quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Questionamentos

Quando eu tinha 16, 17 anos, sonhava mudar o mundo, sonhava com um mundo mais justo, uma sociedade menos corrupta e brutal.
Hoje, não consigo mais acreditar nisso. É difícil admitir.
Não que eu tenha me tornado mais injusta, corrupta ou brutal, mas vejo tanta brutalidade à minha volta, tanta falta de compromisso, de verdade nas coisas e nas pessoas, que às vezes sinto medo.
Medo de não saber o que dizer às minhas filhas se algo terrível acontecer, medo da morte, medo de deixar este mundo sem captar o sentido da vida.
Mesmo assim - e apesar do medo - adoro viver.
Mas ando sentindo falta de mais amor, de mais autenticidade em minha vida.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terror e impunidade

Eu juro que não queria falar da tentativa de assalto ontem a um caixa eletrônico do Banco do Brasil na Galeria Itália que resultou em quatro mortos - dois vigilantes e dois ladrões -, mas não posso ficar calada diante disso, como se fosse banal.
Não pode ser tratado como banal um tiroteio às 15h30m num local cheio de transeuntes. Minha filha mais velha, que estuda na UFMT, bem perto dali, vive recorrendo a esse caixa eletrônico para sacar dinheiro. Ela poderia estar ali. Mesmo que não fiquesse ferida (não houve outros feridos, além de um terceiro vigilante), certamente viveria momentos de terror, como muita gente que estava lá.
É estranho isso: os caixas eletrônicos tomaram conta das cidades como uma novidade bem-vinda. Não era mais necessário ir a uma agência bancária para sacar dinheiro, pagar contas, etc. Estão se tornando indesejáveis, mas a culpa não é deles. De quem é então?
Longe de mim me propor a fazer um estudo sobre as causas do aumento da violência, tão analisadas por especialistas de plantão. Mas o que dizer de um estado onde a polícia  civil não investiga porque seus agentes estão em greve há um tempão e quase não se veem policiais militares ou viaturas de polícia  na rua?
Repressão não é solução, mas o clima de impunidade é total. Os ladrões não temem nada aqui em Mato Grosso. Hoje houve mais um assalto a banco numa "pacata" cidade do interior, Campo Novo do Parecis, cerca de 400 km a oeste de Cuiabá. Foi o segundo em menos de um ano e, conforme relatos de testemunhas, os ladrões armaram um tripé com uma metralhadora na porta do banco.
As autoridades da área de Segurança Pública daqui sequer esboçam uma reação à altura da gravidade da situação. Parece que vivemos no melhor dos mundos ... Talvez seja, comparado com a Líbia e outros lugares, mas não precisava ser assim.
Achei muito triste assistir à entrevista do pai de um dos vigilantes mortos.
Sempre que vejo os vigilantes em ação quando chegam nos carros fortes olho-os com tristeza porque sei que é um serviço tenso, de risco, e provavelmente, eles não ganham suficientemente bem para colocar sua vida em risco o tempo todo. Aliás, quando posso, até evito ficar em bancos ou estabelecimentos comerciais onde está rolando alguma ação de vigilantes. Me dá um frio na barriga ver aqueles caras com armas pesadas e coletes à prova de balas, que não evitam que morram em serviço.
É, pelo jeito, caixa eletrônico fora de agência bancária qualquer dia vai virar peça de ficção...
Ah, antes que eu me esqueça, em votação secreta, segundo o Jornal Nacional, a Câmara dos Deputados absolveu a deputada Jaqueline Roriz. O jornal exibiu as imagens dela recebendo dinheiro no esquema do mensalão, mas pelo que entendi isso ocorreu antes dela se eleger deputada e por isso seus pares votaram contra a cassação.
Agora me digam: qual a diferença entre essa mulher e os ladrões que assaltam bancos e roubam caixas eletrônicos? Para mim, ela faz um tipo de assalto com menos risco (para ela, é claro). Só isso.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Autocrítica

Não sei se falo da Líbia ou do meu final de semana. Não me julguem mal por essa dúvida. Fico ávida por notícias sobre a Líbia e pasma com as condição da vida e da luta nesse país. Mas fico angustiada de imaginar que daqui a pouco os grupos que se uniram para derrubar Khadafi estarão se degladiando pelo poder. Pessimismo? Não, realismo.
Pelo menos a vida (e a morte, sempre à espreita) seguem seu caminho.
Admiro (e não invejo) os jornalistas que fazem a cobertura em zonas de conflito e, na minha juventude, eu achava que isso era o verdadeiro jornalismo. Qualquer outra coisa que eu fizesse não era digna de ser chamado de jornalismo.
Arroubos da juventude. Hoje, confesso e reconheço minha covardia. Sou uma pessoa medrosa e não gosto de muita adrenalina. Acho que isso não me desmerece como profissional e ser humano, né? Realmente acho fantástico - e fundamental - o trabalho do correspondente de guerra, mas acho que não nasci para isso.
Tem gente que gosta de correr de motocicleta, tem gente que gosta de escalar montanhas geladas, tem gente que gosta de assistir a lutas de vale tudo, tem gente que gosta de jogar hóquei, tem gente que gosta de fazer cirurgia, tem gente que é capaz de passar horas na ponta do pé, enfim, tem gosto e talento para tudo.
No momento, gosto de escrever sobre arte, história, cultura. E de ouvir e assistir a pessoas fazendo arte, que é uma forma também de sensibilizar, provocar, transformar. E gosto de fazer arte.
Não tolero ver sangue e tenho pavor de me imaginar num campo de batalha. Odeio violência e acho importante (repito) os profissionais do jornalismo que se arriscam para denunciá-la, para transmitir ao mundo as imagens da guerra.
Mas decididamente não nasci para isso.

domingo, 28 de agosto de 2011

A história de Valéria no palco

Compartilho no meu blog matéria de minha autoria, publicada no Ilustrado do Diário de Cuiabá de ontem. A propósito, Valéria é minha sobrinha-neta!


Na segunda metade dos anos 1980, quando o assunto Aids ainda era um imenso tabu, a paulistana Valéria Piassa Polizzi contraiu o vírus do hiv depois de um inocente cruzeiro ao lado da família, em que conheceu seu primeiro namorado. Durante um bom tempo sofreu muito com o estigma de que a doença matava e achou que não teria muito tempo de vida. Hoje, mais de 20 anos depois, Valéria é uma escritora consagrada e aguarda ansiosamente a estreia da peça “Depois daquela viagem”, uma adaptação do livro lançado por ela em 1997.

“Depois daquela viagem – diário de bordo de uma jovem que aprendeu a viver com aids” (Ática) foi traduzido para vários idiomas e lançado com sucesso em diversos países europeus e da América Latina. Virou referência para uma geração de jovens, que assistia a palestras com a autora em que ela alertava para os riscos do sexo sem o uso de preservativos. A obra não perdeu sua atualidade e prova disso é sua adaptação para o palco, 14 anos após o lançamento da primeira edição brasileira. A estreia da peça “Depois daquela viagem” está marcada para o dia 5 de outubro, no Sesc Consolação, em São Paulo.

