domingo, 28 de dezembro de 2008

Como cachaça

2008 está quase terminando e não sei se ainda terei tempo e inspiração para escrever neste espaço, que foi significativo na minha vida. Eu me expus e até consegui alguns leitores assíduos. Eu questionei algumas vezes o sentido de manter este blog e cheguei à conclusão - pelo menos, até agora - de que ele satisfaz em parte um desejo de escrever sobre tudo: o mundo, a brutalidade, a beleza ... Acho que podia escrever mais, investir mais no blog (trazer imagens, links, textos de outros), mas o tempo que dedico a ele é sempre muito pequeno: cinco, dez minutos, quando muito.
Termino 2008 com uma sensação boa - cantei no Cantorum, soltei a voz literalmente, voltei a fazer yoga, fiz novos amigos, fiz o melhor que pude para cuidar das minhas filhotas, trabalhei bastante, procurei (e ainda estou procurando) reequilibrar minhas finanças (como é difícil!) e, acima de tudo, procurei manter a fé na vida, me abrir mais, gostar das pessoas e acreditar nelas. Será que não é isso o mais importante?
Claro que poderia ter feito mais, mas pelo menos quero continuar tentando, insistindo nessa busca por encontrar mais amor dentro de mim e consegui compartilhá-lo porque de ódio o mundo já está cheio.
Obrigada aos que me leram e me incentivaram! A gente continua em 2009. Acho que blog é como cachaça: depois que a gente começa não consegue largar mais.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Analfabetos funcionais

Tem horas que fico tão indignada que não sei o que fazer, confesso. Peguei os jornais diários de Cuiabá e li tanta notícia ruim que fiquei irritada. Notícias variadas sobre deputados faltosos (o campeão de faltas da bancada mato-grossense - advinhem - é Pedro Henry, aquele mesmo de Cáceres, cujo irmão, Ricardo, acaba de ser cassado como prefeito reeleito), flanelinhas que quebraram o retrovisor do carro cujo motorista não quis lhes dar a grana exigida, etc, etc ...
Mas a que mais me aborreceu foi a manchete do jornal "Folha do Estado": 88% dos estudantes da 4ª série do Ensino Fundamental de Mato Grosso não sabem ler e escrever "de maneira plena", segundo o Sistema da Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Estou cansada de ler essas manchetes e nada muda. Muito pelo contrário, o governo do Estado de Mato Grosso bate no peito com orgulho para dizer que tem feito muito pela educação. Trabalhei um ano na Secretaria de Estado de Educação e, com respeito a alguns profissionais bem intencionados que trabalham lá, acho que tinha que implodir a Seduc e começar tudo de novo.
Não sei quem teve a idéia brilhante de acabar com a repetência simplesmente aprovando os alunos saibam eles escrever e ler ou não. Ou seja, vai se empurrando o problema com a barriga numa escola onde pouco se ensina, muito pouco se aprende e o bom professor e o aluno capaz viraram exceção e não a regra.
Está se formando aqui uma geração de analfabetos funcionais que não terão condições de ocupar as vagas de emprego que se abrem na indústria e mesmo no campo (agronegócio). Marginalizados, esses jovens não terão muitas alternativas na vida a não ser a bandidagem e o ócio nada criativo. O resto da história todos conhecem. Até quando?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Musical

Hoje acordei feliz demais. Pensei no caminho: estou com saúde, não estou com dinheiro sobrando, mas estou melhor do que estava no ano passado; tenho filhas maravilhosas, amigos e família que, mesmo a distância, dá uma força legal; tive um fim de semana excepcionalmente bom ...
É engraçado, sempre que me sinto feliz me dá uma pontinha de aperto no coração. Culpa? Medo de acontecer alguma coisa ruim e virar minha sorte? É uma coisa antiga que trago desde pequena.
Por que será que a gente complica tanto a vida, ?
Hoje acordei pensando como seria minha vida se ela fosse um musical, daqueles em que sem mais nem menos alguém começa a cantar. Sempre gostei de musicais. Basta dizer que um dos meus filmes preferidos é "A noviça rebelde", que não me canso de ver/ouvir. Gosto muito também de "Cantando na chuva", "Moulin Rouge", "Cabaret", "Fantasia" e "Mary Poppins", entre outros.
Ontem assisti a "Across the universe", cuja estréia me passou despercebida (agradeço a dica ao blog tendenciasa do jornalista Elton Rivas). Embora a trilha seja maravilhosa (Beatles, Beatles e Beatles), o filme não chega a ser inesquecível. A história está longe de ser original e falta um pouco de carisma aos personagens. Além do mais, a mistura história normal com musical viajado não ficou bem resolvida. Tem horas que os personagens cantam demais, tem horas em que cantam de menos.
Mas fica a pergunta, se minha vida fosse um musical, qual seria a trilha? Muito Chico Buarque, com certeza, mas haveria espaço para tudo: música erudita (O Guarani, de Carlos Gomes, cujos acordes iniciais me remetem à infância), bossa nova, marchinhas de carnaval, sambas do Cacique de Ramos, samba-enredo, Gismonti, Mílton, Caetano, Gil, Gonzaguinha, Rita Lee, Lulu Santos, blues, jazz, música instrumental, Beatles e samba, muito samba.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Reflexões de fim de ano

Hoje várias pessoas do meu trabalho vieram se despedir e desejar boas festas, etc, etc. Esse clima de fim de ano mexe comigo. Por um lado, fico feliz até porque estou animada com a perspectiva d um Natal e Ano Novo diferentes (há cinco anos passo essas festas no Estado do Rio); por outro, rola uma certa ansiedade, um desejo de ter resolvido melhor algumas coisas.
Isso tudo é besteira, de uma certa forma. Faz tempo que deixei de acreditar na "magia" do Natal e do Ano Novo. Acredito sim no desejo e na alegria de procurar estar junto de pessoas que a gente ama e pensar no bem geral da humanidade, mas não tem mágica. As pessoas não vão deixar de se odiar, se maltratar, se matar, se embebedar ou se drogar porque é Natal e porque um novo ano está começando.
Mas de qualquer maneira não deixa de ser uma época de confraternização e reflexão sobre o que estou fazendo da minha vida. Quando eu era menor acreditava que dependendo do meu estado no momento exato da virada do ano teria um bom ano ou não, depois vi que não tinha a ver. Tive ótimos réveillons e anos nem tanto e vice-versa. Na verdade, acho que tudo é uma continuidade e cabe a cada um criar o "seu" momento de virada. Se quiser.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Flechas

Hoje estou com o coração apertado porque minha filha mais velha vai viajar. É para perto (pouco mais de 200 km) e vou revê-la no Natal, mas mesmo assim a separação traz um misto de alegria (ela estava louca para viajar e correu muito para terminar seus trabalhos de faculdade a tempo) e pesar. Tem um ditado que diz como é bom e complicado ter filhos: a gente não consegue imaginar a vida sem eles, porém a responsabilidade é infinita e grande.
É curioso, estou lendo antes de dormir um livro que ganhei de uma amiga. O livro é de Rubem Alves. De imediato, confesso, não lhe dei muita atenção. Gosto de livros que contam uma história e, na verdade, o livro traz várias pequenas histórias, pensamentos. É como se fosse um blog publicado. Mas comecei a ler naqueles instantes antes de dormir onde não consigo ler nada muito profundo e gostei! É sempre reconfortante ler as palavras de um pensador ilustre e ver que em alguns instantes - modéstia à parte - elas não se distanciam tanto do que a gente pensa e/ou escreve.
Fiz esse parêntese (é assim mesmo, no singular?) para falar de um trecho que li ontem e mencionava a passagem que mais me marcou do livro "O Profeta", de Gibran Khalil Gibran. Trata-se da menção aos filhos em que o poeta libanês diz que nós, pais, somos apenas o arco e que nossos filhos são como flechas lançadas ao mundo. Criada numa família superprotetora, sempre gostei muito dessa passagem e concordo: nossos filhos pertencem ao mundo. Rubem Alves vai mais longe: ele diz que Gibran reduz um pouco a liberdade dos filhos no momento em que faz menção ao arco e flecha, ou seja, os filhos vão na direção que os pais miram. Concordo em parte com ele: a gente pode até mirar, mas a flecha humana faz curvas surpreendentes e parece ter vontade própria.
Esta semana ando me alongando muito nos meus posts que escrevo como flechas lançadas ao mundo. Se elas acertam ou não algum alvo, difícil saber. Meu coração gosta de lançá-las.
Para finalizar quero compartilhar o que considero uma ótima notícia: o prefeito de Cáceres, Ricardo Henry, foi cassado, e não poderá ser diplomado hoje como prefeito para o próximo mandato. Quem assume é o ex-prefeito (2001-2004) Túlio Fontes, o segundo candidato mais votado (a diferença foi de cerca de 500 votos numa eleição em que foi flagrante o abuso econômico dos irmãos Henry- Ricardo e seu "mentor" o deputado federal Pedro).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Profissão repórter

