sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Hora de desejar

É estranho, mas sempre associo a palavra "desejo" a algo sexual.
Por isso hesitei um pouco na hora de titular o último post do ano. Mas vou me permitir desejar neste espaço em que quase tudo me é permitido.
Não acredito no milagre da virada. Provavelmente serei a mesma pessoa amanhã, mas poderei ser melhor graças a tudo que vivi, senti e desejei nos últimos tempos.
Vou me permitir ser um pouquinho mística e acreditar na numerologia. Se for assim a energia de 2010 é diferente de 2011, ou seria melhor dizer 2011 será diferente de 2010, que praticamente já era.
Meu maior desejo é me amar, me aceitar, me perdoar por minhas escolhas, decisões. Amar minha história, minhas mudanças bruscas de rumo, a soma de tudo que sou eu - com meus defeitos, fraquezas e ... acertos.
Acreditar na minha energia, no meu desejo de ser feliz, de amar e ser amada, de superar meus medos (de rejeição) que me acompanham há tanto tempo.
Acreditar no meu valor independentemente do que consegui juntar de dinheiro ao longo da vida. Fala-se tanto no valor do "ser", mas como é difícil se desvencilhar do "ter".
Desejo ser feliz, é claro, mas ser forte o suficiente para encarar os momentos mais complicados que são inevitáveis. Desejo ser positiva e ter força bastante para acolher e fortalecer minhas filhas, meus amigos, minha família e todos que se aproximarem de mim.
Esses são os meus desejos. É claro que desejo algumas coisas mais concretas: um bom trabalho que me dê tranquilidade financeira e, se possível, prazer; grana para viajar, comprar um carro menos problemático, melhorar o lugar onde vivo. Mas, sinceramente, acho que se eu conseguir me manter serena, equilibrada, saudável, terei energia bastante para buscar essas coisas. Tenho que acreditar ...
Feliz 2011!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hora de agradecer

Hoje quando comia um almoço delicioso num restaurantinho ao lado da oficina (fui pagar o mecânico, o grande sr. Osvaldo, que me recebeu com tanto esmero na ausência de seu patrão, sr. Jair, mas a oficina estava fechada, por isso resolvi dar um tempo e aproveitei para almoçar), pensei que estava na hora de agradecer.
Mentalmente fui escrevendo o post de quase fim de ano, mas aí cheguei em casa, estava calor demais e fui resolver um problema do meu celular (Oi). Depois de meia hora, vários telefonemas, atendentes (alguns muitos solícitos, outros nem tanto), cheguei à conclusão que fiz uma grande besteira (que não vem ao caso agora) e perdi a vontade de agradecer.
Preferi caminhar no parque, esfriar a cabeça e deixar o post para mais tarde. Chegou a hora. 
2010 não foi um ano fácil para mim, nem o que chamaria de maravilhoso.  Mas, certamente tenho muito que agradecer.
Em primeiro lugar, à minha família e nela incluo algumas pessoas que são minha família também, mas das quais eu me aproximei por causa do meu segundo ex-marido e principalmente das minhas filhas. Que bom que o fim da relação conjugal não me afastou de algumas pessoas.
Quanto à minha família de sempre, aquela à qual sempre me refiro aqui, nem preciso me estender muito. Ela está sempre presente, apesar da distância física, e sei que sempre poderei contar com todos, cada um de acordo com sua disponibilidade financeira e sobretudo emocional. Fico feliz que a gente se ame e se proteja tanto, embora eu seja sempre a mais protegida.
Agradeço ao pessoal do Chorinho, que me acolheu em Cuiabá e que é uma espécie de minha segunda casa nesta capital calorenta. Agradeço os momentos de boa música, o espaço para dançar (coisa que adoro fazer), cantar, paquerar, namorar, conhecer gente bacana, para ser feliz.
Agradeço ao Madrigal do Avesso que me acolheu este ano e que espero ver deslanchar em 2011.
Agradeço à equipe da revista Produtor Rural, especialmente ao Sérgio, meu ex-chefe, pelos bons momentos e outros nem tanto; pela oportunidade maravilhosa de conhecer este Mato Grosso lindo e tanta gente que me enterneceu com suas histórias. Agradeço aos meus companheiros de viagem, principalmente aos fotógrafos que compartilharam comigo tantas aventuras e tanta quilometragem (né, Zé Medeiros?).
Agradeço aos meus amigos que moram em Cuiabá e que dividem momentos alegres e tristes, caminhadas, almoços, a cervejinha bem gelada e outros momentos. Não são tantos assim, mas prefiro não nomear para não cometer injustiças.
Agradeço aos amigos que não estão em Cuiabá, mas que estão sempre no "entorno". A vida já me ensinou que amigos (os verdadeiros) vão e voltam mais ou menos como as ondas do mar. Despedidas e afastamentos são tristes, mas os reencontros quase sempre são deliciosos.
E finalmente agradeço às minhas filhas Diana e Marina - dois presentes. É claro que brigo com elas e me inquieto com suas inquietações e imperfeições, na vã esperança de que não cometam os meus erros que a mãe. Nem por isso deixo de amá-las profundamente.
Amanhã, se tudo correr bem, falarei sobre meus projetos e desejos para 2011. Não custa sonhar e desejar. Faz parte do jogo da vida.

