terça-feira, 31 de agosto de 2010

Revendo conceitos

Hoje, no horário do almoço, conversei por acaso com um senhor que veio para Cuiabá no início dos anos 70 como militar e participou da instalação do 9º Batalhão de Engenharia e Construção (9º BEC). Ele me contou coisas muito interessantes: falou sobre como era a capital de Mato Grosso naquela época (eram apenas três edifícios), onde foram as primeiras instalações do batalhão (o antigo Arsenal da Guerra, hoje Sesc Arsenal) e sobre algumas cidades que surgiram em torno dos acampamentos da turma que construía a BR-163.
Eu já sabia que cidades como Lucas do Rio Verde e Sinop, no médio-norte do estado, tinham surgido juntamente com a construção da rodovia, mas achei interessante ouvir isso de uma testemunha ocular da história (dá-lhe Repórter Esso!)
É interessante como a visão que a gente tem do Exército muda quando a gente vem para o interior do país. Cresci numa época em que Exército, Marinha e Aeronáutica eram sinônimos de repressão, opressão, violência - os chamados anos de chumbo, da ditadura militar. Todo militar, para mim, era um cara rígido, bitolado, do mal.
Com o passar dos anos e à medida em que a história do Brasil vai sendo escrita, a gente percebe que as coisas são bem mais complexas e que há pessoas boas e más, bem ou mal intencionadas, no meio civil e militar.
Eu não gosto daquela coisa do "Sim, senhor", "Não, senhor", de nada que é imposto goela abaixo, sem lógica e qualquer chance de discussão. Sei que a disciplina é importante, mas detesto a violência seja de direita ou de esquerda.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

No país da impunidade

Estou estranhamente feliz hoje, mas não consigo deixar de pensar numa notícia que li ontem (acho que foi no jornal O Globo) sobre a visita de membros do Ministério Público a cadeias de Tocantins. Eles constataram o péssimo estado dos lugares visitados e viram até um preso amarrado numa árvore. Constataram ainda que a maior queixa de alguns presos era quanto à falta de ar e água em celas superlotadas.
Pior foi ver os comentários no pé da matéria de pessoas que acham pouco o que eles estão passando. Sei que esse é um assunto delicado, mas desde que eu me entendo por gente tenho a mesma opinião: se a pessoa errou, cometeu um crime, a falta de liberdade já é um castigo suficiente. Não acho que o preso tenha que ser tratado de forma desumana ainda mais sabendo que os piores criminosos (os corruptos, os que roubam os recursos públicos) não só ficam impunes, como muitas vezes são incensados pelos que se beneficiam de seus esquemas criminosos. 
No meio desses bandidos que vão para essas cadeias, acredito, tem gente boa, que cometeu um deslize, que teria chance de se regenerar em outras condições. Ninguém merece ficar sem água, ar para respirar, condições mínimas de higiene. Nesse calor e secura que deixam qualquer um maluco penso às vezes nas pessoas (e animais) sem acesso a um copo d'água decente e ar fresco. Penso nos doentes presos em leitos de hospitais (ou em macas improvisadas) e nos que estão presos em cadeias improvisadas, sendo que muito deles, talvez já nem precisassem estar aí.
Mesmo que algum leitor discorde de mim, lembre-se: vivemos num país em que um assassino confesso - o jornalista Antonio Pimenta Neves, que matou a jornalista Sandra Gomide covardemente, - permanece solto 10 anos após o crime. Porque ele tem dinheiro para pagar advogados espertíssimos, que vão conseguindo manter o assassino em liberdade por meio de recursos a tribunais superiores. Que justiça é essa que mantém livre o autor de um assassinato julgado e condenado, e não garante água, ar e condições mínimas de higiene e defesa a presos comuns? Ou melhor, que sociedade é essa?

sábado, 28 de agosto de 2010

Caminhando

Hoje fiz um passeio interessante por Cuiabá. Caminhei por ruas onde só tinha passado de carro antes. Vi muitas calçadas estragadas, muito lixo (inclusive nas bocas de lobo) e mato; cachorros vagando atrás de uma cadela, crianças tossindo, evangélicos fazendo pregação de porta em porta, mulheres bebendo cerveja num boteco, gente molhando a calçada, lavando carro com mangueira (quase pedi um banho), batendo boca ...
Cuiabá é uma cidade muito interessante e cheia de contrastes, como a maioria das capitais brasileiras. Ao mesmo tempo em que a gente observa o tráfego cada vez mais intenso de veículos e um monte de arranha-céus subindo, Cuiabá ainda conserva no Centro e seus arredores (que foi o trajeto da minha caminhada) resquícios de cidade do interior ou dos subúrbios do Rio de Janeiro: vilas, casas minúsculas - a maioria delas, infelizmente, protegida por grades e cadeados. Quase não se veem jardins, grama, verde; o que prevalece nessas construções é o cimento, o concreto. É uma pena! Imagino como devem ser quentes essas casas! 
Vi também muitos prédios e estabelecimentos comerciais abandonados. Fiquei imaginando os projetos, as decepções que estariam por trás dessas edificações.
Andei por pouco mais de uma hora sob o mormaço intenso de final de agosto. Tinha momentos em que eu me sentia como um ET ou estrangeiro andando por uma cidade desconhecida. Mas foi muito bom. Pretendo repetir esse tipo de passeio. 
Seria bom se os candidatos às eleições de 3 de outubro também fizessem  caminhadas assim! Será que o ex-prefeito Wilson Santos, atual candidato a governador, se sentiria tão orgulhoso de sua administração?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ainda entrelinhas

Assisto a um programa do Globo Repórter sobre estresse e sob estresse. Oh palavrinha danada ... 
A tônica desse bloco foi a importância de se quebrar a rotina para fugir do estresse.
Eu procuro fazer isso, mas acho que poderia ousar mais.
A rotina é perigosa: ela nos leva a uma falsa sensação de conforto, proteção.
Quando essa rotina está em risco, nos deixa a sensação de medo, como se nos tirassem o chão.
Minha rotina está em risco e isso é assustador.
Estou tentando manter a cabeça no lugar e a mente serena para me provar que sou capaz de dar a volta por cima mais uma vez.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Entrelinhas

