sábado, 30 de outubro de 2010

Menos...

Meu post de ontem, escrito de boca fechada e com um fiapo de voz, acabou assustando alguns leitores mais amigos.
Calma, gente! Não sou hipocondríaca, mas sou meio dramática.
Por outro lado, meu organismo - talvez até por não ser muito contaminado - responde super bem a medicamentos em geral. Hoje, sou outra pessoa. Ainda estou rouca, mas minha garganta está doendo bem menos e consegui dar quatro horas de aula de inglês sem parar de falar. Ainda bem que as turmas são pequenas e não preciso gritar.
Mas, para evitar uma recaída, vou continuar evitando cantar e falando o mínimo possível nos próximos dias até eu me sentir 100% recuperada.
Ah, aproveitando o ensejo, ainda não li qualquer comentário sobre o debate de ontem, mas eu achei muito chato. Até gostei das perguntas dos indecisos escolhidos - bem formuladas, baseadas em situações concretas, mas os candidatos têm uma capacidade de "viajar" na maionese e prometer mundos e fundos que ninguém merece. Resultado: dormi no sofá boa parte do tempo.
Ouvir Dilma falar em combate à corrupção como se fosse uma coisa distante num reino "far, far away" é dose pra leão.
Tinha horas que me dava uma vontade de rir ... Eu via o Serra passeando de lá pra cá ou olhando de soslaio enquanto a Dilma respondia e tentava imaginar o que estava passando na cabeça dele. Uma hora imaginei que ele surtava e pulava no pescoço dela por trás. Ia ser engraçado.
Eu não mudei meu voto. Você mudou? Quanto aos indecisos ...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

No estaleiro (por uns dias)

Acabei de vir do Pronto Atendimento do Hospital Otorrino de Cuiabá (aliás, fui muito bem atendida) e descobri que estou com laringite e faringite. Muito chato! Além da garganta estar doendo há seis dias, estou me sentindo indisposta.
É engraçado esse lance de doença. Qual o momento exato de procurar ajuda? Não me considero hipocondríaca e detesto tomar remédios, por isso tendo a partir para soluções caseiras, do tipo fazer gargarejo com água e sal (em caso de dor de garganta), tomar vitamina C e um analgésico (em caso do dor). Como hoje acordei com mais dor do que ontem e mais afônica, achei que estava na hora de trocar a caminhada por uma ida ao hospital.
O médico receitou nebulização, um antibiótico e um antialérgico (que me deu de amostra grátis). Mas o pior foi a recomendação para ficar 10 dias sem cantar! Ele disse que minhas cordas vocais estão muito vermelhas.
Na verdade, o sinal de alerta veio no sábado depois de quatro horas de aula de inglês. Achei que era um resfriado por causa da mudança de tempo; à noite fui ao Chorinho, tomei caipirinha de limão (outra receita "familiar"), cantei e piorei. Na quarta, fui ao ensaio do coral, me esforcei bastante e - erro fatal - fui de novo ao Chorinho, tomei cerveja, cantei ...
Há pouco mais de uma semana a filha de uma amiga foi parar no hospital no meio da noite por causa de dores fortíssimas no abdomen. Ela vinha sentindo dores há alguns dias, mas não procurou o médico. Resultado: teve que ser operada de apendicite (apêndice supurada). Ela teve sorte porque sua mãe ligou na hora que saiu de casa para um médico amigo da família que acabou fazendo a cirurgia.
No ano passado, também tive uma apendicite, mas no meu caso procurei o médico logo e ele me disse que era "síndrome do intestino irritado". Minha irmã Jane, que não é médica e mora no Rio de Janeiro, suspeitou de apendicite. Passei mais de uma semana com dores, tomando remédio para outro problema e alertando o médico para a possibilidade de apendicite. Ele dizia que se eu estivesse com problema na apêndice não estaria caminhando e trabalhando normalmente. Até que comecei a ter febre ("Não seria uma infecção urinária?" - perguntou) e o médico resolveu pedir um exame do abdomen (acho que foi uma ressonância) e o de sangue. No dia seguinte, de posse dos resultados dos exames, decretou: "Você está com apendicite". E ainda comentou com a enfermeira: "Quem iria dizer que ela está com apendicite?". Tudo correu bem, ele parece ser um ótimo cirurgião e, apesar da apêndice superada, estou aqui, mais de um ano depois, para contar essa história.
Moral da história? Não tem ou tem várias:
1-Se você estiver sentindo dor, não adote a atitude do "deixa pra lá, já vai passar", pois isso pode lhe custar a vida.
2- Não confie demasiadamente no médico, mesmo que ele seja considerado um ótimo profissional. Todos podem errar e, se ele errar, o máximo que vai acontecer é sua família entrar com um processo, mas isso não fará a menor diferença para você.
3- Talvez acha um fator imponderável em tudo isso (ou vários) e aí o jeito é contar com a sorte ou rezar.
No meu caso, hoje, o jeito é ficar de boca fechada o máximo possível e seguir as recomendações médicas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mundo cão

Até que enfim o STF decidiu alguma coisa em relação à Lei da Ficha Limpa! É pouco, convenhamos, depois de tanta discussão, mas confesso que comemorei o fato de o Supremo Tribunal Federal ter decidido manter a decisão do Supremo Tribunal Eleitoral de barrar a candidatura de Jader Barbalho (PMDB-PA). Infelizmente essa decisão não é extensiva a todos os casos pendentes da nova Lei, como o do deputado federal Pedro Henry (PP-MT) que busca a reeleição. Henry não renunciou ao cargo para fugir à punição de seus pares, ele se manteve deputado por força de liminar!
O ideal era que o STF tivesse decidido sobre a validade da Lei nas eleições deste ano antes de 3 de outubro, mas houve empate nos votos e o presidente do STF não quis usar a prerrogativa de dar o voto de Minerva (ainda bem, já que ele tem votado contra a Lei da Ficha Limpa) na ocasião. No julgamento do caso de Jader, ocorreu o mesmo, mas aí apelaram para um regimento interno e por 7 votos a 3 decidiu-se manter a decisão do STE. Pelo menos foi um bom começo. Quem sabe outros fichas sujas continuem barrados?
Essa boa notícia fica obscurecida por algumas muito ruins, como a das mortes na Indonésia em decorrência do tsunami e da erupção de um vulcão, e a da epidemia de cólera no Haiti. Aproximadamente três centenas de mortes de um lado e do outro do Planeta nas condições mais terríveis. E quanto aos que ficaram: os feridos, desabrigados, doentes? É muito sofrimento para um povo só.  
Os haitianos passaram por um terremoto terrível em janeiro deste ano e milhares vivem ainda em tendas e barracas. A cólera era considerada doença erradicada no país há mais de um século, segundo notícia veicula no G1. Situadas numa região conhecida como "Anel de Fogo do Pacífico" por ser de grande atividade sísmica e vulânica,  as ilhas da Indonésia são constantemente castigadas por terremotos, tsunamis e erupções de vulcão de maior ou menor intensidade. 
Todo esse sofrimento parece próximo e distante ao mesmo tempo. As notícias chegam quase em tempo real, com fotos e imagens de gente sofrendo, desesperada, com medo. A gente assiste e...   

