segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Poço de contradições

Sou um poço de contradições. Mas quem não é?
Nem preciso dizer que comecei a semana novamente em crise, porém (lá vem a Pollyana de novo) toda crise tem aspectos positivos, certo?
Tem tanta coisa na minha cabeça hoje que está difícil focar, mas vou começar com o registro (tardio) da morte do escritor gaúcho Moacyr Scliar.
Eu me sinto meio "íntima" dele por dois motivos: o primeiro é que li muitas obras dele (inclusive, dois de seus últimos romances: "A mulher que escreveu a Bíblia" e "Manual da paixão solitária") e o segundo é que já falei com ele. Duas vezes.
A primeira foi na época em que trabalhava na sucursal da revista Veja no Rio, nos anos 80. O trabalho na revista era pesado, mas tinha um lado muito bom. Você tinha todas as condições para fazer um bom trabalho. Eu escrevia sobre tudo na época e não sei por que me pediram uma matéria sobre o Scliar. Pude comprar e ler vários livros de contos dele para me embasar melhor de modo a fazer a entrevista (por telefone).
A segunda foi por ocasião de uma palestra dele no Sesc Arsenal em Cuiabá.
Gosto muito do seu estilo (erudito, porém de simples compreensão; irônico) e lamento que ele tenha partido. Pretendo (re) ler algumas de suas obras. Achei chatinha a matéria que o Fantástico fez sobre o Scliar: protocolar, oficiosa. Nada acrescentou sobre o autor.
Hoje recebo um email de um amigo jornalista do Rio sobre a morte de um personagem folclórico de Santa Tereza, o mineiro Messias dos Santos,  conhecido como Mestre Messias, compositor, pintor, que provavelmente não vai ganhar matéria na Rede Globo.
O que quero dizer com isso? Nem eu sei. Apenas quis registrar a passagem de dois artistas. Mais famoso ou menos famoso, os dois se foram e agora ficam suas obras.
Neste fim de semana terminei a leitura de "Um homem mau", livro de Wilson Britto que já comentei neste espaço.Talvez retorne a ele em outro momento, mas quero só registrar agora a principal mensagem da obra: a importância de viver no "aqui e agora" como chave para obter tudo que é importante (liberdade, paz, felicidade).
Como é difícil!

PS. Decidi mudar o visual do blog. Não sei se acertei. Estava achando-o meio caidinho, desbotado diante do colorido da maioria dos blogs e sites. Se alguém quiser dar sua opinião, sinta-se em casa ...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tilintar dos cristais

O bom do blog é que a gente pode escrever quando dá vontade. Hoje, por exemplo, quero falar sobre o show ao qual assisti ontem para que outras pessoas que, eventualmente, leiam meu blog possam assistir hoje.
Já vou dar o serviço: Grupo Uratau, no teatro do Sesc Arsenal, às 20h (pontualmente).
Não me proponho a fazer uma crítica ou coisa do gênero, apenas quero registrar minhas impressões para valorizar o esforço e o talento de seis jovens mato-grossenses (se todos nasceram aqui não sei, mas é aqui que vivem e batalham pela sua arte), todos alunos de música da UFMT.
Registrei  com alegria o nascimento desse urutau em 12 de abril de 2010 neste blog.  http://martha-caentrenos.blogspot.com/search?q=Urutau 
Depois disso não tive mais a oportunidade de ouvir o grupo. Os meninos evoluíram. Estão fazendo um som muito bonito, mágico, como só a música instrumental pode ser.
Ainda estão meio tímidos, na minha opinião, principalmente Joelson Conceição (violão), que conheci como pupilo de Marinho (o sete cordas do Chorinho), mas, aos poucos, vai trilhando seus próprios caminhos.
Completam o time Phellyppe Sabo (nos sopros), Jhon Stuart (contrabaixo, piano), Tarcísio Sobreira (percussão e bateria) e as meninas Juliane Grisólia (percussão e vocal) e Estela Ceregati (percussão, violão e voz).
Tarcísio foi meu aluno no curso de Jornalismo da UFMT (aluno querido, daqueles que sempre esbanjam carinho com a ex-professora) e agora segue sua verdadeira vocação. Por que mesmo ele foi fazer Jornalismo???
Ontem, após a apresentação, tive a oportunidade de conhecer Estela pessoalmente. Vinte e três anos, professora de crianças na escola dos pais, Estela tem tudo para brilhar. Compositora (aliás, as músicas tocadas pelo Urutau são todas dos integrantes do grupo), dona de uma voz maravilhosa e de grande personalidade, e ainda toca castanhola. Touché!
O show "Tilintar dos Cristais" é uma experiência única, numa cidade, num país, cravejado por "música" sem qualidade alguma. Num determinado momento, o amigo que me acompanhava no show me perguntou: "Estamos no Brasil?"
Respondo a ele agora. Estamos. Somente o Brasil tem elementos (instrumentos de percussão, folclore, outras fontes musicais) que permitem tornar a música instrumental tão rica. Por isso grandes músicos de jazz e até do rock (como David Byrne do Talking Heads) vêm beber nas nossas fontes. O problema é que a música instrumental nunca é valorizada aqui como é no exterior (vide os exemplos de Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, só para citar os mais notáveis).
Por isso, novamente desejo muita sorte aos meninos do Urutau, que têm a coragem e a disciplina para fazer música instrumental de qualidade em Cuiabá.
Ontem só faltou mesmo anunciar os nomes dos integrantes do Grupo no final da apresentação. Tudo bem que a plateia tinha muitos amigos e conhecidos, mas mesmo assim fez falta.
Vida longa ao Urutau!



