segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Agenda cultural

Ando bem relapsa com a minha agenda cultural. Para me redimir quero registrar aqui o lançamento nesta terça-feira, a partir de 20h, do CD do músico Ebinho Cardoso, de quem sou fã de carteirinha. O show será na sala de cinema do Sesc Arsenal com entrada franca.
Perguntei a Rejane, mulher de Ebinho e sua grande divulgadora, por que a escolha do cinema, uma sala pequena em comparação com o teatro. Ela disse que o próprio Ebinho quis assim para dar um clima mais intimista. A apresentação será solo e acredito "dos deuses".
Ebinho é um músico ímpar: suave, original e costuma associar voz e contrabaixo para apresentar composições suas e de outros músicos. Às vezes ele me lembra Egberto Gismonti (um dos meus compositores e instrumentistas preferidos), em outras me lembra Toninho Horta (um guitarrista que adoro), mas na maior parte do tempo ele é apenas Ebinho Cardoso.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sobre mulheres e cães

Já disse aqui outra vez que meu atual sonho de consumo (um deles) é ter um notebook que me permita escrever meus posts na hora em que a inspiração vem. Às vezes no trabalho é impossível e em casa também (por causa das meninas).
Tenho muitas histórias que gostaria de deixar aqui registradas, uma forma de compartilhar minhas "pegadas" na Terra com meus caros leitores.
Mas hoje, devido à pressão do trabalho, vou registrar apenas o conteúdo de uma faixa que vi ontem no meu caminho pra casa e me atiçou a imaginação. As letras eram bem grandes e prometiam uma "boa recompensa" para quem desse pistas de um cão fox terrier preto. O que mais me chamou atenção foi a justificativa para tanto empenho em encontrar o animal perdido: uma doente mental de 78 anos estava sofrendo muito por causa do sumiço do bichinho.
Vocês conseguem imaginar a história que tem por trás dessa faixa? Uma doente mental de 78 anos é uma coisa rara. Imagino que ela deva pertencer a uma família rica, mas como será a sua relação com as pessoas da casa e, principalmente, com esse cachorro?
Entendo bem o amor por animais porque eu mesma, passados quase seis anos que moro em Cuiabá, morro de saudades do meu Samurai, de Dama e Flor. Dama morreu atropelada alguns meses antes da mudança (no fundo, achei bom porque ela já estava velha e cega de um olho, por isso seria difícil encontrar um lar adotivo). De Samurai, tenho notícias esparsas, pois foi dado a minha antiga manicure (foi seu segundo ou terceiro lar, já que o primeiro não prestou). De Flor, só tenho a lembrança de uma cadelinha preta, baixinha e gordinha, que vinha alegre em minha direção, como se fosse um daqueles bichinhos de corda. Perdi totalmente o contato com a minha antiga empregada, que ficou com ela, mas presumo que pela idade (ela é de 1994) já pode ter morrido. Foram todos grandes companheiros da minha vida em Cáceres e, certamente, me ajudaram a enfrentar a rotina de uma cidade do interior de Mato Grosso.
Quanto ao motivo inicial deste blog, vou ficar na torcida para que o fox terrier preto seja encontrado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Estatísticas