A própria Valéria está entusiasmada com essa nova aventura, principalmente, por confiar tanto na equipe que trabalha na adaptação teatral. Na verdade, essa viagem começou há 10 anos, segundo a autora, quando o jornalista e crítico de teatro infantil Dib Carneiro Neto, procurou-a para dizer que tinha adaptado seu livro para palco.

Dib, continua Valéria, estava iniciando sua carreira de dramaturgo e esse era o segundo texto que adaptava.

Li e gostei muito. Dib é um ‘adaptador’ sensível. Conversamos, trocamos ideias, ele entendendo as minhas, eu as dele. O texto da peça ficou redondinho, só faltava ser montada”, conta a autora seu blog “Meus quipus”(http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com/)

OS CORUJINHAS

Enquanto Dib iniciava uma carreira vitoriosa como dramaturgo, Valéria ia tocando a vida como escritora (ela tem outros livros publicados), cronista (de revistas teen como “Atrevida”) e estudante (formou-se em Comunicação Social-Jornalismo e fez uma pós-graduação em Criação Literária). Casou-se e hoje vive boa parte do ano na Europa, ao lado do marido austríaco.

No ano passado, o projeto “Depois daquela viagem” no teatro retomou seu fôlego, com a entrada da jornalista e produtora Roseli Tardelli, com quem Valéria trabalhou por um tempo na Agência de Notícias da Aids. Roseli convidou as gêmeas Abigail Wimer e Alcione Alves para dirigir o espetáculo.

As gêmeas e mais três irmãos - a família coruja tem muitos artistas - formavam um grupo musical e de teatro infantil, Os Corujinhas, que encantaram crianças nas décadas de 70 e 80. Inclusive eu, que tinha até o LP deles!” – relata Valéria, que diz ter se apaixonado “à primeira vista” pelas irmãs.

O elenco de 14 atores foi escolhido por meio de testes e Valéria está acompanhando todo o processo por meio do blog criado especialmente pela equipe da peça: http://depoisdaquelaviagemteatro.blogspot.com/

AUTOBIOGRAFIA

A autora conta que voltará ao Brasil no próximo dia 12 para acompanhar o último mês de ensaios. O livro “Depois daquela viagem” resiste ao tempo e se mantém atraente para jovens e adultos não só por tratar de uma doença ainda atual, mas por tocar em temas que são universais e perenes: como conflitos familiares, a descoberta e as decepções com o primeiro amor na adolescência e, principalmente, a angústia diante da possibilidade da morte quando ainda não se completou o primeiro ciclo da vida.

O livro tem algumas semelhanças com outro sucesso editorial brasileiro, o romance “Feliz Ano Velho”, escrito por Marcelo Rubens Paiva e lançado em 1982. Esta obra também parte de um drama pessoal (o autor ficou tetraplégico depois de bater a cabeça numa pedra num lago) e narra várias experiências de Marcelo, que é filho do deputado Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar após ter sido levado para o quartel da Polícia do Exército, no bairro carioca da Tijuca. “Feliz Ano Velho” também foi adaptado para os palcos e, mais tarde, virou filme dirigido por Roberto Gervitz (1987).







sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Maracanã

Às vezes a gente só se dá conta de algumas coisas porque alguém chama nossa atenção. Ontem, conversando no posto de gasolina, enquanto o rapaz trocava o óleo do carro, um dos funcionários me perguntou se eu já tinha estado no Maracanã. Respondi que sim e ele me disse que seu sonho era conhecer o estádio do Maracanã.
É como ver o mar: quem nasce perto da praia nem sempre se toca de que muita gente morre sem sentir o gosto e o cheiro do mar, sem ouvir o  barulho das ondas quebrando  e sem ter o prazer de um mergulho nas águas salgadas - e geladas (gosto do mar gelado).
Mas voltando ao Maracanã: não sou fanática por futebol, mas gosto e entendo razoavelmente do esporte e  fui incontáveis vezes ao estádio na minha adolescência. Assisti a vários jogos do meu Botafogo e algumas partidas do Brasil. Só tenho boas lembranças do Maracanã, ou melhor, quase só tenho boas lembranças do Maraca.
Não posso dizer que sair do estádio e encontrar o carro do meu cunhado Manoel cheio de água,  depois de um temporal que inundou a área no entorno do estádio, seja uma boa lembrança. Sem falar no jogo dramático em que o Botafogo perdeu o título de campeão carioca para o Fluminense no último minuto, graças a uma cobrança de escanteio (o gol foi do ponta esquerda Lula). 
É claro que vivemos momentos de tensão, mas nada comparável ao que se vê acontecer hoje nos estádios e em volta deles. 
Nessas idas ao Maracanã, meu companheiro mais assíduo era meu cunhado Manoel, que hoje "pendurou as chuteiras" e só assiste aos jogos na TV. Fui algumas vezes com outro cunhado, César, que era meio fanático pelo Botafogo e fui uma ou mais vezes com a turma da torcida organizada da Miguel Lemos.
Tudo isso entre 14 e 17 anos no máximo, acredito.   Há uns três anos voltei ao Maracanã para levar Marina, minha caçula, para conhecer o estádio. Era um amistoso entre o time do Flamengo e o time do Zico e valeu pela animação e o espetáculo da torcida - um mar de rubro-negros, incluindo Marina, Marco (marido de minha sobrinha Lu) e seus dois filhos, Sávio e Leandro.
Não conheço o Engenhão e espero poder voltar um dia ao Maracanã para ver um grande jogo. Quem sabe na Copa do Mundo?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Viagem no tempo

Hoje fiquei algumas horas sem o webmail do Terra e quase entrei em parafuso! Que dependência louca criamos dessa ferramenta maravilhosa que é a internet!
Eu me sinto quase uma pessoa pré-histórica quando eu me lembro de que elaborava minhas matérias para o jornal numa simples máquina de escrever. Remington, Olivetti ... Na verdade, eram máquinas imensas, pesadas, maravilhosas. Quando a gente errava alguma coisa ou tinha que acrescentar algo, ou arrancava o papel, fazia uma bolinha e jogava fora, ou, dependendo da pressa, recortava um pedaço de papel com o trecho novo e colava em cima do velho. O texto seguia para o copydesk cheio de rabiscos, observações, etc, parecendo um Frankenstein. Eu gostava especialmente de ouvir o barulho das máquinas. Dependendo do entusiasmo e da pressa do jornalista e, naturalmente, da quantidade de pessoas na redação, o barulho era maior ou menor. E como se tomava café e como se fumava naquele tempo! Até eu fumava na redação!
Bem, fui longe no tempo... Pois hoje a gente começa a escrever um texto em casa no seu personal computer, vai para a redação do jornal (se quiser) e depois continua de outro computador, tudo na boa, desde que o provedor não te deixe na mão. A gente corrige, insere informações e comentários, na hora que quiser. E se escreve muito, e também se escreve muita bobagem porque nem todo mundo tem paciência e disposição para pesquisar a informação certa, a grafia correta das palavras. 
É uma pena. Eu que vivi nos dois mundos tento me equilibrar entre o melhor de um passado, onde o bom texto realmente era valorizado, e o presente onde abundam blogs, sites informativos, mas nem sempre a gente consegue se sentir bem informado e, principalmente, onde é sempre muito difícil separar o joio do trigo. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Saúde e movimento