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

É dilmais!

Desculpe o trocadilho: é o único toque de humor num post marcado por tristeza, frustração e preocupação.
Eu ainda não entreguei os pontos. Não vou viajar no feriadão, vou cumprir meu dever cívico mesmo que isso represente apenas mais um voto. É o meu voto de protesto.
Como confiar num partido que recorre ao expediente ridículo de usar indevidamente nomes de intelectuais num manifesto de apoio à sua candidata à presidência da República? Primeiro, foi o cineasta José Padilha, um nome na moda por causa do sucesso de "Tropa de Elite 2". Agora acabo de saber no blog do jornalista Ricardo Noblat  http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ que a escritora Ruth Rocha, autora de best-sellers infanto-juvenis, enviou uma carta à Dilma deplorando a inclusão de seu nome no tal manifesto.
Há dois dias, vi no blog de um amigo um vídeo feito por estudantes em que eles justificam o voto em Serra. Na verdade, o vídeo é uma pegadinha em que os participantes recorrem a razões bem absurdas para "justificar" o suposto voto no candidato do PSDB, ou seja, todos são a favor da candidata do PT. A proposta é criativa, mas se baseia em argumentos falsos. Por exemplo, um dos rapazes diz que vota em Serra porque ele é capaz de perdoar seus algozes da época de ditadura e recebê-los como aliados. Hello! O PT não fez e faz o mesmo o tempo todo?
Eu queria ver o frei Leonardo Boff, Chico Buarque e todos que apoiam o PT de braços dados com José Sarney, Fernando Collor de Mello, e os mato-grossenses José Riva, Pedro Henry (que provavelmente vocës não conhecem) na grande caminhada em comemoração da vitória petista!
Ontem, no final da tarde, ouvi no salão que frequento (e onde a maioria se disse eleitora de Serra) uma funcionária dizendo que se Dilma ganhar, vai se aliar a Evo Morales e fazer guerrilha no Brasil - alguma coisa assim. Acho isso uma bobagem e tenho medo dessas radicalizações. Nem Dilma vai retomar seu passado de guerrilheira (para que abandonar o salto alto e o modelito executiva moderna?), nem tampouco vai erradicar a miséria. Serra também não é o salvador da Pátria,  mas eu temo essa megalomania do presidente Lula & cia, a falta de escrúpulos e a proteção aos "companheiros" acima de qualquer coisa, mesmo que esse título "companheiro" abrigue um rol de pessoas cada vez mais suspeitas.
Durma-se com um barulho desses ...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Saudades

Hoje acordei com saudades. Durante a aula de yoga me bateu saudades de Gandhi - do Mahatma e não de Indira, sua filha.  Pensei na grandeza do líder indiano, em sua política de não violência e em seu assassinato. Provavelmente ele não ficava tão preocupado em atacar seus adversários e proteger seus correligionários a qualquer custo. Ele lutava por uma causa maior: a indepedência da Índia e o fim do domínio do Império Britânico.
Depois, enquanto esperava por minha filha no Detran - ela foi solicitar sua CNH definitiva -, tive saudades de minha filha caçula que não vejo desde as férias de julho. Nunca fiquei tanto tempo sem ver seu sorriso e seu olhar sempre tão carregado de carinho. Liguei na hora pro seu celular e pude, ao menor, ouvir sua voz plena de alegria diante da perspectiva de um feriado que ela vai curtir ao lado do pai, em Brasília, por opção nossa.
Agora, vendo uma foto de 22 artistas famosos enviada há alguns dias por uma amiga, tive saudades da criança que fui quando aqueles rapazes e moças eram jovens ainda em busca da fama.
Na foto, aparecem, entre outros, Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Vinícius de Morais, Zé Keti, Caetano Veloso, Torquato Neto, Capinam e Nélson Motta. As mulheres são minoria na foto e, segundo o email enviado, apenas duas são conhecidas: Olívia Hime e Tuca, sendo que pouca gente das novas gerações deve conhecê-las.
O email não menciona a data da foto, que consta do livro "Noites cariocas" de Nélson Motta (mais um na lista!), mas imagino pelas carinhas de menino da maioria deles que deve ter sido tirada em meados dos anos 60. Eu era uma menina na época, cheia de sonhos (inclusive, era totalmente apaixonada pelo compositor Nélson Motta, autor de umas minhas composições preferidas até hoje,"De onde vens ", uma parceria com Dori Caymmi).
Há alguns anos, um amigo meu, Johann, um alemão que conheci em Cáceres e de quem perdi contato, me disse numa carta que quando a gente chega aos 50 está na hora de retomar nossos sonhos e correr atrás deles.
É isso que eu tento fazer, embora às vezes - diante das decepções, compromissos e obrigações financeiras - fique difícil pra caramba. Mas sempre há tempo para se correr atrás de nossos sonhos desde que a gente consiga - por um milagre - manter um pouquinho da criança que a gente foi um dia.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Hoje quero falar sobre cinema. Assisti na última semana a dois filmes fantásticos que vão para minha galeria de "filmes inesquecíveis". Um deles é "Tropa de Elite 2", dirigido por José Padilha. Todo brasileiro tem obrigação moral de assistir a esse filme.
Ontem estava conversando com uma irmã que mora no Rio de Janeiro e não gosta de filmes violentos, e eu tentava convencê-la a assistir a "Tropa de Elite 2". Obviamente ela não viu o primeiro.
O filme é barra pesada (o número 2), embora as pessoas, em geral, digam que tem menos cenas de violência que o primeiro. O problema é que a violência neste segundo filme é mais onipresente, onipotente, onisciente e difícil de combater. Enquanto os "inimigos" são os traficantes do morro, chama o Bope para resolver, mas e quando eles estão no poder: são governadores, secretários de Segurança Pública, comandantes da PM e deputados? Chama o capitão Nascimento? Mas se ele nem deu conta de impedir que alguns dos algozes chegassem a Brasilia?
O filme é tão didático (embora em alguns momentos fique confuso para quem não está tão acostumado às artimanhas dos poderosos) que deveria ser exibido em todas as escolas, devia fazer parte do currículo escolar.
Ele revela um câncer de nossa sociedade que dificilmente será extirpado: as milícias que entram nas comunidades para "apaziguar" e "afastar o tráfico", mas na verdade implantam o terror e a corrupção de uma forma muito mais perigosa, já que as fronteiras entre quem é bandido e quem é polícia deixam de existir e os inocentes, esses sim dançam.
Quando isso vai acabar? Como mudar um sistema corrupto e violento, que se baseia na hipocrisia e cujos tentáculos atingem o poder central? E principalmente por que matar?
Essas perguntas ficaram na minha cabeça depois do filme. Não tenho as respostas obviamente, mas "Tropa de Elite 2" me mostrou que de alguma forma sempre estive certa. Violência gera violência e não consigo vibrar - como algumas pessoas - quando têm esses massacres ou rebeliões em penintenciárias. Geralmente quem sofre as consequências são os "soldados", a arraia miúda, enquanto os verdadeiros chefões estão protegidos em suas mansões e fortalezas.
Isso tudo só vai mudar quando o ser humano for mais evoluído, for menos crédulo e menos propenso à violência. Acredito que numa sociedade mais justa, onde todos tiverem acesso a direitos básicos (alimentação, saneamento básico, moradia, saúde e educação) haverá menos espaço para manipulação, corrupção e violência. É claro que sempre haverá pessoas inescrupulosas, egoístas e atraídas pela violência, mas nessa minha sociedade utópica, elas seriam minoria, seriam a exceção e não a regra.
E quanto ao outro filme anunciado no início deste post,  vou deixar meu comentário para amanhã.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lição de cidadania

