sexta-feira, 30 de julho de 2010

Poluição

Os meses de agosto, setembro e outubro são tradicionalmente os mais difíceis em Mato Grosso por causa da seca e do calor intenso, ao qual se juntam a poeira e a fumaça das queimadas.
Em setembro de 2007, a situação em Cuiabá e outros municípios (onde se queima bastante) ficou insuportável. Mesmo na capital, a gente mal via os prédios mais próximos por causa da cortina de fumaça e fuligem que tudo cobria, tornando o ar irrespirável, pesado e deprimente.
Nos últimos anos um grande esforço foi feito por parte das secretarias de Meio Ambiente (estadual e municipais) e da Defesa Civil para coibir as queimadas e amenizar o quadro no período da seca. Alguns municípios, como Sinop (a 470 km de Cuiabá), onde sempre se queimou muito, conseguiram reduzir drasticamente o número de focos de fogo. Estive lá (e em outros municípios do Médio-Norte mato-grossense) em agosto passado e o céu estava surpreendentemente azul e límpido.
Este ano, desde maio, os sinais de que a situação poderia ficar tão ruim quanto em 2007 vêm sendo dados pelos agentes responsáveis pelo controle do fogo. Eu mesma já fiz uma matéria a esse respeito na edição de junho da revista Produtor Rural, mas parece que a imbecilidade humana não tem limite e as pessoas continuam queimando. É bem verdade que há excesso de material combustível acumulado, o que aumenta o risco de fogo independentemente da decisão de queimar das pessoas, como alertou o major do Corpo de Bombeiros, Agnaldo Pereira de Souza, superintendente da Defesa Civil de Mato Grosso.
De qualquer maneira a situação preocupa, ainda mais que este ano temos outros focos de poluição (visual e sonora) por causa das eleições de 3 de outubro. Vou ter que praticar muita yoga e talvez recorrer a outras técnicas de relaxamento para suportar o período que vem pela frente.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Agenda cultural

Hoje quero cumprir uma das funções a que me propus no início deste blog: promover os eventos culturais de Cuiabá que considero bacanas. 
Neste fim de semana a agenda esta cheia. Começa amanhã com o espetáculo "As quatro estações portenhas" com bailarinos da Companhia de Dança Rodinei Barbosa, no Cine Teatro Cuiabá (sexta e sábado, às 20h). Conheço o trabalho de Rodinei desde que me mudei para esta capital há sete anos e ele é bastante aplicado à arte da dança. Este espetáculo atraiu especialmente meu desejo por ser 100% baseado em músicas do compositor argentino Astor Piazzolla, que amo de paixão. A entrada custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Para mim, que pago inteira, fica meio salgado, mas acho que vale o preço.
No sábado, temos show de Marku Ribas e Amoy Ribas, no jardim do Sesc Arsenal, às 20h ! É de graça (ainda bem) e imperdível! Conheci o Marku Ribas no Festival Calango, no ano passado, e adorei suas composições e sua energia. O cara não é novo e parece que é mais reconhecido fora do país do que aqui, o que não é raro. Segundo release que recebi, já gravou com feras como João Donato, Sivuca e Erlon Chaves, entre outros; participou de um videoclipe do rolling stone Mick Jagger e abriu show de James Brown (o rei do soul music) e do contrabaixista Ron Carter. Feríssima!
No domingo, finalmente, temos o lançamento do CD de Paulo Monarco, "Malabares com farinha", no Teatro do Sesc, às 20h. O ingresso custa R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia). Sou fã de carteirinha de Monarco e espero conseguir o meu ingresso para conferir o som desse jovem músico mato-grossense que, qualquer dia, provavelmente vai bater asas em direção aos grandes centros do país. 

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Na forma da lei

Já que falei ontem de política na vida real (a propósito, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva, teve seu mandato cassado por unanimidade pelo TRE ontem e pode ficar fora das eleições deste ano por compra de votos nas eleições de 2006; definitivamente as eleições em MT estão ficando cada vez mais interessantes), hoje quero falar de politica na ficção.
Na verdade, meu tema é a série "Na forma da lei",  escrita por Antonio Calmon, dirigida por Wolf Maia e exibida pela Rede Globo às terças-feiras (depois de Casseta & Planeta), em 10 capítulos. O último será exibido na próxima semana. 
Perdi o primeiro capítulo, infelizmente, mas consegui ver (acredito) os demais e, apesar de algumas ressalvas, acho o programa muito bom. É eletrizante e a trama é cheia de reviravoltas. 
Ontem, por exemplo, quando parecia que o vilão Mauricio Viegas (vivido por Márcio Garcia) tinha sido pego pela turma que aje "na forma da lei", eis que surge um advogado dizendo que ele tinha que ser solto imediatamente porque tinha virado senador. Explico: como seu pai, o senador João Carlos Viegas (magistralmente interpretado pelo ator Luís Melo) morreu, foi feita uma manobra para que o primeiro  suplente renunciasse ao cargo entregando-o de bandeja ao segundo suplente. Mais uma jogada de mestre do moribundo e altamente maquiavélico senador Viegas. 
Enfim o grande mérito da série é mostrar o quanto são intrincadas as relações no crime organizado, que reúne do mais reles bandido (bandido mesmo ou policial) ao mais graúdo político ou empresário com trânsito no poder. Triste, né? O lado "bom" de tudo é que eles mesmos vão se matando como queima de arquivo; o lado ruim é que nessa matança toda muita gente inocente também roda e muito dinheiro entra pelo ralo ou vai financiar o luxo e a futilidade desses bandidos de colarinho branco e suas famílias.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A política