Hoje, enquanto fazia aula de yoga na academia Golfinho Azul (no frio, é impossível nadar!), eu pensei algumas coisas. Na verdade, eu não deveria pensar em nada, já que a prática de yoga é um convite ao não pensamento. Mas, como é difícil aquietar a mente!
Mas, de modo geral, tentei pensar em coisas boas e agradeci mentalmente pelo privilégio de poder me exercitar três, quatro vezes por semana na academia ou mesmo no Parque Mãe Bonifácia, meu local preferido para caminhadas em Cuiabá.
Eu me dei conta de que isso - a consciência de quanto o exercício físico diário é imprescindível para a minha saúde física e mental - não foi uma coisa herdada de meus pais ou dos meus irmãos mais velhos. Na minha casa, que eu me lembre, ninguém ia para a academia quando eu era criança. Aliás, pouca gente ia para academia de ginástica no Brasil no final dos anos 50 e início dos anos 60.
Partiu de mim a iniciativa de praticar yoga aos 17 anos, inicialmente no Fluminense Football Club, no bairro carioca das Laranjeiras, e, logo em seguida, na academia do mestre De Rose, em Copacabana. Praticamente nunca parei de fazer algum tipo de exercício: fiz ginástica, dança, natação, em diferentes locais (bairros, cidades) e variados professores.
Fiz aulas mais alternativas com uma professora maravilhosa chamada Tereza na academia do Klaus Viana em Botafogo (onde fiz grandes amizades) e também com Rossella Terranova em Ipanema. Tive aulas com Lourdes Maia (acho que é esse o nome) no último ano em que morei no Rio.
Estive sempre em movimento e sou muito grata por essa intuição, que me permite ter muita disposição aos 55 anos.
Fazer exercício não é simplesmente uma questão de ter ou não dinheiro. Tem gente que tem dinheiro, mas não gosta, não tem saco para fazer. Outras arrumam mil desculpas para não praticar exercícios (entre elas, a falta de tempo e/ou dinheiro). É uma opção e ainda bem que tive essa intuição desde muito jovem: fazer exercícios é uma fonte inesgotável de prazer, saúde e vitalidade.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ficção x realidade

Ontem, passava "Busca implacável" na Rede Globo - filme que que conta a busca desesperada de um pai pela filha sequestrada por uma quadrilha multinacional para servir ao apetite sexual de miliardários entediados. O filme é cheio de chavões e abusa no sentido de transformar o pai, interpretado pelo ator irlandês Liam Neeson, num super heroi, capaz de derrotar quatro ou cinco adversários de uma só vez.
Mas, ao mesmo tempo, o filme alerta para um risco que ameaça todos nós que temos filhas moças e, principalmente, bonitas - a possibilidade de alguém usar um rapaz bonitinho e com cara de bom moço como isca. Não sei até que ponto essa possibilidade é realmente real, mas é sempre bom manter a guarda.
Mas, voltando ao ponto de partida, o filme rolava na tela praticamente sem áudio (eu já tinha assistido e não estava a fim de ver de novo) e eu conversava com parentes ao telefone: duas irmãs, a filha de Jaboticabal, a sobrinha de Cáceres. Por volta de 21h30m, minha filha mais velha me liga e diz que arrumou carona para voltar da faculdade, porém ela só chegou em casa à meia-noite porque ficou entretida com alguma coisa relacionada à pizza, que rolava na universidade.
Como eu sofri nessas duas horas e meia! Por mais que eu pensasse: não aconteceu nada e logo ela estará em casa bela e fagueira, não conseguia ficar calma. Eu não fico imaginando coisas, mas simplesmente não consegui relaxar, nem me deitar enquanto não consegui falar com ela. É claro que liguei mil vezes em seu celular, mas ela não respondia, o que me deixou mais pirada. Para variar, disse que o celular estava na bolsa e por isso não o escutou.
Tudo está bem, nada aconteceu de grave e já conversei seriamente com ela sobre o assunto. Provavelmente isso vai acontecer outras vezes, embora ela jure que não.
É, realmente não é fácil ser mãe! Mas algúem disse que seria?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Visita de velhos amigos

Acabei de falar com um fotógrafo que se prepara para fotografar as belezas do Pantanal mato-grossense mais uma vez.
Que inveja! Moro tão perto do Pantanal e faz tempo que não o visito (suspiro).
Hoje, segunda-feira ainda fria e já cheia de coisas para fazer, estou me sentindo meio down. A mente diz que não devia me sentir assim, mas é assim que estou me sentindo.
Meus amigos alemães estão chegando esta semana. Não os vejo há uns 15 anos e é sempre inquietante quando você revê amigos que não vê há tanto tempo. Será que a conversa vai rolar legal depois desse hiato de tempo em que praticamente não nos falamos?
Conheci Johann e Martina em Cáceres. Na verdade, conheci Johann primeiro, numa festa de aniversário em Cáceres que não prometia surpresas. Mas teve: Johann, um alemão recém chegado a Cáceres, acompanhando a mulher que tinha vindo fazer sua pesquisa para uma tese de doutoramento. O casal tinha uma filha pequena, Sophia, e se tornou um de nossos melhores e mais assíduos amigos nos dois ou três anos em que a família residiu em Cáceres.
Johann, graduado em Letras, fazia o papel de "mãe" de Sophia, enquanto Martina parecia mais o pai. Era engraçado o contraste com outros casais cacerenses. Era ele quem cuidava da menina a maior parte do tempo e, por isso, acabei me identificando mais com ele do que com Martina, que parecia mais à vontade com meu ex-marido.  Cheguei a dar aulas de português para Johann, que tentou me ensinar alemão. Não fiz muito progresso, mas não culpo o professor. Como é difícil o Alemão!
Fizemos passeios de barco juntos, viajamos juntos para o Pantanal e compartilhamos ótimos momentos, com parentes vindos da Alemanha para visitar o casal naquela cidadezinha perdida no interior de Mato Grosso.
Depois que voltaram para Alemanha, chegamos a trocar alguma correspondência, mas logo paramos e nos perdemos.
Há uns dois meses, Johann e Martina me acharam através do Facebook da filha Sophia, que já está moça, e anunciaram sua visita ao Brasil em agosto, com direito a alguns dias em Cuiabá e Cáceres. 
Estar com eles deve mexer comigo. Em primeiro lugar, porque vão-se evocar lembranças da época em que eu morava em Cáceres, era casada e tinha minhas filhas pequenas. Em segundo, porque servirá como uma espécie de balanço dos anos pós-separação. 
Tudo isso mexe comigo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A arte da fotografia