Televisão me dá sono, em geral. Na segunda-feira, consegui dormir assistindo a "Procurando Nemo", desenho animado que incluo entre meus favoritos. Mas contrariando o meu desejo de ir para a cama às 23h ontem, assisti ao "Profissão Repórter". Valeu a pena, embora os relatos e imagens das pessoas que viveram a tragédia de Santa Catarina tenham me deixado sem sono.
Mas o que quero ressaltar é a qualidade do programa, idealizado e conduzido pelo jornalista Caco Barcelos. É chover no molhado elogiar as qualidades de Caco, profissional que desperta a minha admiração desde muito tempo antes de se lançar ao "estrelato" global.
Seu trabalho como escritor (Rota 66, Abusado e outros) só aumenta seu prestígio entre colegas e estudantes de jornalismo.
No final de 2005, quando esteve em Cuiabá para uma palestra no encontro de jornalistas promovido pelo Sebrae, ele confirmou seu carisma e se revelou bastante simples, como devem (e geralmente são) os verdadeiros jornalistas. Contou que estava trabalhando num novo projeto em São Paulo, que se transformou no "Profissão Repórter".
O programa tem a cara do Caco e ainda funciona como uma escola para jovens repórteres. Mas o que mais me chama atenção (e me cativou no programa de ontem) é a empatia natural que rola entre entrevistados e repórteres. Não é aquela intimidade forçada, nem aquele canibalismo de alguns jornalistas dos programas sensacionalistas. É só aquela compaixão que sempre deveria haver sempre na relação entre jornalista e seus entrevistados. Afinal aquele papo de objetividade e/ou frieza jornalística já era há muito tempo.
Inesquecíveis o sorriso do menino acordado pela mãe com a chegada de Caco - "É o moço da televisão" -, os relatos, lágrimas e expressões das pessoas que sobreviveram à tragédia e perderam filhos, pais, sobrinhos, etc. Muito legal o recurso de mostrar as imagens mais recentes contrapondo-se às do auge da tragédia.
Enfim, vale a pena perder algumas horas de sono para prestigiar o programa do Caco. Pena que ontem tenha sido o último programa do ano. Vida longa ao projeto!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Visões de Cuiabá

Não consigo começar a trabalhar enquanto não expressar um pouco da minha angústia. Fui ao supermercado cedo e a primeira coisa que me chamou atenção - e me embrulhou o estômago - foram as fotos de um jovem frentista torturado por homens da PM sob suspeita de roubo de carro. Segundo o rapaz, ele estava fazendo um "bico" numa garagem particular durante uma festa, quando aconteceu a acusação de roubo. Nada justifica a violência sofrida por ele.
Fiquei pensando nos simpáticos PMs que vi sábado à tarde durante minha ida ao Centro para algumas compras. Em dois momentos um deles entregou um panfleto à minha filha falando sobre o trabalho da PM para garantir a segurança durante o período pré-natalino. Tão simpático!
Fico me perguntando se são os mesmos homens os que "nos protegem" e os que se acham no direito de torturar qualquer suspeito.
Quando chego à redação leio outra notícia assustadora no mesmo diário: o caso de um assaltante de 16 anos que invadiu uma casa em Cuiabá, atirou num rapaz de 15 (que talvez fique paraplégico) e foi linchado pela família, que se lançou sobre ele depois do tiro.
Justiça com as próprias mãos! Mas será que o rapaz teria um destino muito diferente nas mãos da PM?
Longe de mim ter respostas ou soluções para um problema que se arrasta há décadas e que é estudado por centenas de especialistas, mas continuo sendo radicalmente contra a violência. A família matou o assaltante, mas como fica o estado emocional de todos após esses fatos?
Nessas horas queria ser repórter de polícia só para saber o que dizem os comandantes, os corregedores, enfim, as autoridades e os tais especialistas. Ou não?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Visões da África

Aproveitei o fim de semana para descansar de uma semana puxada e assistir a alguns filmes. Optei por um leve e um mais pesado: o nacional "Chega de saudade", de Laís Bodanski, a mesma diretora do ótimo "Bicho de Sete Cabeças", e o inglês "O último rei da Escócia", a história do ditador Idi Amin Dada, que rendeu o Oscar de melhor ator a Forest Whitaker.
"Chega de saudade" é uma delícia. Tudo se passa num clube de São Paulo onde pessoas acima de 50 anos se reúnem tradicionalmente para um baile, que começa no final da tarde e termina antes da meia-noite. O filme mescla atores conhecidos com habitués desse tipo de baile, e conta pequenas histórias. Os temas principais são amor, solidão, ciúme, alegria e a dança como fonte muita vitalidade, sensualidade e prazer.
É difícil destacar um personagem (adorei a cena em que a atriz Cássia Kiss abre a janela e discretamente chora diante da preferência de seu escolhido por uma mulher mais jovem, interpretada por Maria Flor), mas fiquei muito impressionada com o casal vivido por Leonardo Vilar e Tônia Carrero - dois atores veteranos, premiados, consagrados, interpretando personagens cheios de nuances e humanidade. É um filme para ver e rever tal a quantidade de detalhes a serem observados (música, dança, tipos, interpretações). É um filme para ser apreciado como uma bebida ou comida especial, como se fosse um licor, um vinho ou um chocolate fino.
O outro filme é o oposto: uma porrada. Tudo é forte, intenso: a ingenuidade do jovem escocês que começa trabalhando como médico na área rural de Uganda e acaba como médico particular/conselheiro do ditador Idi Amin Dada. Ele acaba pagando um preço caro por sua inconseqüência. Como espectadora, a gente torce para que o final seja diferente e que o rapaz - um personagem ficcional, mas baseado em personagens reais - não esteja tão enganado quanto a Amin, mas como conhece a história sabe que não há saída.
Todos os filmes feitos na África aos quais assisti recentemente são extremamente tristes (O jardineiro fiel, Hotel Ruanda e O Último rei da Escócia). Ainda não vi "Diamante de sangue". O duro é saber que a realidade pode ser ainda mais cruel do que o que os filmes mostram, mas acho que o cinema faz um papel importante trazendo essa realidade até o resto do mundo.
À noite fui assistir a "Madagascar II" com minha filha. O cinema, mesmo numa sessão noturna, estava cheio. Decididamente as pessoas estão mais a fim de diversão e gracinhas de bichinhos numa África, onde o bem (a amizade, o amor entre pais e filhos, a lealdade) sempre vence o mal.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A primeira pedra

Passei assoviando pelo corredor do meu local de trabalho e alguém me perguntou se eu estava feliz. Feliz, eu? Não exatamente. É engraçado isso: não assovio apenas quando estou feliz e relaxada. Mas estou longe de estar infeliz. Continuo ciente de que 2008 foi um ano de muitos progressos e mudanças positivas na minha vida. Termino o ano com saúde (aparentemente) e bem mais em paz comigo mesma.
Venci alguns desafios e me sinto mais forte que há um ano.
O que falta? Muita coisa, mas principalmente a capacidade de encarar e administrar melhor as diferenças, os conflitos em potencial. Como sou muito exigente comigo mesma, tendo a ser assim com as outras pessoas e vou da extrema admiração (cada vez menos, é verdade) a um certo grau de desprezo e irritabilidade com muita facilidade.
Como é difícil viver em sociedade. Tem horas que dá vontade de ter coragem de se isolar do mundo e viver como ermitã. Não, não tenho vocação para isso: gosto de conversar, dançar, namorar, cantar em grupo, embora também aprecie bastante a minha companhia.
Para não ficar só no meu umbigo, gostaria de comentar o resultado de uma pesquisa que li em OFiltro: 43% dos brasileiros entrevistados concordam com a máxima "bandido bom é bandido morto". É engraçado que hoje vim para o serviço pensando numa notícia que li num jornal local sobre um pai preso após abusar sexualmente de um casal de filhos (de 9 e 6 anos). Minha primeira reação foi "Esse cara tinha que morrer. Fazer uma coisa dessas com seus próprios filhos, duas crianças!" Mas depois imaginei que um monstro desses deve ter passado por algum trauma para fazer isso e, portanto, merece tratamento.
Enfim, continuo discordando que "bandido bom é bandido morto". Até porque se essa máxima for levada ao pé da letra, quem vai sobrar? Não sou religiosa, mas me pergunto quem são os puros para julgar os demais e jogar a primeira pedra?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O triste fim de Marcelo Silva