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Em obras

Meu prédio entrou em temporada de obras. Começou com a piscina e área de lazer, que está em obras há ... seis meses ou mais. Ah, teve também o período de pintura do prédio com todos os transtornos que isso traz (cheiro de tinta, pintor pendurado na sua janela, janelas travadas por causa da tinta, etc).
Depois os donos de um apartamento do meu andar fizeram uma mega reforma. Barulho, poeira, etc. 
Como se não bastasse, ontem começou aquele barulhinho irritante de batidas no andar de cima. Interfonei para saber a extensão do problema e o meu porteiro preferido disse que é uma reforma no banheiro do apartamento de cima. Isso significa que tenho que me preparar para alguns dias de barulho, o que é muito desagradável para quem está trabalhando em casa e já enfrenta outros dissabores (calor, falta de mesa e cadeira apropriadas).
Como hoje acordei zen, resolvi combater o barulho com música. Liguei a Rádio Senado e logo começou uma programação direta do Senado, só de discursos. Taí uma coisa que não pretendo fazer na vida, talvez só sob tortura: ouvir blá blá blá de senador.
O jeito foi apelar para o CD e estou muito bem servida, ouvindo Tereza Cristina interpretando sambas maravilhosos (um presente da minha amiga Mônica). A dificuldade maior é controlar a vontade de sair sambando e cantando em vez de trabalhar!
Dos males o menor. O som da obra praticamente sumiu (só me lembrei dele quando estava escrevendo).
Mudando de assunto, hoje acordei pensando na minha vida. Acho que ela está meio monótona. Eu deveria estar feliz de estar mais acomodada, mas não é do meu feitio e nem tenho condições financeiras para isso.
Você também tem uma sensação de vez em quando de que "era feliz e não sabia?" Sempre tenho. Penso na minha vida no Rio pré Mato Grosso e morro de saudades. Penso na minha vida de casada em Cáceres indo para o Pantanal, cuidando de minhas filhas e do meu então marido, e morro de saudades. Penso em tudo que vivi em Cáceres e morro de saudades. Penso nas viagens que fiz pela revista Produtor Rural e morro de saudades e assim por diante.
Isso prova uma coisa: eu fui (?) uma pessoa feliz. É claro que quando começo a analisar cada passagem mais detalhadamente acho um monte de motivos para ficar chateada, triste, irritada, ou seja, a gente tende a esquecer a parte chata e só lembrar das coisas boas, não é mesmo?
Um dia, provavelmente, pensarei no "aqui e agora" e direi: "Como eu era feliz!" Isso só prova uma coisa: sou quase sempre uma pessoa feliz. Ora, como diz o autor do livro que estou lendo ("Um homem mau"), Wilson Britto, o que a maioria de nós conhece são "soluços de felicidade".
E a felicidade plena? Será que existe?
Ainda não terminei o livro e nem estou com tempo para me alongar mais sobre o tema.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A cappella

Ontem, à noite, voltei do ensaio do Madrigal do Avesso inspirada e procurei no YouTube algo sobre o grupo vocal mencionado pelo regente Carlos Taubaté: o Take 6.
Encontrei uns vídeos muito legais de um evento organizado, dirigido, sei lá, pelo cineasta norte-americano Spike Lee, que, pelo que entendi, reúne vários estilo musicais, sempre apresentados "a cappella".
Para quem não está muito familiarizado com termos musicais, vou economizar o trabalho de recorrer ao Google: "a cappella" é um termo de origem italiana que designa a música vocal sem acompanhamento musical (http://pt.wikipedia.org/wiki/A_cappella).
O meu grupo canta "a cappella" e ontem, num ensaio recheado de informações musicais, o regente mencionou como referência o Take Six. Geralmente tenho boas referências musicais e confesso que até fiquei um pouco envergonhada de não conhecer o grupo, que é super premiado.
Fui à luta (viva o YouTube!), amei o que encontrei e fiquei morrendo de vontade de poder passar horas só ouvindo música boa no YouTube.
Descobri que eu poderia compartilhar o vídeo que tanto curti no meu blog e foi o que fiz, porém estava cansada e nada escrevi para acompanhar o vídeo, contrariando meus hábitos (meu blog é basicamente de texto, quase nunca tem fotos e nunca teve um vídeo). Não pretendo mudar radicalmente meu estilo, mas de vez em quando é bom experimentar.
Quem tiver curiosidade pode ouvir o vídeo sem medo. Os caras cantam demais! O baixo é impressionante e tem um momento em que quae todos os cantores chegam a um timbre agudo (mantendo a afinação) totalmente desconcertante.
Quem disse que cantar "a cappella" é fácil?

Experiências

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cuiabá se prepara para a Copa de 2014

Uma das coisas que mais me marcaram no livro "Abusado" de Caco Barcelos foi a ideia de que bandidos não se regeneram (com raríssimas exceções): eles apenam migram de atividade, como outras pessoas trocam de emprego, de ramo. Está complicado traficar, o povo vai para o "asfalto" assaltar; o ramo de assaltos a banco não anda rentável, passa-se a sequestrar, e assim por diante.
Quando vejo a policia de algumas cidades reprimindo mais duramente o crime organizado e fazendo limpeza na própria polícia (pelo menos, na teoria), logo me preocupo se isso não vai significar um aumento de crmininalidade em outras cidades, principalmente naquelas em que corre dinheiro, mas a segurança pública está a anos luz de qualquer coisa organizada.
A insegurança em Cuiabá é algo de notável, infelizmente. Minha amiga me diz por telefone, quase en passant, que sua casa, situada num bairro nobre da capital, foi assaltada. Os prejuízos foram quase irrisórios diante do que poderia ter acontecido, porém o que mais a incomodou foi a indiferença da polícia. Seu marido foi a delegacia fazer o B.O., mas é como se tudo não passasse de uma coisa de praxe. O assalto à sua casa foi apenas mais um na estatística e ocupa um lugar secundário já que não houve feridos ou mortos.
Outra amiga, que mora a algumas quadras de mim, conta que seu carro foi roubado da porta de casa num domingo. Cinco dias depois o veículo foi encontrado sem maiores danos, mas ela aproveita para contar sobre uma onda de assaltos em estabelecimentos comerciais de nosso bairro.
Arre, não dá nem vontade de sair de casa. Mas a gente não pode se tornar refém do medo.
Na noite de quinta-feira passada , a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fechou o bar Choros & Serestas, o meu querido Chorinho, alegando excesso de barulho e problemas no alvará. Os proprietários juram que nunca foram sequer advertidos e lamentam ter passado por um constrangimento tão grande. A fiscalização chegou lá acompanhada de policiais militares num momento em que a casa estava fervilhando de gente e interditou o  Chorinho no ato.
Comentou-se à boca pequena que a interdição faria parte de supostos preparativos da cidade para a Copa do Mundo de 2014.
Então está tudo explicado! Barulho numa casa noturna, que é um dos poucos redutos da boa música em Cuiabá não fica bem, mas assaltos, roubos, crateras nas vias públicas - isso sim tem tudo a ver com a Copa de 2014. É bem Mato Grosso!