Desde que acordei hoje estou escrevendo este post. Fui caminhar no parque, passei no supermercado, voltei para casa, trabalhei um pouco, dei atenção para diarista, fui atrás de encanador, atendi o dito cujo, almocei, fui levar minha filha na UFMT, preparei aula, li e respondi emails, dei uma olhada no noticiário, etc, etc, etc.
Pensei tanto que achei até que já tinha escrito, mas chega de enrolação! O que quero dizer é o seguinte: que tipo de mensagem nossos líderes politicos estão passando para a sociedade, especialmente os jovens nessa atual campanha? Porque ou o atual presidente da República e sua candidata à sucessão estão mentindo descaradamente ou outro candidato a presidente está.
Ontem, assisti ao programa do Serra e ao da Dilma, em que se tentou mostrar que todo o episódio em torno da agressão numa caminhada de campanha não passava de uma farsa escabrosa. Após o horário politico, volta o Jornal Nacional e rola uma reportagem imensa mostrando que a argumentação do PT era em cima de um "evento", o da bolinha de papel, enquanto a agressão de fato teria acontecido num segundo "evento", o do rolo de fita.
Seria muito cômico se não fosse muito sério. Eu fiquei triste.
O noticiário fica anunciando os resultados de pesquisas, mas todo o histórico do primeiro turno mostra que não se pode confiar em pesquisas.
Tem hora que dá vontade de desligar a TV, não ler mais os blogs e sites, e ficar só num mundo de fantasia. Saber o que vai acontecer em Ti-ti-ti, quem vai ficar com quem em Passione, etc.
Mas isso também é tão repetitivo...
Uma vez neste blog citei um poema maravilhoso de Afonso Romano Sant'Anna, "A implosão da mentira". Acho que vou me repetir e terminar esse post com um trecho dele.
Quem diria? O coronel Job Lorena de Sant'Anna, escalado pelo Exército para dar a versão oficial do episódio da bomba no Riocentro, acabou fazendo escola!

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo de alma, completamente.
E mentem de forma tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

No embalo do rádio

Faz dias que estou com vontade de escrever um post sobre minha rádio favorita na atualidade. Trata-se da Rádio Senado, que pode ser ouvida em Cuiabá em caráter experimental. Acho que é isso  que faz com que às vezes eu não consiga ouvi-la, pois o som se confunde com o de outras emissoras de rádio. O que tem agora de rádio religiosa. Ninguém merece ...
Mas voltando à Rádio Senado, ela tem outro problema: de vez em quando os senadores falam, mas aí sempre tem um jeito.
Hoje, a programação está uma delícia: já ouvi uma antiga gravação de "Milagre dos Peixes" ("Eu vejo esses peixes e  dou de coração ..."), ouvi João Bosco cantando "Homenagem ao malandro" - a sempre atual canção de Chico Buarque ("Agora já não é normal o que dá de malandro regular, profissional ... Malandro candidato a malandro federal..."), Joyce, Paulinho da Viola, Gal Costa, Ná Ozetti, Altamiro Carrilho. A programação é 10!
Vocês me desculpem, mas em matéria de música, não consigo deixar de ser saudosista. Se que isso não é bom, mas música não tem idade, é como vinho: quanto mais velha, melhor. Na verdade, se ela é boa, será boa sempre; se for ruim ou descartável, é esquecida. Músicas antigas e de qualidade  evocam lembranças, nos reconciliam com a vida e, pelo menos, no meu caso, sinalizam que viver vale a pena.
Eu tiro meu chapéu para quem faz a programação musical da Rádio Senado, que em Cuiabá pode ser ouvida em 102,5.
Já que estou falando de música, aproveito para registrar mais um sucesso do músico cuiabano Paulo Monarco, que mandou um email ontem contando a sua última conquista num festival em Vitória da Conquista, na Bahia. Quem quiser mais detalhes, leia o texto de Monarco em  http://www.meupalco.com.br/ 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lutadores

Hoje estou meio irritada por causa de uma questão mal resolvida - e que talvez se resolva este noite - no meu adorado grupo de canto. Como é difícil se viver em sociedade e como é difícil trabalhar em grupo!
Nesse estado de ântimo, sou atraída por uma chamada no portal Terra sobre uma entrevista na revista Rolling Stones com o lutador de vale tudo brasileiro, Anderson Silva, conhecido como The Spider no universo da luta, e considerado hoje o melhor do mundo.
Essa história de luta é uma coisa que me atrai e me repele ao mesmo tempo, desde que eu era menina e fascinada - como muitos da minha geração - pelo Telecatch Montilla, onde figuras lendárias como Ted Boy Marino fizeram fama ao lado de lutadores do gênero malvado (como Mongol).
Até hoje eu me recordo de um artigo incrível do filósofo francês Roland Barthes (gostaria de relê-lo) sobre o fascínio provocado pela luta livre. Como vocês podem constatar até os grandes intelectuais se rendiam a esse tipo de espetáculo que fazia sucesso em vários países!
Voltando ao Anderson, o que me fascinou no breve techo da entrevista publicado no Terra foi a aparente tranquilidade do lutador e sua imensa capacidade de concentração, ou seja, de focar no aqui e agora, além de sua obsessão por treinar os golpes que lhe renderam tantas vitórias.
No meu "limbo" existencial do momento - em que hesito sobre que rumos quero tomar na minha vida e quais portas devo buscar - elejo nesse momento Anderson Silva como meu guru. O cara sabe o que quer (ganhar a luta, vencer o adversário) e sabe como chegar lá. Deve estar riquíssimo e tem um séquito de fãs.
Só lamento que ele se dedique a uma coisa tão ... sem sentido, na minha opinião. Sei que desde os primórdios da humanidade o ser humano sempre adorou lutar e assistir à luta dos outros, mas sinceramente não consegui até hoje entender qual a graça de ver um cara bater, outro apanhar, sangue espirrando,  expressões de raiva e dor, etc.
O leitor atento talvez me pergunte sobre o porquê então do meu fascínio pelo telecatch no passado. Pois é, nem eu entendo, mas eu acreditava na época que tudo era meio teatrinho. Sei lá.
Há pouco tempo venci minha resistência e assisti  em DVD ao filme "O lutador", que marcou a volta triunfal do ator Mickey Rourke. O filme é excelente, embora eu tenha saído da sala em algumas cenas (dá para imaginar por que), e mostra que as lutas são combinadas entre os lutadores de telecatch, mas isso não impede que haja muita dor e sofrimento tanto para perdedores quanto vencedores.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Minha fama de mau