Há momentos na vida que são extremamente delicados. Há quem diga que é nesses momentos que a gente cresce, se fortalece e se redescobre. Nesses momentos, tudo - uma música, uma palavra, um gesto - ganha significados maiores. Tudo fica intenso, como agora.
Estou aqui no lobby de um hotel maravilhoso e altamente surreal. Como já disse no post anterior, parece que estou fora do Brasil. Olho pela janela e imagino que além das árvores e edificações, está o mar da Bahia, do Caribe, de Miami ou de qualquer outra cidade onde há resorts. Mas, na verdade, o que há é uma rodovia e, mais ao longe, os prédios de Campinas.
Ouço uma gravação de Summertime, a bela canção dos irmãos George e Ira Gershwin composta para a ópera "Porgy and Bess" . É um blues, popularizado na interpretação de Janis Joplin, uma espécie de acalanto de uma mãe que diz ao filho: "Baby, don't cry!" (Filho, não chore!) "Child, the living's easy" (algo como "viver é fácil").
Quero acreditar nisso. Ou melhor, preciso acreditar nisso, que alguma coisa de melhor virá.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Top Ciência

Queridos leitores,
Quisera eu ter condições agora (quase meia noite) de escrever um post detalhado, porém estou morrendo de sono, meus olhos ardem e ainda por cima tomei muito vinho. Estou a alguns metros do meu apartamento num hotel estupendo em Campinas, Royal  Palm Plaza, que parece a ilha da fantasia. Gente, parece que estou em Miami!
Vim a convite da Basf para cobrir um evento - o Top Ciência, que premia os melhores pesquisadores do pedaço. Hoje, o dia foi comprido e intenso. Saí de Cuiabá, viajei de Azul (adorei!), cheguei a Campinas, vim pro hotel, almocei voando, fui conhecer a Estação Experimental da Basf em Santo Antônio de Posse (na região metropolitana de Campinas), voltei para o hotel, tomei um banho voando e desci para a abertura do evento, onde aconteceu uma apresentação rápida, seguida de um jantar maravilhoso.
Só agora estou retornando para o meu apartamento e, no caminho, resolvi atualizar meu blog.
Amanhã prometo escrever mais e melhor. Mas será um dia de muito trabalho, já que. em tese, terei à disposição alguns dos maiores pesquisadores do país.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O eterno conflito

Há muitos anos ouvi o seguinte comentário sobre uma atriz iniciante: fulana adora o teatro, mas o teatro não a adora! A autora da frase queria dizer que sua colega de palco não era assim tão talentosa.
Não sei se a minha amiga tinha razão (a colega chegou a ter um certo destaque na mídia, mas faz tempo que não ouço falar dela), mas o comentário nunca saiu da minha cabeça. 
Porque eu me lembrei dessa frase agora? Eu adoro a música, mas não sei se a recíproca é verdadeira. Hoje estou com o coração pesaroso porque vou viajar amanhã a trabalho e terei que faltar ao ensaio do madrigal, que não aconteceu na semana passada por motivos alheios à minha vontade. 
Sei que preciso manter o foco no trabalho, no meu ganha-pão. Mais do que nunca. Gosto do que faço e adoro viajar, conhecer pessoas e lugares novos, porém, cada vez mais gosto de cantar, estudar música e fico, ao mesmo tempo, feliz e receosa. Feliz por ter a oportunidade de cantar (no madrigal, no Chorinho, nos encontros do pessoal do Chorinho e outros que envolvem gente apaixonada por música - os amadores); receosa porque sei que não tenho um talento assim especial, música não vai me dar dinheiro e, principalmente porque o tempo está contra mim. 
Às vezes, fico preocupada com esse meu lado gaiato, meio boêmio e fico achando que eu tinha mais é que estar preocupada em ganhar mais dinheiro. Afinal, também nesse quesito, o tempo está contra mim.
Mas, para ser sincera, não consigo me ver rica. Na verdade, eu queria era ter grana suficiente para pagar minhas contas e poder me dedicar às coisas de que realmente gosto: cantar, escrever, ensinar ... Sinto que eu poderia (e deveria) fazer mais, mas estou tendo dificuldade em focar. 
Duas coisas são certas: sou um fiasco em gestão financeira (por que será?) e o fato de cantar pode não me garantir renda, porém tem contribuído decisivamente para o meu equilíbrio mental.
 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Carmen

Comecei a ler neste fim de semana o livro "Carmen - uma biografia" - um calhamaço escrito pelo jornalista Ruy Castro (Companhia das Letras), que me foi emprestado por minha irmã de Brasília. 
Talvez ainda seja cedo para comentar a obra, que deverá me proporcionar muitas horas de leitura nas próximas semanas, mas estou gostando tanto do livro! É curioso porque o que me move nessa leitura não é o final da história e sim o seu desenrolar, acompanhar o nascimento de uma estrela, ou melhor, de várias, já que a geração de Carmen Miranda foi extremamente rica em talentos musicais.
Francisco Alves, Mário Reis, Pixinguinha, Custódio Mesquita, Assis Valente, Lamartine Babo são alguns dos artistas que vão desfilando pelas páginas do livro. Eu me sinto passeando pelas ruas do Rio de Janeiro nos anos 1930, curtindo os carnavais animadíssimos em meio a bailes, corsos e banhos de mar à fantasia. 
Não sei por estar  (e ser) tão apaixonada pela música, nenhum detalhe me cansa. Como devia ser bom morar no Rio de Janeiro naquela época! Comentei isso com uma amiga, alguns anos mais jovem, e ela não pestanejou em dizer que devia ser bem melhor viver no século passado, em que, na sua opinião, havia mais alegria, mais tempo em família, mais união e a vida parecia mais divertida.
Tenho minhas dúvidas. Em geral, a gente tende a valorizar só os pontos positivos do passado. Realmente, imagino que o tempo devia dar a impressão de passar mais devagar e, graças ao fato de não tomarmos conhecimento de tantas informações, talvez as pessoas se sentissem mais felizes, fossem mais ingênuas, menos ansiosas e competitivas. 
Mas havia mais doenças e não era difícil alguém morrer de tuberculose (como a irmã mais velha de Carmem), gripe, sarampo e outros males para as quais hoje há mais chances de cura. Fora os bebês e parturientes que morriam no parto. 
Sinto, porém, que havia mais esperança, ou será que estou enganada?
Seja como for, o saudosismo não leva a lugar algum. O importante é tentar conservar o que era - e continua - sendo bom: a amizade, a lealdade; livrar-se do que é ruim: a hipocrisia, o preconceito; e correr atrás do que está sempre em risco: o amor, a esperança, a paz, o ser feliz.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O exemplo