Foto de José Medeiros, um dos meus mais assíduos companheiros de viagem


Já escrevi dois textos alusivos ao Dia Mundial da Fotografia, mas não publiquei nada aqui.
Descobri que a data - 19 de agosto -  refere-se ao dia em que o francês Louis Daguerre apresentou à Academia de Ciências da França em 1839 sua câmera fotográfica, o daguerreótipo, construído com base nas experiências anteriores de outro francês, Joseph Nicéphore Niépce .
Faz quase dois séculos ... Ainda "outro dia" eu me encantava com meu primeiro contato com uma câmera digital num feira de informática no Rio de Janeiro e hoje todo mundo (menos eu) tem uma.
Ter uma máquina não é sinônimo de fazer boas fotos. Isso requer muito, muito mais.
Já fiz algumas belas fotos na vida, mas me considero uma péssima fotógrafa e admiro demais a arte de quem sabe fotografar, seja amador ou profissional. É preciso paciência, coragem, um olhar diferenciado, uma boa dose de tecnolgia e sorte também.
Ao longo da minha vida profissional trabalhei com fotógrafos excelentes: nos jornais Ultima Hora, Jornal do Brasil e O Globo; na sucursal da Veja e, mais tarde, na revista Produtor Rural. Tantos que seria injusto citar alguns nomes e deixar outros de lado. Uns me marcaram pela capacidade técnica, outros pela coragem e outros ainda pela sensibilidade - ou tudo junto e misturado.
A todos esses fotógrafos que me ajudaram na minha caminhada profissional e pessoal, meu muito obrigada!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Caraminholas

Não sei se eu deveria compartilhar isso aqui, mas está engasgado desde sexta-feira, quando descobri - fuçando na net - que o livro que escrevi para um empresário de Mato Grosso (na verdade, ele é mais que um empresário daqui) foi lançado na  Casa Fasano em São Paulo.
O livro foi lançado em duas dezenas de cidades onde existe uma loja do grupo e eu sabia que haveria lançamentos em duas capitais, Brasília e São Paulo, mas não imaginava que este último seria com tanta pompa e circunstância. E eu não fui convidada. Só fui convidada para o lançamento em Cuiabá em julho passado.
Dá para imaginar isso: um livro que é lançado sem a presença do escritor?
Assisti a um ótimo filme, "The ghost writer" (O escritor fantasma), de 2010, do diretor Roman Polanski em que o tal escritor fantasma não é convidado para o lançamento do livro que escreveu e vai à festa como "penetra" (se não me falha a memória, alguém da equipe do biografado descola um convite para ele). O filme é muito interessante, cheio de suspense e reviravoltas, e na verdade o tal escritor faz realmente o papel de ghost writer de um ex-primeiro ministro (tecnicamente ele não existe como autor, já que a autoria da obra é atribuída para o político). Só que ele descobre que o seu antecessor morreu misteriosamente durante o trabalho.
No meu caso, não sou uma ghost writer , já que meu nome aparece como autora do livro na ficha catalográfica, portanto ...
Enfim, é complicado ser jornalista, escritor. A valorização desse tipo de trabalho pela sociedade é sempre esquisita. Algumas pessoas reconhecem quando o texto é bem elaborado e o admiram, mas o trabalho de jornalista em geral é cada vez mais desvalorizado em termos financeiros. Bem que um dos meus cunhados me alertou quando soube que eu seguir essa profissão, mas eu não quis ouvir seus conselhos...
Mas sabe de uma coisa?  Estou feliz com o que eu sou. É engraçado, eu sempre quis fazer jornalismo cultural. Quando trabalhei na revista Veja, na década de 1980, aos poucos, fui me direcionando para artes e espetáculos. Como repórter de sucursal, é claro que eu sempre fiz de tudo e adorava isso, mas quando me chamaram à sede em São Paulo e me acenaram com uma promoção (que recusei, pasmem), foi a Editoria de Artes e Espetáculos que me recebeu de braços abertos. O editor era Mário Sérgio Conti, que galgou vários cargos na Veja e hoje - soube anteontem - é o substituto de Marília Gabriela no programa Roda Viva.
No auge da minha carreira como jornalista, vim para Mato Grosso e aí tive que recomeçar minha vida profissional. Em Cáceres, dei aulas no curso de Letras da Unemat e criei um laço afetivo especial com minhas colegas da Literatura.
Em Cuiabá, trabalhei sete anos como jornalista de agronegócio e agora, após a decisão da Famato de não mais publicar a revista Produtor Rural, eis-me labutando no jornalismo cultural como repórter do caderno Ilustrado do Diário de Cuiabá. É claro que não tem o mesmo charme e, muito menos, a estrutura de um Caderno B do Jornal do Brasil nos anos 70 e 80, meu sonho de consumo, mas estou curtindo muito.
Acho que não nasci com o dom de ganhar dinheiro. Preciso aprender a aceitar e administrar isso. E ser feliz, dentro do possível, e não me sentir derrotada porque minha conta bancária está sempre me provocando arrepios.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Batida brasileira

Foto cedida gentilmente por Flávia Leite
Não quero falar de calor, de baixa umidade do ar. Fica tão cansativo, né? Quero falar de Euterpe, antes que a ocasião passe.
Fui assistir ao show de Euterpe e banda no domingo no Teatro do Sesc Arsenal. De graça, dentro da programação do projeto Amazônia das Artes 2011.
Estava com um pouco de preguiça de sair de casa, depois de uma caminhada gostosa no Parque Mãe Bonifácia, mas fui. Ainda bem. Assisti a um dos show mais surpreendentes da minha vida. Não conhecia Euterpe até sexta-feira passada quando pesquisei sobre a cantora roraimense para escrever uma matéria para o caderno Ilustrado do Diário de Cuiabá.
Gostei do que descobri, a começar pelo nome: Euterpe, que é nome artístico - uma homenagem à musa da Música e também ao nome científico do açaí. Gostei ainda mais do título do show, que é o mesmo do CD de estreia da artista: "Batida Brasileira". Pronto, eu não podia perder a oportundidade de conhecer essa artista de Roraima, um estado distante, encravado lá no extremo norte do país e sobre o qual sei tão pouco.
Valeu a aposta. O show foi lindo, nem um pouco cansativo. A banda que acompanhava Euterpe era maravilhosa, embora eu tenha achado a bateria muito alta no início. Euterpe é maravilhosa: canta bem, é comunicativa, simpática, e tem uma expressão corporal fantástica, super sensual.  Eu disse sensual e não sexual. Portanto, esqueça qualquer coreografia apelativa e vulgar. 
Mesmo sem conhecer as músicas, o público participou bastante do espetáculo. Diga-se de passagem que havia pouca gente na plateia. Mesmo assim o show foi caloroso e, timidamente, nós, o público, respondemos ao convite de Euterpe para fazer coro numa canção.
A outra surpresa da noite ficou por conta de Eliakin Rufino, parceiro de Euterpe, poeta roraimense e diretor artístico do show. Ele recitou três poemas fortes acompanhados da banda. Foi um momento incrível. Antes de apresentar o último poema, Eliakin pediu a participação do público que deveria soltar sua porção capivara, emitindo o grito do animal acuado pelo caçador. Foi divertido. Confesso que minha capivara saiu meio tímida, inibida, porém algumas pessoas se soltaram mais e os resultados foram boas risadas e a sensação de comunhão entre artista e plateia.
Longe de mim querer esgotar o assunto aqui. Quero apenas contribuir para divulgar uma artista do Norte, que parece disposta a conquistar o público de outras regiões do país e tem talento para isso. A cultura brasileira é realmente surpreendente e rica e linda.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Parque sem diversão