Hoje vou me atrever a falar de um tema delicado e controverso, mas como este espaço é meu, tudo bem. Acabei de ler num site de notícias mato-grossense http://www.midianews.com.br/ que o candidato à Presidência José Serra (PSDB) ligou para o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (PP), para lhe pedir apoio. 
Política é isso: a arte de se fazer alianças, acordos que permitem a quem chega ao poder permanecer no topo, juntamente com seus aliados, que se favorecem direta ou indiretamente dessa posição privilegiada. Podemos viver sem essa política? Taí um bom tema para reflexão: será que é possível viver num mundo onde realmente a política fosse usada em prol do bem comum, favorecendo os interesses do grupo maior (a população ou comunidade) e não os de grupos privilegiados? 
Sinceramente? Acho difícil, na medida em que a política é feita por seres humanos, que são vaidosos, egoístas e, muitas vezes, insensíveis ao sofrimento alheio. Por que existem guerras? Em princípio por disputa de território, poder, mas por trás das guerras existe cada vez mais interesses financeiros (combustíveis, fornecimento de armas, etc). Minha análise é simplista, mas, infelizmente, é assim que as coisas são e não vejo muito como mudar no sentido macro.
Voltando ao início, a notícia do telefonema me dá mais certeza de que não há grandes diferenças entre os dois candidatos com mais chance de ganhar a presidência, já que ambos se aliaram (e continuam se aliando) ao que há de mais antigo e podre na política para atingir seu objetivo: vencer a "guerra" pelo poder. 
O assunto dá pano pra mangas, porém vou ficar por aqui com uma boa notícia: segundo pesquisa veiculada no site http://www.rdnews.com.br/ o candidato do governo Silval Barbosa (PMDB) subiu (o que é previsível), mas a do ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) caiu e a do empresário Mauro Mendes (de uma coligação liderada pelo PDT) subiu. As eleições em Mato Grosso estão ficando mais interessantes!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Por um Brasil mais eficiente.

Neste início de semana, a porção cigarra quer falar da festa do fim de semana; a porção formiga prefere falar de temas sérios. Será que dá para satisfazer as duas sem ser cansativa? 
Comecemos pela cigarra. Passei o fim de semana em Cáceres, uma cidade deliciosa para se passar fins de semana e/ou feriados quando se tem bons amigos por lá. Neste último já chegamos no meio da festa: um almoço maravilhoso, com direito a boi no rolete, numa fazenda muito bonita que pertence a um empresário do Rio de Janeiro, tem nome de praia famosa e está situada na localidade do Limão, às margens do rio Jauru. Após reencontros, abraços e beijos, alguma conversa para matar as saudades e alguns copos de chope ou cerveja para aliviar a sede, começa o "baile". Dança-se de tudo ao estilo festa em Cáceres, até "cumbia", um ritmo boliviano. Todos se divertem bastante; o sol já baixou, muitos já se retiraram e fazemos uma pausa para comer um "mexidão" do que sobrou do almoço. A roda de violão está boa, mas a turma mais jovem (e alguns mais velhos) quer ir para a Exposição Agropecuária e é hora de ir para casa, tomar banho e se arrumar para o segundo tempo. Eu não: ainda me restabelecendo de uma gripe forte, preferi ficar em casa, só conversando. No dia seguinte, mais comida, cerveja, conversa e diversão numa chácara à beira do rio Paraguai. Por volta de 7h30m da noite regressamos a Cuiabá. 
E a parte séria? Eu teria muitos assuntos a comentar, mas vou me ater ao evento do qual acabei de participar: o lançamento do Movimento Brasil Eficiente na Fiemt, em Cuiabá, com uma palestra do economista carioca Paulo Rabello de Castro. Quem quiser saber mais sobre o movimento pode ir ao site www.brasileficiente.org.br A proposta básica é fazer uma reforma tributária partindo do pressuposto de que o Brasil é um grande condomínio, onde todos pagam uma taxa de condomínio, porém os recursos arrecadados são mal gastos. 
O que mais me chamou atenção, fora aquela coisa de que trabalhamos quatro meses só para pagar impostos - que são mal utilizados - foi a constatação feita pelo palestrante de que no frigir dos ovos não faz muita diferença se Dilma, Serra ou Marina ganhar ou se o candidato a governador x ou y, já que pouco poderão fazer independentemente de suas boas intenções. Na avaliação do economista e consultor, o grande mérito do governo Lula foi fazer uma melhor distribuição do consumo (ou seja, tem mais gente das classes C e D gastando), porém não foi feita uma revolução nos investimentos. Se houver mais recursos para investimentos, vai se gerar mais empregos e será menor a necessidade dos programas tipo Bolsa Família, onde parte dos recursos retornam ao governo por meio dos impostos embutidos nos produtos comprados.
O Brasil precisa da reforma tributária e o país, segundo Rabello, é "ruim de reforma". A ideia é fazer com o Movimento Brasil Eficiente algo semelhante ao Projeto Ficha Limpa, com abaixo-assinado e um projeto de lei. Tomara que dê certo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Os números & eu ou Cigarra x formiga