Juro que hoje comecei o dia de bom humor e com os melhores propósitos do mundo, mas a leitura das principais notícias do dia nos jornais e sites de Mato Grosso é suficiente para tirar qualquer um dos trilhos. 
Teria vários exemplos, mas vou me ater a uma notícia sobre um assunto já mencionado no blog: acabei de saber por meio do site rdnews.com.br que a justiça eleitoral entendeu que os candidatos podem voltar a fazer propaganda usando cavaletes nas rotatórias e canteiros das cidades de Mato Grosso, passando por cima da lei aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal de Cuiabá e seguida por outros municípios mato-grossenses.
Será que esses juízes dirigem seus  próprios carros e passam por essas rotatórias e canteiros em seus carros nos horários de pico? Acredito que não. 
Qual o sentido de deixar aqueles rostos sorridentes e plastificados que parecem zombar de nós, cidadãos comuns? Em que esse tipo de propaganda contribui para a chamada "festa" da democracia?
Olha, cada vez mais questiono se as eleições no modelo atual (onde o poder da grana é mais forte que tudo) contribuem realmente para mudar o cenário político brasileiro. 
Porém, ruim com elas, pior sem elas. 
Por isso vou continuar no meu esforço pessoal (e mental) para não me deixar abalar por cavaletes, bandeiras, congestionamentos, candidatos corruptos que têm seus mandatos cassados mas podem concorrer a um novo mandato. 
Por enquanto, só tenho certeza de um voto: para o candidato a Senado, Pedro Taques. 
Ontem, assistindo à primeira parte da propaganda eleitoral pela TV (depois desliguei o aparelho), achei tão bacana o projeto de saúde do Serra, que estava praticamente decidida a votar nele; em seguida, veio o programa da Dilma, também tão bonito, que até achei que ela não vai ser assim tão ruim para o Brasil ... 
Ou seja, a propaganda eleitoral só confunde o eleitor porque cada marqueteiro vai lançar mão de suas melhores técnicas para sensibilizar o eleitor. 
Eu mesma já entrei em cada canoa furada ... 
Para evitar tanta confusão sugiro a todos - candidatos, eleitores - que assistam a um filme incrível, "Invictus", dirigido por Clint Eastwood, e com Morgan Freeman no papel do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela. Exageros à parte, o filme apresenta a personalidade de Mandela, um dos poucos homens  (vivos) que admiro de fato. O mais bacana é ver sua inteligência, sua disposição para o trabalho, sua humanidade e  capacidade de perdoar. Com toda humildade, é isso que quero para mim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Programa legal



Ontem, na minha pressa para divulgar a agenda musical ou no meu egoísmo, acabei cometendo uma injustiça. Não registrei o concerto que aconteceria à noite no teatro do Sesc Arsenal (de graça) dentro do Projeto Sonora Brasil. Como eu não poderia ir por causa do ensaio do meu madrigal, acabei omitindo essa informação.
À tarde, quando fazia a cobertura do Congresso Brasileiro de Fitopatologia (doenças de plantas) recebi um telefonema que me deixou arrasada. Uma colega de grupo me ligou dizendo que o ensaio tinha sido cancelado para que os cantores do madrigal pudessem ir a um concerto no Sesc. 
Passada a decepção inicial, decidi conferir a programação novamente quando chegasse em casa. O concerto em questão era do Conjunto Gyn Câmara de Goiás, que apresentaria um repertório com composições de Claudio Santoro e Guerra-Peixe. Como fazia tempo que não assistia a um concerto de música erudita pra valer, resolvi conferir. 
Foi lindo! Uma surpresa boa demais, principalmente em tempos de propaganda eleitoral e muita fumaça no ar.
O público, como era de se esperar, era reduzido (algumas dezenas de pessoas, sendo que seis eram do madrigal), mas interessado e entusiasmado. 
Já na primeira apresentação (uma peça de Guerra-Peixe composta originalmente para viola caipira e rabeca), meus olhos se encheram de lágrimas, de tanta emoção. Um som tão bonito, tão brasileiro, executado com perfeição ao violão e violino. O concerto durou mais de uma hora e os quatro músicos foram se revezando nas apresentações. Algumas peças foram solos (flauta ou violão) e os músicos eram muito didáticos e simpáticos em suas explicações sobre as composições executadas. Foi uma pequena aula sobre música atonal, dodecafonismo. Achei uma delícia a informação de que Guerra-Peixe abandonou essa forma de compor e retomou sua verve mais popular e nacional. Ele, inclusive, terminou sua vida como um arranjador e maestro bastante popular.
Faço questão de registrar aqui os nomes dos integrantes do Grupo Gyn Câmara: Ângela Barra (voz), Billy Geier (viola e violino), Sidnei Maia (flauta) e Eduardo Meirinhos (violão), cujo CD estou ouvindo agora enquanto escrevo este texto.
No dia 28 (sábado), terá mais uma etapa do Projeto Sonora Brasil com o concerto do Quinteto Leão do Norte (PE). Vale conferir.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Música da boa ( e de graça)

Hoje não estou muito inspirada para escrever e aproveito para divulgar a programação musical de Cuiabá deste fim de semana, que está muito boa.
Ressalto que vou divulgar apenas os espetáculos que me agradam. Vamos a eles:
Amanhã começa o Festival Cover Baixo Cuiabá, a partir de 20 h, no teatro do Sesc Arsenal.  Tem todo ano, é sempre bacana e vai até sábado com baixistas daqui e acolá: Fidel Fiori, Wellington Andrade, Samuel Smith, Celso Pixinga e Thiago Espírito Santos, entre outros.
No domingo, a noite será uma festa no jardim do Sesc Arsenal: às 18h30m tem Sidnei Duarte e convidados e, em seguida, Paulo Monarco com o show "Com o pé de vez". Tudo de graça! 
Sidnei Duarte é um músico fantástico, toca guitarra, viola-de-cocho (na Orquestra do Estado de Mato Grosso) e transita com facilidade entre as várias linguagens musicais. É um cara sóbrio, muito na dele, que toca muito!
Quanto a Paulo Monarco, sou tiete assumida. O rapaz é bom demais e tem talento suficiente para ir longe no cenário musical. Ainda me admiro quando encontro pessoas em Cuiabá que não conhecem seu trabalho. O próximo domingo é uma ótima oportunidade para tirar esse atraso. 