Que os meus diletos leitores me desculpem, mas não posso deixar de comentar o caso do ex-marido da atriz Suzana Vieira, por ser tão emblemático de nossa sociedade atual. Peço desculpas também ao escritor Lima Barreto por pegar emprestado o título do seu livro mais famoso.
É lugar comum dizer que vivemos numa sociedade enlouquecida, onde, por exemplo, a polícia que deveria proteger mata e tortura. Vejamos três casos que estão na mídia hoje: o do torcedor do São Paulo, assassinado por um tiro de um PM em Brasília (hoje li declarações do advogado do PM que diz que seu cliente está "em estado de choque". Por que será que todo PM fica em estado de choque quando mata alguém? Matar e morrer parece tão banal na vida deles...); o dos PMs presos sob acusação de terem torturado uma equipe do jornal "O Dia" no Rio de Janeiro, e dos PMs absolvidos pela morte do menino João Roberto também no Rio. Que polícia é essa que chega atirando num carro de uma mulher e duas crianças? Que razões justificam a absolvição desse PM despreparado? Ele vai continuar em serviço matando quem deveria proteger?
Finalmente, volto ao ponto de partida. O ex-marido de Suzana Vieira, por acaso (?), também é ex-PM, mas encontrou boa vida ao lado da atriz, que ocupou páginas e páginas de revistas de celebridades ao lado do "grande amor" que a traiu publicamente, foi perdoado, traiu novamente e sei lá mais o que aprontou. (Só leio esse tipo de revista quando vou ao salão fazer minhas unhas, uma vez a cada 15 dias). No último escândalo, o cara espancou a amante que tornou público o caso deles, mas foi perdoado pela namorada/amante/idiota, que passou a circular com ele por locais públicos e aparecer nas revistas e sites.
Final feliz para os pombinhos? Nada isso: uns 20 dias depois de toda essa baboseira, o cara morre aparentemente de overdose de cocaína dentro de um carro sozinho (?). Que final mais lamentável! Dispensa comentários.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Catarse

Acabo de dar meu giro supersônico pelos jornais e sites do dia. Tem sempre um festival de acontecimentos graves e pitorescos, como a história do cão (mostrada ontem no noticiário de TV) que arriscou a vida para tirar seu "amigo" (outro cachorro, que tinha sido atropelado) da pista, impedindo que virasse aquela massa informe no asfalto.
Tem notícias tristes relacionadas a mortes brutais e casos de tortura feita por PMs (será que um dia isso vai parar?) e outras do mundo das celebridades. Algumas fúteis como a da atriz Cristiana Oliveira que finalmente "conseguiu o equilíbrio e se livrou do vício das dietas" e outras tristes para quem acompanha o carnaval carioca há muito tempo: o cantor Neguinho da Beija Flor está tratando um câncer e talvez não tenha forças para puxar o samba enredo este ano.
A notícia mais importante do dia, na minha opinião, é o julgamento pelo STF da reserva Raposa Serra do Sol, que acontece hoje. Caberá aos juízes decidirem pela demarcação contínua e conseqüente expulsão dos rizicultores ou pela criação de "ilhas", com a demarcação descontínua. O resultado será muito importante porque deverá influenciar outras decisões envolvendo questões indígenas. Ontem, por acaso, assisti ao editorial do Jornal da Band (apresentado por Joemir Betting), e por tudo que já li e acompanhei sobre o caso também estou ao lado dos que torcem pela desmarcação descontínua. Seria mais "simpático" ficar ao lado dos índios sempre, mas o caso é bem mais complexo do que imaginam nossos amigos do litoral.
Um último comentário antes de encerrar esse posto: pouco tenho assistido à novela "A Favorita" por motivos de agenda, mas ontem, como sempre, o capítulo foi eletrizante. Aquela história do deputado Romildo Rosa vender armas ("É para um colecionador", justifica, irônico, ao seu assessor paspalho) e logo depois a filha ser atingida por uma bala perdida durante um confronto entre policiais e ladrões (os mesmos que acabaram de comprar as armas do pai) é fantástica! Ah se na vida real a justiça viesse assim tão rápida e exemplar ...
Mesmo que não seja isso, é ingenuidade pensar que algum figurão traficante de armas se veja por um instante na cena? É ingenuidade sim. O tráfico de armas e drogas movimenta uma quantidade enorme de dinheiro e acho que uma cena de novela das 8, por mais dramática que seja, não vai modificar o curso da história. A gente apenas vive o que os gregos chamavam de catarse.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ressaca

Estou me tornando uma "blogueira" de um assunto só: canto coral. Mas falar de quê? Da crise? Todo mundo já está falando e até eu tive que fazer uma matéria sobre o assunto para a edição de final de ano da revista Produtor Rural (aliás, ficou bem interessante).
Falar de futebol? Não me sinto diretamente afetada por nenhum dos últimos resultados que eletrizaram o país, como uma botafoguense que experimentou ser fanática aos 15 anos (faz tempo ...) e desistiu, levada por uma decepção daquelas que marcam a alma (a perda do Campeonato Carioca no último minuto do segundo tempo com um gol de Lula do Fluminense de escanteio do qual me lembro como se fosse hoje).
Falar das desgraças do dia-a-dia? Não, hoje não quero. Quero apenas celebrar a bela apresentação do Cantorum ontem na Igreja do Bom Despacho. Aliás, ontem deve ter sido o dia que mais cantei na vida: três horas de ensaio pela manhã e mais umas três (entre concerto e ensaio final) à noite.
Fizemos um ótimo trabalho. Confesso que pintou uma pontinha de tristeza quando vi que nenhum dos meus amigos estava na platéia, mas acredito que alguns irão hoje ou quinta-feira. Se não forem, eles é que estarão perdendo.
Estou aprendendo a só ser (citando Gilberto Gil numa de suas composições mais inspiradas) ... a usufruir o melhor de cada pessoa e não esperar mais do que cada um (inclusive, eu) pode dar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Cantar e cantar e cantar...

Esta semana está sendo uma das mais interessantes da minha vida. Durante o dia, entre outros afazeres de uma mulher típica da minha geração (que trabalha, cuida de casa, faz compras, paga contas e resolve os problemas das filhas), tenho trabalhado incansavelmente numa matéria sobre a crise financeira global e seus desdobramentos para o agronegócio. Uma responsabilidade e tanto na medida em que se trata de um assunto muito falado na mídia, mas que sempre possibilita outros olhares e interpretações.
À noite, bom, à noite eu canto. Excepcionalmente tivemos ensaios do coral Cantorum na segunda-feira, terça, quarta e quinta. Teremos ensaio no domingo de manhã e concertos à noite, na segunda e quinta.
Ontem, o ensaio durou mais de três horas, mas foi maravilhoso. Aos poucos, as pessoas, com todas suas dificuldades, estão começando a "ouvir" a música, o canto das outras vozes e é isso que mais me fascina no canto coral: o conjunto de vozes, concretizando os desejos, viagens e intenções do compositor.
A obra mais fascinante, na minha opinião, é a Missa Florida, de nosso colega de coral, o cuiabano Gilberto Nasser. É extremamente difícil (são cinco partes), mas muito rica por tentar trazer para a música erudita ritmos tipicamente regionais, como a guarânia.
Vale a pena conferir! Afinal não é todo dia que temos um novo compositor erudito na praça.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ainda sobre Ruanda

Ontem uma notícia me chamou atenção no emaranhado de notícias "mundo cão/esquisitices/celebridades" do portal Terra. O título era mais ou menos assim: "Cantor condenado por genocídio". Fiquei curiosa, afinal, não é toda hora que um cantor é condenado por genocídio, embora muitos devessem ser condenados pelas bobagens que cantam.
A matéria falava da condenação de um cantor de Ruanda pelo crime de incitar o massacre de tutsis e hutus moderados durante o genocídio em seu país em 1994, exatamente o tema do filme que comentei há dois dias.
Pelo que li outras lideranças de Ruanda estão sendo julgadas e condenadas por algum tipo de participação no genocídio por um tribunal.
Não sei se isso serve de consolo, mas sempre é bom saber que aquilo tudo não foi esquecido, embora outros genocídios continuem acontecendo na África. Será que esse ódio terá fim um dia e a utopia de John Lennon se realizará?
Imagine all the people
Living life in peace
You can say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Concertos do Cantorum

Hoje só quero aproveitar este espaço para divulgar a agenda de apresentações do Cantorum, que começa no domingo, dia 7, com um concerto na Igreja do Bom Despacho, no Centro de Cuiabá; no dia 8, cantamos no Centro Cultural da UFMT, e no dia 11, estaremos no auditório do Cefet. Todos os concertos serão às 20h e gratuitos.
Esta semana estamos trabalhando duro para dar conta do recado, com ensaios diários, de modo a aparar as arestas e garantir uma bela apresentação. O repertório é variado, erudito e vai da Idade Média à música contemporânea. Aliás, a peça que mais desperta minha emoção é justamente a Missa Florida, em cinco partes, de nosso colega de coral, Gilberto Nasser (integrante do grupo vocal Alma de Gato). Será a estréia da missa e eu acho isso - participar da première de uma peça musical - simplesmente o máximo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Hotel Ruanda