Acabei de constatar que estou escrevendo meu 600º post. Pelo andar da carruagem deverei chegar ao milésimo post - deixa-me ver ... - no primeiro semestre de 2012. Falta tempo! Isso se eu mantiver o ritmo atual de uma média de 20 postagens por mês. 
Isso não tem a menor importância e só estou "brincando" com números - quesito em que, aliás, sou péssima. Há poucos minutos estava pensando por que sou tão ruim de matemática se era tão boa aluna da escola, o que me leva à conclusão de que o estudo dessa disciplina na escola é ineficiente. 
Estudei em bons colégios e sou do tempo em que inventaram a tal da matemática moderna, que deu um nó na minha cabeça. Até hoje o que aprendi de História, Português, Geografia, Inglês e Francês na escola me é de grande utilidade no dia a dia, porém o mesmo não ocorre em relação ao que aprendi de Matemática, Física, Química e Biologia. É bem verdade que só tive um ano das três últimas disciplinas porque sou da época em que os alunos eram divididos pelo curso Clássico ou Científico, dependendo da profissão que pretendiam seguir. Ou seja, aos 14, 15 anos você já tinha a obrigação de saber que faculdade pretendia fazer. É claro que muitos mudaram de ideia ao longo do caminho (e outros mudariam ainda de rumo mesmo após o primeiro vestibular) e eu tive vários colegas que aderiram no terceiro ano à turma do Clássico (no Colégio Santo Inácio, o povo que optava por exatas ainda tinha que decidir se ia para o "Científico Engenharia" ou para "Medicina"). Detalhe: no ano do nosso vestibular inventaram o tal do Unificado e aí todos tivemos que fazer provas de todas as matérias, daí a inclusão das disciplinas de Física, Química e Biologia "pra inglês ver". Naturalmente quase todos nós, do Clássicos, tivemos notas baixíssimas nas provas dessas matérias ensinadas a toque de caixa.
 Bom tudo isso é para falar que tenho uma certa ojeriza a números, o que procuro racionalmente amenizar, já que acho a matemática fundamental para a administração de minha vida (principalmente financeira). 
Em compensação, adoro ler, escrever, aprender e ensinar línguas (português, inglês e francês). Em geral, essas habilidades são menos valorizadas financeiramente que outras, mas não consigo me ver trabalhando com números o tempo todo. Pelo contrário, estou cada vez mais avessa às contas. É curioso: descobri que para ser feliz, para mim, basta cantar. Parece simplório, né? E é. Mas tenho as contas a pagar, as filhas para acabar de educar, etc. Em suma, tenho que ser uma cigarra responsável ou uma formiga meio irresponsável.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobremesa

Chegou um dos momentos mais agradáveis do meu dia: hora de atualizar o blog, o que faço - com raras exceções - no pós-almoço. É como se fosse a sobremesa que não costumo comer (a não ser em dias de festa ou refeições de fim de semana e/ou férias).
Geralmente gosto de fazer isso quando estou sozinha, mas nem sempre é possível, por isso às vezes interrompo a redação para fazer alguma outra coisa. 
Como agora ...
Mas retomando o fio da meada, fico sempre feliz quando sei que alguém lê meu blog com assiduidade. O blog é o meu espaço - de reflexão e registro de aventuras, angústias, alegrias e decepções -, mas estarei mentindo se disser que não me importo se sou lida ou não. Escrevo basicamente para (me) compartilhar.
Nesse sentido fiquei especialmente feliz quando soube outro dia que um jovem da minha família é meu leitor assíduo. Não posso dizer seu nome aqui, nem lhe agradecer publicamente por essa deferência porque ele é tímido e talvez não gostasse de se ver assim exposto. Fiquei feliz porque soube que ele não é assim um leitor e, no entanto, gosta de ler meus pequenos textos. A gente tem pouco contato pessoal, mas aprecio a ideia de estarmos conectados virtualmente por meio do Cá entre nós. 
A internet, como já foi dito, é muito louca mesmo e tem esse poder: de (re) aproximar pessoas. Por falar nisso, aproveito para prestar  minha homenagem ao professor Vicente Paim, âncora do Núcleo dos Antigos Alunos do Colégio Santo Inácio, demitido há alguns dias do Colégio Santo Inácio (a demissão foi notícia até na badalada Coluna do Ancelmo em O Globo). Com seu trabalho de formiguinha, ele criou o site http://excsi.com.br/ e foi responsável por me reaproximar de alguns ex-colegas da turma de 1974, mantendo acesa a lembrança de ter pertencido a um dos melhores colégios do país. Fiquei tão chateada com a notícia que até sonhei esta noite com Paim e ex-colegas do Santo Inácio. 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A banalização da violência

Hoje, quando tomava meu café, assisti por alguns minutos ao programa "Mais você", que repetia uma entrevista feita ontem em que a apresentadora Ana Maria Braga chorava copiosamente ao entrevistar o pai do menino Wesley  Gilbert Rodrigues de Andrade, de 11 anos, assassinado por uma bala perdida numa sala de aula no Rio de Janeiro
Acredito que todos já devem estar bem cientes das circunstâncias do ocorrido. Não sou especialmente fã de Ana Maria Braga, mas ela me tocou quando falou do tema da banalização da morte. 
Morreu mais uma vítima de bala perdida? A notícia merece no máximo alguns segundos de pesar da maioria das pessoas. O filho da atriz Cissa Guimarães foi atropelado quando andava de skate num túnel carioca (interditado)? A notícia provoca um pouco mais de comoção e curiosidade pelo fato de o rapaz ser filho de uma atriz global e pelas circunstâncias da morte (ele foi atropelado por um carro que supostamente participava de um pega na via interditada).
Mas minutos depois a vida segue ... A gente ri, a gente chora, a gente se aborrece por motivos banais (ou não). 
Ora, não é normal que estudantes morram em salas de aula por obra de balas perdidas durante operações policiais de combate ao tráfico! Fala-se tanto em qualidade de educação, em melhoria das condições do ensino público! Porém em muitas escolas o buraco é mais embaixo: a questão é proteger os alunos durante tiroteios e ações policiais. 
Há dezenas de anos fiquei extremamente chocada com a notícia sobre o linchamento de um homem em Agudos, na baixada fluminense. Hoje uma notícia como essa seria praticamente banal.
Minha filha de 18 anos me contou que assistiu há poucos dias ao filme "O silêncio dos inocentes", de 1991, que conta a história de um serial killer, Hannibal, o canibal. Na época, o filme - que continua muito bom - era chocante. Para Marina, da geração "Jogos mortais", não pareceu tão chocante. Sei que minha filha é uma pessoa sensível e incapaz de fazer mal a uma mosca, mas me preocupo com a nossa capacidade crescente de nos tornarmos imunes à dor e à violência que parecem distantes até o momento em que elas nos tocam de perto.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Peça de museu