Não posso deixar de falar do acidente no parque de diversões no Rio de Janeiro.
Já andei - e me diverti muito - em parques de todo tipo e vi minhas filhas se divertindo bastante naqueles parquinhos instalados em exposições agropecuárias. Com o tempo, fui ficando cada vez mais medrosa e, eu que adorava a montanha-russa do saudoso Tivoli Park na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio, hoje não encaro nem barco viking. Tenho pavor de brincar nesse tipo de brinquedo e de assistir a outras pessoas brincando.
Mas isso não importa. Imagino a dor dos pais e parentes da estudante Alessandra da Silva Aguiar que morreu em consequência do acidente ocorrido no parque Glória Center na Zona Oeste do Rio. Acidente é modo de falar porque o que aconteceu foi um crime e não só a dona do parque, como o engenheiro que vendeu o laudo que certificou a segurança dos brinquedos, têm que pagar por sua irresponsabilidade.
Que loucura: alguém monta um parque de diversões que atrai milhares de pessoas e não tem alvará da Prefeitura? Isso é brincadeira. Já houve outros acidentes com morte no parque dessa mulher (Maria Glória Pinto) e ela continua montando e ganhando dinheiro com parque de diversões. Me poupe!
É claro que deve haver um monte de outros parques por aí na mesma situação, oferecendo risco a seus usuários. É lamentável que as pessoas vão a um lugar para se divertir e estejam correndo risco de vida, já que os brinquedos são mal conservados. Tudo em nome do lucro.
Gostaria muito que essa mulher nunca mais pudesse abrir um parque de diversões porque já provou que não tem o menor respeito pela vida alheia, mas gostaria também de acreditar que as fiscalizações vão ser mais rigorosas e à prova de corrupção.
Infelizmente não acredito que isso seja possível, mas acho que a sociedade tem que estar mais atenta e cobrar esse tipo de cuidado de pessoas que montam verdadeiras armadilhas em parques de diversões ou, então, que montam arquibancadas em eventos sem o devido cuidado, provocando dor, morte e sofrimento às vítimas e a seus parentes e amigos.

domingo, 14 de agosto de 2011

A arte de viver de arte

Compartilho aqui hoje um artigo meu publicado na página de Opinião do Dário de Cuiabá de sexta-feira:


Nos três meses de trabalho no Ilustrado, o caderno de Cultura deste Diário, conheci pessoas muito bacanas que se dedicam à nobre atividade de fazer arte. Algumas eu já conhecia, mas o fato de entrevistá-las, de ter permissão para uma conversa mais aprofundada, me deu outra visão sobre elas.

Ainda estou naquela fase de me surpreender e isso torna o meu trabalho quase sempre prazeroso. Que me desculpem os burocratas, mas não consigo trabalhar sem prazer, sem acreditar naquilo que faço.

Nessas conversas surgiram fatos e falas interessantes, mas hoje vou me ater a uma delas. Na segunda-feira passada entrevistei a poeta Luciene Carvalho para uma matéria publicada no Ilustrado de terça-feira, dia 9, sobre dois projetos envolvendo a importância dos quintais na identidade cuiabana. Durante a entrevista, Luciene falou sobre sua preocupação em fazer da arte um caminho profissional. Disse que, como artista, gostaria de não ter que fazer um concurso público para conseguir um emprego qualquer e poder dar continuidade à sua arte.

Fiquei pensando em como é difícil viver dignamente da arte, sobretudo se o artista não fizer uma arte mais comercial. É claro que sempre vai haver artistas que ganham fortunas por caírem nas graças de um público maior. Isso acontece no futebol, no jornalismo, em várias profissões: tem uma meia dúzia que ganha muito bem e outros tantos profissionais que vão ganhar apenas o suficiente para pagar suas contas e olhe lá.

Mas acredito que no caso da arte é diferente: o artista que não faz um sucesso estrondoso e não vive na mídia não consegue sequer o mínimo necessário para sobreviver.

A primeira matéria que fiz para o Ilustrado foi com o artista plástico Sitó e ele reclamou da situação de penúria em que vivem muitos pintores e escultores mato-grossenses. Reclamou, inclusive, da má aplicação dos recursos dos projetos de cultura da esfera governamental. Deve ser muito complicado você ficar dependendo da aprovação de um projeto cultural para tocar sua vida.

Vejo muitos músicos tocando em mil lugares ou se matando de dar aulas para ter uma renda razoável ou então tendo que encarar o batente em repartições públicas para poderem fazer o que gostam realmente. Eu me lembro de um amigo músico que tinha conseguido um DAS numa secretaria de estado graças a um padrinho político. Mudou o governo e o “emprego” se foi.

Em capitais maiores, a batalha pela sobrevivência para quem vive de arte não é menos árdua e a disputa por espaço é até mais acirrada, porém há mais oportunidades e se valoriza mais o artista, que não é visto como supérfluo.