Bem que esse podia ser o mote do programa de um candidato a um cargo político, mas é apenas o título do livro do compositor e cantor Erasmo Carlos que acabei de ler.
Gosto de compartilhar aqui os livros e filmes (a propósito, preciso comentar um filme incrível que vi no último fim de semana em DVD).
O livro de Erasmo (Editora Objetiva, 2008) é sedutor e se assemelha graficamente à biografia do compositor e cantor Tim Maia, escrita por Nélson Motta. Coincidência ou não, ambos - Erasmo e Tim - conheceram-se quando ainda eram guris no bairro carioca da Tijuca e viveram algumas aventuras juntos ao longo do tempo. Tanto o livro de Erasmo quanto de Tim são pródigos em fotos e trazem fotos em close do biografado na capa e contracapa.
Erasmo, entretanto, optou por ser o autor de sua própria história (o texto final é assinado por Leonardo Lichote, cujo nome aparece na parte interna da obra). Se, por um lado, essa opção acaba aproximando mais o leitor do artista, que conta na primeira pessoa casos de sua infância, adolescência e vida adulta - passando pela iniciação musical e o período áureo da Jovem Guarda -, por outro ela esbarra na limitação do autor como escritor.
O livro começa seguindo uma certa ordem cronológica, que é abandonada a partir do capítulo 3, totalmente dedicado ao amigo Roberto Carlos. Este capítulo traz histórias interessantes como a do show dos Doobie Brothers em Los Angeles, quando Erasmo menciona a "preocupação de Roberto com vírus e micróbios" e conta que foi confundido com o Mr. Carlos mais famoso por um executivo da gravadora RCA Victor.
Ao longo do livro, surgem facetas inusitadas de personagens como Wanderléa, Carlos Imperial, Ronnie Von e o próprio Tim Maia, entre muitos outros. Para quem, como eu, era menina na época da explosão da Jovem Guarda, é um prazer ler informações sobre os bastidores do programa que marcou época na TV brasileira.
O livro é uma coletânea de crônicas de época. Conta sobre a participação de Erasmo no primeiro Rock in Rio em 1985 (que lhe legou um trauma), mas decepciona quando salta subitamente de uma relação maravilhosa (e dar inveja a qualquer um) do cantor/compositor com sua mulher Narinha (a musa de "Coqueiro verde") para a separação do casal. O autor não dá nenhuma pista sobre os motivos do fim do casamento. No subcapítulo "Saudade com sorriso", Narinha reaparece por causa de sua morte em 26 de dezembro de 1995.
"Até hoje, falr do assunto mexe com meus sentimentos. Mesmo porque não sei lidar com a forma como ela se foi, tirando sua própria vida" - diz o autor.
Eu não me lembrava de que Narinha tinha se suicidado e ficam perguntas sem respostas: o que aconteceu com os dois? Que motivos levaram uma pessoa tão amada, aparentemente tão feliz a se matar?
Talvez esse não seja o objetivo do livro e provavelmente - e aí volto ao ponto inicial - o autor tenha se autocensurado ao contar sua vida. De qualquer maneira, a leitura de "Minha fama de mau" é quase sempre agradável, embora deixe um gosto de decepção na boca.
Para quem é fã de carteirinha da dupla Erasmo & Roberto, é um produto a mais, fartamente ilustrado; para quem é um fã normal, como eu, é uma forma de conhecer um pouco mais a personalidade de um ícone da Jovem Guarda - a do Carlos que sempre ficou meio ofuscado por aquele que foi "ungido" rei.  E para quem não é fã mas estiver disposto a ler, o livro vale como fonte de informações sobre um período rico da música brasileira (anos 60/70/80).

PS. Li esse livro logo depois de "Carmen - uma biografia", de Ruy Castro, que tem outra embocadura.
 Agora estou entre retomar a leitura de "Um homem mau", livro de estréia do consultor mineiro Wilson Britto, recém lançado pela Editora Entrelinhas de Cuiabá, e "Manual da paixão solitária" do gaúcho Moacyr Scliar, um dos meus escritores preferidos. Como é bom ler!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Em boa companhia

Não sei por que algumas pessoas insistem na tentativa de identificar eleitores de Dilma como modernos, revolucionários, etc, enquanto os eleitores de Serra seriam os conservadores e avessos a mudanças que favoreçam as classes menos favorecidas. Isso me soa tão démodé.
No sábado, fui apresentada por um amigo a um eleitor do PT. O amigo em comum disse que eu era do Rio de Janeiro e, portanto, "eleitora do PT". Tive que esclarecer: "Não, desta vez não vou votar no PT".  Meu amigo disse que eu trabalhava na revista "Produtor Rural" e o petista disse alguma coisa como "então, está explicado". Como assim? Fiquei tão irritada que respondi, tolamente, que eu sequer trabalhava mais na revista. O cara insistiu em sua tese: "Ah, mas ainda dá tempo ..." Tempo de que, cara pálida?
Enfim, eu deveria ter respondido a ele que o papa do agronegócio em Mato Grosso, nosso ex-governador e agora senador eleitor Blairo Maggi, é eleitor de Dilma (pelo menos é o que ele diz em público) e ponto final. Que argumento ele teria? Infelizmente, sou assim: tenho muita dificuldade para buscar argumentos quando sou surpreendida como nessa ocasião. Nesse dia, pedi licença e simplesmente abandonei a discussão que não me interessava em absoluto.
Eu continuo pensando igual: não acho que Serra seja "o cara" e, tampouco, tenho simpatia pelo PSDB, mas longe de mim achar que Dilma seja "a minha presidente ideal" e estou enojada com o comportamento do PT.
Chega de tanta hipocrisia! Eu sei que o exagero, a mentira, a desfaçatez fazem parte do repertório de toda e qualquer eleição, e as máscaras vão caindo pouco a pouco. Gostaria muito que cada um dos candidatos pudesse se mostrar como realmente é: Serra abandonaria aquele ar angelical, a voz mansa e tom professoral; Dilma tiraria aquela expressão de tia legal e compreensiva misturada ao ar de boneca plastificada (é impressionante, depois de uma carreata, ela não tem um fio de cabelo fora do lugar, uma gota de suor!). Mas isso é utopia.
Hoje,  li no blog do Noblat http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ que duas lideranças do disputado PV - que oficialmente está neutro no segundo turno - já declaram seu apoio: Fernando Gabeira, candidato derrotado ao governo do Rio, vai de Serra, e Zequinha Sarney - do clã Sarney - vai de Dilma. Eu prefiro a companhia de Gabeira.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ser ou não ser professor