Li outro dia uma matéria da Agência Estado dizendo que o número de famintos do mundo disparou e os avanços em cortar a má nutrição nos anos 90 foram praticamente desperdiçados. Segundo o diretor-geral da FAO (a agência da ONU para Alimentação e Agricultura), Jacques Diouf, o número de pessoas passando fome subiu de 850 milhões em 2006 para mais de 925 milhões em 2007 e, se a atual tendência foi mantida, a meta de reduzir a fome pela metade apenas será alcançada em 150 anos.
Por outro lado, acabei de ler um release do Ipea dizendo que as primeiras análises da Pnad-2007 mostram que 13,8 milhões de brasileiros mudaram de estrato social entre 2001 e 2007. "Dividindo-se a população brasileira em três faixas de rendimentos, mais de 10 milhões deixaram o faixa do um terço mais pobre (que recebe até R$ 545,66 de renda familiar) e passaram a integrar a faixa intermediária (que recebe até R$ 1.350,82 de renda familiar). E 3,6 milhões saltaram dessa faixa intermediária para o terço superior de renda, que recebe acima de R$ 1.350, 82", informa a Assessoria de Comunicação do Ipea.
A desigualdade regional, entretanto, persiste: o Nordeste, por exemplo, concentra ainda hoje 49% de sua população vivendo com uma renda familiar menor que R$ 545,66, o que corresponde a 25,3 milhões de brasileiros.
São notícias ruins e razoavelmente boas. Penso sempre nas pessoas que estão por trás desses números e me sinto muito desconfortável por fazer tão pouco para aliviar a fome desses 925 milhões e reduzir a desigualdade social enfrentada por esses 25,3 milhões de brasileiros. É muita gente!

domingo, 21 de setembro de 2008

Fábula

Encontrei este texto perdido na pasta dos rascunhos. Nem sei por que não o publiquei na época que escrevi ... Dei uma relida, corrigi alguns erros de digitação e acho que ele merece ser compartilhado:
Era uma vez uma menina que se achava muito especial porque veio ao mundo de uma forma meio inesperada - uma raspa de tacho, como dizia sua mãe. Ela acreditava que tinha uma missão a cumprir, que deveria ser uma espécie de santa, ou um daqueles gurus que apontam novos caminhos ou conseguem quebrar paradigmas. Via muitas injustiças no mundo e pensava que aquilo tinha que mudar. Sob sua ótica cristâ, não era justo que alguns nascessem tendo tanto e outros, nada; que uns vivessem com tão pouco, enquanto outros nem sabiam o que fazer com o dinheiro.
Ela foi crescendo, lendo muito, estudando e participando como podia dos movimentos que propunham mudanças, mas logo se decepcionou por perceber em quase todos os "companheiros" a ambição, o desejo do poder. Escolheu uma profissão pensando no seu papel no mundo: queria que mais pessoas soubessem o que se passava, tivessem informações, tomassem consciência, ainda na ilusão de que isso levaria a uma mudança radical.
Decepcionou-se e acabou surpreendendo todos que a conheciam com uma mudança de rumo repentina. Foi morar no interior, casou-se, teve filhos, na esperança de que encontraria na formação de seu núcleo familiar um sentido para a vida, a sensação de aconchego, de pertencimento que ainda não tinha encontrado.
Viveu alguns anos nessa ilusão até que o castelo desmoronou. Descobriu que não tinha encontrado o príncipe encantando e que não tinha vocação para princesa ou rainha. Caiu no mundo mais uma vez, fragmentada, buscando colar os pedaços do que fora e não era mais. Era uma nova mulher, com os pés no chão, bem mais cética e descrente em relação às pessoas, porém ainda ávida por encontrar respostas para as velhas questões que acompanharam sua infância e adolescência. Qual seria o seu papel no mundo?
PS. Qualquer semelhança com fatos e pessoas reais não é mera coincidência.

Questões metafísicas

Às vezes fico me perguntando: o que tenho dentro de mim? O que faz de mim a Martha? O que me faz pensar, sentir, sofrer, sorrir, me arrepender, lamentar, planejar, ter esperança? É o meu espírito, a minha mente, a minha alma, a minha consciência, o meu ego, superego? São muitos nomes para definir uma coisa que eu não sei bem o que é e, dizem, que não morre mesmo depois que nosso corpo morre.
Desculpem, se eu insisto nesse tema, mas é uma coisa que por mais que eu tenha lido, estudado, ainda não consigo entender. Essa "coisa" que me torna única e especial (pelo menos para mim), que ora me atormenta, ora me acalma, que vive buscando explicação para tudo, tentando entender por que as coisas são como são (e não entende), é exatamente o que? De onde vem? Para aonde vai?