Assisti neste fim de semana com alguns anos de atraso ao filme "Hotel Ruanda". Para quem não conhece, é um filme nenhum um pouco descartável. Fiz questão de assistir ao DVD com uma das minhas filhas para que ela conhecesse uma realidade bem distante de seu dia-a-dia. O filme, de 2004, conta a história de Paul Rusesabagina, que salvou 1268 pessoas do genocídio ocorrido em seu país em 1994 por causa das eternas brigas entre hutus e tutsis.
Tem um momento no filme emblemático em que o ainda ingênuo Paul, gerente de um hotel quatro estrelas na capital de Ruanda, agradece ao cinegrafista europeu (acho que britânico) por ter mostrado ao mundo imagens do genocídio. O jornalista responde que as pessoas vão assistir às imagens, pensar "que horror" e continuar a vida normalmente.
Apesar do pessimismo (e realismo) da mensagem e da falta de respostas para as atrocidades que continuam assolando muitos países da África em função de conflitos étnicos e/ou religiosos (estimulados no passado pelo branco colonizador), o filme traz um sopro de esperança pelo comportamento ético e corajoso de Paul (que vive hoje com sua família na Bélgica) e de outros personagens do filme, como o chefe da força de paz da ONU (a organização lavou as mãos, mas o tenente interpretado pelo ator Nick Nolte, leva sua missão, ainda que restrita, com enorme bravura), e representantes de ONGs que permanecem ao lado das vítimas do massacre, ao contrário da maioria dos brancos que abandonam Ruanda à sua própria sorte ao primeiro sinal de perigo.
Vale a pena assistir, mesmo que a gente toque a vida normalmente no dia seguinte. No mínimo, fica uma sensação de inquietação e o desejo de estar mais próximo de Paul e outros personagens do filme do que das pessoas que seguem matando bestialmente. Não deixem de assistir ao extra contando a história de realização do filme, que traz depoimentos do próprio Paul, interpretado pelo ator Don Cheadle (maravilhoso).

domingo, 30 de novembro de 2008

Estou viva!

Voltei do Rio! Foi tão gostoso lá! Foi louco estar no Rio a trabalho! Tinha a coisa da família: dormir na casa da irmã, tomar café da manhã, almoçar e jantar lá, ver pessoas tão próximas e de uma forma tão rápida, porque tinha que correr para o local do congresso e ficar ouvindo os palestrantes falando sobre agronegócio.
O Rio é sempre lindo, revi e passei várias vezes por lugares que freqüentaram a minha infância e adolescência, como o prédio onde morei dos 8 aos 20 e tantos anos. Fiquei imaginando como seria minha vida se eu tivesse continuado no Rio, como seriam minhas filhas de morássemos lá. Bobagem ... Eu sou o que sou, fruto do que vivi e do que passei. Sou única, com todos os meus defeitos e qualidades.
O mundo está desabando, mas estou aqui ainda buscando ... a minha coerência, a minha essência ... ser mais, ser íntegra e totalmente Martha.
Estou de volta ao calor de Cuiabá e tentando me encontrar nesse calor.

sábado, 22 de novembro de 2008

Orquestra

Antes de viajar para o Rio, quero compartilhar o imenso prazer que foi assistir ontem ao concerto da Orquestra do Estado de Mato Grosso. Eu sabia que ia ser bom: o repertório era basicamente Piazzolla (1921-1992), compositor argentino que amo de paixão. Mas a apresentação superou em muito minhas expectativas. A orquestra esteve ótima (principalmente o spalla Luciano Pontes, que tirou sons inacreditáveis de seu violino) e, além de "Las quatro estaciones porteñas", ouvimos um Piazzolla extra (Libertango), dois arranjos do compositor cacerense Guapo e duas composições do paraguaio Hermínio Gimenez (1905-1991), enfim um repertório exclusivamente sul-americano para ninguém botar defeito.
A se destacar ainda o argentino Carlos Corrales no bandoneon e a regência de Leandro Carvalho, que estava menos tagarela do que de costume.
Imperdível !!! Se eu pudesse voltaria hoje e amanhã ...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rumo ao Rio (de Janeiro)

Na semana passada eu fui pro rio ... Paraguai. Neste, vou pro Rio ... de Janeiro. É engraçado: sempre que menciono "Rio" em Mato Grosso, percebo que a informação não fica completa. Para quem "é" do Rio como eu (ainda que não tenha nascido no Rio), o "Rio", ora, é o Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, apesar de todos os pesares. Mas, para quem nasceu em Mato Grosso ou veio de outras regiões do Brasil, rio pode ser qualquer um dos muitos que banham este imenso estado.
Então, que fique bem claro: estou viajando pro Rio, a trabalho, pela primeira vez desde que comecei a trabalhar na revista Produtor Rural. Agronegócio não tem muito a ver com o Rio, mas, por incrível que pareça, vai ter um super seminário sobre o futuro do agro exatamente no Rio de Janeiro. Sorte minha! Embora esse seminário tenha pintado num momento errado (eu tinha outros compromissos em Cuiabá), o negócio agora é relaxar e aproveitar a oportunidade de rever a família, talvez alguns amigos, e sentir o cheiro do mar. quem sabe até dar um mergulho.
Se eu não entrar no blog nos próximos dias, não liguem. É porque o tempo é curto para curtir o meu Rio.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sem assunto

De repente fiquei sem assunto. São tantas notícias que a gente lê que até fica sem saber se vale a pena colocar mais alguma coisa no ar a menos que essa coisa signifique pra você ou pra outras pessoas. Pode paracer pretensão. Este blog tem sido uma espécie de conversa comigo mesma, compartilhada com amigos e outras pessoas eventualmente. Um espaço para desabafar, para rir de si mesmo e comentar os fatos da vida - minha e do mundo - e me conhecer melhor.
Confesso que ando meio estressada. Hoje, durante a aula de inglês, falamos sobre o tempo, ou melhor, a falta de tempo. Fiquei pensando depois o quanto eu me sinto às vezes estressada por ter que fazer muitas coisas sozinha: cuidar das finanças da casa (muito mal, aliás), das filhas, da casa, do trabalho, de mim ... Às favas, a obrigação de olhar para o lado pra ver quem está pior do que eu. O fato é que não estou exatamente satisfeita com minha vida. Nâo estou exatamente satisfeita comigo. Eu esperava mais de mim.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cáceres

Confesso que estou vivendo um momento de crise com meu blog. Esse tom confessional demais, subjetivo que adotei, me faz questionar um pouco se vale a pena continuar (de novo? que saco!)
A verdade é que quando alguém me fala que anda lendo meu blog me deixa ao mesmo tempo feliz e preocupada. Não tenho como fugir da filosofia "Pequeno príncipe": a gente se torna responsável por aquilo que cativa. Ou seja, se alguém me lê nesse mundo tão atolado de informações, blogs, sites, etc, é porque se sente de alguma forma cativado pelo que escrevo e isso me deixa cabreira.
Elocubrações à parte (hoje minha cabeça não está boa), quero contar que estive em Cáceres neste fim de semana após um ano de ausência. Foi estranho! Por um lado, eu me senti apartada da cidade, é como se realmente Cáceres fizesse parte de um passado. É como uma página virada na minha vida, só que é uma página muito bonita. Talvez das mais bonitas e emocionantes da minha vida!
O carinho com que as pessoas me tratam, as que fizeram parte desse passado e mesmo pessoas que vieram depois, mas já conhecem um pouco da minha história na cidade, é comovente! Sabe aquele coisa da gente se sentir querida? É tão bom! Acho que foi isso mesmo que fui buscar lá: carinho, aconchego, atenção. Isso faz a gente sentir que não está passando pela vida em vão. Uma vez me referi aqui a um poema que adoro do Manuel Bandeira, aquele da andorinha. Os quase 12 anos que passei em Cáceres me fazem sentir que não passei a vida à toa. Foi lá que escrevi meu livro, fiz e comecei a criar minhas filhas, e "plantei" algumas árvores. Cáceres sempre terá um lugar muito especial no meu coração.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sobre mulheres