Hoje é dia do Professor e preciso preparar minhas aulas de inglês para amanhã de manhã. Gosto de ser professora, de compartilhar meu conhecimento com o outro, mas reconheço as dificuldades do ofício.
Professores deveriam ser muito bem remunerados, assim como policiais e outros profissionais que desempenham papéis tão fundamentais na sociedade, e deveria haver um plano de carreira bacana que realmente premiasse os realmente dedicados.
Cobra-se muito dos professores que trabalhem por idealismo, por amor e vocação, por isso não gosto muito daquelas reportagens que supervalorizam o esforço individual do professor (que é o que geralmente faz a diferença na prática) e não têm "tempo" para mostrar o outro lado (na verdade, aquele professor é bom porque é bom e continuaria sendo bom mesmo se fosse bem remunerado, tivesse mais apoio da direção e dos pais, mas aí, talvez, ele não seria notícia). 
Tenho lido ultimamente várias reportagens mostrando que os professores estão envelhecendo e que poucos jovens buscam as licenciaturas, já que as carreiras de pesquisador e outras parecem bem mais atrativas do ponto de vista financeiro. Que pai fica feliz se seu filho lhe comunica que quer ser professor? Todos querem o melhor para seu filho. 
Na minha família temos o caso de um rapaz, cujos pais são professores, que decidiu seguir a carreira, porém soube há algumas semanas que ele desistiu. Não falei diretamente com ele, mas soube que anda muito desanimado com as condições oferecidas nas escolas. Como dizer a ele: "Persista, pois o mundo, as crianças precisam de você. Dê seu sangue, suor e lágrimas que um dia você será compensado"?
Por outro lado, conheci na universidade muitos professores já com emprego garantido que faltam muito às aulas e não me parecem nem um pouco comprometidos com o tal do ensino público.
Moral da história: tem bons e maus profissionais do ensino como em qualquer profissão.
Outro dia me contaram que um colégio particular de ensimo médio de Cuiabá paga R$ 10 por hora/aula a um professor de inglês. Parece até piada! Será que os pais desses alunos sabem disso?
O Dia do Professor já foi mais badalado - sinal de que até nesse sentido o professor já foi mais valorizado pela sociedade. E olhe que hoje em dia, com a omissão de muitos pais no papel de educadores "primários", os professores nunca tiveram uma função tão importante na formação das pessoas. É uma pena que nesse quesito também haja muito blá-blá-blá e poucos avanços concretos.
                                                                              

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ingenuidade

Esse segundo turno está me deixando pirada. As pessoas ficam mais radicais na defesa de um e outro candidato e, quando isso acontece, juro que prefiro me calar. Pode ser covardia, mas na verdade é um pouco de preguiça e desilusão.
Hoje, ouvi no programa de TV da Dilma alguém comparar a ex-ministra a Madre Teresa de Calcutá e outras heroínas modernas. Será que enlouqueci e estou ouvindo coisas? Fiquei tão chocada com a comparação! É muita apelação!
Serra é "do bem", Dilma é de uma dedicação aos pobres comparável à de Madre Teresa. Então tá ... E nossos amigos Michel Temer, José Sarney, Fernando Collor, o que pensam disso tudo? Devem estar dando risada.
Ah, pensar que já cantei "Lulalá" com o coração cheio de alegria e esperança. Com isso não quero dizer que me arrependo de meus votos no PT. Se eu não votasse, continuaria me iludindo, imaginando um partido onde prevalecessem pessoas bem intencionadas e dispostas a tudo para criar uma sociedade mais justa. 
Na segunda eleição do presidente Lula eu já não estava tão iludida com o PT, mas ainda achava que era uma opção melhor do que voltar aos tucanos do PSDB. Hoje, como já disse aqui, acho todos cada vez mais parecidos e não nutro muitas ilusões a respeito de uns e outros. 
Por isso mesmo me irrita tanto ver essa tentativa do marketing de colocar Serra e Dilma como santos, ele como o paizão, ela como a mãezona.
Não estou preocupada em resolver o meu problema e definir qual presidente será melhor para mim e sim qual será o menos corrupto e com menos chances de desviar os recursos que deveriam ser aplicados em educação, saúde, infraestrutura (saneamento básico) e segurança pública. Será que continuo me iludindo por pensar que isso é possível?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mineiros

Hoje não tem lugar para outro assunto a não ser o resgate dos 33 mineiros chilenos.
Foi fantástico! Que bom que deu tudo certo.
Não consigo me imaginar 10 minutos presa num elevador que dirá num buraco a 700 metros da superfície.
O resgate foi muito digno e recheado de emoção. Um prato e tanto para a mídia e nosso mundo tão conturbado. Provavelmente virão documentários, filmes, livros e outros subprodutos desse reality show, que nem o ficcionista mais delirante seria capaz de imaginar.
Fico pasma que em pleno século 21, com tanta tecnologia, tantos homens tenham que trabalhar em condições tão adversas e perigosas, que só vieram a público por causa do acidente.
Seja como for, hoje todo mundo vai dormir um pouco mais feliz.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Papai Noel existe

O Natal chegou mais cedo na minha casa este ano. Papai Noel passou ontem de manhã e eu lhe pedi um emprego.
Desculpe, mas eu não podia perder essa piada. Os fatos são verdadeiros, eu não estou louca (a esse ponto), mas ...
Graças a meu livro,"Cantos de amor e saudade - a história de Cáceres contada através das lembranças de vó Estella" (Editora Entrelinhas - 2005), conheci um cara muito legal, Clovis Matos, que faz muitas coisas, entre elas, desempenha o papel de Papai Noel num shopping center de Cuiabá há anos. Como meu blog não é lido por crianças abaixo de 8 anos (acredito), posso cometer essa indiscrição.
Clovis é a cara do Papai Noel: robusto, aspecto saudável, cabelos brancos e uma barba branca imensa, que ele cultiva apesar do calor da capital mato-grossense.
Ao longo dos anos descobri outros atributos de Clovis: ele desenvolve um projeto de inclusão literária (foi daí que surgiu nosso contato) e recentemente inventou um projeto de leitura em pontos de ônibus, que comentei neste blog.
Ontem ele veio aqui em casa pegar um monitor e uma CPU. Faz alguns meses que eu tinha aposentado os dois porque minhas filhas ganharam equipamentos mais novos e potentes da avó. Eu queria vendê-los, porém o rapaz que cuida dos meus computadores (meu assessor para assuntos de informática) foi taxativo: "Doe que é melhor. Equipamento velho não vale nada". Doar para quem?
 De repente, recebo um email do Clovis no domingo à noite perguntando se alguém tinha um monitor para doar a um hospital da cidade. A proposta da pessoa responsável por essa iniciativa (de recuperar computadores antigos) é "montar um espaço de entretenimento para pacientes adultos" e também doar para crianças com problemas renais que fazem diálise (elas não podem brincar livremente como as outras).
Pronto, juntou a fome com a vontade de comer. Respondi ao email imediatamente e ontem de manhã Clovis/Papai Noel já estava aqui em casa pegando os equipamentos (que estão em perfeito estado de funcionamento).
Enquanto ele aguardava o elevador, comentei que estava sem emprego. Afinal, ele circula bastante, tem muitos amigos, trabalha na UFMT e poderia saber de alguma coisa.
É essa a história. Espero que Clovis não se zangue com o fato de contá-la. Acredito que não. É só uma forma de divulgar que existem pessoas empenhadas em fazer aquele algo a mais para tornar o mundo um pouco melhor. Papai Noel existe!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Do bem...