sábado, 20 de setembro de 2008

Dúvidas religiosas

Vou aproveitar esta manhã de sábado preguiçosa e razoavelmente fresca para viajar um pouco no pensamento. Acabei de voltar da aula de yoga, onde a professora, Moara, sempre nos convida a um momento de reflexão no final. Ela sugere que agradeçamos por mais um dia e termina com a saudação "Namastê", que significa algo como "O Deus que está em mim cumprimenta o Deus que está em você".
Isso sempre me leva a refletir sobre a minha religiosidade. Algum de vocês pode não acreditar, mas já fui muito católica praticante. Sou batizada, fiz primeira comunhão, sempre estudei em colégios católicos e fui à missa uma vez por semana religiosamente até 17 anos. Nesse momento, ocorreu uma ruptura estranha. Eu tinha participado de encontro de jovens, freqüentava um grupo onde líamos e discutíamos o Evangelho. Porém, foram surgindo questionamentos que não eram respondidos a contento ou eram rechaçados sob o argumento de que muitas coisas são dogmas: ou você acredita ou não.
Eu me afastei porque de repente não fazia mais sentido algum comungar. Eu não conseguia acreditar que estava recebendo o corpo e o sangue de Cristo.
Nesses últimos 30 anos eu me aproximei do espiritismo e do budismo, mas apesar de toda boa vontade (minha e das pessoas que me acolheram) não consegui me sentir à vontade. Tem um momento em que tudo me parece ridículo e acaba sempre esbarrando naquela coisa: você tem que acreditar!
Minha irmã Jane diz que a fé em Deus é uma dádiva e feliz de quem recebe essa dádiva. Não sei se voltarei a recebê-la um dia. Por enquanto, por mais que eu me esforce, vejo sempre a religião como uma forma desesperada do ser humano de encontrar um sentido para tudo, de se sentir parte de um todo e ter a certeza de que um dia terá a recompensa para seu bom comportamento e de que vai reencontrar as pessoas que amou na vida.
Ao mesmo tempo, a idéia de que tudo acaba com a morte é aterrorizante. Ou não?
Uma outra questão que me incomoda muito desde que sou pequena: até quando dura a vida eterna?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Esse é o cara!

Aproveito para reproduzir neste meu espaço (o único que é totalmente meu) um texto que escrevi ontem, à noite, para a edição de domingo do jornal "Diário de Cuiabá". O editor do 2º caderno, Lorenzo Falcão, é gente boa, meu amigo e companheiro no coral do Sindicato dos Jornalistas. Fui ao show e me deu vontade de escrever alguma coisa para divulgar um trabalho que adoro:
Você já foi a um show do Paulo Monarco? Não? Então vá!
Cada vez que assisto a uma apresentação desse garoto de 21 anos, gosto mais. Sou apaixonada por música e Monarco me fascina por suas qualidades como músico e intérprete, mas, principalmente, por sua versatilidade em termos de ritmos e a personalidade com quem interpreta velhos sucessos.
Assisti recentemente a um show dele no Choros & Serestas, que estava absolutamente lotado numa noite quentíssima. Pensei várias vezes em ir embora, mas não conseguia: a curiosidade de ouvir a próxima música era maior que o desconforto provocado pelo calor.
Como ocorreu em shows anteriores, foram muitas músicas de Chico Buarque de Hollanda (a minha maior paixão em termos de MPB): “Quem te viu, quem te vê”, “Estação derradeira”, “A volta do malandro”, entre outras. O bacana é que ele apresenta tudo à la Monarco. Mesmo quando canta uma daquelas canções que todo mundo sempre manda ver numa roda de samba, como “O que é, o que é” de Gonzaguinha, ele o faz de um jeito pessoal, como convém a um intérprete de verdade. Ou seja, não dá para comparar o estilo Monarco com o de qualquer cantor de barzinho, sem desmerecer aqueles que sobrevivem bravamente na noite entoando hits do passado, só na base da voz e violão.
Diga-se de passagem que Monarco também costuma se apresentar em barzinhos, mas todas as vezes que assisti a seus shows estava muito bem acompanhado por Samuel Smith no baixo (com todo seu swing) e Vinícius na bateria.
Impossível ficar parada mesmo que o salão esteja lotado. Duro mesmo é quando ele faz a seqüência de ritmos cuiabanos. Aí sim o espaço fica pequeno para o entusiasmo do público mais jovem que faz questão de dançar em roda batendo as palmas das mãos. Além de trazer algumas canções tradicionais, Monarco interpreta composições suas para o delírio dos fãs.
É uma pena que suas apresentações em Cuiabá não sejam tão freqüentes e que ainda estejam restritas a um círculo limitado de pessoas.Contam que Paulo Monarco cresceu ouvindo música de boa qualidade no bar de seu pai, o Cantoria, no bairro Boa Esperança, que parece ter deixado saudades. Infelizmente, eu não morava em Cuiabá na época do apogeu do Cantoria, mas fico feliz que tenha deixado frutos. É muito bom ver um cara jovem demonstrar um carinho tão grande pela música brasileira, com talento suficiente para renová-la, atraindo novos ouvintes para canções de 20/30 anos atrás, e ainda cativar a platéia com suas próprias composições.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Olimpíadas x Paraolimpíadas