PS: Cabe aqui um esclarecimento: o fechamento do Chorinho ocorreu três dias antes da data marcada pelos proprietários para um merecido periodo de férias coletivas. Os problemas envolvendo o fechamento arbitrário da casa estão sendo solucionados e no próximo dia 24 de março, como estava previsto anteriormente, a legião de fãs e frequentadores do Chorinho poderá matar as saudades do estabelecimento, que trouxe a Cuiabá em novembro passado, por ocasião de seu décimo oitavo aniversário, um show inesquecível de Monarco da Portela.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Estômago

O tema não é novo e foi tratado recentemente por meu colega jornalista Lorenzo Falcão em seu blog: http://tyrannusmelancholicus.blogspot.com/
Mas, há muito tempo ensaio assistir ao filme "Estômago". Chegava a pegar o filme na prateleira da locadora e acabava largando, na suposição de que não estava com "estômago" para vê-lo naquele dia.
Tudo - o título, a ilustração da capa do DVD - indicava que seria um filme apropriado para estômagos fortes e o meu nem sempre é.
Ontem, venci minhas resistências e assisti. É bem verdade que fiz duas paradinhas estratégicas (uma "forçada" por um telefonema), mas o filme é bom demais! Quem não viu, tem que assistir!
O que posso dizer de novo sobre "Estômago"? A história (e a forma como é narrada) é fantástica, os atores, a direçào, tudo é muito bom.
Mas quero abrir um espaço especial para falar da música do filme. Ela é tão boa que tenho vontade de assitir ao filme de novo só para ficar ouvindo a trilha sonora. É uma coisa meio felliniana (aliás, o filme todo) e realmente a trilha se faz presente no filme. Nem sei se isso tecnicamente é o ideal, porém na minha opinião uma trilha sonora tem que dizer a que veio.
Para minha surpresa, descubro no DVD dos bônus (sempre gosto de ver, principalmente quando gosto muito do filme) que a trilha foi composta pelo italiano Giovanni Venosta e realmente a influência de outros compositores e arranjadores italianos é grande. Ao mesmo tempo, Venosta procurou trazer elementos da música brasileira principalmente na percussão. A cuica, por exemplo, é um instrumento que ganha destaque em alguns temas.
Para quem não sabe, "Estômago", que tem o ótimo ator baiano João Miguel como protagonista, é uma "fábula nada infantil sobre poder, sexo e gastronomia". É um filme tenso (como todo filme em que parte da ação se passa numa cadeia), com passagens divertidas e outras bem pesadas.
Em alguns momentos, ele chegou a me lembrar um filme europeu (cujo nome me foge agora) em que uma mulher francesa misteriosa chega a uma aldeia nórdica fugindo da polícia ou da justiça e acaba preparando uma refeição dos deuses para os moradores, o que detona mudanças profundas nos personagens.
A gastronomia tem poderes incríveis e lamento realmente não ter esse poder. Bons cozinheiros são como feiticeiros, como mostra o filme do brasileiro Marcos Jorge. No final tudo vira "merda", segundo próprio Raimundo Nonato, o protagonista de "Estômago", mas até lá ...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O último voo

Estou me esforçando para não começar a semana triste. Tenho muitos motivos para estar triste e outros tantos para estar alegre, mas nem sempre é assim que as coisas funcionam.
Talvez seja meio hormonal, sei lá...
O certo é que minhas duas filhas viajaram ontem e é inevitável sentir os efeitos da síndrome do ninho vazio.
Peguei alguns filmes em DVD para assistir e fugir da programação  dominical da TV, e acabei vendo um filme muito bonito, que desconhecia.
Chama-se "O último voo", é francês e dirigido por Karim Dridi. O filme é protagonizado por Marion Cotillard, uma atriz maravilhosa (a Edith Piaff do filme), e se passa no deserto do Saara, no início da década de 1930. A fotografia é linda, a música também e há cenas em que quase nada acontece durante a caminhada de Maria (Marion) e o tenente Antoine Chauvet (o ator Guillaume Canet, marido de Marion na vida real) em busca de Bill Lancaster, piloto inglês que desapareceu durante uma tentativa de recorde na travessia entre Londres e o Cabo.
Lancaster é o grande amor de Maria, uma piloto destemida e aventureira.
Li depois algumas críticas sobre o filme (aliás, achei pouca coisa disponível) e elas se queixam de falhas no roteiro. Realmente, é muito doido: o conflito entre os franceses invasores e os tuaregs (os árabes locais), que serve de pano de fundo para boa parte do filme, é deixado de lado a partir de um certo momento. A gente fica sem saber o que aconteceu no confronto iminente entre franceses e tuaregs.
Se não levarmos em conta esse "detalhe", pode-se dizer que o filme é muito bonito e me lembrou bastante "O paciente inglês", que quero rever qualquer hora.
O filme me tocou especialmente porque Antoine acaba se lançando na tentativa louca de resgate porque sua vida ficou meio sem sentido (segundo ele). Ou seja, viver sem um sentido ou morrer não faz assim tanta diferença, ou então - outra leitura que faço agora - é preciso desesperadamente dar um sentido à vida nem que seja se agarrando ao "sentido" do outro.
Aos poucos, Maria e Antoine vão se confrontando, se apoiando e (re)descobrindo o amor, que fica literalmente no limite entre a vida e a morte.
Fui dormir nesse clima e acordei meio triste, juntando forças para fazer as coisas que precisam ser feitas, mas questionando o quanto é esta a vida que quero para mim. Será que ainda tenho forças para um último voo ou para tentar mudar o rumo dos acontecimentos?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