Embora eu esteja longe de ter as ferramentas necessárias para fazer uma análise política do momento, não posso evitar fazer alguns comentários sobre o tema neste meu espaço, compartilhado com prazer com algumas pessoas.
Acordei há pouco e, como está se tornando um hábito, liguei a Rádio Senado antes mesmo de tomar meu banho (estou cada vez mais fã da programação, mas esse é assunto para outro post). Ouvi um trecho de propaganda política (argh!) e um novo jingle do candidato José Serra: "Serra é do bem ..." Em contraposição, sou levada a questionar: "Dilma é do mal ?"
Não gosto do rumo que essa campanha está tomando. Quero deixar bem claro que ainda não defini meu voto para o segundo turno, embora tenha minha inclinação. Mas detesto esse maniqueísmo, que pode levar algumas pessoas (ou será que as pessoas não são mais tão ingênuas?) a acharem que um e outro candidato representa o bem ou o mal absoluto. Isso nos remete aos tempos das trevas e naturalmente da ditadura.
Infelizmente (ou não) minha geração cresceu num mundo em que não havia espaço para meio termo. Ou se era a favor da ditadura e do governo militar ou se era contra; ou se era da Arena ou do MDB e, mais tarde, ou se era do PDS ou do PMDB. Aí vieram PT, PSDB, PDT (como uma dissidência do PTB), PCB, PCdoB (os velhos partidos da esquerda banidos sob o governo militar) e, mais tarde, muitos, muitos outros partidos: PP, PPS, PR, PSOL, DEM, PV, só para citar os mais conhecidos. São siglas que deveriam identificar melhor quem é quem, separar o joio do trigo, mas que na verdade vão mascarando as velhas raposas como Sarney, Antonio Carlos Magalhães (já falecido) e outros tão identificados com o velho regime militar ou, como gostávamos de dizer, "aqueles que sempre mamaram nas tetas da ditadura".
Por um tempo até tentei guiar meus votos pelo partido. Com o tempo, larguei de mão. Principalmente, quando você mora numa cidade pequena do interior, vai definindo seus votos mais pelas pessoas do que pelas legendas.
Chegamos hoje a um momento em que os três candidatos com mais chances de conquistar a Presidência são oriundos dos chamados partidos de esquerda. Dois deles passaram ao segundo turno e carregam com eles a escória da direita de 25, 30 anos atrás. O PT de Dilma se aliou ao PMDB, um partido mestre em se manter no poder e que nada mais tem a ver com o heroísmo do MDB do passado, que peitava os militares. O PSDB de Serra se aliou ao DEM.
Então, essa história de fulano é do bem e sicrano ... para mim, não cola! Assim como não aceito a sugestão de que o PT é responsável por todo esquema de corrupção no país. Me poupem!
Gostei de termos um segundo turno, mas nem Dilma, nem Serra são meus candidatos ideais. Tudo isso, na minha avaliação, faz parte de um processo maior de depuração, que ainda vai levar muito tempo. Mas, com o clima do jeito que está no Planeta, será que teremos tempo para chegar lá?
Na verdade, o que quero é tão simples: quero que os recursos gerados pelos impostos sejam bem empregados, quero ver os corruptos na cadeia junto com os demais criminosos, quero que a população sem recursos tenha direito à educação e saúde de qualidade. Não quero ver o filho da minha diarista com o cotovelo quebrado há mais de 20 dias aguardando um lugar na fila do Pronto Socorro de Cuiabá para fazer uma cirurgia. Isso não é justo. Mas quem disse que a vida é justa?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cadernos

Sempre tive mania de anotar as coisas em cadernos. Já tive cadernos em que anotava os livros que lia e os filmes e peças de teatro aos quais assistia. Já tive cadernos onde fiz um diário de bordo de viagens mais extensas e distantes. Hoje meu caderno é virtual: registro neste blog minhas opiniões, preocupações, planos, decepções e pequenas alegrias. 
Nos últimos dias, entretanto, comecei a escrever em dois cadernos. Num deles, estou anotando tudo que gasto, em mais uma tentativa de organizar minha vida financeira. 
Em outro, estou anotando as letras das músicas que amo, porém não sei de cor. A ideia é usar a escrita para me ajudar a memorizar essas canções. Enquanto anoto a letra, vou ouvindo a música na internet (geralmente no YouTube) e já começo a assimilar a letra. 
Não sei se isso acontece com você: antigamente eu decorava as letras de música com os pés nas costas e até hoje eu me recordo de letras enormes de algumas músicas preferidas, que aprendi quando tinha 10 anos (por exemplo, "Quem te viu, quem te vê"). Mas como é difícil aprender uma letra nova! Será a idade ???
Essa decisão de fazer esse caderno aconteceu por acaso (como as melhores coisas na minha vida). Há duas semanas, eu estava no Chorinho e pedi ao Marinho, nosso 7 cordas, para tocar "Esses moços" de Lupiscínio Rodrigues. Ele demonstrou um entusiasmo ímpar, num sinal de que gostava da música, e não hesitou em iniciar seus acordes. Aí eu me dei conta de que não era essa a música que queria cantar e sim "Nervos de aço" do mesmo autor. O vexame só não foi total porque eu sabia alguns trechos da música executada, o Marinho me ajudou e tinha pouca gente àquela altura do campeonato no Chorinho, mas eu, no meu perfeccionismo, morri de vergonha.
Resolvi aprender a letra e pedi para cantar "Esses moços" quando reencontrei Marinho poucos dias depois. Não fiz feio. Anteontem voltei a cantar a música e agora posso dizer que está definitivamente integrada ao meu repertório. É uma música linda e com uma letra que tem muito a ver comigo. Gosto de cantar músicas que realmente me tocam o coração e que contam uma história.
"Esses moços" inaugurou meu novo caderno, que disputa agora minha atenção com meu livro-caixa, que tem muito mais saídas do que entrada.
Ah, continuo cantando "Nervos de aço".