Quero fazer um registro rápido sem comentários (deixo para vocês, leitores espertos, as conclusões): o Brasil ficou em 23º lugar na classificação geral nas Olimpíadas de Pequim, tendo conseguido 15 medalhas, das quais 3 de ouro (no geral, um resultado aquém do obtido nas Olimpíadas de Atenas). Pois os atletas paraolímpicos, que mereceram cobertura bem mais reduzida da Rede Globo, garantiram a 9ª classificação para o Brasil no quadro geral e conseguiram 47 medalhas, sendo 16 de ouro. Segundo os jornais de hoje, foi o melhor resultado obtido pelo país em paraolimpíadas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Consegui!

Pra alguma serve jogar FreeCell: se não dá de um jeito, a gente tenta de outro.
Fui ao ensaio do Cantorum e pedi umas dicas para uma colega do time das sopranos. Ela me mandou entrar no setup e deu umas instruções meio estranhas. Tentei, mas não consegui de primeira, nem de segunda. Pedi ajuda à Marina, minha filha, mas também não adiantou.l
Tive a paciência de ler as instruções no "help" (tudo em inglês) e consegui acessar o som. Depois como num passe de mágica consegui ir em "File" e abrir a partitura que eu queria e ... tocou!
Estou super feliz!
By the way, o ensaio foi massa. Nosso regente e diretor espiritual estava inspiradíssimo. Exigiu muito dos contraltos (disse que tínhamos que cantar com voz de peito na cabeça !?!) e com voz de canto erudito e não de popular. Eu me senti como uma freira do coro do filme "A noviça rebelde". É muito engraçado!
Mas no final do ensaio, o André (nosso maestro) disse que nós, cantores, somos como "médicos da alma". Falou umas coisas tão bonitas. Me deu vontade de pegar a caneta e anotar. Mania de repórter (ou blogueira). Ele disse que a voz é um dom de Deus e falou alguma coisa no sentido de louvarmos a Deus quando cantamos.
Não sei se acredito nisso (nessa história de Deus). Ah como gostaria de acreditar na existência de um Deus num mundo em que um jovem de 23 anos é baleado após uma discussão banal de trânsito por volta de 7 horas da noite de um domingo em Cuiabá. Em que tantas pessoas são espancadas de uma maneira tão imbecil (além do meu sobrinho, fiquei sabendo de um caso semelhante, ocorrido em Cáceres, com um carinha da idade da minha filha mais velha, que conheço desde menino).
Quem sabe se eu continuar cantando no Cantorum eu curo pelo menos a minha alma!