Quero compartilhar hoje uma descoberta muito legal. Flanando pelo blog do Noblat, descobri um artigo do blog da jornalista Lúcia Guimarães. Imediatamente entrei no blog da Lúcia - www.luciaguimaraes.com - e deu para ver que é muito bom. Visual bacana, bem clean, linguagem elegante, levemente irônica e muita diversidade de assuntos. Vale a pena conferir.
Lúcia mora em Nova York desde janeiro de 1985, trabalhou muitos anos na Globo e foi comentarista do Manhattan Connection, além de ter artigos publicados nos melhores jornais brasileiros. É certamente uma das melhores jornalistas da minha geração. At last but not at least (expressão da língua inglesa que adoro e me permito usar aqui), ela foi indiscutivelmente a minha melhor amiga durante muitos anos.
Mudando de assunto, li ontem que o Brasil está em 72º lugar no ranking de igualdade entre sexos do Fórum Econômico Mundial. Os primeiros lugares ficaram com os países nórdicos: Noruega, Suécia e Finlândia. Nossa "rival" Argentina está na 24ª posição e o nosso país consegue estar atrás de alguns países africanos (Uganda, Tanzânia e Namíbia). Dispensa comentários. É a gente ainda tem que batalhar muito ...
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Números que falam mais que palavras

Em geral sou meio avessa a números e estatísticas. Freud talvez explicasse isso ... Mas, hoje, li alguns números que me impressionaram bastante e compartilho com vocês. Imaginem que, segundo o Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea), de 2000 a 2007, o governo brasileiro gastou mais com juros do que com educação, saúde e investimentos: R$ 1,27 trilhão em juros, R$ 310,9 bilhões em saúde, R$ 149,9 bilhões em educação e R$ 93,8 bilhões em investimentos.
Gente, tem alguma coisa errada aí, não? O custo do dinheiro, que é desviado, mal gasto, etc, etc, é maior do que o que se gasta com serviços essenciais para o bem-estar da população e o desenvolvimento do país.
Boto a mão na minha consciência e chego à conclusão de que se eu fizesse uma conta parecida com minhas finanças pessoais talvez o resultado não seria muito diferente. Isso não me consola, muito pelo contrário, me enche de vergonha!
Todo esse assunto me lembra uma das máximas do comandante Rolim Amaro, fundado da TAM: "A melhor maneira de ganhar dinheiro é deixar de perdê-lo". Juro que estou me esforçando.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Meus filmes preferidos

Hoje, segunda-feira braba de uma semana que promete, quero apenas registrar um pensamento que me acompanhou quando dirigia para o trabalho (são as vantagens - ou seriam desvantagens - de estar sem rádio no carro: a gente pensa mais). Fiquei listando mentalmente meus filmes preferidos por causa da conversa que tive na semana passada com um amigo querido, muitos anos mais novo que eu. Ele gosta que eu lhe sugira filmes para locar e já acatou algumas das minhas sugestões, como os filmes Machuca e O enigma de Kaspar Hause.
Morando em Cuiabá e com o tempo reduzido para fuçar locadoras e locar DVD de filmes mais cult, ando meio fora de forma, mas tem alguns filmes que amei e, acredito, amarei para sempre e que recomendaria a esse meu amigo. Quem sabe vocês, leitores, não acrescentariam alguns títulos a essa lista?
Segue a minha lista inicial: dos italianos, meus preferidos são Amacord, Pai Patrão, Cinema Paradiso e Ladrão de Bicicletas; dos franceses, quase todos do Truffaut, mas destaco aqui Jules e Jim e Fahrenheit 451 (maravilhoso, preciso revê-lo). Gostei muito também de um filme que vi na infância que se chamava Esse mundo é dos loucos (Le roi du coeur) com Alan Bates (se não me engano). Para terminar essa lista (por enquanto), incluo Brinquedos proibidos, de René Clement, o filme que mais me fez chorar até hoje. Quando a sessão terminou, tive que ficar um tempo sentada de tanto que soluçava.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Choro Expresso

Amigos, que estão em Cuiabá, amanhã (sábado) tem um programa imperdível na Praça da República (aquela em frente à Catedral): o Choro Expresso. Será às 19h e terá atrações locais e de fora. Daqui da terrinha, teremos as meninas do Bione (maravilhosas!), um conjunto de choro que homenageia no nome a grande Chiquinha Gonzaga (Bione é o nome de uma composição dela) e a turma do Marinho Sete Cordas (o meu querido Marinho do Chorinho). Fora isso, teremos o bandolinista Deo Rian, apontado no início de sua carreira como sucessor do inesquecível Jacob do Bandolim. Dá para perder? Depois é só esticar no Chorinho ...

Sobre Cuiabá

Cuiabá é bem o retrato do Brasil, um país marcado pela desigualdade em todos os sentidos. Há quase seis anos moro nesta capital do estado onde nasci, mas do qual me afastei - ou melhor, meus pais me afastaram - aos 2 anos. Confesso que tem dias que adoro esta cidade quente, mas em outros detesto, para desespero do meu amigo Roberto, cuiabano apaixonado, que junto com sua mulher, Sílvia, são um verdadeiro porto seguro para mim.
Mas, ultimamente, tenho procurado manter boas relações com Cuiabá, embora algumas situações ameacem a minha disposição. Para não me alongar muito, vou abordar três fatos aparentemente distintos entre si, sendo um positivo e dois negativos.
Vamos começar com as coisas boas: o Roberto, acima citado, me surpreendeu ontem com a criação do seu blog que batizou de Cuiabá em fotos (http://cuiabaemfotos.blogspot.com/) Achei a iniciativa muito legal.
O segundo fato tem a ver com a desigualdade que mencionei acima: moro num bairro privilegiado da capital, o Goiabeiras, onde recentemente foram reformadas duas praças. Uma delas, inclusive, a 8 de abril, também conhecida como Praça do Chopão, está sendo considerada o novo cartão postal da cidade. Ontem, à noite, quando ia buscar minha filha na auto escola, passei por essa praça, toda iluminada, bonita, onde acontecia uma exibição de capoeira. Mas, ao longo do meu caminho até o bairro Bandeirantes, andei por ruas e becos escuros e constatei a falta total de iluminação no entorno do Morro da Luz, outro "cartão postal" de Cuiabá. Fiquei apreensiva pelas pessoas que vi passando a pé num lugar central, porém tão abandonado. E aí, sr. prefeito, Cuiabá não ia ser a cidade mais iluminada do Brasil, como o senhor disse na campanha?
O outro fato que rima com desigualdade é a realidade dos moradores de bairros periféricos. A moça que trabalha comigo, meu outro anjo da guarda, diz que seu bairro, o Jardim Colorado, estava há dias sem uma gota d'água. Durante o período eleitoral a água não faltou, mas depois que a campanha acabou .. Gente morar numa cidade em que a temperatura beira 40º e não ter água corrente em casa é algo bem próximo do inferno, ou não?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Só por hoje

Só por hoje deixe-me ficar feliz com a vitória de Barak Obama nos EUA. Deixe-me conservar o arrepio, a sensação boa que me invadiu quando liguei a TV logo cedo e vi a imagem do presidente eleito falando aos eleitores, os sorrisos e lágrimas dos norte-americanos e imigrantes que votaram.
Talvez tudo seja apenas um grande teatro em que nós, bobos, mais uma vez nos iludimos com as possibilidade de mudança. Mas, acho que já passei da idade de acreditar em mudanças radicais, com banhos de sangue e sacrifício de muitas vidas.
A entrada de Obama na Casa Branca nos dá um sopro de esperança e a sensação de que é possível superar barreiras raciais e de que as pessoas (aqui representadas pela população norte-americana) não são tão prepotentes e embotadas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Meus caros leitores

De vez em quando me questiono sobre a finalidade deste blog, mas como já disse antes, ele tem me ajudado a me entender melhor. É um espaço para reflexão, desabafo e para compartilhar o que passa dentro da minha mente e do meu coração. Compartilhar implica em ter um outro que leia o que escrevo e isso me leva a outra reflexão: quem são meus leitores?
Ontem, por acaso, estava listando mentalmente meus leitores "cativos" e não cheguei a uma dezena. Sei que eles me lêem porque de vez em quando se manifestam através do blog ou de viva voz mesmo. Ontem mesmo me ligou um ex-colega do curso de Jornalismo na ECO/UFRJ, José Augusto, que hoje mora em Florianópolis, e disse que se tornou leitor do meu blog. Mas o mais surpreendente foi à noite quando um colega de Cantorum me disse que tinha entrado no meu blog. Ele estava fazendo uma pesquisa na internet sobre o Cantorum e achou o caentrenos. Fiquei muito feliz porque é uma coisa muito louca: de repente pessoas que nem me conhecem (como já aconteceu) acabam entrando no meu blog e lendo o que escrevo aqui de Mato Grosso. Isso é muito legal. Já soube de casos de pessoas (da minha família) que quiseram fazer um comentário, mas não conseguiram. Também acho o processo meio complicado e às vezes desisto de fazer comentário nos blogs dos amigos por isso mesmo.
Então o que eu queria mesmo hoje era dizer que este blog foi um dos acontecimentos importantes de um ano que teve muitos acontecimentos importantes. Não pretendo abandoná-lo e gostaria muito que meus caros leitores deixassem seus comentários com mais frequência. Comentem, concordem, discordem, dêem voz ao que vai dentro de seu coração. Eu vou adorar que vocês compartilhem comigo as delícias e misérias do seu dia-a-dia.