Volta e meia eu me sinto (com um sentimento dúbio de orgulho e pesar) como uma peça de museu. 
Tive essa sensação há algumas semanas num almoço com jovens colegas de trabalho. O assunto era futebol e, naturalmente, Copa do Mundo. Comecei a falar do livro que estou lendo ("Quem derrubou João Saldanha" do meu colega da ECO-UFRJ Carlos Ferreira Vilarinho), da Copa de 70 e do contexto político da época. Todos me ouviram com cara da espanto. Nunca tinham ouvido falar em João Saldanha e quando mencionei o livro de Fernando Gabeira ("O que é isso companheiro?") para falar da pressão da esquerda para que torcêssemos contra o Brasil por medo do uso político da vitória brasileira pela ditadura só compliquei mais a cabeça dos meus ouvintes. Resolvi fechar a boca e comer. 
Há poucos dias em Paragominas (PA) voltei a ter a mesma sensação: visitei um museu muito bacana numa indústria local e vi catalogados - para espanto das novas e futuras gerações - objetos que já usei: telefone discado (ai que saudade ...), máquinas de escrever, ferro de brasa (esse fui conhecer na minha passagem pelo Pantanal  de Cáceres no final dos anos 1980), revistas Cruzeiro, etc. 
Ao mesmo tempo que dá um certo sufoco sentir que o tempo passou, dá uma alegria imensa recordar tudo que vivenciei. 
A gente só vira peça de museu se botar uma âncora no passado e não perceber o momento de calar a boca e deixar que os jovens descubram as coisas sozinhos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Farquhar em Belém

Uma coisa que me irritou em Belém foi o assédio dos flanelinhas. Em qualquer lugar que você encoste o carro sempre aparece um "tiozinho" (como disse o Sol) com sua flanelinha na mão. Não são meninos, nem jovens, em geral, e sim homens que aparentam mais de 40 anos. A gente estacionou o carro numa ruazinha sem movimento perto de uma das avenidas principais e, pronto, rapidinho apareceu o "guardador" com sua flanelinha. 
Outro detalhe que estranhei foi o tamanho das valas junto ao meio-fio de algumas ruas. Será que é para dar vazão à água da chuva? Confesso que me deu um pouco de medo quando percorremos alguns quarteirões a pé à noite em busca de um restaurante perto do hotel.
A paraense que conheci no aeroporto me disse que Belém é uma cidade ótima para passear, mas não para viver. Segundo ela, lá falta emprego. Até em shoppings, é difícil encontrar trabalho, acrescentou a moça, que mora e trabalha em Brasília, assim como sua mãe e irmãs. 
Belém é uma cidade com uma culinária e uma história fantásticas, e muitos produtos turísticos: parques, jardins botânicos, igrejas, museus, monumentos e praias. Tem duas universidades públicas. Mas, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro, Salvador e outras cidades históricas, há uma linha tênue separando o belo do decadente, o atraente do repulsivo, o pitoresco do deprimente. 
Se você fica poucos dias, prevalece o sabor dos sorvetes, a lembrança da comida gostosa e a simpatia da maioria das pessoas, mas dá para sentir que a vida lá não é fácil para a maioria delas. É uma capital que desafia a capacidade dos administradores e cujo futuro não me atrevo a prever. 
Lendo as informações expostas ao público na Estação das Docas descobri que Percival  Farquhar, aquele da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e da fazenda Descalvados (no município mato-grossense de Cáceres), teve uma participação importantíssima na construção do Porto de Belém. Que personagem fascinante esse Percival! Para quem não assistiu à minissérie global "Mad Maria" (o personagem em questão foi interpretado pelo ator Toni Ramos), o norte-americano  Farquhar foi um daqueles "malucos" que saem pelo mundo participando de projetos grandiosos. Um empreendedor e tanto! Eu me atrevo a dizer que é muito tênue também a linha que separa os empreendedores dos malucos.