Encore!

Encore, pra quem não sabe (eu também não sabia até poucos meses atrás), é um programa de computador usado para ler partituras (e parece também que para escrever).
Parece mágica: a gente instala, abre uma partitura e a melodia "toca". É ótimo para estudar novas partituras. E é aí que mora o problema. Da primeira vez que recebi o programa, consegui instalar e tudo funcionou às mil maravilhas. Mas aí o meu computador pifou, perdi tudo que tinha (não consigo ter o hábito de fazer backup) e tive que instalar o Encore de novo. Há semanas que luto pra conseguir e não consigo! Ontem fiquei horas tentando em vão. Eu me sinto tão idiota por não conseguir uma coisa que deveria ser fácil e que já consegui um dia.
E o pior é que preciso instalar para conseguir estudar as partituras.
Não desisti totalmente. Vou começar tudo de novo, desde o início pra ver se consigo. Encore! Encore! Encore! Pra quem não sabe francês, "encore" significa "de novo" em determinado contexto. Pode significar também "ainda" na expressão "pas encore". Por exemplo, quando você gosta de uma música num show, você pode dizer "encore" no sentido de "mais um" ou "mais uma vez".
Portanto, deve ser por isso que chamam o programa de Encore. Você não consegue de cara e tem que ficar tentando, tentando até conseguir.
Gostaria de comentar outros assuntos hoje, mas preciso ir para o meu ensaio do Cantorum, que começa em 20 minutos. Fui!

domingo, 14 de setembro de 2008

Sob minhas asas

Hoje ganhei meu dia! Recebi o email de uma sobrinha (não vou dizer o nome porque não estou autorizada) dizendo ser leitora assídua do meu blog (eu nem imaginava) e contando que ficou super tocada com o último texto que postei.
Fiquei tão feliz! No fundo, a gente escreve para compartilhar, tocar as pessoas. Se alcancei esse objetivo, fico muito feliz porque me sinto um pouco menos só no mundo.
É engraçado, ontem minha filha menor foi a uma festa de aniversário de uma amiga e ficou mais ou menos combinado que ela ia conseguir uma carona pra voltar. Ela me ligou por volta de umas 3h pra dizer que ia voltar de carona com uma amiga. Eu estava podre de sono e achei estranho ela ter me ligado para dizer isso. Acordei por volta de umas 7 h e levei um susto de não encontrá-la em casa. Tentei ligar no seu celular várias vezes sem resposta.
O meu lado racional concluiu que ela devia estar dormindo na casa da amiga e por isso tinha me ligado de madrugada. Não havia motivos para eu me preocupar, mas por alguma razão demorei horas pra dormir.
Ela já está em casa e nem entendeu a minha preocupação. Dormiu na casa da amiga e achou que eu estava tranqüila porque me ligou.
Tudo isso é para dizer que por mais que a gente se esforce nem sempre o mental consegue controlar o emocional. O meu emocional queria ouvir a voz da minha filha ou poder vê-la, embora o racional concluísse que ela deveria estar tranquilamente dormindo na casa da amiga.
Ser mãe é realmente padecer no paraíso! Agora estou tranqüila porque tenho as duas em casa: a mais velha está fazendo trabalho para a faculdade e a mais nova começou a assistir a um DVD. Como é gostosa a sensação de ter seus "pintinhos" próximos!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Confissões de adolescente