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Livro no ponto

Todas as iniciativas de incentivo à leitura são bem-vindas. Por isso quero saudar o projeto Livro no ponto, do historiador e produtor cultural Clóvis Matos, que se propõe  a levar opções de leitura para quem está parado no ponto de ônibus. 
O projeto piloto foi lançado hoje em três pontos no campus da UFMT, em Cuiabá, e faz parte de um projeto maior de Inclusão Literária. 
Em release enviado, o idealizador diz contar com a solidariedade da população no sentido de manusear e ler os livros enquanto aguarda o ônibus e devolvê-los. Clóvis espera ainda que as pessoas contribuam com novos materiais, que poderão ser deixados nos "bolsões". 
Só fico me perguntando como funciona na prática: se você começa a ler uma história super interessante e seu ônibus chegar de repente, perde o ônibus e chega atrasado ao compromisso, leva o livro para casa (e o devolve quando acabar de ler), contrariando a norma; ou simplesmente larga o enredo no meio e vai embora frustrado?
Sei que há projetos semelhantes e muito interessantes em outras cidades. Há pouco tempo li sobre isso no site agonia: http://portugues.agonia.net/index.php
Pelo que me lembro, nesse caso, o livro podia ser levado e abandonado em outro ponto da cidade.
Quando eu era mais jovem - no tempo em que não havia caixas eletrônicos - sempre frequentei muito filas de bancos e nunca deixava de levar uma revista ou um livro na bolsa para passar o tempo. Achava estranhíssimo ver que muitas pessoas ficavam simplesmente olhando as paredes enquanto aguardavam horas na fila (naquela época não tinha celular para as pessoas passarem o tempo na fila e pertubarem a paz de quem não quer ouvir a conversa alheia). Nunca pensei em ler em ponto de ônibus, talvez porque minha espera fosse pequena e porque sempre fui meio atrapalhada na hora de entrar e sair de coletivos.
Ler é um hábito que deve ser estimulado e conservado. Não sei muito bem como se cria esse hábito porque sempre li muito e uma das minhas filhas raramente lê. Não foi por falta de livros (ela sempre teve  acesso a muitos), nem de estímulo em casa ou na escola. Será que a genética influi?
O livro é um companheiro e tanto (não trai, está sempre à nossa espera, não reclama quando a gente o abandona)   e só quem conhece o prazer de ler um bom livro entende o que estou dizendo. Nem todo mundo tem essa chance, por isso acho louvável a ideia do Clóvis. Tomara que dê certo e se propague. 
A propósito, gostaria de contribuir com a doação de alguns livros meus. 



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Invasão de privacidade

Tem se falado muito sobre o uso das mídias eletrônicas nestas eleições. A minha pergunta é simples: um candidato pode invadir um site de relacionamento e ficar convidando as pessoas para serem suas amigas? 
Eu mesma dou a minha resposta: neste país dos absurdos, provavelmente pode, mas o candidato que fizer isso está dando um tiro no próprio pé, usando uma expressão bem a gosto dos políticos. Eu não vou ser bastante tola para achar que uma pessoa que não me conhece - e que só conheço das páginas de jornais - de repente decidiu ser minha amiga. Já recusei duas vezes o seu convite e vou recusar quantas vezes for convidada. A cada recusa, mais bronca tomo dele e menos chances de eu decidir votar nesse candidato (na verdade, ele é apenas candidato a vice, o que não deixa de ser um perigo num país com forte tradição - ou seria maldição? - de vices que assumem o poder). 
O pior é que esse mesmo candidato, que quer ser meu "amigo" no Orkut, resolveu me seguir no Twitter. Não estou nem aí. Até hoje não entendi direito como o twitter funciona. É muita confusão para mim. Sempre que entro nesse site tem um monte de gente nova me seguindo ou que estou seguindo ..
Já cansei também de pedir à assessoria de alguns candidatos para tirar meu endereço do seu mailing para evitar receber aquelas newletters chatíssimas cheias de falsas informações e promessas.
Gente, sou jornalista, já trabalhei em assessoria - e trabalharei novamente se for preciso - e, por isso mesmo, eu me poupo de certos absurdos das assessorias da imprensa que conseguem ser mais "viajadas" e mais realistas do que o rei (ou rainha).