sábado, 17 de julho de 2010

Saudades ... do Pará

Acabei de chegar em casa e não resisti a atualizar meu blog.
Hoje tive um dia cheio. Conheci o Mercado Ver-o-Peso. É muito bacana! É grande e dividido por, digamos, temas. Tem uma parte só de barracas de açaí e peixe (o paraense come peixe frito com açaí), outra só de camarões, outra só de farinhas, outra só de castanhas, outra só de polpa de frutas, outra só de artesanato e assim por diante.
O ambiente é tenso (os donos das barracas nos alertam para a presença de ladrões) e divertido, ao mesmo tempo. A gente acaba comprando os artigos dos vendedores mais simpáticos. Tomei suco de graviola, comprei castanha de caju e do Pará, cheiro do Pará, farinha e tapioca, e acabei resolvendo seguir o costume da terra e comer peixe com açaí numa dessas barracas. Detestei! O peixe (pirarucu) estava muito salgado e confirmei que realmente não gosto de açaí. Mas o Sol (o fotógrafo) que gosta também não gostou. Segundo ele, o açaí de lá é diferente do açaí daqui. Mas foi agradável ver o prazer com que as pessoas comiam aquela estranha mistura. Ah, não provei pato no tucupi, nem tacacá, mas comi muito peixe, camarão e frutos do mar.
Andamos bastante, entramos no Museu do Índio, no mercado do peixe e curtimos aquela estranha mistura de sons, cheiros e sotaques. Tinha muito gringo no mercado. Reencontramos as duas espanholas e a brasileira que tínhamos conhecido na véspera e nos cumprimentamos como se fôssemos velhas conhecidas.
Depois corremos para conhecer o Forte do Presépio (linda a vista) e a Casa das Sete Janelas, que é maravilhosa. Lá tem um restaurante charmoso e eu perguntei ao garçon se era meio caro ou muito caro. Ele respondeu: "Caríssimo". Mas, se você tiver com grana vale a pena.
Depois disso corremos para devolver o carro e chegamos ao aeroporto três minutos antes da hora prevista, ou seja, em cima da hora. O voo atrasou bastante e fiquei conversando com uma paraense super legal que mora em Brasília e ela me contou sobre um passeio lindo que fez a uma praia na ilha de Icutijuba (acho que é isso). Chega-se lá de balsa e, segundo ela, lá não tem carro e o banho é ótimo.
Fiquei morrendo de vontade voltar ao Pará. Achei as pessoas muito simpáticas em geral. Agora continua forte a impressão de uma cidade de muitos contrastes: tem muito morador de rua, muita gente bem judiada (com cara de bêbado, largado), sem dentes ou com caquinhos de dentes. Mas realmente lá tem muitos pontos turísticos a serem visitados.
Ontem à noite fomos à Estação das Docas, um lugar muito bonito e bem sacado. Onde eram antigos armazéns foram construídos bares, restaurantes e lojas - um centro de lazer à beira da baía do Guajará. Parece que você está em Puerto Madero em Buenos Aires, mas tem hora que lembra a orla de Miami. O ambiente é climatizado e fica colado ao Mercado Ver-o-Peso, mas a maioria dos frequentadores é de classe média e alta.  Vale a pena conhecer os dois lugares. 
Estou feliz de estar de volta à minha casa (ainda mais que vou passar o dia com minha filha "jabuticabense" amanhã), mas confesso que já estou com saudades do Pará.
PS.  Assim que o Sol me passar as fotos, vou postar umas fotos minhas no Pará.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Belém

Ainda não sei se gosto ou não de Belém. Acordei cheia de boa vontade e animada para conhecer a cidade e, no caminho para o nosso primeiro compromisso do dia (uma entrevista com o presidente da Faepa - a Famato daqui), comecei a achar Belém linda. Descemos a avenida Governador José Malcher e ela é cheia de árvores - super sombreada.
Na Faepa rolaram uns contratempos, mas o pessoal foi  muito receptivo. Saímos de lá no horário de almoço e, por sugestão da assessora de comunicação, fomos comer no Restô do Parque, na antiga residência do governador. No trajeto, pela avenida Nazaré, levamos uma fechada de um ônibus daquelas de doer a alma, o estômago e a unha do pé. Estacionamos o carro e uma motocicleta acelerou em cima de mim assim que o sinal abriu. Pronto, fiquei de mal com Belém de novo.
O almoço foi ótimo, o lugar era lindo, tomei sorvete de doce de cupuaçu e castanha depois, melei toda minha mão e conhecemos um segurança muito simpático, que nos deu muitas dicas, falou sobre o processo de demolição de muitos prédios antigos com tristeza e nos acompanhou até a porta.
Passamos no hotel, que era praticamente do lado, para deixar parte do equipamento do Sol (o fotógrafo) e agora vamos visitar a orla e fazer fotos do porto. Vamos finalmente ver a Baía do Guajará.
Amanhã de manhã vamos conhecer o famoso Mercado Ver-o-Peso e, à tarde, voltamos para Cuiabá. Talvez eu só volte a atualizar o blog em casa e tenha finalmente uma opinião sobre Belém. Ou talvez a cidade seja isso mesmo: cheia de contrastes que a tornam linda e feia, atraente e repulsiva, ao mesmo tempo.Como, aliás, muitas capitais brasileiras e do mundo inteiro.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Saudades

Estou super cansada hoje. Trabalhei que nem gente grande, mas foi um dia muito proveitoso. Fui almoçar às 15h e, em seguida, deixamos Paragominas com destino a Belém. Juro que estou com saudades de lá. A cidade é tão bonitinha e simpática!
Chegamos em Belém por volta de 20h depois de enfrentar um trânsito horroroso tanto na estrada como na chegada à cidade. Quase que por milagre conseguimos chegar a um hotel que nos tinha sido recomendado. Fomos comer qualquer coisa a pé e retornamos para o hotel.
Amanhã acho que vai dar para conhecer e curtir mais a cidade, embora tenhamos ainda bastante trabalho pela frente. Por enquanto, a impressão foi ruim. Achei a cidade feia, escura.
 Estou com saudades da minha casa e das minhas filhas ...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Bicho da goiaba

Apesar de estar tão longe de casa, das minhas filhas e atividades diárias, estou feliz. Acabei de comer uma goiaba vermelha (a segunda do dia) que trouxe de uma fazenda visitada e estava empolgadíssima com a fruta (amo goiaba!) até encontrar um bichinho. Argh! Não consegui continuar comendo. Eu me lembrei de Bel, minha sobrinha e amiga, que tem uma história ótima sobre o tema em seu primeiro livro. Lembrei-me também do conselho do Sol, meu colega de viagem:"A gente deve comer a goiaba de olhos fechados para não ver o bicho".
Meu segundo dia em Paragominas foi bem diferente do programado, mas isso faz parte do meu trabalho. O produtor que nos levaria para sua fazenda nos deixou a ver navios. O que deveria nos atender amanhã apareceu hoje e na parte da tarde acabamos indo à casa e depois à fazenda de outro que nem estava previsto na história. Fomos surpreendidos por um temporal (com raios e trovões) que nos obrigou a uma paradinha para um café delicioso na bela sede da fazenda. Voltei para o hotel no fim da tarde com a sensação de como é boa minha profissão, que me leva a conhecer tantos lugares diferentes e ficar inesperada e momentaneamente tão "íntima" de pessoas que talvez nunca mais vá reencontrar.
Amanhã é nossa intenção visitar uma indústria moveleira (que trabalha com madeira de reflorestamento) e depois seguir viagem para Belém. Acabei de ouvir uma reportagem assustadora sobre o aumento de acidentes nas estradas paraenses, principalmente na BR 316, que nos levará à capital. Todo cuidado é pouco.