Acho que não sou daquelas pessoas que causam impacto de cara. Não sou especialmente engraçada, extrovertida ou meio maluquete. Tenho a impressão de que conquisto (ou sou conquistada) pelas pessoas aos poucos.
Isso não explica exatamente o que senti no grupo de jornalistas durante a recente viagem à Europa, mas é como se eu sentisse a obrigação de ser muito interessante ou espirituosa, e tivesse a consciência de não sê-lo.
É engraçado que essa é uma sensação muito presente na minha vida. Em raros momentos ou situações eu me senti o centro das atenções ou como a pessoa que brilha, e mesmo quando eu fui o centro (por exemplo, nos lançamentos do meu livro) tinha uma sensação de estranhamento, como se eu não fosse digna de estar ali e que as pessoas iam acabar descobrindo que eu não era assim tão interessante.
Eu quero brilhar, sinto que tenho um brilho (todo mundo tem), mas dificilmente vejo ou deixo esse brilho vir à tona. Tanto é que sempre me surpreendo quando as pessoas me elogiam ou se aproximam de mim.
Quando eu era adolescente convivi bastante com duas pessoas da minha família, quase da minha idade, que me pareciam lindíssimas, atraentes e carismáticas. Eu me sentia tão sem graça e apagadinha perto delas. Nessa época conheci um menino muito lindinho - exatamente na minha primeira viagem à Europa - que ficou a fim de mim e me disse que tinha gostado de mim desde o primeiro momento. Diante da minha surpresa, ele disse que tinha aprendido com seu pai que é preciso que a gente se goste, dê valor a si próprio para que os outros nos dêem valor. Foi uma lição de ouro, que nunca mais esqueci, mas hoje, passadas algumas décadas, continuo com uma enorme dificuldade para colocá-la em prática. Quem sabe na próxima encarnação?
PS. Tenho um diário maravilhoso da excursão na Europa que fiz aos 17 anos e na qual conheci meu primeiro grande amor.

Balançõ da viagem à Europa

Prometi contar mais sobre a viagem, mas cada dia é uma coisa. São meus olhos que ardem de sono ou é o calor que está demais ...
Esta semana voou ... Mais uma que se foi.
A viagem foi meio louca, rápida demais ... Sinceramente? Não sei se valeu realmente a pena. Claro que a oportunidade de trabalhar num outro país, conhecer novas pessoas é sempre legal. Visitei duas cidades lindas: Colônia na Alemanha e Ghent na Bélgica, mas foi tudo muito rápido, superficial.
Viajei de classe executiva (um luxo), assisti a um filme interessantíssimo no vôo (não sei o nome, porque o título estava em alemão, mas era a história de um funcionário da embaixada alemã na Geórgia que se envolve com uma adolescente da periferia; a relação deles é bonita, mas ninguém consegue deixar de enxergar maldade no interesse daquele homem cinqüentão por uma adolescente carente, o que acaba culminando em várias situações de tensão). Descobri que alemães usam aliança de casado na mão direita, o que não deixa de ser engraçado: parece que todo mundo resolveu ficar noivo.
Comi maravilhosamente bem, bebi bons vinhos e ótimas cervejas, e senti um alívio temporário do calorão de Cuiabá em pleno verão europeu. Mas tem alguma coisa que não deu liga. É como se eu tivesse estado lá e não tivesse. Ainda não consegui entender o que aconteceu. Uma certa tensão, uma preocupação de não agradar, de não ser aceita pela tchurma. É como se eu tivesse voltado à adolescência e me sentisse meio deslocada. Não sei.
Bom ... Decepcionei quem esperava um relato avassalador? Eu também me decepcionei um pouco. Talvez eu tenha criado expectativas demais e tenha achado um pouco chato aquela coisa de tantos horários marcados e de estar sempre em grupo. Prefiro me aventurar sozinha, definitivamente.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Água!