Acho que chegamos ao ponto nevrálgico: a arte e artista tendem a ser vistos como supérfluos na nossa sociedade e, por isso, são tão desvalorizados, ao menor sinal de crise. Mas a literatura, a música, o teatro, o cinema, as artes plásticas, a dança e outras formas de arte são imprescindíveis. Desculpem o lugar comum, mas a arte é o alimento do espírito, uma forma de expressão, de contar a história do mundo para futuras gerações. Sem ela, a vida fica bem menos interessante; por isso é importante valorizar e tratar o artista com dignidade.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bem pior que na ficção

Parece coisa de filme, telenovela, seriado de TV, mas, infelizmente, é verdade. A execução da juíza Patrícia Lourival Acioli, com 21 tiros, na frente de condomínio onde morava, é uma bofetada na cara da sociedade.
Em 2003, outros dois juízes que combatiam o crime organizado também foram executados e me assuta a ousadia desses executores de magisgrados.
Segundo o jornal O Globo, que cita fontes da polícia, a juíza da 4ª Vara Criminal de Sâo Gonçalo foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a  milícias e grupo de extermínio nos últimos 10 anos. Ela dizia não temer ameaças e fazia o estilo linha-dura.
São Gonçalo, para quem não conhece, é um município que fica perto de Niterói, do outro lado da ponte Rio-Niterói.
Até que ponto seus executores agiram sozinhos ou sob a conivência de outras autoridades?
Sei pouco sobre ela e nem me proponho a informar mais do que os jornais, sites e TVs, principalmente os do Estado do Rio.
Só quero registrar minha admiração por essa magistrada valente que cumpriu o papel a que se propôs, lamentar a sua morte e falar da minha indignação com esse tipo de ação.

Perdição

Começou o calor absurdo, avassalador.  Hoje, por volta de meio dia, estava fazendo uma entrevista na UFMT numa sala com ar condicionado e quando saí me dei conta de quanto estava quente lá fora, um forno. Estamos em agosto e, embora o céu ainda esteja razoavelmente azul, já vivemos na pior época do ano de Cuiabá (em termos de clima).
Falar que Cuiabá é quente é falta de assunto, chover no molhado. Quero mesmo é falar da minha atual perdição. Quase todo dia eu me rendo a ele: refrescante, doce, muito gostoso. Foi um presente de uma amiga recém chegada da Europa. A garrafa é linda: gordinha, dourada e o conteúdo delicioso.
Nunca me liguei muito em licor, prefiro bebidas mais masculinas (ou que eram tachadas de masculinas quando eu era criança): uísque, vinho seco, cerveja, chopp (adoro) e até uma cachacinha.
Tampouco tenho o hábito de beber em casa. 
 Minha família é engraçada: quase todo mundo adora uma bebida. Minha mãe era conservadora em muitas coisas, mas adorava chopp. Era muito gostoso vê-la bebendo seu chopinho nas raras ocasiões em que saía à noite.
Para mim, não tem nada mais gostoso do que festa com barril de chope. Faz tempo que não vou a uma. Fui numa em julho do ano passado, numa fazenda em Cáceres, e no sábado passado não pude ir a uma festa nessa mesma fazenda porque estava trabalhando. Não sei se teve barril de chope, mas deve ter sido animada como a outra.
Acabei de beber meu cálice de Mozart, um licor de creme de chocolate austríaco maravilhoso.
Agora vou dormir porque que o dia amanhã promete ser puxado e bem interessante. De manhã vou trabalhar no Diário de Cuiabá, à tarde, logo depois do almoço, vou a uma palestra de um pesquisador canadense sobre jornalismo literário na UFMT; depois vou para a editora e à noite quero ver o show de um compositor e violonista novo para mim, sobre o qual escrevi hoje. Ele se chama Vítor Meireles e é professor de filosofia, além de músico. Fiquei bem curiosa para assisti-lo.

PS. Não tem nada a ver com o assunto anterior, mas achei bizarro ver na novela "Insensato coração" que todos os personagens presos vão para a mesma cadeia, têm o mesmo carcereiro e os dois últimos (Leo e Vinícius) ainda ficaram com o mesmo companheiro de cela. É hilário!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nadar é preciso!

Hoje, quando nadava de manhã na piscina da academia, senti um bem estar imenso. Nadar é muito bom, principalmente numa cidade quente como Cuiabá e num período de tanta seca.
Logo que chego na academia (a Golfinho Azul) e me sento na beira da piscina, fico com um pouco de medo de entrar na água, que me parece fria, mas basta dar as primeiras braçadas para essa sensação ir embora de vez.
Hoje, acredito, melhorei um pouco o nado de costas, graças às orientações do professor Jean. Nadar de costas é muito gostoso porque você ainda desfruta do prazer de olhar o céu, simplesmente. Mas gosto também de nadar peito e imagino que sou algum ser das águas submergindo e emergindo com suavidade. Adoro também nadar crawl, a harmonia das braçadas, a sensação de bater as pernas sem parar, enquanto o corpo desliza na água. E, finalmente, amo o desafio de nadar borboleta. Ainda não sou muito boa nesse estilo, porém fico super orgulhosa (confesso) de conseguir atravessar a piscina nadando borboleta, mesmo que chegue do outro lado à bout de souffle (adoro essa expressão em francês, que quer dizer,  sem fôlego).
As bolsas de valores estão convulsionadas, as pessoas continuam botando fogo em Londres e outras cidades inglesas, mais escândalos de corrupção estão estourando em algum ministério em Brasília (ainda bem) e eu aqui falando sobre minha natação?
Ainda bem. Sou grata por poder nadar, cuidar da minha saúde (física e mental) e ainda poder chegar em casa e tomar um banho delicioso no chuveiro novo instalado no banheiro "das meninas" e à espera de novos hóspedes.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mudança de hábito

Passei os olhos pelo portal Terra e, no meio de tanta coisa ruim e/ou bizarra, me chamou atenção a notícia sobre a morte de uma mulher no Rio que teve seu corpo queimado pelo gerente da padaria onde trabalhava. Segundo a matéria, ela resistia ao assédio do homem, que foi visitá-la em sua casa no Morro do Borel, na Tijuca, amarrou-a e tocou fogo.
Achei muito triste isso e essa notícia me leva a algumas indagações: por que tem gente que sofre tanto no mundo? Por que tem gente tão cruel e desequilibrada?
Outro questionamento: até que ponto devemos ler notícias como essa para sabermos o que acontece no mundo ou isso não faz a menor diferença,?
O que estou colocando  em discussão é a pertinência de estar ou não 100% ligada em tudo que acontece no mundo, ser ou não ser um pouco alienada.
Vejo que algumas pessoas têm necessidade de assistir a todos os noticiários de TV e saber de tudo que acontece no mundo, mas até que ponto isso as torna mais conscientes e engajadas num processo de mudança?
Sempre que almoço em casa ligo a TV para assistir ao jornal, mas hoje minha filha mais velha questionou esse hábito. Ela disse que ouvir tantas notícias ruins tirava seu apetite. Talvez ela tenha razão: não é saudável comer assistindo ao noticiário de TV e, aos poucos, na minha ânsia de acompanhar tudo, fui me esquecendo que logo que cheguei a Mato Grosso estranhava esse costume.
Na casa da minha mãe, almocávamos e jantávamos na copa nos dias normais, mesmo quando tinha uma visita sem muita cerimônia, e lá não tinha TV. O aparelho ficava no escritório. Como eram gostosas aquelas refeições em que cada prato era saboreado e se conversava sobre tudo!
Taí, não vou ligar mais a TV quando estiver comendo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