***

Acabei de ouvir o personagem do ator Herson Capri, que nem sabia que trabalhava na novela "Insensato coração", dizer "Merda".
Engraçado, acho que estou defasada: eu pensava que não podia dizer palavrão na novela das oito da Globo. Aliás, o "padrão de qualidade" da velha senhora anda bem esquisito.
Ontem, me abandonei à frente da TV na hora do Big Brother Brasil. É muita baixaria. Estou chovendo no molhado, né?
Em tese deveria ser impossível reunir tanta gente chata numa casa e isso ainda dar ibope. É bem verdade que a décima-primeira edição do reality não deve estar mais agradando tanto porque mesmo minha filha que gosta tanto do BBB anda reclamando do povo ...
Ontem tinha uma personagem (aquilo não pode ser real) que ficava andando atrás do cara que ficou com ela no início mas que saiu aí voltou e agora está injuriado com ela porque ela ficou (ou quase ficou, sei lá) com outro nesse meio tempo. Trêbada, ela sentou no colo do cara, foi atrás dele no banheiro, no quarto ...
Outro personagem, o gay que ficou, tomou um porre, rebolou, fez o diabo. Teve uma festa, animada pela Preta Gil, e as mulheres rebolaram, rebolaram. rebolaram.
Enfim, os palavrões abundam e tem um cara chato pra caramba que fala horrores para os outros integrantes e ja foi eleito o "mala" desta edição. Sempre tem que ter um, né?
Mas o mais deprimente é ver o Pedro Bial, bom jornalista, poeta itinerante nos anos 80, fazendo das tripas coração para dar alguma graça às suas intervenções. Ele deve ganhar regiamente para fazer isso, mas não acredito que se orgulhe do que faz.
Enfim, a cada edição "novos heróis" se constroem nessa lamentável fábrica de novos talentos, caras, bundas e peitos para os sites de fofoca e revistas masculinas.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Terra de contrastes

Cuiabá é uma terra de contrastes. Mato Grosso é uma terra de contrastes. O Brasil é uma terra de contrastes.
Isso não é novidade, mas de vez em quando somos surpreendidos por novos fatos.
Hoje, por exemplo, conheci uma espécie de galeria, loja, shopping center chique de Cuiabá que fica praticamente no meu bairro. Passo por lá dia sim dia não e não sabia o que era. Chama-se La Provence. 
Fui entrevistar uma pessoa lá e fiquei boquiaberta. É um lugar  enorme, chiquérrimo, cheio de pessoas muito simpáticas (do porteiro aos lojistas, passando por recepcionistas, manobristas,etc), tudo climatizado. Parece que você está em outra cidade (ou seria em outro país?) Tem salão de beleza, joalheria, loja de cosméticos, ótica, revenda de carro, bistrô, tudo chic, é claro. Tem uma escada de mármore na entrada, lustes imponentes, tem até um piano de cauda branco. Perguntei se era só enfeite ou se alguém tocava de vez em quando. Fiquei sabendo que é uma espécie de caixa de música que toca sozinha, ou seja, um piano fantasma.
Fiquei sabendo que mais novas lojas serão instaladas no local.
Chego em casa no horário do telejornal local e dá-lhe reportagem sobre vias públicas com buracos, esgotos correndo a céu aberto, problemas, problemas e mais problemas. Não é mesmo uma capital cheia de contrastes?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Em busca do ouvido perfeito

Todo mundo fala muito sobre relacionamento homem/mulher e as diferenças entre ambos.  Fala-se muito bobagem, é claro, mas hoje gostaria de dar meus pitacos sobre o tema.
Gente, adoro homem que sabe ouvir, mas como é difícil encontrar homens (e mulheres também) que saibam - e gostem - de nos escutar!
Ontem mesmo eu me encontrei com um cara incapaz de ouvir até a música (de ótima qualidade) que estava tocando no bar e olha que ele me disse que queria ir a um lugar para ouvir música.
Ele falou, falou, falou e ainda me perguntava de vez em quando: "Você está me entendendo?" Tive vontade de responder:
- Não. Sou meio bobinha ...
Contei para minhas filhas e elas se admiraram: "Nossa, mãe, você quase não falou! Logo você que fala tanto!" Pois é, falo quando sinto que o outro está disposto a me ouvir ...
Tudo bem, reconheço, de vez em quando exagero (minhas irmãs que o digam) e sou dada a muitos detalhes. Mas venho tentando melhorar nesse aspecto porque percebo que as pessoas estão cada vez menos dispostas a escutar. E tem outro detalhe que também já percebi: quanta mais velhas vão ficando mais as pessoas gostam de falar. Quando elas têm algo de nteressante para falar tudo bem - eu não me importo de ficar quietinha ouvindo e aprendendo com a sua sabedoria. O duro é aquelas que começam a contar uma história comprida, com todos os detalhes imagináveis e não dão um segundo para outro fazer sequer uma pergunta demonstrando interesse.
Ai ai ai, minha consciência: quantas vezes já posso ter agido assim?
Por isso adoro o blog: aqui não posso viajar muito na maionese e, de qualquer maneira, as pessoas sempre podem parar de ler se estiverem achando chato.
Não dá para ser muito prolixo na net!
Mas realmente adoro homens que sabem ouvir e demonstram fazê-lo com prazer.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Me dá um dinheiro aí