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dia de fúria

Hoje meu assunto volta a ser a política, inspirada em parte por minha conterrânea e colega de profissão Loisa Mavignier, que aborda o tema com propriedade em seu blog Coisas da Vida http://lolomavignier.blogspot.com/
Através dela tomei conhecimento do link para o site do ficha limpa http://www.fichalimpa.org.br/, onde nós, eleitores, podemos acompanhar os resultados da lei aprovada recentemente no congresso após ampla pressão popular.
Confesso que hoje estava meio desanimada por conta do rescaldo do incêndio que atingiu o município de Marcelândia e por alguns problemas que rondam minha vida profissional, porém, depois de ler o post de Lolo, pensei: a gente não pode se entregar e ficar de braços cruzados diante de tanta coisa errada que acontece no nosso país! 
Calma não vou ter o meu "dia de fúria" e sair por aí atirando em todos os políticos corruptos até porque, como já disse antes, os políticos são um reflexo da sociedade. Tudo bem que existe muita gente boa, mas o esquema criado faz com que a maioria que chega ao poder seja representante da "banda podre da sociedade", gente que quer o poder pelo poder, ou para se beneficiar ou beneficiar aquela corja que fica em seu entorno. Em outras palavras, quando são eleitas essa pessoas já estão tão "comprometidas" com quem bancou sua campanha que acabam se esquecendo dos interesses daqueles tolos que acreditaram em suas promessas de campanha.
Nesse contexto fiquei surpresa e adorei a aprovação pela Câmara Municipal de Cuiabá (que não é assim um exemplo de lisura) de uma lei proibindo a colocação de cartazes, cavaletes  e todo tipo de propaganda de candidatos nos canteiros e rotatórias, o que vai impedir aquela proliferação ridícula de rostos sorridentes que só piora o terrível trânsito da capital.  Um tipo de campanha inócua, diga-se de passagem, já que não traz propostas, compromissos, histórico dos candidatos, e apenas propaga sorrisos forçados e falsos. O projeto é de autoria do vereador Lúdio Cabral (PT) e a entrada em vigor da nova lei depende de sanção do prefeito Chico Galindo (PTB). A propósito, a lei foi aprovada por unanimidade.
Então, a gente tem que acreditar sim, consultar o site do ficha limpa (que só tem 36 candidatos inscritos até o momento!) e, se for o caso, até anular o voto. Se eu chegar à conclusão que os três candidatos com mais chance de se eleger governador em Mato Grosso não merecem meu voto não vou escolher o "menos pior".  Eu vou anular meu voto e votar apenas para os cargos onde houver candidatos com os quais eu realmente me identifique.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Marcado a fogo

Foto Edson Rodrigues/Secom-MT
É com pesar que informo a quem lê meu blog de longe que Mato Grosso está pegando fogo, no sentido literal. 
Ontem teve um incêndio horrível em Marcelândia (700 km ao Norte da capital). Os jornais e sites falam em aproximadamente 100 casas e  15 madeireiras queimadas. O fogo teria começado numa pastagem e sido levado pelo vento até a área industrial da cidade, causando pânico na população e deixando um rastro de destruição. (Retificação: segundo o site SóNotícias, o fogo teria começado no lixão da cidade).
Não conheço Marcelândia, mas é um município de história triste, que vem sendo detonado em todas as operações do governo federal de combate à extração ilegal da madeira. Soube que a administração municipal vinha se empenhando para tirar o município da lista de maiores desmatadores, mas não posso informar sobre as ações realizadas porque, como já disse, não estive lá, infelizmente. 
Isso não impede que eu me sensibilize com as notícias e me compadeça das pessoas, principalmente dos idosos e crianças afetados pela fumaça e fuligem do fogo. 
Cuiabá, hoje, também está horrorosa!  É impressionante como cresceu o número de focos de fogo no entorno e como o céu está "sujo" com a fumaça que vai asfixiando a cidade e nos deixando deprimidos diante do que vem pela frente. Afinal, o pico dessa situação costuma acontecer em setembro e, dificilmente, teremos chuva antes disso. 
Hoje eu me lembrei de um funcionário da Secretaria de Meio Ambiente de Sinop (a 210 km de Marcelândia), que conheci em agosto do ano passado, durante reportagem na região. Ele era um dos mais entusiasmados com o esforço para evitar as queimadas  no  período da seca de 2009 e me contou que tinha horror ao fogo. Quando era menino, seu pai tinha perdido tudo (serraria, economias) num incêndio. Aquele episódio marcou a vida do rapaz, já que sua família nunca voltou a ter a situação financeira de antes. 
Fico pensando em quantas histórias semelhantes não estão acontecendo em Marcelândia e outros municípios sob a pressão do fogo. São vidas marcadas a fogo. Até quando?


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

De absurdo em absurdo ...

Hoje li uma matéria ótima no site do jornal A Gazeta http://www.gazetadigital.com.br/ sobre a liberação de propaganda eleitoral e os prejuízos causados ao trânsito. A reportagem, de autoria de Caroline Rodrigues, diz tudo,  abordando a bronca dos motoristas e o sofrimento dos cabos eleitorais. Traz inclusive números de telefone e o site do TRE para se fazer denúncias www.tre-mt.gov.br
Gostaria, entretanto, de acrescentar meu depoimento pessoal: achei essa coisa de colocar um monte de cartazes, cavaletes e bandeiras nas rotatórias e canteiros das principais avenidas de Cuiabá o ó do borogodó (no sentido pejorativo da expressão). Além de deixar a cidade horrível (mais poluída visualmente), atrapalha a visão de motoristas, piora o trânsito (qualquer coisa torna o trânsito mais lento nesta capital) e, na minha opinião, é totalmente inócua, já que eu, pelo menos, não consigo nem olhar o rosto do candidato que dirá nome, número, partido, etc. 
Portanto, qualquer medida que for tomada no sentido de coibir esse tipo de propaganda tem meu apoio.
Temos que votar em políticos baseados na sua biografia, sua história de vida, sua coerência (pessoal, política) e não nos rostos plastificados, retocados com photoshop, estampados em santinhos, cartazes e cavaletes, que logo se transformarão em lixo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Absurdo

Sei que o Brasil é o país dos absurdos, mas este é de doer.
Jornais e telejornais de Mato Grosso têm denunciado que em várias escolas públicas do estado alunos estão  sem aulas por falta de professores. Há um déficit no quadro de professores por causa do afastamento (licença, aposentadoria, etc) de muitos profissionais e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) não pode contratar substitutos por causa da legislação eleitoral.
De acordo com reportagem publicada hoje no jornal Diário de Cuiabá, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) "aponta falha da Seduc" por não ter se organizado previamente para o período eleitoral. A Seduc está tentando negociar uma solução com o TRE. O Ministério Público Estadual está de acordo com o TRE.
Não vou entrar aqui no mérito das responsabilidades (fica um órgão acusando o outro) e sim no prejuízo que isso vai acarretar para a vida de milhares de estudantes diante da aproximação das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), marcadas para novembro. Como se não bastasse a já tradicional desvantagem dos alunos de escolas públicas em relação à turma das particulares, este ano eles ainda sofrerão mais, com a falta de professores! Como fica o calendário escolar, o cumprimento do conteúdo programático? Vai ser a enganação de sempre?
O que mais me revolta é saber que isso ocorre em nome da democracia e de uma suposta "transparência no processo eleitoral". Me poupem! Alunos sem aulas = alunos ociosos, despreparados, revoltados e com menos chances de vencer o fosso cultural e educacional que existe no nosso país.
Pais, se manifestem,  se organizem, vão à luta e clamem por seus direitos!
Deve ser muito educativo para nossos jovens ficar zanzando numa cidade coberta por cartazes e retratos de candidatos que tiveram seus mandatos cassados por compra de voto e outras irregularidades. Deve ser assim que vamos formar os cidadãos do futuro.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mês de cachorro louco