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Comer, rezar, amar - o filme

Assisti ao filme "Comer, rezar, amar", baseado no livro homônimo que tanto comentei neste blog.
O filme não me entusiasmou. Não consigo me lembrar no momento de nenhum filme baseado em algum livro que eu tenha lido que tenha superado o produto original em qualidade.
É claro que assisti a filmes maravilhosos baseados em romances, contos e outros gêneros literários, porém eu podia até conhecer a história, mas não tinha lido o livro antes.
Quando a gente lê um livro que nos arrebata geralmente cria uma relação muito íntima com a obra, cultivada ao longo de semanas, meses. Nesse meio tempo, a gente imagina os personagens, eles criam vida graças à habilidade do escritor (e à capacidade de nossa imaginação).
A linguagem cinematográfica tem outros meandros e os bons filmes também têm a capacidade de nos impressionar e de deixar marcas indeléveis em nossa memória, mas  o ritmo de livros e filmes é diferente. Coisas que demoram séculos para acontecer num livro precisam acontecer em no máximo três horas no cinema e nem sempre essa passagem de tempo é feita de uma forma legal.
O maior mérito do livro de Elizabeth Gilbert é o tom confessional, o clima de intimidade que se estabelece entre ela e leitores. Sabe aquela sensação de uma conversa entre amigas em que uma tem muito mais para contar?
A história se passa em quatro países: os Estados Unidos, onde ela mora, Itália (onde se dedica ao prazer de "comer", Índia (cenário do "rezar") e Indonésia (onde finalmente se entregar ao "amar"). 
O filme tem produção esmerada e bons atores, embora eu não tenha gostado de Julia Roberts no papel principal, nem do espanhol Javier Barden no papel do brasileiro Felipe. Mas isso tem a ver com a imagem que criei dos dois personagens. Imaginei um Felipe mais maduro, menor sedutor que o Felipe de Javier. Quanto à personagem-narradora, a Liz de Júlia não chegou a me comover.
Aliás, o filme como um todo não me arrebatou. A história ficou arrastada demais e houve momentos em que cheguei a pensar: "Puxa, ainda falta mais um país".
Além disso, no livro há personagens secundários que são muito importantes na trajetória de Liz, como a menina Tutti e sua mãe curandeira, porém no filme eles pouco dizem a que vieram.
Enfim, não chega a ser um filme ruim, mas me decepionou como entretenimento e provavelmente será em breve esquecido, ao contrário do livro, que me enfeitiçou.  
PS. Fiquei muito feliz com o Prêmio Nobel de Literatura dado ao peruano Mário Vargas Llosa, um dos meus escritores preferidos. Acabei de vê-lo numa reportagem no Jornal Nacional. Como ele ainda está bonito aos 74 anos!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carmen

Acabei de ler "Carmen - Uma Biografia", de Ruy Castro (Companhia das Letras, 2005). O livro tem 555 páginas, que fiz questão de ler (quando gosto de um livro, leio de cabo a rabo).
O livro me deixou saudades, que estou tentando aplacar com a leitura de "Minha fama de mau" - autobiografia de Erasmo Carlos, que ganhei de aniversário de um amigo.
Adoro biografias, autobiografias e se pudesse trabalharia só com isso: fazendo pesquisas, entrevistas para escrever biografias de pessoas famosas e menos famosas, porém com histórias de vida interessantes.
Mas voltando ao ponto de partida: fiquei apaixonada por Carmen Miranda e, para mim, o grande mérito da obra é revelar a artista para as gerações mais novas. Nasci um ano após a morte de Carmen e cresci achando que ela era importante para o Brasil, porém sem a dimensão exata de sua importância como intérprete e artista completa que era.
A parte mais gostosa do livro para mim é exatamente os primeiros anos de vida artística de Carmen, antes dela se tornar uma artista internacional e se radicar nos Estados Unidos. É uma delícia ler sobre o Rio de Janeiro das décadas de 1920 e 30 e constatar o caldeirão de talentos que surgiu no período. É tanta gente boa, tanto compositor de talento, que fico até com medo de citar alguém porque certamente deixarei de fora outros tantos.
Carmen lançou muito desses compositores talentosos e era, sem dúvida, a rainha inconteste da música popular brasileira no período. Seu talento, sua criatividade eram tão grandes que ela acabou sendo levada por um produtor norte-americano e iniciou uma carreira nos EUA - na Broadway, em Hollywood e outros centros irradiadores de sucesso - que até hoje, salvo engano, não foi igualada (em sua dimensão e sucesso financeiro) por nenhum outro artista brasileiro (Carmen nasceu em Portugal, mas era mais brasileiríssima). 
Ao longo de suas 500 e tantas páginas, "Carmen" revela a história por trás da morte prematura da artista (aos 46 anos) e de sua relação complicada com a crítica brasileira, embora tenha sido sempre adorada pelo público de seu país. 
Na verdade, segundo o autor, Carmen foi vítima de uma mistura de soníferos e estimulantes (potencializada pelo álcool), como muitas celebridades contemporâneas, como Judy Garland e Marilyn Monroe, para citar apenas duas das mais famosas, numa época em que ainda se desconhecia a maior predisposição de certas pessoas à dependência química.
Ela era uma pessoa muito alegre, extrovertida, extremamente generosa e carente, na medida em que, de acordo com o autor, sonhava eternamente com um marido que lhe garantisse os filhos que não chegou a ter. 
Carmen é uma das artistas mais citadas no Brasil (e até imitada), mas penso que poucos conhecem verdadeiramente sua história e o tamanho de seu talento. Ela passou à história por seus colares, balangandãs, turbantes, plataformas, gestos e olhares exagerados, mas foi muito mais do que uma fantasia de baiana. Carmen foi realmente inovadora, ousada, profissional - uma artista completa que merece todo meu respeito. Saravá!
Ah, agora estou doida para ler outros livros de Ruy Castro, especialmente, "Estrela solitária" (a história da Mané Garrincha) e "Chega de saudade".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O grande circo (nada) místico