Terça-feira, quase 8 horas da noite, eu esperava minha filha caçula que tinha ido buscar uma encomenda (o Kanjinjin, comprado diretamente em Vila Bela da Santíssima Trindade) e estava nervosa por causa do celular dela que não parava de tocar.
De repente, alguém me aborda - um moço bem vestido, de uns 20 e poucos anos. Ele me pede dinheiro para passagem de ônibus, diz que mora no bairro Parque Cuiabá (a uns 10 km ou mais do Goiabeiras, onde estávamos) e me explica por que não estava conseguindo pegar o ônibus. No susto respondo que não tenho dinheiro. Depois fico pensando: e se ele realmente está com problemas para pegar o ônibus? Ele falou comigo de uma maneira tão gentil!
Quando minha filha retornou (e atendeu o celular que não parava de tocar), resolvi olhar se eu tinha os R$ 2.50 que ele me pediu. Eu tinha. Apressei-me para ver se encontrava o cara mais à frente e o encontrei cercado de três mulheres. Ainda deu para ouvir uma das mulheres comentando: "Hoje em dia quando um rapaz pede dinheiro a gente logo acha que é para comprar droga".
 Mostrei o dinheiro e ele respondeu educadamente que já tinha conseguido. Comentei em tom de desculpa: "Naquela hora você me assustou".
Se ele estava de má fé, enganou um monte de gente, mas não importa: eu preferi perder R$ 2,50 a ir dormir com remorso. Imaginei um sobrinho tendo que pedir dinheiro para voltar para casa.
Diante do problema resolvido, segui meu caminho levando meu dinheiro, convencida de que o moço estava agindo de boa fé. Se fosse de má fé, ele ficaria com os meus R$ 2, 50, acredito!
Vivemos num mundo tão conturbado, com tanta gente desonesta, que fica até difícil acreditar quando alguém realmente lhe pede dinheiro para pegar ônibus.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Escrevo, logo existo

A frase (inspirada no filósofo francês René Descartes) está longe de ser original, mas me veio à mente quando me preparava para atualizar este blog. Por que a gente escreve, escreve, escreve num mundo onde cada vez se tem mais informação e menos tempo para ler?
Acho que é uma forma de afirmação de nosso ego, o que tem um lado positivo e outro negativo. Por que precisamos tanto revelar o que sentimos, o que pensamos, o que somos? E até que ponto somos realmente sinceros mesmo num espaço tão pessoal quanto um blog?
Há algum tempo quando conversava com um sobrinho (uma pessoa muito crítica e de personalidade ímpar) sobre este blog, ele questionou isso: o quanto as pessoas são verdadeiras em seus blogs ou estão só querendo passar uma imagem para eventuais leitores?
Confesso que às vezes me autocensuro; mas procuro ser o mais autêntica possível, mesmo que às vezes pareça tola.
Toda essa introdução é para dizer que estou lendo um livro muito interessante. Chama-se "Um homem mau", de autoria de Wilson Britto, um consultor mineiro, que conheci por causa de um trabalho que fiz recentemente. O livro foi publicado pela Editora Entrelinhas em 2010.
Confesso que resisti um pouco a mergulhar na leitura e tive que recomeçá-la algumas vezes, mas agora me empolguei e vou até o fim. O livro parte de uma discussão sobre o que é felicidade, mas não pretende ser um manual de autoajuda. De acordo com o texto de apresentação, ele é o primeiro de uma trilogia e "apresenta a realidade segundo uma visão mística pautada na filosofia oriental".
Estou praticamente na metade da leitura, mas alguns conceitos apresentados bateram fundo em mim. Com isso não estou dizendo que concordo 100% com eles e sim que mexeram comigo.
Um deles diz que a gente não pode mudar alguém. Outro é que não existe felicidade sem liberdade e paz. Outro ainda é que as pessoas passam a vida em busca da felicidade, condicionando-a a certas conquistas; tudo besteira, já que a felicidade está no "aqui e agora".
Isso soa familiar?
Não é minha intenção fazer uma resenha do livro agora (isso seria prematuro), mas apenas compartilhar algumas ideias que vem me assombrando (ou seria melhor dizer "me tranquilizando"?) nos últimos dias. Voltarei ao assunto em breve.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Seria cômico se não fosse sério

O trânsito é um mega problema em quase todas as capitais brasileiras e, quiça, do mundo. Cuiabá não poderia ser exceção, mas nos últimos tempos o trânsito tornou-se um problemão na capital de Mato Grosso.
Aumento na frota de veículos, ruas estreitas numa cidade não planejada, enfim, as razões são muitas e não é meu papel enumerá-las e discuti-las tecnicamente, mas a incompetência das autoridades municipais responsáveis pelo problema é de fazer rir ou chorar, dependendo do humor do dia.
Hoje li no site midianews http://www.midianews.com.br/ que o secretário de Trânsito e Transportes Urbanos de Cuiabá, Edivá Alves, sugeriu tirar um colégio (o Maxi) do lugar para amenizar o problema do trânsito nos horários de entrada e saída dos alunos.
É mais ou menos como sugerir tirar o Colégio Santo Inácio da rua São Clemente no Rio de Janeiro (estudei lá há 300 anos e o trânsito em Botafogo por causa desse e outros colégios sempre foi terrível).
Os comentários sobre a notícia no próprio site também são engraçados e algumas pessoas sugerem tirar outros colégios de lugar - o São Gonçalo, o Coração de Jesus - e alguém sugere "mudar Cuiabá de lugar". Talvez seja essa a solução, já que quem cuida do trânsito não sabe o que fazer.
(Suspiro) Sou mãe, tenho filhas que estudaram no Maxi desde a inauguração do colégio e já enfrentei esse trânsito marrento (isso é um pleonasmo?). Os pais param o carro onde bem entendem para os filhos descerem ou entrarem "rapidinho"e pronto: multiplique esses segundos pela quantidade de alunos e dá para imaginar a confusão no bairro Quilombo e no entorno. Tem mais um detalhe: a entrada principal do colégio (que não pára de crescer) fica numa rua secundária que é uma rampa assustadora, mas a maioria dos carros usam mesmo a rua Estevão de Mendonça. 
É claro que o colégio não deveria ter sido instalado naquele lugar, mas alguém da Prefeitura deu essa autorização ou então o estabelecimento está irregular, o que depõe também contra a Prefeitura.
Ou seja, a Prefeitura está errada de todo jeito: porque autorizou um colégio particular dessa envergadura a se instalar num local sem condições de tráfego, ou porque permite que esse estabelecimento funcione lá (caso não tenha álvara, o que duvido muito), ou porque não consegue dar uma solução razoável para o problema do trânsito nesse e em outros pontos de estrangulamento da cidade.
Moro na rua Estevão de Mendonça, a poucas quadras do Colégio Maxi, mas distante o suficiente para evitar passar perto nos horários de pico. Quando eu me mudei para cá, há oito anos, era uma rua movimentada, porém ainda tranquila. Hoje, evito sair de casa nos horários de pico (entre 7h30m e 8h, 11h30m e 12h30m, 17h30 e 18h). Minha rua vive engarrafada! É uma rua residencial e comercial ao mesmo tempo, tem estacionamento permitido nos dois lados, é passagem de várias linhas de ônibus e única alternativa para vários destinos.
Eu mesma, às vezes, quero evitar passar na minha rua, mas não consigo achar um caminho alternativo. Para vocês verem o tamanho da encrenca que é o trânsito em Cuiabá! O jeito vai ser mudar a cidade de lugar como sugeriu o inspirador leitor do site midianews.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Quem quer ser professor?