domingo, 2 de novembro de 2008

A história de Adílson

Fiquei me perguntando se eu posso contar aqui a história do Adílson, mesmo que este blog seja um espaço tão íntimo. A forma como ele se abriu comigo e meus colegas de viagem me leva a pensar que ele gostaria que sua história fosse compartilhada, ainda que eu não tenha conhecido todos os detalhes. O fato é que fiquei muito impressionada com o seu relato, sua simpatia e vontade de viver.
Fomos jantar numa lanchonete numa cidade do interior em que Adílson era o garçon. De cara me chamou atenção o fato do único atendente ser um rapaz com problemas de locomoção e um braço atrofiado (o direito). Ele tinha dificuldades para andar e, naturalmente, anotar e trazer os pedidos. Aos poucos, o próprio Adílson foi contando sua história sem que nada lhe perguntássemos.
Ele disse que sofreu um acidente de carro há uns dois anos (no início, entendi que tinha sido de moto), ficou cerca de 60 dias em coma num hospital em Cuiabá e depois mais um tempão na cadeiras de rodas. A sua capacidade de superação e a fisioterapia são responsáveis pelo fato dele estar ali trabalhando e levando a vida adiante.
Contou que já andou a cavalo e, pasmem, ele anda numa moto adaptada. Não quis saber muitos detalhes sobre o acidente, mas tive idéia do tamanho do seu sofrimento. Adílson contou que existe uma cirurgia muito cara que ele poderia fazer no Hospital Sara Kubitchec. Mas o problema, seu irmão me explicou depois, é que há grandes chances de a cirurgia não dar certo e Adílson ficar paraplégico para sempre. Esqueci de contar que seu irmão é o dono da lanchonete e paga meio salário para Adílson ajudá-lo. "Ele se mantém ocupado e não fica pensando bobagem", disse.
Senti que o Adílson tem uma família legal (ele contou que quando ainda estava muito mal sua mãe lhe dava comida na boca e que ela desmaiou quando ele saiu do coma), mas fiquei pesarosa com sua história. Fiquei pensando no quanto ele sofreu, ainda sofre com suas limitações e como será seu futuro. Será que ele vai conseguir ter sua própria família? Eu me senti tão pequena diante de sua vontade de viver, se comunicar e ser aceito. Queria ter podido dar mais para ele... A meu modo, vou procurar rezar por ele.
Mudando de assunto, esta semana um colega meu, jornalista em Cuiabá, morreu de pneumonia aos 38 anos. E, hoje, soube que o irmão da minha funcionária, ex-futuro pintor do meu apartamento, morreu num acidente de moto aos 36 anos. Por que algumas pessoas morrem tão jovens e outros vivem tanto? Acabei de assistir à entrevista de Nayara, a amiga da Eloá, no Fantástico. Achei tão triste: os erros da polícia, o drama de Eloá, a loucura de Lindemberg, o medo de Nayara. Jovens que até outro dia posavam ingenuamente para fotos publicadas no orkut hoje passam por experiências tão dramáticas!
Enfim, a vida é complexa demais para que eu entenda. Algumas pessoas encontram em Deus a explicação para tudo. Ainda não tive essa certeza.

sábado, 1 de novembro de 2008

Home sweet (and hot) home


Rosário Oeste, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Ubiratã, Água Limpa, Sinop, Colíder, Nova Canaã do Norte, Terra Nova do Norte, Itaúba foram alguns dos municípios, cidades ou distritos que visitamos na semana passada, a serviço da revista Produtor Rural. Foram mais de 1.200 km rodados em quatro dias na companhia de Zezinho, o motorista, Panini, o fotógrafo (que vai me passar algumas fotos para eu colocar neste blog) e Amanda, a jovem repórter que acabou de ser contratada pela revista.

Paisagens diferentes, muitas caras e sotaques diferentes, muitos cabelos louros e olhos claros, típicos dos imigrantes do Sul. Ótimas histórias! Algumas serão contadas na edição de novembro da revista; outras, como a de Adílson, o garçon que nos serviu numa dessas cidades, serão contadas apenas aqui, já que não pertencem ao mundo do agronegócio.

Foi cansativo, mas muito legal (apesar do susto da barata na primeira noite). Aguardem a história do Adílson e outras mais.
PS. A foto é do Panini e foi feita na BR-163

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De Colíder para o mundo!

Exageros à parte, quero compartilhar com meus distintos leitores parte do meu atual périplo por este estado imenso chamado Mato Grosso. Ontem saímos de Cuiabá por volta de 8h30m, almoçamos em Lucas do Rio Verde (numa churrascaria ótima, Picanha's, que já conheço de outras viagens) e chegamos ao nosso destino por volta de 17h, depois de passar por Sorriso e Nova Ubiratã e pegar uma estrada de terra. Dormimos no distrito de Água Limpa, na própria sede da fazenda do Grupo Pinesso, alvo da reportagem.
Hoje, de manhã, choveu muito, mas conseguimos visitar a escola agrícola local e conversar com as mulheres operadores de máquina, o alvo principal de nossa reportagem. Almoçamos lá mesmo na casa e retornamos para Sorriso (cerca de duas horas e meia de viagem). Passamos por Sinop e chegamos a Colíder quase 8h da noite e já estamos bem perto de nossa próxima parada, a fazenda Gamada, onde o sr. Mário Wolf está nos esperando. Depois seguiremos para Terra Nova do Norte e, se tudo correr bem, retornaremos a Cuiabá no final da tarde de sexta ou no sábado (o mais certo). É muito chão! Calculo que andaremos ao todo uns 1.500 km. Se estivéssemos na Europa teríamos atravessado alguns países, mas como estamos em MT...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nas estradas da vida

Amanhã sigo rumo a cidades que desconheço e que, provavelmente, a maioria dos meus caríssimos leitores nunca ouviu falar: Nova Ubiratã, Terra Nova do Norte e Nova Canaã do Norte serão meus destinos nos próximos dias.
Gosto de viajar, mas confesso que estou com meu coração apreensivo (ainda por causa da derrota do Gabeira?) Quem mandou querer ser repórter e ainda trabalhar para uma revista chamada "Produtor Rural"? Parodiando Mílton Nascimento e Fernando Brant em "Nos bailes da vida": "'todo jornalista tem de ir aonde a notícia está".
Não sei se terei como dar notícias, mas, se for possível, certamente manterei meu blog atualizado.

Luto

Não vou me alongar muito, mas só expressar um pouco do meu pesar pelo resultado das eleições no Rio. Faltou tão pouco pro Gabeira ganhar! Vi no orkut do meu sobrinho a palavra "Luto". Acho que deve ser esse hoje o sentimento da quase metade do Rio que votou no Gabeira, na esperança de um prefeito mais ético e de uma política mais ética.
É engraçado que um amigo cuiabano, sábado, me perguntou se o Gabeira não era bonzinho demais, frágil demais para lidar com o crime organizado no Rio. Respondi que se os prefeitos dito duros não deram jeito, quem sabe ele poderia dar. Na verdade, eu não me iludo: nem Gabeira, nem ninguém vai acabar com o crime organizado, mas quem sabe ele poderia lançar as sementes de um futuro melhor, com possibilidades reais de mudança para todos aqueles que são vítimas/agentes do crime organizado.
Outro dia na novela "A favorita", que, aliás, está eletrizante, a personagem Diva Palhares, interpretada por Giulia Gam (maravilhosa), disse ao repórter/herói Zé Bob: "O que adianta denunciar o tráfico de armas? Outros Romildos virão".
Infelizmente, é assim. Tem muita gente graúda, com poder e que posa de bom moço, por trás do crime organizado. Mas a gente tem que conservar a esperança de que pode ser diferente ou pelo menos poder ir dormir com a consciência mas tranqüila.
O Gabeira representava tudo isso.
Em Cuiabá ... Acho que os dois candidatos são praticamente iguais nesse quesito.

sábado, 25 de outubro de 2008

Gabeira

Gabeira, estou torcendo muito por você e muito feliz de ver que toda minha família está não só votando em você, mas manifestando seu voto pelo orkut, msn, email.
A eleição aqui em Cuiabá também está pegando fogo, mas nada se compara ao clima que deve estar no Rio (em SP também). O Rio é sempre diferente. Estou longe daí há 20 anos, porém uma parte do meu coração será eternamente carioca. Se eu estivesse aí não teria um centésimo de segundo de dúvida sobre o meu voto. Vou ficar muito feliz de visitar o Rio sob sua nova direção.
É claro que não espero milagres, mas tenho certeza de que sua vitória vai trazer o sopro de esperança e renovação para todos. Viva o Rio!