De mal a pior

No sábado, uma amiga me contava que tinha tentado ir ao cinema no Shopping Pantanal, mas desistiu por vários motivos e comentou que gostava mesmo era de ir ao shopping center do bairro, o Shopping Goiabeiras, que deverá ter salas de cinema após uma reforma. Segundo ela, lá se sente mais segura.
Retruquei: "Pois não deveria". Contei a ela sobre dois assaltos ocorridos no Shopping Goiabeiras em julho e mal sabia que naquele momento mais um assalto estava acontecendo, desta vez na lotérica que funciona no setor de serviços, onde também ficam os caixas dos bancos.
Algumas vezes nos últimos meses minha filha mais velha fez saques no caixa do BB, no subsolo do shopping, e se encaminhou até a casa de câmbio, que fica no térreo, para enviar dólares para uma prima que estava nos EUA, a pedido dos pais da menina. Eu sempre ficava preocupada porque acho o Goiabeiras perigoso.
Veja que contra-senso: o shopping center vende conforto, segurança,e por isso tornou-se um espaço de lazer e consumo nas grandes cidades. Pois, o Shopping Goiabeiras, que tem muitas lojas de grifes, tem demonstrado ser exatamente o contrário. Acho que eu me sinto mais segura no Centro de Cuiabá do que fazendo compras no Goiabeiras. Sem esquecer que há dois ou três anos ocorreu lá o lamentável espancamento de um vendedor ambulante que não tinha cometido crime algum, mas mesmo assim mereceu ser levado para a sala da segurança. Desde essa época tomei uma bronca do shopping porque nunca vi uma manifestação razoável de qualquer pessoa da administração em relação ao caso.
É estranho que os comerciantes de lá também não se manifestem como se os seguidos episódios de violência não afetassem a imagem do centro comercial.
Há algumas semanas eu queria comprar uma touca de natação e entrei nas Lojas Americanas. Andei uns cinco minutos em busca de algum funcionário que me orientasse sobre onde achar a touca e nada. A única funcionáia que vi estava no caixa e só tinha um funcionando. É óbvio que desisti de procurar a touca. Até as LA, que vivem lotadas em outros locais, estão às moscas no Shopping Goiabeiras.
Falo tudo isso não para destruir o lugar. Muito pelo contrário, sempre simpatizei com o shopping do meu bairro, onde posso ir a pé. Além disso, vou adorar poder ir ao cinema novamente perto de casa. Para quem não se lembra o Goiabeiras já teve duas salas de cinema e, quando o Pantanal era apenas uma obra estagnada, eu vinha de Cáceres feliz da vida para assistir a um filme no Goiabeiras.
Só acho que do jeito que está não dá para continuar.

sábado, 6 de agosto de 2011

Faroeste caboclo

Ontem eu falava sobre um pesadelo com uma guerra civil, mas hoje vou falar de uma realidade assustadora: Mato Grosso teve dois prefeitos assassinados em sete dias!
O primeiro foi o prefeito de Novo Santo Antônio (a 1.080  km de Cuiabá no Nordeste do estado), ontem foi o prefeito de Nova Canãa do Norte (a  cerca de 820 km da capital no chamado Nortão). Luís Cesar Castro, conhecido como Luizão, 43 anos, eleito pelo DEM, foi morto com cinco dos sete tiros disparados por um homem encapuzado que se aproximou dele numa Festa do Laço e fugiu a pé.
O governador Silva Barbosa (PR) lamentou o episódio e prometeu que o caso será investigado com rigor. Só que passada uma semana do primeiro assassinato, o do prefeito Valdenir Antônio da Silva (PMDB), que foi alvejado em casa na frente dos filhos, nada foi apurado. Pelo menos que se saiba.
Pelo visto voltamos ao tempo do far-west, termo inglês que em português virou faroeste e que designa toda uma cultura ligada à expansão dos Estados Unidos em direção ao oeste do país na passagem do século XIX para o XX. Estamos nos referindo ao far (distante) west (oeste), do tempo das diligências (título de um dos filmes mais famosos do cineasta John Ford), dos duelos ao sol (outro tema recorrente nos melhores faroestes), dos assaltos a banco, dos embates com os indígenas, que foram praticamente dizimados no país, da corrida do ouro.
Qualquer semelhança com o nosso Oeste brasileiro do século XXI não é mera coincidência.

PS. Há 15 dias o jornalista Auro Ida foi assassinado a tiros num bairro da periferia de Cuiabá. Sabe-se que não foi latrocínio (assalto seguido de morte). A polícia trabalha com a hipótese de crime passional, mas muita gente acredita na possibilidade de queima de arquvio. As investigações avançaram pouco até agora.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Apenas um pesadelo

Hoje tive um pesadelo muito estranho e real. Vou registrá-lo aqui antes que a lembrança dele se esvaneça totalmente.
Havia uma guerra civil do lado de fora da minha casa, que se parecia mais com o apartamento que eu morei dos 8 aos 20 e tantos anos no Rio, na rua Barão do Flamengo.
O pau estava quebrando lá fora. Não me lembro exatamente por que e como tudo começou.
Ora eu era criança e só assistia de "camarote" (da janela do oitavo andar), ora já era adulta e via amigos meus envolvidos no conflito. Tudo tinha a ver com um grupo de rapazes, que tinha sido preso e/ou hostilizado. Os rapazes se rebelaram, outros se juntaram a eles e havia uma guerra entre uma população majoritariamente jovem, carente e os outros.
Sonhos são sonhos e talvez se eu tivesse pego papel e caneta ou tivesse corrido para o computador, me lembraria de mais detalhes. Mas ficou a sensação de terror, que demorou um pouco para desaparecer.
Há uma corrente que diz que durante o sono o nosso espírito vagueia por outras dimensões no tempo e no espaço. Talvez eu já tenha vivido a experiência do sonho ou ainda vá viver.  Quem sabe?
Só sei que me senti muito aliviada de ter despertado numa cidade ainda calma, poder tomar meu banho no chuveiro novo e delicioso, e tocar minha rotina, normalmente,
Mas não deixei de pensar nos habitantes da Síria e da Líbia que estão envolvidos numa guerra civil há meses. Deve ser barra!
É estranho que a gente consiga tocar nossa vida tão normalmente, trabalhando, planejando, divertindo-se, emocionando-se e se desesperando com coisas tão pequenas, enquanto outros arriscam suas vidas quase diariamente aqui, acolá, em outros países e continentes distantes.