Nos últimos dias várias pessoas ligadas às minhas filhas foram aprovadas (ou não) em concursos vestibulares pelo país. Muitos desses jovens buscam cursos de Arquitetura, Medicina, Engenharia, Direito, Odontologia, Psicologia, Veterinária, Computação, etc.
Não soube de ninguém que tenha buscado um curso de licenciatura. ou seja, não conheço jovens que estejam de olho no ensino de línguas (português ou estrangeiras), de matemática, ciências, história, etc.
Acabo de me lembrar de uma exceção: tenho um sobrinho que se formou em História no ano passado, foi aprovado num concurso para professores no Paraná (onde está morando) e, mais recentemente, para o mestrado.
Volta e meia, a gente lê reportagens e artigos falando sobre a importância da educação e necessidade de maior valorização do profissional do ensino, mas infelizmente esse papo é quase como aquela conversa sobre a situação nos presídios e delegacias. De vez em quando, alguém faz uma denúncia, a mídia faz uma reportagem contundente, muita gente lamenta, comenta, porém pouca coisa (ou nada) muda.
Ensinar é uma arte e exige muito esforço, dedicação, autocontrole, generosidade e disciplina. Professores deveriam ser tão bem remunerados quanto juízes, parlamentares (muitos dos quais sequer deviam ser pagos pelo nada que fazem), mas, por alguma razão que me foge à compreensão, o mesmo Estado e a mesma sociedade que pagam juízes, desembargadores, parlamentares (até dão pensões vitalícias para viúvas desses parlamentares) não acham que professores mereçam ganhar bem.
No ensino particular (com exceções, é claro) a situação ainda é pior. Há algumas semanas uma amiga me convidou para dar aulas de literatura num colégio particular de Cuiabá por R$ 9 a hora/aula!
Percebi que ela estava constrangida de mencionar a remuneração. Como a escola é longe da minha casa, eu praticamente iria pagar para trabalhar. É claro que recusei delicadamente.
Tenho muita vontade dar aulas como voluntária, mas isso é outra coisa e nesse caso eu não ensinaria num estabelecimento que cobra mensalidade dos alunos.
Enfim, longe de mim tentar dar solução para isso, apenas queria chamar atenção para o problema.
Hoje tem um monte de gente estudando para ser delegado, tem até gente querendo muito ser do Bope; gente se matando de estudar para conseguir um emprego público; gente demais querendo ganhar dinheiro fácil por meio de participação em programas do tipo BBB, mas não ouço ninguém dizer: quero ser professor!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Terra Brasilis

Mais uma vez minha cabeça fervilha com vários temas que me atraem. Do que tratar?
Vou ficar no mais próximo: no final da noite de ontem, juntei minhas forças para ir ao bar Tom Chopin em Cuiabá dar um abraço numa amiga que se apresentava com seu grupo.
Deise Águena, professora de estatística numa universidade local, é uma cantora maravilhosa. Tem uma voz suave, repertório bacana, e se apresenta no grupo feminino Boca de Matilde e individualmente em bares da cidade. Há pouco tempo formou o grupo Terra Brasilis com mais três músicos (o violonista Rusível Zeferino, a cantora e percussionista Juliane Grisólia e um baixista cujo nome vou ficar devendo). O grupo se apresenta às terças-feiras no Tom.
Ontem aproveitei o convite de Deise para um bolinho à meia-noite, que aliás estava uma delícia, para conferir o som do grupo. Que gostoso!
Além dos músicos já citados, ontem, como era dia de festa, houve algumas canjas, entre elas, uma quase permanenente do trompetista Toni Maia, que dá um molho especial a qualquer canção.
Como vou descrever o som? Teve samba, axé, MPB, mas nada de muito convencional. Foi um som gostoso, com direito a muitos solos por parte dos instrumentistas - uma coisa meio jazzística.
Chegou uma hora que deu vontade de dançar, mas não aquela coisa frenética de samba e sim um lance de deixar o corpo fluir ao som da música, dos instrumentos e da voz das cantoras.
Fica a dica para quem mora ou passar por Cuiabá: Terra Brasilis no Tom Chopin, às terças-feiras - mais uma prova de que a capital mato-grossense tem músicos da melhor qualidade.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A carne é fraca?