Agosto é um mês cercado de mistérios e maus presságios. Dizem que é o mês do "cachorro louco". Foi o mês em que o ex-presidente Getúlio Vargas se matou (no dia 24) e também marca a renúncia do ex-presidente Jânio Quadros (dia 25), fora outros acontecimentos políticos menos relevantes.
Em Mato Grosso, agosto é o mês em que o clima seco vai se acentuando, agravado pelos focos de calor. O céu vai ficando esbranquiçado e a gente avista toda hora aquela fumaça preta típica das queimadas.
Há um século, conta dona Estella no livro que escrevi ("Cantos de amor e saudade"), as famílias mais abastadas de Cáceres costumavam deixar a cidade nesse período para fugir da poeira e do calor, refugiando-se no campo. 
Hoje, estamos cercados de asfalto, mas a vontade de fugir é a mesma. Ah, como eu queria passar alguns dias numa fazenda ideal, cercada de muito verde e água, com tempo para jogar conversa fora, praticar meus parcos dotes culinários (e ampliá-los, se fosse possível) e ter bastante tempo para ler. 
Atualmente, temos o conforto do ar condicionado nos carros e residências, mas por outro lado temos que aturar o massacre dos cartazes, adesivos e santinhos da campanha eleitoral. A todo momento me deparo com os rostos ampliados de candidatos sorridentes, tentando nos enganar com seus sorrisos matreiros de que vão trabalhar pelo bem de todos. Alguns, nem candidatos são ainda, uma vez que tiveram sua candidatura indeferida em primeira instância, mas continuam nos impondo sua expressão de deboche. 
Hoje, num bate-papo rápido sobre eleições um colega de trabalho - um rapaz de bom coração - questionou de que adiantava votar num candidato com uma ótima ficha pregressa (o procurador Pedro Taques), já que ele nada poderá fazer caso se eleja. Ele acredita que uma vez no Congresso ou em qualquer casa legislativa o bom sujeito se corrompe imediatamente. Argumentei que ele não pode pensar assim. Mesmo que candidatos como Taques não possam mudar grande coisa, temos que acreditar que é possível se mudar essa ideia de que todo político é corrupto ou corruptível. No mínimo, pessoas como Taques vão incomodar os corruptos de plantão. 
A gente tem que acreditar nisso para superar este e outros agostos, que continuarão difíceis de aturar independentemente da vontade dos homens. Mas, certamente, as ações humanas podem amenizar as agruras climáticas e tornar a sobrevivência nesta época do ano mais agradável para todos,  abastados ou não.
A propósito, li no site do Kennel Club que a expressão "mês de cachorro louco" deve-se ao fato de agosto ser o mês recomendado para a vacinação anti-rábica. O contágio, segundo o site, pode ocorrer em qualquer época do ano, mas neste período acontece  "uma grande concentração de cadelas no cio em decorrência das condições climáticas, onde o aumento da luminosidade nesta época do ano, ativa sexualmente todos os mamíferos" http://www.kennelclub.com.br/materias/mat_principal1.htm 
Vivendo e aprendendo!

domingo, 8 de agosto de 2010

Pais

Fiquei meio na dúvida se deveria escrever alguma coisa sobre pais. Afinal o que sei sobre ser pai? Muito e pouco, ao mesmo tempo. Tive muitos pais ao longo da vida. 
O primeiro foi meu pai biológico, que me deu seus genes, um lar e uma herança cultural da qual não me afastei totalmente. Convivemos relativamente pouco (cinco anos e meio) numa época em que ele mais se parecia um avô e eu me esforçava para me diferenciar de seus netos.
Depois vieram os substitutos: vários cunhados que ocuparam em algum momento de minha vida essa posição. Todos muitos queridos a seu tempo e intensidade variada. Por ordem de chegada: Norberto, Luiz, Delcídio, Manoel, César e Ivo. Teve também meu irmão mais velho, Zezinho, que nunca ocupou o papel de pai, mas sempre foi um irmão querido.
Curiosamente, não busquei em meus maridos (ou busquei?) pais substitutos. Eles eram muito jovens e imaturos para sê-lo.
Acabei me tornando "pai" de minhas filhas de alguma forma, embora não desejasse (e não desejo) tomar o lugar do verdadeiro pai.
Bom e daí? Sinto falta de um pai (quem não sente?) É tão bom ter a sensação de alguém que cuide da gente e nos proteja dos perigos dessa vida!
Sinto uma pontinha de inveja daqueles que realmente acreditam na proteção de um Pai celestial. Quem sabe um dia chego lá ...
Mas hoje desejo um Feliz Dia dos Pais a todos que já são pais. É uma data comercial, mas não dá para ignorá-la.
Pais, sejam pais, amem seus filhos, não os abandonem. Talvez vocês precisem mais de proteção e carinho do que seus próprios filhos, mas o amor é um caminho de mão dupla: é preciso dar para receber. Não sufoquem seus filhos, não os protejam demais a ponto de torná-los eternamente dependentes, mas também não exijam demais deles enquanto são pequenos para não endurecê-los antes do tempo.
Aos pais que me acolheram ao longo da vida (a maioria deles não está mais aqui), meu muito obrigada.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