Insensatos corações

Cheguei em casa esta noite a tempo de assistir à prisão do Leo, personagem do ator Gabriel Braga Nunes na novela "Insensato Coração".
Custei muito a gostar dessa novela e até hoje ela não é das minhas peferidas, mas tenho que reconhecer que a voltagem intensificou bastante nos últimos tempos e tem rolado umas cenas bem interessantes, embora eu ache a novela um pouco exagerada. Os ficcionistas podem se dar a esse luxo, embora justamente aí more o perigo: às vezes, a telenovela quer parecer verossímel, imitar a realidade; em outras cenas, os autores resolver dar asas à imaginação, criando situações totalmente inverossímeis.
Por exemplo, o romance entre a personagem de Isabela Garcia e seu patrão foi muito forçado. Na vida real, dificilmente um cara com o perfil dele, que vivia nas noitadas, correndo atrás das menininhas saradaas, iria cair de quatro por uma mulher com o perfil da Deise, nada glamourosa, trabalhadeira, boa dona de casa, centrada
Hoje, teve uma cena fortíssima do espancamento do rapazinho homossexual. Os autores - Gilberto Braga e Ricardo Linhares - têm batido duro nessa tecla. Acho que eles estão fazendo o papel deles, mas infelizmente acho que esse tipo de coisa não vai mudar a cabeça de quem se acha no direito de espancar outro ser humano por ele ter uma preferência sexual diferente do que é convencional.
Por mais violenta que a ficção seja, a realidade consegue ser ainda pior. Há poucos dias, num evento no interior de São Paulo, pai e filho foram espancados porque o fato de estarem abraçados levou algumas pessoas maldosas e preconceituosas  a pensarem que eram homessexuais.
Achei esse episódio dos mais tristes de que tive notícia nos últimos tempos. Como seria bom se a única insensatez do coração humano fosse provocada pelo amor e não pelo ódio!



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O exemplo da Lituânia

Adorei o tratamento de choque que o prefeito Arturas Zuoka, de Vilnius, capital da Lituânia, está dando aos donos dos veículos que não respeitam as regras de trânsito.
O telejornal Hoje, da Rede Globo, mostrou hoje ele passando com um tanque de guerra por cima de um carro estacionado numa ciclovia. O apresentador disse que as imagens fazem parte de uma peça publicitária.
Achei uma atitude radical, mas interessante - e educativa.
Sou motorista e pedestre, mais motorista do que pedestre, mas sou do tipo que prefere estacionar a algumas quadras de distância do local aonde vou a parar em local proibido ou mesmo ter que pagar estacionamento ou dar grana para qualquer sujeito que aparece dizendo-se guardador. Se der, vou a pé.
Fico irritadíssima quando ando numa rua, como a Estevão de Mendonça, onde moro em Cuiabã, e vejo carros sobre a calçada atrapalhando a passagem de pedestres. Um dia até chamei a atenção de uma motorista que tinha acabado de deixar seu carro atravessado na calçada. Questionei sua atitude, num ímpeto de civilidade, e por sorte ela não era do tipo barraqueira. Simplesmente voltou para o carro e o tirou da calçada.
Não sou a rainha da virtude, nem santa, mas sempre procuro pensar no outro, que pode ser um pedestre, um adulto com um carrinho de bebê ou um cadeirante.
Ontem fui levar minha filha caçula ao Aeroporto Marechal Rondon e deixei meu carro por alguns minutos em local proibido (mas não na calçada) depois de dar uma volta e não encontrar vaga. Eu só queria ver se tudo tinha dado certo no check-in e dar um último abraço, e não estava a fim de pagar uma grana de estacionamento para ficar apenas alguns minutos.
A área em torno do aeroporto está um caos. Quase não há local para os ônibus e vans estacionarem, os motoristas param os carros em fila dupla e não vi qualquer tipo de fiscalização.
Sei que o problema de estacionamento está cada vez mais complicado nas grandes cidades, mas acho o fim da picada alguém estacionar na calçada. Calçadas foram feitas para os pedestres andarem.
Gostaria muito de viver numa cidade com planejamento onde prevalecesse o bem coletivo e não o individual, e onde regras mínimas de educação fossem respeitadas.  Bem que poderia ter uns prefeitos meio malucos como esse da capital da Lituânia por aqui.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ninho em movimento

É muito esquisito.
A sensação que deixa a partida de uma filha é sempre muito esquisita. Fica um oco por dentro.
 A gente sabe que ela está bem "ali" (a algumas centenas de quilômetros de distância), mas ao alcance do telefone, da internet. Mesmo assim não é como ouvir a voz pertinho, ver o sorriso e a alegria de uma pessoa que, felizmente, está quase sempre feliz.
Esse ritual de levar minha filha caçula ao aeroporto tem se repetido desde o ano passado, mas acho que nunca vou me acostumar com ele.
Em compensação, ontem à noite, a mais velha voltou, muito alegre e animada.
Que bom que tenho as duas!
Às vezes encontro um vizinho simpático no elevador que tem duas menininhas, de aproximadamente 4 e 2 anos, e brinco com ele: "Aproveite bastante enquanto são pequenas".
Na verdade, temos que aproveitar todas as fases dos filhos, por mais trabalhosas que sejam. A gente sempre fica com saudades do que passou.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mais um

Já disse várias vezes aqui que acidentes com motos são muito corriqueiros em Cuiabá.
Hoje quase presenciei um. Estava saindo da academia por volta de 8h quand ouvi um barulho, olhei de lado e já estava a motociclista no chão, o carro parado, no cruzamento da rua São Sebastião com a rua do canal que segue até o bairro do Porto. Várias pessoas se apressavam em direção ao acidente.
Não cheguei perto. Não ia ajudar e não gosto de ver pessoas machucadas. O que me impressionou foi que a vítima não se mexia e permaneceu no chão durante uns cinco minutos ou mais - o tempo que usei para caminhar até o estacionamento, pegar meu carro, fazer a volta e passar pelo cruzamento onde ocorreu o acidente.
Volta e meia me pego pensando: o que será que lhe aconteceu? Será que foi levada numa ambulância para o Pronto Socorro para ser mais uma nas estatísticas sobre acidentes de Cuiabá envolvendo motocicletas e na fila para cirurgias ortopédicas?
Não posso nem opinar sobre o acidente porque não o vi, mas me deu a impressão de que a motociclista vinha na preferencial. Só que Cuiabá está cheia de cruzamentos como esse onde não fica muito clara a questão da preferência e toda hora acontecem acidentes, uns por falta de atenção, outros por falta de sinalização.
Anteontem mesmo eu dizia para minha filha mais nova quando voltávamos do Chorinho: é preciso dirigir com atenção redrobrada nos sábados à noite, quando as ruas estão vazias, pois a gente nunca sabe se quem vem na outra via vai respeitar ou não o sinal de trânsito.
Agradeço sinceramente por nunca ter me envolvido num acidente com vítimas. Acho que ficaria muito nervosa, por isso sempre procuro estar atenta e quando percebo que minha cabeça está longe procuro trazê-la para o aqui e agora. 
Para falar a verdade, detesto dirigir, mas não consigo abrir mão da praticidade de ter um carro. Só tenho certeza de uma coisa: jamais usaria moto como transporte. Eu prefereria andar de ônibus ou a pé se não pudesse ir de carro particular ou de táxi.