Tenho comprado pouca carne ultimamente, mas ontem fui ao supermercado às pressas e entrei na fila do açougue. Levei um susto quando vi o preço do quilo da picanha no Big Lar: R$ 45,89! Eu não pretendia comprar picanha, que é uma carne muito gostosa e apreciada em churrascos, mas mesmo assim perguntei ao balconista:
- É isso mesmo ou estou enxergando mal?
O quilo do contra-filé estava custando R$ 22,79. Comprei pouco mais de um quilo de músculo moído a R$ 9,69.
Eu tinha lido que a carne bovina estava mais cara, mas não pensei que era tanto. Isso em Mato Grosso - estado detentor do maior rebanho bovino do país com aproximadamente 28 milhões de cabeça!
Acompanho há tempos a evolução da pecuária em MT e no Brasil, inicialmente por ter morado em Cáceres, município historicamente pecuário, e mais recentemente como jornalista na revista Produtor Rural.
É uma novela ... Pode-se dizer sem entrar em muitos detalhes técnicos que os custos de produção estão sempre subindo (quem diz e comprova isso é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea/Esalq/USP) e os pecuaristas estão sempre reclamando.  Tem o ingrediente da eterna briga com a indústria frigorífica, que é um capítulo à parte, porém nos últimos tempos os pecuaristas de MT tem se organizado mais e tanto as lideranças dos produtores quanto dos frigoríficos vêm culpando os varejistas (principalmente as grandes redes de supermercados) pelos desajustes na cadeia da carne bovina.
É um assunto meio árduo para tratar neste espaço, mas convido meus leitores daqui para acompanharem em breve informações mais técnicas (e nem por isso menos interessantes) sobre esse e outros temas relacionados ao agronegócio no endereço http://www.revistaprorural.com.br/
A revista Produtor Rural não morreu. Ela apenas se modernizou.
Eu aviso assim que tivermos novidades.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Problemas urbanos

Estou meio atônita com os últimos acontecimentos do mundo, do Brasil e da minha cidade. Vou me ater à cidade onde moro, já que muita gente já deve estar comentando o resto.
Cuiabá é um mar de buracos - a situação na cidade vizinha, Várzea Grande, parece ser ainda pior. Ontem, caí inesperadamente num enorme perto da rodoviária num lugar onde costumo passar sempre, mas hoje o susto foi maior: tem um buraco no cruzamento das ruas São Sebastião e Dom Bosco (a poucos metros de onde moro) que, volta e meia, me surpreende.
Em geral, presto atenção para desviar dele, mas hoje, quando vinha do médico com minha filha caçula, pensei em outra coisa no momento crucial (na verdade, eu me lembrei de um samba lindo do Paulinho da Viola: "Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar"... ) Pronto! O barulho foi enorme (até achei que tinha estourado um pneu) e parte do painel do carro se desprendeu com o impacto.
Esta é a capital de Mato Grosso, que "se prepara" (?) para sediar a Copa do Mundo em 2014, mas não tem muita consideração com seus moradores. Os especialistas em turismo ensinam que cidade boa para visitar é aquela que é boa para seus habitantes.
Ouço o telejornal local no horário do almoço e é só notícia ruim: falta d`água crônica em alguns bairros, buracos que tomam conta de ruas, assaltos por todo lado.
Mas o pior, para mim, é a situação do Pronto Socorro da cidade: o ex-prefeito Wilson Santos se jactou de ter feito a maior reforma de todos os tempos; sai prefeito, entra prefeito, e a situação continua sendo de caos total, com gente no chão no box onde ficam internados os pacientes em estado mais grave (segundo a reportagem da TV Centro América).
Cuiabá é uma cidade boa de se viver,  mas dá sinais de que tem todos os problemas de uma grande capital e de capitais menores também.
Espero em breve poder fazer um post bem bonito sobre a cidade que escolhi para morar. Mas não posso dar uma de avestruz, enviar a cabeça no buraco e deixar de denunciar as coisas ruins.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O desafio de fazer turismo em MT

Hoje aproveitei umas horas de folga inesperada para comprar uma garrafa de kangingin (bebida com supostas propriedades afrodisíacas típica de Vila Bela da Santíssima Trindade) com minha filha, estudante na Unesp Jaboticabal. Ela prometeu levar uma garrafa para suas amigas de república e outros colegas experimentarem.
Fomos ao Sesc Arsenal no bairro do Porto, mas na loja de lá só tinha uma garrafa em miniatura e o próprio vendedor sugeriu que fôssemos à Casa do Artesão, também mantido pelo Sesc e localizada a poucas quadras dali. Ele me informou que o local fechava às 17h30m e, como faltavam ainda uns 10 minutos para as 17h, pegamos o carro e fomos direto.
Chegamos lá 17h02m, porém a porta já estava trancada. O segurança disse que o horário de fechamento era às 17. Argumentei que eu tinha acabado de receber uma informação diferente, que, aliás, constava da placa instalada na frente do prédio. Em vão.
"Volta amanhã" - disse o segurança tentando ser simpático.
"Moço, eu não moro exatamente aqui do lado e passaram poucos minutos das 5h" - respondi, mostrando meu relógio de pulso.
Nisso chegaram mais duas pessoas querendo entrar e passou a funcionária da Casa do Artesão com uma cara nada amigável. Comentei com ela sobre a "antecipação" do horário de fechamento e ela respondeu que foi uma decisão interna motivada por questões de (in) segurança.
Ah bom! Cinco horas da tarde, sol a pique, e os funcionários decidem fechar meia hora mais cedo um local supostamente destinado a turistas por medo de ladrão...
Olha, diante de uma notícia dessa, se eu fosse turista passava longe de Cuiabá.
É assim que Mato Grosso se prepara para receber os turistas que virão embalados pela Copa do Mundo de 2014?  