PS: O livro mencionado acima chama-se "As estrelas não dormem" e a personagem em questão é a Mariazinha da Goiaba.  

terça-feira, 13 de julho de 2010

Paragominas

Meu primeiro dia em Paragominas (a 300 km de Belém) foi muito rico e interessante. Conheci o prefeito, vários produtores rurais e um rio ( o Capim) que pode se transformar numa hidrovia para levar a produção até Belém. Amanhã iremos a uma fazenda modelo de pecuária e depois de amanhã iremos a outra que faz Integração Lavoura-Pecuária.
Almoçamos (com a tchurma de produtores rurais) numa churrascaria (para variar) muito boa e daqui a pouco vamos comer um peixe da terra.
 A cidade é muito bonita, organizada, tem faixas e luminosos indicando a passagem de pedestres, coleta seletiva de lixo e muitas áreas de jardim. O prefeito já ganhou várias vezes o Prêmio de Prefeito Empreendedor do Sebrae e da Merenda Escolar dado pelo Programa Fome Zero. Ele é uma figura.
Quanto àquela paisagem exuberante de Amazônia, esqueça. Estamos praticamente às margens da Belém-Brasília e a ordem do governo federal há três décadas, como estou careca de ouvir dos produtores rurais de toda Amazônia brasileira, era desmatar. Sabe aquela história do "integrar para não entregar". Depois ... Mas isso já é outra história, que pretendo guardar para minha reportagem na revista Produtor Rural.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

No Pará

Ufa! Que dia comprido ... Começou às 4h15 quando acordei para pegar o táxi que me levaria ao aeroporto e ainda não terminou ... São 11 horas da noite.
Faz meia hora que chegamos a Paragominas - eu e Sol, o fotógrafo. Não me perguntem sobre a cidade porque pouco vi, mas deu pra sacar que é uma boa cidade, bem iluminada e sinalizada. Parece uma cidade onde corre dinheiro.
O voo de Cuiabá para Belém foi tranquilo, mas longo por causa da conexão por Guarulhos. Quase morri de fome! Mas a Gol inventou uma boa agora: cobra pelo sanduíche e o refrigerante que outras empresas oferecem inclusos nas passagens. Como não fui eu que paguei a passagem, não sei quem leva vantagem, mas não deixa de ser engraçada a cena das comissárias passando com o carrinho, entregando o sanduíche que a gente escolhe no cardápio e recebendo o dinheiro (cash ou cartão de crédito). Claro que não resisti depois de voar desde 6h30m sem comer nada mais consistente. A companhia no voo de São Paulo para Belém foi muito legal.
Em Belém, perdemos algum tempo para conseguir alugar o carro (detalhes burocráticos) e acabamos saindo do aeroporto às 17h empenhadíssimos em acertar a estrada para Paragominas, nosso destino final. Na volta pararemos em Belém para fazer matéria sobre o porto e um pouco de turismo também. Afinal, ninguém é de ferro. Deu para sentir que o trânsito em Belém é complicado: muitos ônibus, motos, pedestres (parece até Cuiabá). Ninguém usa seta.
A viagem de carro foi boa apesar da estrada (pegamos um trecho da Belém-Brasília) ser bem movimentada. Conhecemos um policial rodoviário muito simpático que até nos deu seu número de celular caso precisássemos de alguma ajuda no caminho. Jantamos numa churrascaria de beira de estrada em Santa Maria do Pará, onde assistimos ao final do noticiário e o começo da novela "Tempos Modernos" numa mega TV. Eu me senti como uma personagem do filme "Bye bye Brasil", de Cacá Diegues. Só que agora temos internet sem fio e TV a cores em qualquer ponto do país.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ainda sobre filhos

Diz o senso comum que se conselho fosse bom seria cobrado - a propósito, é mais ou menos isso que fazem os livros de autoajuda. Não sou dada a distribuir conselhos, porém às vezes fico tentada a fazê-lo quando vejo mães ou pais jovens se queixando dos filhos pequenos ou sem paciência com eles. Tenho vontade de dizer: "Sejam pacientes. Agora é quando eles mais precisam de nós e, dependendo de como os criamos, precisarão mais ou menos de nossa ajuda no futuro".
A gente não nasce sabendo, nem tem bola de cristal, mas se eu pudesse voltar atrás tomaria algumas atitudes que talvez - vejam bem, talvez - fizessem alguma diferença hoje. Por exemplo, eu cuidaria melhor da alimentação das minhas pequenas, não seria radical, mas não permitiria que se acostumassem tão cedo com o sabor da biscoitos industrializados, salgadinhos (tipo Skiny, Cheetos), refrigerantes e balas. Fui uma mãe bem certinha enquanto eram bebês (até um ano), porém assim que começaram a andar e frequentar festinhas de aniversário, liberei geral, atitude da qual me arrependo. Gostaria que tivessem continuado comendo mais legumes, verduras, frutas, enfim, adotando uma alimentação mais saudável.
Segundo ponto: eu evitaria a influência tão intensa das babás. As babás do interior são um caso à parte. Muitas delas são doces, dedicadas, porém acabam passando para as crianças seus valores culturais, o que inclui hábitos alimentares, preferências musicais e em termos de programas de TV, etc. Mas o  pior é que muitas vezes a criança acaba achando que sempre vai ter sempre alguém para arrumar a bagunça e isso não é nada pedagógico.
Por outro lado acho importante que a criança, principalmente nos seus dois primeiros anos de vida, tenha alguém ao seu lado, que zele por ela e evite acidentes e sofrimentos desnecessários em sua descoberta do mundo. Claro que é importante aprender a cair e se levantar, mas sou contra a pedagogia de deixar levar choque  para aprender a não botar o dedo na tomada.
Acho que nada em excesso é bom: cuidado de mais, cuidado de menos. Novamente repito minhas palavras de outro post: difícil é encontrar o tal do equilíbrio.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Filhos