Uma nota rapidinha antes de eu ir embora para casa (são quase 18h30m e trabalhei duro hoje). Acabei de ler uma mensagem enviada por Bel (sobrinha, amiga e escritora) sobre a importância do consumo da água para nossa saúde. Para mim, não chega a ser uma grande novidade. Eu bebo muitos copos de água e fico alucinada se não puder bebê-los. Sou do tipo que leva água pro quarto e não a substituo por outros líquidos tipo suco, refrigerantes. É claro que adoro cerveja, mas aí não é substituição, é vontade de beber mesmo.
A grande revelação para mim após ler a mensagem é a de que finalmente descobri uma grande lição que deixei pra minhas filhas: a arte de beber muita água. As duas são consumidoras de água em grande quantidade e lá em casa nunca teve essa história de ficar substituindo água por coca-cola ou outras bebidas artificiais.
Viva a água! Morro de pena de quem passa sede, mas morro também de pena de quem diz que não se lembra de beber água. Geralmente essas pessoas acabem tendo problemas de infecção urinária ou pedras nos rins. Não sei o que é pior: passar sede involuntariamente ou se privar de uma coisa tão importante voluntariamente.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ainda sobre a viagem

Pessoal, ficando velha! Ainda estou podre da viagem ... Agora, por exemplo, acabei de chegar da aula de yoga (uma delícia), tomar banho (está um calor de cão) e estou morrendo de sono. Também pudera: se eu estivesse na Europa (como há alguns dias) agora seriam 2 h da madrugada! Não é pirante?
Aos poucos, vou entrando nos eixos. É claro que o clima não ajuda. É complicado viver em Cuiabá em setembro. Hoje, quando saí do trabalho, no final da tarde, a cidade estava cinza. Tão feinha, coitada! Meus olhos ardem, minha cabeça pesa.
Mas, vamos lá.
Nem sei como resumir minha viagem à Alemanha. Estou trabalhando na matéria para a revista, onde vou tentar sutilmente passar minhas impressões. O fato é o seguinte: a Bayer CropScience, uma das empresas da Bayer (aquela da Aspirina e do slogan "Se é Bayer é bom") é uma gigante do setor de agroquímicos. Isso quer dizer fungicidas, herbicidas, inseticidas, enfim, todos os "cidas" usados para matar bichinhos e plantas que atrapalham de alguma forma a lavoura. Eles trabalham com o tratamento de sementes e com a pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de sementes (convencionais e transgênicas). É um império medido em bilhões de euros e com interesses fortíssimos no Brasil que é, como dizemos no jargão do jornalismo do agronegócio, um importante "player" no mercado mundial de alimentos e energia.
Traduzindo em miúdos, tem altos interesses e muita grana investida nisso tudo. Se a gente quiser olhar pelo lado ruim, podemos falar em toneladas de agrotóxicos sendo usadas em imensas lavouras mundão afora. Se olharmos por um lado mais pragmático, vamos ver uma empresa e seus investidores ganhando dinheiro com a produção de mais alimentos e energia para a população mundial. Afinal todos gostamos de comer e andar com nossos automóveis.
O impressionante para mim é ver o quanto a Bayer investe na mídia. Afinal éramos 40 jornalistas latino-americanos (do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, México, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, etc) sendo transportados, hospedados e alimentados para prestigiar uma entrevista coletiva anual do presidente do Conselho de Administradores da Bayer CropScience. Conhecemos superficialmente a sede da empresa em Monheim na Alemanha e visitamos a planta de biotecnologia na Bélgica. O resto do tempo foi empregado em jantares, almoços, algumas horas de estrada e muitíssimas horas de vôo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

De volta à rotina

Hoje estou zonza de sono e não vou conseguir atualizar meu blog como "il faut". É impressionante como essa história de (con) fuso horário deixa a gente tonta. Passei cinco dias olhando o relógio (não consigo mudar a hora do meu velho e bom relógio) e tendo que acrescentar seis horas para me situar no tempo. Era horrível porque ficava sempre imaginando o que estaria acontecendo se eu estivesse no Brasil, mais precisamente em Mato Grosso. Tipo: é meio dia aqui (na Europa) e são 6h da manhã em Cuiabá, portanto eu ainda estaria dormindo e assim por diante.
Desde ontem é o contrário: olho o relógio e fico imaginando o que estaria fazendo se ainda estivesse na Europa. Agora, por exemplo, eu estaria na cama, dormindo, por isso estou morrendo de sono e tenho que ir ao ensaio do coral daqui a pouco. Faltei o ensaio na semana passada e é inadmissível faltar dois ensaios seguidos.
Portanto, guardarei para amanhã ou depois minhas histórias de viagem ....