Antes tarde do que nunca

Ando meio relapsa com minha agenda cultural. Hoje tem várias opções em Cuiabá: tem show do grupo vocal Alma de Gato na Livraria Janina no Shopping Pantanal (Meninos pro Rio, é o título), do Triêro no Clube Feminino e tem uma apresentação de um coral evangélico que deve ser muito interessante. E tem Chorinho, como de costume!
Eu já decidi: vou ao show do Triêro. Todo mundo diz que é ótimo pra dançar e hoje estou mais a fim de dançar.

Amenidades

Hoje não quero falar de crise, de eleição, de problemas e sim compartilhar um momento ímpar na vida de qualquer mulher. Ops, acho que exagerei ... Pra maioria das mulheres (inclusive, as mais jovens) isso já é banal, mas para mim foi uma experiência muito especial. Pela primeira vez, em 52 anos de vida (argh!) interferi na cor dos meus cabelos.
Há muito tempo vinha falando com minha cabeleireira sobre a possibilidade de pintar, fazer mecha - sei lá mais que possibilidade -, quando meus cabelos começassem a ficar brancos. Ela sempre dizia que ainda não estava na hora (ela mais é minha amiga do que cabeleireira ...) Mas esta semana minha filha mais velha - e bem mais alta do que eu - disse que eu estava com muitos cabelos brancos no topo da cabeça. Decidi então encarar o problema e hoje, sem planejar muito, fui ao salão e fiz uma tonalização. Para leigos, isso quer dizer que não mudou a cor dos cabelos (ainda). Ninguém vai encontrar uma Martha loira ou de cabelos vermelhos. Apenas passei um produto que tonaliza os fios brancos.
Confesso que estava morrendo de medo, mas gostei do resultado.
Pode parecer frescura, mas atire a primeira pedra quem não se importar com a aparência e principalmente com os cabelos. Como eles são importantes para nossa auto-estima!
Eu, por exemplo, tenho uma relação muito boa com os meus. Detestei meus cabelos durante boa parte da adolescência até descobrir aos 17 anos a delícia de usar os cabelos naturalmente cacheados. Abaixo a ditadura dos cabelos lisos!
última década voltei a conviver com a ditadura das escovas definitivas, que deixam algumas mulheres com aparência da Maga Patalógica, mas resisti bravamente à pressão desse modismo horroroso.
Gosto de cabelos naturais, sejam eles lisos ou cacheados, e mais do que isso, gosto da diversidade, da possibilidade de ser como a gente gosta de ser. Consigo me ver um dia com os cabelos brancos e bonitos, mas acho que está na hora de brincar um pouco com as possibilidades que os salões nos oferecem, sem que isso signifique mudar a minha essência.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ainda bem que já está acabando!

Ufa! A campanha já está quase acabando. Não agüento mais ver tanto cabo eleitoral na minha frente. Ontem vi um mar de pessoas (representando os dois candidatos, com ligeira vantagem, para Mauro Mendes, que por estar atrás nas pesquisas, acredito, está injetando mais dinheiro na campanha) ao longo da Av. Rubens de Mendonça (mais conhecida como avenida do CPA). A pressão (jingles, bandeiras) foi tanta que acabei capitulando e permiti - quando já estava num semáforo da Av. Mato Grosso- que uma moça colocasse um adesivo de Wilson Santos (aliás, muito bonito, com motivos da cultura cuiabana) no meu vidro traseiro.
Como imagino que boa parte desses cabos eleitorais seja contratada (é muito engraçado ver a vestimenta das mulheres, quase todas de saias e shorts bem curtos, blusas decotadíssimas e muita banha sobrando, mas tem uma senhorinha de cabelos brancos na rotatória em frente à Rodoviária, que trabalha com uma bolsinha a tiracolo e desperta minha simpatia), fico imaginando quanta gente desempregada (ou desocupada) tem em Cuiabá. Tenho vontade de parar o carro, conversar, saber quanto eles ganham, etc.
Imagino que hoje o clima vai estar ainda mais quente (em todos os sentidos) e deve sair até briga na disputa pelo espaço físico e o coração dos eleitores.
Adoraria saber como está o clima no Rio, São Paulo e outras capitais que enfrentam o segundo turno.
Um dado concreto: dos amigos da minha filha de 16 anos, apenas uma (que é ligada um dos clãs políticos de Mato Grosso) tirou o título para votar nesta eleição. Isso é mau sinal!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ainda sobre eleições municipais

Ontem fiquei com vontade de anular meu voto no próximo domingo em protesto contra a anarquia dos cabos eleitorais nas vias principais de Cuiabá. Está ainda mais complicado andar de carro ou ônibus na capital mato-grossense nesses dias que antecedem o grande duelo nas urnas entre o atual prefeito, Wilson Santos, e o empresário Mauro Mendes.
No final da tarde de ontem, enfrentei um engarrafamento monstro na avenida Miguel Sutil (a Perimetral) por causa da concentração dessas pessoas numa rotatória onde o tráfego já é normalmente complicado. Não havia um policial, nem um dos fiscais da Prefeitura (os tais "amarelinhos" que a gente nunca vê), fazendo com que o tráfego fluisse melhor. Junte-se o egoísmo ou a perplexidade dos motoristas que acabam ficando retidos no meio do caminho impedindo que a turma que vem do outro lado aproveite o sinal verde e, pronto, temos a receita do caos.
Minha filha de 16 anos estava comigo e ficou revoltada com a sujeira que os tais cabos eleitorais deixam no chão (copos de água vazios, panfletos de propaganda que iam sendo aos poucos levados pelo vento), sem falar na poluição sonora, já que havia carros de som dos dois candidatos. Eu queria ter uma máquina digital para registrar a cena! Minha filha comentou: "Como esses caras vão administrar a cidade se permitem esse caos!?!" Eu fiquei com a mesma dúvida.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sobre as eleições municipais

No meu trajeto para o trabalho algumas coisas me chamaram atenção e que tem a ver com as eleições do próximo dia 26. Ainda bem que a campanha está acabando! Não aguento mais ouvir os jingles de campanha dos dois candidatos e ver os cabos eleitorais agitando bandeiras nas rotatórias mais importantes da cidade, contribuindo para piorar o trânsito da capital mato-grossense. Pelo movimento que vi hoje de manhã imagino como estará o tráfego na Av. Miguel Sutil no fim da tarde. Achei que tinha ocorrido algum acidente, mas "felizmente" era só a algazarra dos cabos eleitorais.
A propósito, o atual prefeito Wilson Santos criou uma nova versão do jingle. Agora temos a versão forró na voz de Dominguinhos e a versão rasqueado cuiabano. Não sei se essa mudança se deu por causa das críticas do candidato do PSOL, o procurador Mauro, que se vangloriou num programa do primeiro turno de ser o único que tinha valorizado o ritmo da terra. Diga-se de passagem que o jingle desse candidato foi um verdadeiro sucesso. De vez em quando, minha filha de 18 anos ainda canta o jingle. Não tenho como explicar esse fenômeno de comunicação!
O terceiro e último ponto desse post é sobre um aspecto destacado no domingo por um amigo coralista: nenhum dos dois candidatos falou sobre a arborização de Cuiabá durante a campanha. Esse meu amigo disse que está pensando em que cidade vai morar quando se aposentar (ele tem 48 anos), já que o calor da semana passada mostrou que a vida na capital de Mato Grosso está se tornando inviável neste época do ano.
Esse papo de arborização me remete ao meu cunhado, o engenheiro Ivo Bicudo, que nasceu por acaso em Cáceres (uma cidade quentíssima), foi morar no Rio (também muito quente, embora conte com a brisa à beira-mar), mas por dever de ofício (era funcionário do antigo DNER) conheceu bem a canícula mato-grossense. Ele sempre dizia não entender por que os prefeitos não investiam na arborização das cidades de Mato Grosso (do norte ou do sul), uma medida tão simples que poderia tornar bem mais palatável a sobrevivência nos quase 365 dias de calor.
Isso me lembra um artigo da revista Produtor Rural sobre a importância do sombreamento para que os bovinos ganhem peso e dêem o retorno necessário a seus proprietários. Se até os boizinhos precisam de sombra, o que dirá de nós, seres humanos? Sem falar que a cidade fica muito mais bonita cheia de árvores.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eloá e Lindemberg