É impressionante como Vinícius de Morais sabia transpor para a poesia sentimentos tão cotidianos
Outro dia recebi no boletim do Colégio Santo Inácio (somos ambos ex-alunos do CSI) uma poema lindo do poetinha a respeito da maternidade. Anteontem ouvi a personagem de Fernanda Montenegro dizer na novela "Passione", de Sílvio de Abreu:
"Filhos ... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?..."
O trecho é de um poema com nome sugestivo (Poema enjoadinho) e não me sai da cabeça. Ter filhos, como disse há alguns dias para uma das minhas filhas, estressa! Traz muitas preocupações - e alegrias também! Mas "se não os temos, como sabê-lo?" 
É curioso que eu não pensava em ter filhos naquela idade em que as meninas conversam sobre quantos vão querer e que nomes terão. Mesmo assim tinha meus nomes preferidos. Hoje não consigo me imaginar sem minhas filhas!
Quando veio a maturidade e o amor arrebatador por aquele que se tornaria pai das minhas meninas, não pensei duas vezes. Estava meio cansada da vida de jornalista, dos "pescoções" e das incertezas da profissão numa cidade maravilhosa, porém crivada de problemas (enchentes, engarrafamentos, insegurança, etc).
Tive o meu momento "mãe integral", que foi gostoso, mas pouco a pouco fui retornando para a "vida normal": trabalho fora de casa, mudança para uma capital, engarrafamentos, insegurança, enchentes, seca ... E agora com duas preocupações extras: minhas filhas - e sem pai por perto (ele mora a mil quilômetros de distância).
Mais para a frente, provavelmente, virão os netos: mais alegrias e preocupações. É a vida! Se não quisermos sofrer, temos que optar por não viver. O difícil é conseguir manter o equilíbrio: não sofrer demasiado e saber multiplicar as pequenas alegrias. Às vezes consigo; às vezes, não.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Gatos, Bocas e Divas

No domingo tive o prazer de assistir ao show Gatos, Bocas & Divas no Teatro Sesc Arsenal, em Cuiabá. Comprei meu ingresso no meio da semana para garantir, depois fiquei achando que tinha me precipitado, afinal, haveria outro shows no fim de semana na Grande Cuiabá. No domingo, encontrei amigos na porta do entrada à espera de alguma desistência para poder assistir ao espetáculo. Soube que nos outros dias o teatro também ficou lotado. 
Fiquei feliz de ver como está crescendo o público dos dois grupos vocais, Alma de Gato, e sua versão feminina, Boca de Matilde. Diga-se de passagem que o pessoal é muito bom de marketing, principalmente na propaganda boca-a-boca. Se o sistema funciona é por que o produto é bom. 
Fiquei triste de saber por um dos integrantes que muita gente se revolta quando não consegue entrar no show e acaba culpando os cantores por sua frustração. É gente, os gatos e bocas trabalham bem e estão crescendo. 
Adorei o show (não é meu propósito aqui fazer uma crítica), adorei algumas divas (prefiro não especificar minhas preferências) e só faço uma ressalva ao cuidado com o figurino, ou melhor, ao  visual dos artistas. Não tem que usar uniforme (abaixo os uniformes!), porém há que ter uma certa uniformidade. Tinha gente vestindo longo, cheia de brilho, e gente de camiseta; gente trocando de roupa toda hora e gente que permaneceu com a mesma desde o momento em que pisou no palco. Não entendi a lógica (se é que havia alguma).

terça-feira, 6 de julho de 2010

Campeão às avessas

Hoje acordei meio desanimada (estou tentando reverter meu baixo astral). Olhei as chamadas de primeira página do jornal Folha do Estado e fiquei mais desanimada: "Ensino médio de MT tem a 3ª pior média do Brasil", "Mato Grosso já é o 2º em focos de queimadas no país" e "MT é o 6º em trabalho escravo no país". 
Ufa, que estado é este? É verdade que é da natureza jornalística dar destaque às notícias ruins (notícia boa não vende, dizem os especialistas), mas como conciliar essas chamadas com aquelas que estão presentes no noticiário da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) apregoando a melhoria de MT em termos de educação, meio ambiente e qualidade de vida?
A campanha para as eleições de outubro começa hoje oficialmente e é claro que o time da oposição terá munição à vontade para  tentar detonar o atual governo. Os exageros não levam a nada e eu, como cidadã, só gostaria que os bons resultados obtidos pelo agronegócio resultassem realmente em melhoria de vida para a população com um todo. Utopia? 
É, mas estão aí exemplos como o do município paulista de Cajuru (SP), que emplacou cinco escolas municipais entre as 10 melhores do país no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), para não nos deixar desanimar: está mais provado que boa educação se faz aplicando-se bem os recursos destinados para o ensino. Não tem receita milagrosa. http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/07/melhor-no-ideb-cajuru-sp-alia-investimento-projeto-pedagogico.html
O problema é que boa parte do deveria ser aplicado na educação e na saúde em muitos municípios mato-grossenses provavelmente não é. Muito dinheiro se perde em corrupção, burocracia e para manter um aparato que serve para nada.  Enquanto isso, o pau está quebrando aqui fora.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Zoo