Ai que preguiça! Recorro a Macunaíma - o personagem fantástico de Mário de Andrade - para resumir minha disposição para falar de um assunto do qual não posso fugir: eleições.
Sei que todo mundo já falou tudo que tinha que ser dito e o que não foi dito jamais será dito, mas tenho que registrar minhas impressões sobre o pleito de domingo, por mais triviais que sejam.
Em primeiro lugar, as ruas de Cuiabá continuam imundas, cheias de santinhos à espera que uma chuva forte os carregue para córregos, rios, cachoeiras e pantanais de Mato Grosso, o que comprova na prática a "grande" preocupação ambiental de nossos candidatos.
Para mim (e boa parte das pessoas que conheço em Mato Grosso), os resultados trouxeram mais decepção que alegria. Satisfação mesmo foi a vitória de Pedro Taques como um dos senadores eleitos. Bela virada! Com todo respeito ao candidato Carlos Abicalil, a vitória do novato Taques (novato na política porque como homem público ele já mostrou muito serviço) mostra que de vez em quando o eleitor tem momentos de lucidez. A derrota de Abicalil e de outras lideranças do PT mostrou que a briga que dilacerou e expôs as vísceras de um partido que parecia promissor em Mato Grosso foi realmente nefasta para seus candidatos. Quanto ao outro candidato ao Senado derrotado, o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB), prefiro nem comentar ...
Não teremos segundo turno para governador, o que lamento, mas, por outro lado, teremos segundo turno para presidente. Os analistas de plantão se dividem em atribuir a mudança no rumo das eleições para presidente à arrancada de Marina e seu PV, aos escândalos envolvendo o nome da candidata Dilma Roussef e todo imbróglio em torno de sua posição sobre a descriminalização do aborto (aliás, parece que o PT vai retroceder nesse sentido, o que é lamentável). Seja como for, ninguém atribui os louros ao candidato José Serra, o que torna praticamente impossível o prognóstico para o segundo turno.
O que mais lamentei, entretanto, foi o resultado das eleições para deputados (Câmara e Assembleia) de Mato Grosso: pouquíssima novidade. Com raras exceções, os reeleitos mostraram pouco trabalho, porém têm poder de fogo, grana para angariar milhares de votos. Eu não me sinto nem um pouco representada.
Ontem a irmã de uma amiga estava arrasada por causa dos resultados das eleições em Mato Grosso. Para ela, serão mais quatro anos de mesmice. Mas a gente não pode se deixar abater por isso e tem que fazer algum trabalho sutil, subterrâneo para mudar o quadro político do estado.
Num país, onde um palhaço é campeão de votos (por deboche, ironia ou total desesperança), o que nos resta fazer? "A única coisa a fazer é tocar um tango argentino", diria o poeta Manuel Bandeira. Eu, particularmente, prefiro um samba bem brasileiro.

domingo, 3 de outubro de 2010

Viva a diversidade!

Nem vou falar de eleições hoje. Afinal, todos já devem ter votado ou definido seus votos. Vamos ver mais tarde. Pelo que li parece que vai dar segundo turno ... para presidente da República e governador em Mato Grosso. Oba!
Meu objetivo hoje é comentar o espetáculo "Diversos", ao qual assisti ontem no Cine Teatro Cuiabá. Produzido por Simone Félix e estrelado pelo cantor cuiabano Helberth Silva, o show surpreende pela quantidade de músicos e convidados no palco, e a diversidade do repertório. Contei 14 músicos presentes o tempo todo mais dois cantores que fizeram participação especial (o menino Netinho Oliveira e Liliane Beyeler), dois dançarinos (Suhmara Untar e Miro Soares) e mais alguns instrumentistas.
A participação de uma mini orquestra (com um naipe de cordas, que Helberth esqueceu de apresentar na noite de sábado, e um naipe de metais cheio de suingue) foi uma surpresa deliciosa.  É muito bom constatar que Cuiabá tem músicos de tão boa qualidade.
Todos estavam ali para dar suporte e deixar brilhar o solista Helberth, que pareceu bastante à vontade no comando de seu espetáculo. Seu timbre de voz é lindo e fica mais bonito em algumas canções, o rapaz tem carisma e boa presença - precisa apenas dosar melhores certas brincadeiras, coisa que o tempo e um bom roteiro podem resolver.
E por falar em roteiro, foi disso que senti falta. A proposta do espetáculo, intitulado "Diversos", é exatamente fazer uma viagem musical por ritmos e países. O texto do programa informa que "a princípio, sua ideia (de Helberth) era fazer um show mais compacto, interpretando apenas canções consagradas nas vozes de Josh Groban e Michael Bublé", porém o repertório inicial passou a contar com sucessos de Djavan, Frank Sinatra, Carlos Gardel e Jorge Vercilo, entre outros.
O que definiu a escolha do repertório? O que levou os diretores a optar por juntar canções desconhecidas e deliciosas como "Tarzan, o filho do alfaiate" de Noel Rosa a clássicos da canção norte-americana como "I've got under my skin" de Cole Porter?
A diversidade é maravilhosa porque permite ao público mato-grossense conhecer canções tão diversas, mas ela também é perigosa. Qual é a verdadeira identidade musical de Helberth Silva?
Na minha opinião, faltou um roteiro básico, um texto que juntasse as peças do quebra-cabeça. Alguém pode argumentar: se as pessoas estão lá para se deleitar com boa música, isso é dispensável. É um ponto de vista, mas acho que se houvesse um roteiro mais amarrado, o espetáculo ganharia envergadura e deixaria uma marca mais forte no cenário musical mato-grossense.
De qualquer maneira, tiro meu chapéu para a produtora, diretores musicais e Helberth Silva, meu companheiro do Madrigal do Avesso (que honra cantar ao seu lado!).
Tomara que "Diversos" tenha fôlego para ser apresentado em outros palcos deste estado tão carente de bons espetáculos!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vícios

Sou uma pessoa sem vícios, ou melhor,  sem maus vícios.
Estou viciada em fazer yoga, cantar, caminhar e escrever neste blog. Quando sinto que não vou conseguir ter minha sessão diária de bloguice, meu coração fica acelerado, começo a suar frio ...
De vez em quando associo o blog à caminhada, como hoje, mas por algum motivo ou outro não consigo botar mãos à obra com a rapidez esperada. A diarista nova me chama, minha filha mais velha fala,  o interfone toca, a campainha toca, o telefone toca ...
Hoje, de manhã, o Parque Mãe Bonifácia estava lindo. Meu iPod ficou sem bateria de novo e eu tive a oportunidade de ouvir os pássaros. Encontrei no caminho um grupo de gringos devidamente fantasiados de gringos (camisas de mangas compridas, calças caquis, chapéus, como se estivessem num safári) fazendo observação de pássaros (birdwatching). Cheguei até a ouvir o guia dizendo que estava "escutando" um woodpecker (picapau). Fiquei morrendo de vontade de me juntar ao grupo, mas o máximo que fiz foi trocar sorrisos com alguns dos integrantes.
Por alguns instantes, durante a caminhada matinal, eu me senti como uma pessoa em fase de desintoxicação. Estou me desintoxicando de anos e anos trabalhando na Famato. Tudo bem que foi um período maravilhoso e bastante animado, já que viajava bastante e enfrentei assuntos variados, mas no final não deixa de ser uma rotina.
Há momentos em que sinto falta dessa rotina protetora e me sinto insegura, como alguém que deixou de receber um medicamento ou uma droga ao qual estava habituado. Em outros eu me sinto feliz e animada diante das possibilidades que se abrem para mim.

PS. Vou agora passar na Famato para buscar a última edição da revista Produtor Rural em papel. Acho que vai ser triste ...