Hoje de manhã pensei em tantos assuntos que gostaria de comentar neste espaço que, de repente, deu um branco. Mas não posso fugir do mais óbvio de todos: o seqüestro de Santo André. Longe de mim querer tirar casquinha de um assunto tão dramático, mas gostaria de acrescentar à discussão sobre "quem é o culpado pelo desfecho trágico" algumas coisas que li aqui e acolá e me pareceram interessantes:
1- O cineasta José Padilha, autor do documentário sobre o seqüestro do ônibus 173 no Rio, e o ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel, autor do livro "Tropa de Elite", escreveram artigos, segundo o blog oFiltro, em que culpam os políticos por tragédias como a de Santo André e e do Rio, por não colocarem em prática planos de segurança idealizados e engavetados. Ou seja, é aquela história que sempre ocorre por trás das rebeliões sangrentas em presídios: promete-se um mundo de recursos para melhorar as condições nos chamados "barris de pólvora" que só são lembrados enquanto dura a comoção pública.
2- Há uma discussão em curso sobre o papel da mídia sensacionalista. Que me perdoem os coleguinhas jornalistas, mas detesto esse tipo de mídia que, no fundo, adora ver o circo pegar fogo e alimenta a loucura das pessoas. Enquanto estava no apartamento do hotel em Uberaba e buscava um canal de TV, sintonizei numa emissora local que mostrava um bando de gente - adultos, adolescentes, crianças - em torno de um corpo no chão coberto por um plástico. Tive uma boa imagem da miséria humana: os adolescentes acenavam para câmera, davam sorrisos. Que tipo de pessoa fica parada em frente a um defunto e ainda consegue sorrir? Isso demonstra a falta do que fazer de muita gente e a indiferença que tomou conta de muitos diante de uma cena que, para eles, certamente se tornou banal: um ser humano morto.
3- Que tipo de relação tinha Eloá com Lindemberg? Ela namorava o sujeito desde 12 anos. Embora fosse considerado do bem pela vizinhança, há relato de muitas cenas de ciúme da parte do rapaz. Imagino que Eloá fosse ameaçada e talvez até agredida pelo ex-namorado e talvez nem relatasse o fato aos pais e amigos por vergonha ou até por achar que fosse normal. Outra dúvida: será que em nenhum momento do tempo em que durou o seqüestro, Lindemberg dormiu ou cochilou? Por que Ellá e sua colega não se aproveitaram disso para fugir? Elas estavam amarradas?
Enfim, são muitas perguntas e nenhum lógica para um acontecimento que tem a dimensão de uma tragédia e, por isso, deveria nos trazer muitos ensinamentos, como as tragédias de grandes dramaturgos do passado. É impressionante e muito triste como a realidade tem sempre nos surpreendido com a sua dramaticidade. Quando a gente imagina que já viu de tudo - criança arrastada por assaltantes, diretores de presído e juízes assassinados à luz do dia, só para citar casos mais notórios - vem uma coisa nova para nos alertar sobre quão frágil é a linha entre a sanidade e a loucura.

domingo, 19 de outubro de 2008

Agenda cultural atrasada

Desde o começo deste blog uma das minhas intenções era divulgar o que estava acontecendo de bom em Cuiabá em termos culturais, já que percebo que muita gente não vai aos espetáculos por falta de informação. Claro que meu blog não é "o" meio de comunicação, mas pelo menos estaria fazendo a minha parte. Acontece que ando meio relapsa nesse aspecto e hoje me penintencio fazendo uma agenda de trás para diante. Eu explico, não vou falar sobre o que vai acontecer, mas sobre o que aconteceu.
Com essa história da viagem, fiquei meio avariada, por isso a minha falha.
Não é que apesar de toda correria da viagem acabei indo assistir ao show do Almir Sater? Graças a um casal de amigos que me convidou (e me bancou). Esse show estava totalmente fora da minha programação por causa do preço (mesa a R$ 300) e também porque tenho sempre a sensação de que o show do Almir é mais ou menos o mesmo. Mas é sempre bom. Ontem, o que atrapalhou um pouco foi o som e o lugar, que não é apropriado para shows. Aliás, aqui em Cuiabá falta um lugar legal para shows com um público maior. Geralmente eles acontecem no Centro de Eventos do Pantanal que tem uma acústica péssima. O de ontem foi num espaço relativamente novo, o Cenarium Rural, mas também não é apropriado. Como havia serviço de mesa (aliás, tudo caríssimo), as pessoas faziam muito barulho, falavamm alto e se comportavam como se estivessem num bar de calçada.
Hoje, domingo, assisti a dois ótimos espetáculos no Sesc Arsenal. O primeiro foi a apresentação do Madrigal Paidéia, de Curitiba, de graça, dentro do projeto Sonora Brasil. Tinha pouquíssima gente. O horário também não ajudou muito, 17h30m, num primeiro domingo de horário de verão. Belo espetáculo com repertório maravilhoso inteirinho dedicado a Villa-Lobos.
Logo em seguida, por R$ 12, assisti a uma homenagem ao centenário de outro gênio da música brasileira, Cartola. O show reuniu a cantora Deise Águena e a fina flor do Chorinho, o bar Choros & Serestas. Foi muito gostoso. Tinha bastante gente, mas o teatro não chegou a lotar. A divulgação foi mais na base do boca-a-boca. Só faltou a pista para dançar.

sábado, 18 de outubro de 2008

Ufa! Cheguei em casa

Já estou em Cuiabá depois de uma viagem meio complicada. Fui de carro de Uberaba para Uberlândia (cerca de uma hora). Viagem tranqüila, em ótima companhia (o dono da empresa de assessoria que me convidou). Aparentemente estava tudo bem com o vôo, mas descobri no aeroporto que, embora meu bilhete fosse da TAM, a aeronave seria da Passaredo. Quando a moça da TAM foi me buscar na sala de embarque para dizer que teria que alterar meu bilhete porque a aeronave da Passaredo teve que dar meia volta, respirei aliviada. Ela me colocou num vôo da TAM para São Paulo (Congonhas) com uma conexão para Cuiabá às 21h. Eu iria ficar horas mofando no aeroporto.
Quando cheguei em Congonhas, me dei conta de que a TAM tinha obrigação de pagar meu almoço e fui procurar a moça do apoio que, muito solícita, já estava me dando o voucher do almoço, quando descobriu um vôo mais cedo para Cuiabá que sairia às 15h50m de Guarulhos. Aí foi uma correria só: pegamos minha mala que estava despachada para Cuiabá, peguei o ônibus da TAM para Guarulhos e cheguei a tempo de pegar o vôo pra Cuiabá.
Cheguei morta de cansaço, mas um casal de amigos me chamou para ir ao show do Almir Sater. Irresistível, ?
PS. Esqueci de contar que uma mulher de uns 40 e poucos anos passou mal no vôo de SP pra Cuiabá e teve que ser atendida por um médico. Desembarcou de cadeira de rodas, com soro e foi direto para uma ambulância do Corpo de Bombeiros.
Apesar de todos os incidentes e da minha fome (não teve serviço de bordo praticamente), o céu estava lindo. Um verdadeiro mar de nuvens! A programação da rádio de bordo também estava maravilhosa como sempre.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Consegui chegar!

Só para tranquilizar meus leitores: cheguei bem a Uberaba, depois de viajar de avião até Uberlândia (pela Passaredo) e viajar de carro cerca de uma hora na agradável companhia do jornalista da Texto Assessoria (empresa que me convidou).
O vôo foi tranqüilo, apesar do aperto no avião e da sensação de estar viajando num aeronave de brinquedo (era um Brasília). Quando o piloto iniciou a descida em Goiânia, a primeira escala, me deu um certo frio na barriga porque tive a sensação que ele descia em queda livre. Acho que ele subiu demais e teve que se apressar para descer a tempo. Mas a chegada em Uberlândia não poderia ter sido mais tranqüila. A comissária de bordo, uma menina que não parecia ter mais de 18 anos, era muito gentil e manteve o tempo todo uma expressão tranquilizadora.
À noite saímos para jantar - eu e dois jornalistas da Texto - depois de assistir a uma edição do Jornal Nacional especialmente tenebrosa e farta em notícias ruins (confronto entre policiais em SP, seqüestro interminável, incêndio na Chapada dos Guimarães, tumulto no Pará depois do assassinato do vereador mais votada da cidade e a execução de mais um diretor de presídio no Rio). Mas o jantar foi muito agradável e conversamos basicamente sobre filmes e jornalismo. Deu para eu fazer um balanço da minha trajetória na profissão e na vida em geral. Gente, como eu já fiz e vivi coisas interessantíssimas!
Agora estou aqui no parque de exposição em Uberaba pronta para começar minha matéria sobre o gado Brahman.

PS. Ontem eu estava um pouco mais preocupada com a minha viagem porque fazia anos que minha mãe e meu irmão tinham morrido, ambos no dia 16 de outubro, porém em anos diferentes. Tive que apelar para o meu lado racional.