De pernas pro ar

Minha intenção inicial hoje era falar de minha indignação diante das últimas decisões do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso deferindo a candidatura de praticamente todo mundo, mesmo de quem teve seu atual mandato cassado, como os deputados José Riva (PP) e Chica Nunes (DEM), que, aliás, está se mantendo no cargo por força de liminar. Na minha ignorância jurídica, cansei de "brincar" de ficha limpa.
Por isso vou falar de um assunto mais pessoal e trivial. Tenho dois "projetos" de vida, cuja realização depende basicamente de mim e não requer esforço financeiro. Um deles, que eu tinha abandonado, é tocar pandeiro. É um sonho antigo. Acho o máximo ver as pessoas tocando pandeiro. Como sou meio ruim de coordenação motora, tenho minhas dúvidas se consigo tocar, mas algumas pessoas amigas do Chorinho garantem que é totalmente possível. O primeiro passo, ensinou-me um dos frequentadores do Chorinho na noite de quarta-feira, é comprar um pandeiro e começar a praticar baixinho enquanto ouço os veteranos tocarem.
O outro projeto é fazer uma postura da yoga que é meu sonho de consumo desde que conheci essa mistura de filosofia com exercícios bons para o corpo e a mente, aos 16/17 anos, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma postura invertida, a mais radical de todas, em que você fica totalmente de cabeça para baixo. Eu morro de medo de cair e quebrar o pescoço, mas minha atual professora disse que não tem perigo e que o caminho é praticar diariamente em casa perto de uma parede e, de preferência, com alguém próximo para dar apoio (físico e psicológico). Ontem fizemos essa postura em sala de aula e, para variar, só consegui me manter de cabeça pra baixo com o auxílio da professora. Ela me disse que estou melhorando e que, uma vez eu consiga encontrar o ponto de equilíbrio, nunca mais vou perdê-lo. 
Deve ser como andar de bicicleta: a princípio, parece impossível se equilibrar em duas rodas, mas de repente a gente está correndo e feliz por ter superado mais uma etapa da vida. 
Olha, fiquei animada ...  Não sei qual dos projetos vou conseguir concretizar primeiro: tocar pandeiro ou ficar de cabeça para baixo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Música de graça!


Hoje tem concerto de Arthur Moreira Lima no Shopping Goiabeiras, às 20h. É de graça. 
Tomei bronca desse shopping desde o assassinato estúpido do vendedor ambulante Reginaldo por seguranças do estabelecimento. Achei - e continuo achando - horrível a postura da administração do Goiabeiras em relação ao episódio (aliás, será que os acusados ainda estão presos? quando serão julgados?)
Mas isso não impede que eu divulgue (e louve) a iniciativa de promover uma apresentação do grande pianista em comemoração ao Dia dos Pais. 
Aproveito para divulgar também um concerto de choro que vai acontecer no sábado, às 20h, no jardim do Sesc Arsenal. Eu fiquei muito curiosa para assistir. Vou reproduzir dados do release enviado por Rejane De Musis, técnica especialista em Música do Sesc Arsenal. Esse show também é de graça!
"Adamor do Bandolim (foto) é caboclo do Marajó, nascido na cidade de Anajás-PA. Músico autodidata, iniciou sua trajetória em 1958, participando de um programa de calouros, na Rádio Difusora de Macapá. Em suas visitas a Belém, conheceu vários chorões da época, Delival Nobre, Edir Proença, Vaíco, Tota, Catiá entre outros. Em 1979 ingressou no Grupo Gente de Choro. Participou depois de grupos como Novo Som, Sol Nascente, Manga Verde, Oficina e no folclórico grupo do Urubu do Ver-O-Pêso. 
Em 1983 lançou seu primeiro disco em vinil, Chora Marajó. Em 1999 fez parte do do CD Choro Paraense. Participou ainda de vários projetos culturais como: Música na Praça, Preamar e Seresta do Carmo.
Em 2004 gravou o CD Adamor Ribeiro – Projeto Uirapuru Vol. VII,. Participou do Festival de Choro de Curitiba concorrendo com 91 músicas, ficando com o 17º lugar com a música Choro Brabo. Teve ainda seu nome incluído no livro Trilhas da Música, Editado pela Universidade Federal do Pará. Foi tema de TCC das universidade Federal do Pará e Universidade da Amazônia.
No ano de 2004 participou do projeto Uma Quarta de Música no Teatro do Centur e teve suas músicas editadas em partituras pelo Instituto de Artes do Pará – IAP. No ano de 2006 apresentou-se em Brasília no XVI Sarau de Deputados ao lado do cantor e compositor Nilson Chaves, da cantora Andréa Pinheiro e do pianista Paulo José Campos de Melo.
Em 2007 lançou o CD Choro Amazônico, patrocinado pela Petrobrás. Participou do Projeto de Música Instrumental do Interior, com patrocino da TIM. Recebeu o Prêmio Destaque da Música 2008 entregue no 22º Baile dos Artistas em Belém. Atualmente está gravando seu 4º CD, Lágrimas da Minha Ilha, e foi escolhido para participar do Circuito 2010 do Projeto SESC Amazônia das Artes".

Grupo Gente do Choro: 
Adamor Ribeiro: bandolim
Marcelo: cavaco
Cardoso: violão de seis cordas
Paulinho Moura:violão de sete cordas
Amarildo: pandeiro



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Medo de barata

Hoje, um dia cinzento, vou pegar carona no Dr. Gabriel (o médico e blogueiro Gabriel Novis Neves), que escreveu uma bela crônica sobre a primeira noite de sua mulher em Cuiabá (A barata voadora). Confesso que fiquei com os olhos cheios de lágrima quando li. 
Tenho verdadeiro fascínio e horror a tudo que diz respeito a baratas, voadoras ou não. Tenho algumas boas histórias envolvendo esse inseto repugnante, mas vou me ater agora a um episódio muito parecido com o que foi vivido por Gabriel e sua esposa Regina. 
Quando vim morar em Mato Grosso em 1988, depois de passar boa parte da minha vida no Rio de Janeiro, meu destino era a fazenda Recreio, que pertencia ao meu então marido. Foi um momento único na minha vida: eu estava apaixonada a ponto de largar minha carreira de jornalista no Rio (muito bem encaminhada, a propósito) para vir morar no extremo sudoeste de Mato Grosso.
Depois de uma viagem de dia inteiro, feita  parte de caminhonete e parte numa carreta puxada por trator, chegamos empoeirados à casa da fazenda, que era enorme e pouquíssimo habitada. Detalhe: não tinha luz elétrica e a iluminação era feita à base de lampião a gás, vela e lanterna. 
Quando nos preparávamos para dormir, vi uma barata enorme no chão, do tipo pré-histórica. Entrei em pânico e comecei a chorar. Meu ex-marido, muito solícito e apaixonado, tentou me consolar e até se prontificou a ir embora no dia seguinte. Eu pensei nas pessoas que, provavelmente, diriam: "Tá vendo... Eu falei que não ia dar certo. Uma "carioca" jamais vai se acostumar no Pantanal".  Decidi ficar e o episódio serviu para nos aproximar mais naquele momento. Deu até a ilusão de que nosso relacionamento seria para sempre.
O curioso é que até hoje não perdi o medo de baratas, mas acredito que algo me proteja delas. Naquele momento específico, meu ex-marido era meu anjo protetor. Um anjo pragmático, é verdade, que levou um dedetizador de Cáceres quando retornamos ao Recreio. Por muito tempo ficamos livres das baratas. Tinha os ratos, os morcegos, as cobras, um carneiro que me perseguia, mas tudo isso faz parte de uma outra história, que se eu tiver coragem vou contar num livro um dia. 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cinema em pauta