Na manhã do último sábado tive que levar minha filha Diana ao campus da UFMT para fazer uma prova e decidi fazer uma caminhada enquanto a esperava. Acabei não resistindo e entrando no  Jaridim Zoológico que tinha muitos visitantes no horário.
Acho que foi a segunda vez que visitei o Zoo da UFMT em sete anos que moro em Cuiabá. Embora - ou talvez por isso mesmo - tenha frequentado muito na minha infância o Zoo do Rio de Janeiro, não fico muito à vontade de ver os bichinhos enjaulados. No caso do Zoo de MT meu incômodo é ainda maior porque me acostumei a ver a maioria das espécies em seu habitat natural na época em que "virei pantaneira": jacarés, tuiuius, araras, tucanos, veados, capivaras, porcos do mato e cobras eram animais que eu via  com certa regularidade nas minhas idas e vindas à fazenda Recreio, no Pantanal de Cáceres, no período de 1988 a 1999 (quando a propriedade foi vendida).
Mesmo assim a visita não programada ao Zoo me surpreendeu. Tirei os fones do ouvido para me deliciar com a algazarra das aves - muitas e de várias espécies. Consegui ver uma onça pintada, que permaneceu deitada, magnífica, a poucos centímetros da grade. Ela me olhou, eu olhei de volta e ela permaneceu estática em toda sua beleza. Fiquei imaginando como seria esse nosso encontro em outras circunstâncias ...
Mas a minha maior surpresa foi por conta de um lobo-guará, que acredito ter visto. Eu passava sozinha por uma jaula enorme quando ele passou correndo. Levei um susto e resolvi parar para observá-lo. Ele veio chegando devagarzinho e, quando estava a poucos metros de mim, fiz algum som que o assustou. Ele saiu correndo tão assustado, que tropeçou nas próprias patas e se esborrachou no chão, levantou-se correndo e voltou para seu refúgio. Eu estava decidida a esperar uma nova investida, mas aí algumas pessoas passaram perto e percebi que ele não viria mais. Decidi parar de brincar com o bicho e ir embora.
À noite contei a história para um casal de amigos e soube que o pessoal do mato diz que esse tipo de lobo tem a capacidade de se tornar invisível e só aparece para quem ele quer. Se for verdade, eu me senti privilegiada. Lamentei não ter uma câmara para registrar meu passeio.
Fora isso gostaria de registrar que é muito louco andar na UFMT. Parece que você está na terra de ninguém. Duas pessoas que passavam de carro vieram me perguntar onde ficava o Zoo, ou seja, não existe sinalização, nem pessoas aptas a dar informações. 
Eu estava com sede e, enquanto esperava minha filha terminar a prova, fui atravessando corredores e mais corredores das faculdades de engenharia e matemática em busca de um bebedouro. Encontrei dois, mas estavam secos.
De qualquer maneira, é um passeio que recomendo a qualquer pessoa, moradora ou visitante. De preferência, leve uma garrafinha d'água ou dinheiro vivo para comprar na lanchonete. Eu estava sem um centavo na mão e o caixa eletrônico do BB, que consegui encontrar com muito custo, não funciona no fim de semana.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sonho adiado

O sonho do hexa acabou - pelo menos, por enquanto. Na enxurrada de comentários sobre a derrota do Brasil frente a Holanda, o que posso acrescentar? Estou decepcionada, triste, mas não derramei uma lágrima sequer depois do jogo. A sensação maior foi de irritação diante de um segundo tempo em que a seleção brasileira parecia outra. Ficou perdida depois de tomar um gol aos 8 minutos do segundo tempo? Puxa vida, os caras são profissionais, ganham uma baba para fazer o que fazem e o mínimo que se espera deles é que tenham cabeça fria para correr atrás de um melhor resultado. O que se viu em campo, entretanto, foi uma seleção desorganizada e que ia sumindo diante da superioridade holandesa. Poderia ter feito o gol de empate e mudado a história do jogo e dessa Copa? Podia, mas mesmo assim não teria me convencido. 
Enfim, não cheguei em qualquer momento a botar muita fé num time com tantos nomes e  sobrenomes que nos confundem: Michel Bastos, Gilberto Silva, Felipe Melo, Daniel Alves, Júlio Batista ... Para mim, craque tem que ter nome de craque, de preferência um apelido: Pelé, Garrincha, Tostão,  Rivelino, Romário, Zico, Sócrates, Ronaldo(s) e por aí vai.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Madrigal

Hoje eu me toquei de que ainda não registrei neste espaço uma novidade maravilhosa: estou cantando num grupo novo!
Ontem foi o meu segundo ensaio como nova integrante de um madrigal que, por falta, de nome oficial, vendo sendo chamado carinhosamente de "madrigal" ou "madrigal do Taubaté".
Explico para quem não é de Cuiabá ou não é muito ligado ao canto em Mato Grosso: o idealizador e diretor do grupo é Carlos Taubaté, uma das figuras mais incensadas no meio musical mato-grossense. 
A proposta do madrigal é maravilhosa e me sinto muito privilegiada de estar participando do grupo. O Cantorum sempre terá um lugar muito especial no meu coração, até por ter sido fundamental para (re)despertar em mim o prazer de cantar, porém - como diz o próprio André Vilani, regente do Cantorum - o madrigal é a "minha cara". 
Acho que já disse aqui que meu primeiro desejo (ou pelo menos, a minha mais remota lembrança) em relação ao que gostaria de ser quando crescesse está relacionado ao canto. Vários fatores me desviaram desse caminho, embora tenha participado de diversos corais ao longo da vida. Hoje posso dizer que estou finalmente realizando para valer esse sonho de criança (meu segundo desejo foi ser escritora e, em seguida, jornalista). 
Às vezes me sinto meio ridícula com tanta empolgação (é o meu lado racional e prático), mas no fundo acho que estar participando de um grupo que me dá tanto prazer é sim a prova de que alguns acontecimentos sofridos dos últimos anos (separação, mudança para Cuiabá) não foram em vão.