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sob proteção

Hoje, enquanto aguardava o desenrolar de um exame de saúde da minha filha (que não desenrolou porque a Unimed dela é de Cáceres e ia levar de 24 a 48h para fazer a auditoria; isso no tempo da internet, mas deixa pra lá), peguei uma revista Veja velha para folhear (por que os consultórios onde a gente mais espera sempre só tem revista velha???)
Não vi a data, mas abordava as semanas logo depois do terremoto no Haiti, que aconteceu em janeiro do ano passado. Tragédia velha ... Tantas outras já aconteceram depois ... Imagens terríveis de pessoas mortas, sendo linchadas porque tinham participado de saques, um homem com o corpo da filha ensaguentado nos braços, um horror ...
Há três semanas a gente se horrorizava com a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro que certamente não acabou, já que as consequências da tragédia ainda estão sendo sentidas por quem está por lá, assim como as do terremoto no Haiti.
 Ontem mesmo conversávamos minha irmã Jane e eu sobre a região serrana e ela contou que uma amiga que tem casa em Itaipava e esteve lá no final de semana disse que os restaurantes e os hotéis estão às moscas.
No Haiti as coisas parecem estar bem piores.
Agora, a bola da vez na mídia televisiva (leia-se Globo) é o Egito. Impressionantes as imagens hoje do confronto entre a turma pró e contra Mubarak. Pedras pra todo lado, o pau quebrando, gente sangrando, barra pesada total. Como esse povo é sofrido e desesperado e valente!
Diante disso eu me refugio numa imagem muito bacana que minha sobrinha Dete criou ontem em seu blog http://www.piassa-braziliansoul.blogspot.com/ 
Ela comparou nossa família a uma tribo, que se protege, se interessa por tudo que acontece com outro membro, mesmo a distância e ajuda na medida do possível.
Achei tão gostosa a ideia de pertencer a essa tribo, que, embora espalhada pelo Brasil e pelo mundo (tem gente nos EUA e na Europa nesse momento, mas já teve parente morando na Austrália, na Coreia do Sul), consegue se manter em contato nesta "aldeia global" graças ao telefone, aos blogs, emails, orkut, facebook, skype e toda essa parafernália.
Fico orgulhosa de duas irmãs mais velhas (setentonas) que aprendaram há pouco o bê-a-bá da internet e já conseguem acompanhar nosso bla-bla-bla digital.
Nossa tribo é democrática e bem aberta. Ela é meio matriarcal, mas é bem receptiva aos novos membros desde que o "parêntese" (ou agregado) não apronte com algum integrante nato do clã. Nesse caso ele (ou ela) será tratado educadamente como pai ou mãe dos mais novos membros da tribo, porém nunca mais será considerado um membro de verdade.
Mas amamos perdidamente os "parênteses" que entraram na tribo, se integraram a ela e ficaram até partirem para... onde?
Fazer parte de uma tribo assim é um tremendo consolo neste mundo caótico e aparentemente sem sentido.

PS. Acabei de me tocar que nossa tribo não tem cacique!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

E agora, José?

Tudo como dantes no quartel do Abrantes: José Sarney assume novamente a presidência do Senado; em Mato Grosso, José Riva assume pela quinta vez a presidência da Assembleia Legislativa.
Essa notícia deveria ser tranquilizadora e prova de que temos políticos de bem no comando das principais casas legislativas nas esferas federal e estadual.
Ledo engano. Ler isso só me deixa para baixo e resolvi comentar logo o assunto no blog para botar para fora minha frustração, minha raiva.
Nem precisa falar de Sarney. Todo mundo conhece o homem do bigode, coronel da principal oligarquia maranhense que se grudou como ostra ao poder desde que me entendo por gente. Sai presidente eleito, entra governo militar, entra presidente eleito pelo colegiado (com apoio do povo) e ops ... por um azar do destino, ei-lo presidente do Brasil, o vice que estava ali só para compor. Claro que não. O homem é forte, poderoso, nada o derruba, como pudemos ver recentemente com um monte de escândalos envolvendo a Fundação que leva seu nome. O que me irrita mais é ouvi-lo na Rádio Senado (naqueles terríveis intervalos em que pára de tocar música boa) dizer que ele não queria a presidência novamente. Aceita esse encargo com espírito de sacrifício. Tadinho ... É de cortar o coração... Argh
Quanto ao deputado José Riva, é adorado pelo povo do Norte do Estado, onde tem seu curral, mas conseguiu também se tornar uma espécie de Sarney mato-grossense. Está envolvido em vários escândalos (quem quiser ler, é só procurar sua ficha corrida nos sites de busca), mas se eterniza no poder, é bajulado pelos governantes e nos dá a sensação de que nada muda na política.
Não posso terminar esse post de uma maneira tão negativa e resignada. O que posso fazer? Além de tocar minha vida com honestidade, tentar não fazer mal para ninguém, procurar o amor dentro de mim, estudar, escrever, desabafar? Sei que tudo isso é pouco, mas no momento nada mais me vem à mente, infelizmente.
Tenho uma profissão valente, mas que não me é de grande valia - a não ser para sobreviver - nesse contexto atual.
Mudando totalmente de assunto, ontem fui ao velório de uma amiga, uma pessoa que conheci há menos de um ano, alguns anos mais velha que eu, que lutava contra um câncer há muito tempo. A  amiga em comum que nos apresentou em abril passado sempre elogiou a força da amiga na luta contra a doença. Ela sabia que não resistiria por muito tempo, mas nunca deixou de beber sua cerveja, fumar e cantar. Apesar das dores intensas, procurava manter o astral alto.
Ontem no seu velório as pessoas choraram pela perda da amiga, mãe, filha, irmã, mas cantaram em sua homenagem. Entre outras canções, o povo cantou "O que é, o que é" de Gonzaguinha, um dos sambas mais bonitos e inspirados que conheço.

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei que a vida podia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita"

É isso aí. A vida é bonita apesar do Sarney e do Riva.
Espero que a Lúcia esteja bem onde estiver.

PS: "Quando eu morrer, não quero choro, nem vela..."
Quero música! De preferência, músicas alegres. Nada daquelas músicas para cortar o coração, tipo violino, um saxofone solitário, ok?