sábado, 6 de setembro de 2008

De volta ao aeroporto de Madri

Amigos, estou aqui de novo no aeroporto de Madri, correndo para atualizar os emails e ainda dar um pulo no freeshop pra gastar umas moedas em euro que sobraram.
Está tudo bem. Depois conto mais sobre a viagem. Amanha estarei em Cuiabá se tudo correr bem (há de correr).

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Na Alemanha

Finalmente cheguei a Alemanha, depois de mais de 24 horas de viagem. Nao deu pra conhecer a cidade direito (Colonia), mas deu pra estranhar o teclado e sentir que o verao deles e o nosso inverno em Cuiaba (pelo menos a noite).
A cidade e interessante. Acabamos de voltar de um jantar com jornalistas do mundo inteiro, onde so conheci um argentino, um peruano, um indiano meio maluco e um suico (nao encontrei o cedilha nem o til). Vou dormir agora depois de nao sei quantas horas acordada (estou confusa).
Ah esqueci de contar que estou a alguns passos da famosa catedral que provavelmente so vamos conhecer no sabado de manha, ja que amanha seguimos viagem pra Monheim (onde acontecera a coletiva da Bayer) e Ghent na Belgica.

No aeroporto de Madri

Nao tenho muitas novidades, por enquanto. Estou no aeroporto de Madri, à espera de nossa conexao pra Dusseldorf, de onde seguiremos de ônibus pra Colônia.
Nossa viagem está meio atrapalhada. O vôo da Iberia atrasou muito na saída de Guarulhos e por causa disso perdemos nossa conexao pra Colônia. Foi frustante porque tínhamos um city tour programado e nao pudemos fazer grandes coisas em Madri, além de vagar como zumbis pelo imenso aeroporto. Como estamos em grupo, eu me abstive de pensar e segui nossas "líderes", no caso, as assessoras de imprensa da Bayer CropSciense, nossas anfitrias.
Meu teclado é espanhol e nao consegui achar o til.
O nosso tempo em Madri era pouco pra arriscarmos uma ida à cidade, mas foi suficiente para lidarmos com uma certa aspereza do serviço de imigraçao e a falta de informaçoes da empresa Iberia, responsável pelo atraso.
Mas nao posso reclamar: viemos na primeira classe e estamos desfrutando do conforto da sala vip, com direito a café, petiscos e internet de graça.
Hasta la vista, amigos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Em Guarulhos

Estou no Business Center do Hotel Caesar Business em Guarulhos. Chegamos ontem por volta de 22h e não há muito o que fazer até a hora do embarque para a Europa,que será depois do almoço.
Estou adorando estar aqui. Tomei café da manhã cercada por estrangeiros, uma babel de sotaques. Adoro isso! Tudo muito cool, chique, a não ser por um detalhe: a rádio do restaurante, onde jantamos ontem, só tocava a mesma música. Acredite se quiser! Hoje de manhã a primeira coisa que me chamou atenção foi a "música". Sou muito afetada pela música, pro bem ou pro mal.
E por falar em música, ontem no vôo eu me deliciei com um especial no rádio da TAM com a Fernanda do Patofu. Ela falou sibre seu CD solo em homenagem à Nara Leão. Maravilhoso! Por alguns momentos, como quando ela cantou "Lindonéia", meus olhos se encheram de lágrimas. Eu me senti muito feliz e pensei muito nas minhas filhas, com muito carinho e amor. Pensei também, é claro, no meu sobrinho, tema do posto anterior. Dizem que na vida nada acontece por acaso.. Queria ter essa certeza, mas às vezes temo que as coisas sejam meio aleatórias, o que me assusta bastante. Ou não?