Hoje de manhã, quando vinha para o trabalho, minha mente divagou por várias assuntos - política, relacionamento homem e mulher, etc, mas o tempo foi passando e não tive tempo de organizar minhas ideias para publicá-las no blog. Em outras palavras, perdi o fio da meada; perdi a inspiração. Mas vou aproveitar este espaço para divulgar um trabalho bacana de um amigo que vejo pouco, mas de quem gosto bastante. Trata-se do projeto Imagens em pauta, que acontece às terças-feiras no CineSesc Arsenal. 
Muita gente reclama da falta de opções culturais em Cuiabá, mas muitas pessoas talvez não saibam que toda terça-feira tem filme de graça no Sesc Arsenal, no bairro do Porto. Quem coordena as sessões de terça-feira é Diego Baraldi, professor do curso de Comunicação da UFMT e amante do cinema (a produtora cultural Juliana Curvo também responde pela curadoria do Imagens em pauta).
As sessões da terça são muito simpáticas e sempre acompanhadas de explicações e comentários sobre o filme em exibição. Hoje, por exemplo, vai estar em cartaz "Tokyo-Ga", documentário do alemão Wim Wenders, que abre o ciclo Ozu do Imagens em Pauta. Mais informações podem ser obtidas no Twitter do projeto: @ImagensEmPauta.
Infelizmente quase nunca posso desfrutar dessa programação, já que tenho compromisso no final da tarde de terça-feira. Antes era ensaio do Cantorum; agora, que tenho ensaio do madrigal na quarta, faço aula de yoga na terça e não saio a tempo de chegar no Sesc Arsenal às 19h. 
Continuo achando muito legal a iniciativa (Sesc Mato Grosso, em parceria com a Pró-reitoria de Cultura, Extensão e Vivência e Curso de Comunicação Social da UFMT) e gostaria que mais pessoas desfrutassem dessa oportunidade. Vida longa ao projeto!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Viva o Ficha Limpa!

A melhor notícia dos últimos dias foi a de que o Pleno Tribunal Regional Eleitoral rejeitou o pedido de registro da candidatura do deputado federal Pedro Henry (PP). Isso é resultado concreto da Lei da Ficha Limpa. 
Nosso maior medo (meu e de várias pessoas que torcem por um processo de oxigenização do cenário político mato-grossense) é de que Henry consiga mais uma vez dar um nó na justiça. Para quem não o conhece, ele só continua no cargo por força de liminar, já que esteve envolvido em nove dos 10 últimos escândalos políticos em nível nacional. 
Há outros políticos que gostaríamos de ver incluídos na lista, mas de qualquer maneira acredito que esse seja o pontapé inicial num processo de assepsia na vida política brasileira. Não sou ingênua e sei que a desonestidade é parte da natureza humana, mas não temos que aceitar que só os piores elementos cheguem ao topo da vida política. A gente tem que acreditar nisso para seguir em frente e aconselhar nossos filhos a fugir da alienação política.

domingo, 1 de agosto de 2010

A segunda vez dói menos?

Acabei de deixar minha filha mais nova no aeroporto e provavelmente neste momento ela está voando para São José do Rio Preto, onde encontrará uma colega de república que lhe dará carona para Jaboticabal (SP).
Consegui não chorar desta vez. Será que a segunda vez dói menos?
O aeroporto estava cheio e encontrei outras mães passando por experiências semelhantes. Uma delas - veterana e com dois filhos fazendo faculdade fora - me disse: "Com o tempo você se acostuma".
É possível. Porém a sensação de um certo vazio e de aperto no coração persiste, assim como o medo do desconhecido. Se já é tão difícil cuidar delas perto de mim, imagine a centenas de quilômetros de distância!
Ontem Marina me perguntou se eu gostaria de que ela ainda estivesse fazendo o ensino médio no Colégio Maxi, a algumas quadras de casa. Respondi que não: estar lá significaria que ela ainda não teria superado uma etapa da vida (a do vestibular). Foi bom enquanto durou.
Fico feliz porque ela está feliz e tem um futuro bacana pela frente. Pode conhecer outras pessoas, outras realidades e decidir mais à frente o que quer de sua vida. Permanecer num centro urbano maior (acho difícil) ou retornar para sua cidade natal (Cáceres). Só o tempo vai dizer. Sei que é uma menina linda, risonha e bastante aberta. Eu me orgulho dela.
Também ontem, no almoço, minhas duas filhas comentavam sobre colegas e amigos que demonstram muita autoconfiança e parecem estar muito seguros de tudo que dizem e falam. Elas disseram que queriam ser como essas pessoas. Por um instante, pensei: "Onde errei e por que não consegui torná-las mais seguras?" Mas, eu me recolhi à minha insignificância: "Eu também queria ser mais segura". Somos inseguras e, muitas vezes, subvalorizamos e subaproveitamos nosso potencial. Fazer o quê?
O jeito é tocar pra frente e tentar fazer um pouco diferente. Mas, no cômputo geral, acho que estamos bem na fita.