pudor de ser uma mãe super protetora. Por que a vida é tão dura com algumas pessoas?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

De volta às origens

Aviso aos leitores: não desisti do blog. Meu afastamento por tantos dias ocorreu por força de uns dias fora da rotina. Em função do aniversário de Cuiabá e dos feriados de Páscoa, acabei tendo um feriadão, que passou como um flash ... Estou com visita em casa desde a madrugada da última quarta-feira, dia 8, e confesso que tirei férias do computador. No dia 9 chegou uma sobrinha de Manaus e no dia 10 começou o mega encontro familiar. Encontramos a turma no aeroporto e seguimos num micro-ônibus fretado para Diamantino, onde ocorreu o casamento do Ciro (meu sobrinho neto) e da Vanessa. Foram três dias de almoços e jantares familiares, regados a muita conversa e cerveja. Retornamos hoje no mesmo micro-ônibus e alguns já seguiram viagem. Adoraria ter tempo agora para falar mais sobre esse encontro, mas não posso.
Só quero contar que aproveitamos a ida a Diamantino para buscar raízes de família por parte de mãe. Meu avô paterno, Joaquim Rodrigues Fontes, veio de Diamantino e conseguimos encontrar alguns parentes lá, descendentes do irmão de nosso avô, Lourenço.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Escritores da liberdade

No final da noite de ontem, assisti a um filme em DVD que é mais um daqueles que não fez um sucesso estrondoso, porém não é facilmente esquecido. Detalhe: a sugestão para vê-lo partiu de minha filha caçula. O filme se chama "Escritores da liberdade" (Freedom writers), foi dirigido por Richard Lagravanese e lembra um pouco filmes antigos como o célebre "Ao mestre, com carinho" (To sir with love) pela temática: professor bem intencionado chega à turma dos mais problemáticos da escola, encontra resistência até por parte da direção e dos colegas para efetuar as mudanças, porém, no final, vence.
O bacana na história é que ela é baseada em fatos reais e no poder da leitura e da escrita. A professora (interpretada por Hilary Swank, que assina a produção executiva do filme) consegue fazer com que seus alunos rebeldes e marginalizados envolvam-se com a leitura de clássicos como "O diário de Anne Frank", superem suas diferenças (negros, hispanos e orientais não se bicam) e seus preconceitos, e escrevam sua própria história. A virada começa com a redação de um diário.
Gostei muito porque trabalhei com diários na monografia que fiz no curso de especialização em ensino e aprendizagem de língua estrangeira. É um tema que me fascina. Seria ótimo se mais educadores assistissem a esse filme. Ele só reforça a minha crença de que bons professores - dedicados, sonhadores, iconoclastas, inovadores e, principalmente que gostem de pessoas - sempre fazem a diferença. E não o sistema. Este sempre vem a reboque.

sábado, 4 de abril de 2009

Tudo é relativo

Depois de assistir à ótima reportagem de "Globo Repórter" de ontem sobre longevidade, acordei me sentindo uma adolescente. É muito gostoso ver pessoas de 70/80 e até 100 anos felizes, com saúde, independentes. Tira aquela ideia de que é impossível ser feliz depois dos 50.
Fiquei mais alegre ainda de ver a receita da longevidade: alimentação equilibrada e muito exercício. Gostei ainda da menção ao guaraná ralado, que tomo desde pequena, graças à minha mãe, guaranista inveterada, embora tenha morrido relativamente cedo (aos 74 anos) e sem uma qualidade de vida muito boa. Mas aí entram outros fatores ...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tomates verdes fritos

Hoje, apesar das tragédias diárias que nos assombram a cada dia, não quero falar de desgraças. Estou estranhamente feliz. O encanador não me deu bolo (e o problema no banheiro de serviço parece não ser tão grande quando se previa), o pintor foi terminar seu serviço, minha empregada também apareceu e ficou doidinha tentando se localizar no meio de tanta bagunça.
Mas, talvez o motivo maior de eu ter acordada tão bem humorada foi um filme maravilhoso que revi ontem à noite: 'Tomates verdes fritos". De vez em quando, gosto de assistir a alguns de meus filmes favoritos com minhas filhas. Claro que não pego pesado com elas - não ouso querer que meninas da sua geração vejam alguns pesos pesados que fizeram minha cabeça no passado, como os filmes de Bunuel, Truffaut, Kurosawa, só para citar alguns.
Voltando ao filme em questão, não se trata de um clássico, do porte de "E o vento levou ...", porém é bastante cativante e bem feito. Tem ótimos atores e conta uma história comovente e surpreendente. Trata-se basicamente de uma história de mulheres, passada em dois tempos diferentes: um tempo "presente" em que uma senhora de pouco mais de 80 anos (intepretada por Jessica Tandy) conta para uma dona de casa deprimida (Kathy Bates) a história de duas mulheres (eu me esqueci os nomes das personagens) que enfrentaram (e superaram) juntas perdas, a violência masculina e preconceitos (sobretudo, o racial) no Sul dos EUA nos anos 30. É um filme triste, mas do tipo que te joga pra cima, que faz a gente acreditar na amizade, na coragem e na possibilidade de ser diferente.