PS. Agradeço aos meus leitores e/ou seguidores deste blog. Eles dão um sabor especial a este vício, que não faz mal a ninguém.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em casa

Já estou em casa. Cansada, ainda a pé, mas com perspectiva de pegar meu carro logo depois do almoço.
Esta noite dormi muito mal. Em parte, por causa da tensão de perder a carona (o horário era meio incerto); em parte, por causa do temporal que caiu a noite inteira, inclusive na minha cama. Casa tem esse problema: por mais linda e cuidada que seja, sempre tem goteira.
D. Maria, a simpática funcionária da casa, chegou por volta de 9h, contando que seu bairro - a Cohab Velha - estava alagado. Triste Cáceres: faz um calor danado e quando começa a chover logo se percebem os sinais de alagamento. A água da chuva fica empoçada principalmente em alguns bairros, como a já mencionada Cohab Velha.
A viagem foi tranquila (sob chuva na metade do tempo), mas tenho essa capacidade incrível de dormir no carro. Entrego minha vida ao motorista. Adoro dormir no carro, principalmente se há outras pessoas conversando. Acordei já no trevo de entrada para Cuiabá.
Ah, a noite de ontem foi super agradável, passada entre velhos amigos, que queriam me convencer a ficar em Cáceres para o réveillon. Juro que fiquei na dúvida, mas minha intuição mandou eu voltar para casa, embora meu coração esteja muito ligado às minhas filhas que permaneceram lá, sob os cuidados dos tios, do pai e da avó. E sobretudo delas mesmas.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Força estranha

Estou me sentindo como uma personagem de um filme que nunca vi embora sempre tenha sido fascinada por seu enredo. Chama-se  "O anjo exterminador" do cineasta espanhol Luís Buñuel e pelo que sei a história se passa numa casa da qual os convidados não conseguem ir embora devido a uma força inexplicável.
Pois eu vim passar o Natal em Cáceres com planos de retornar na segunda-feira de manhã e ainda estou por aqui. Como já contei tive um problema no carro no domingo à noite, fui em busca de socorro ontem e o mecânico - um velho conhecido - me disse com bastante tranquilidade que a peça chegaria hoje de Cuiabá. Parecia um conserto simples.
Hoje de manhã ele me ligou dizendo que o dono da autopeças não tinha encontrado a peça e sugeriu que eu ligasse para o meu mecânico em Cuiabá pedindo para ele tentar achar a peça. Diante de tanta incerteza, eu preferi acionar meu seguro (BB) e tentar rebocar o carro para Cuiabá, pois achei que teria menos custos e ainda por cima me livraria da preocupação de ir dirigindo um carro sem tranquilidade.
A noite mal dormida por causa de muita chuva, trovões e relâmpagos foi o empurrão definitivo. Feito isso, relaxei - em termos. Como tenho dois compromissos agendados para hoje com amigos (mesmo que a peça chegasse hoje como esperado inicialmente, eu já estava decidida a viajar amanhã de manhã) e não tenho carona mesmo para hoje, devo viajar amanhã para Cuiabá - de ônibus ou de carona caso surja alguma.
O reboque vai deixar meu carro na oficina em Cuiabá e não sei quando o terei de novo.
Eu devia não ter vindo de carro, eu devia ter acionado o reboque logo, eu devia, eu devia ... Não adianta reclamar e ficar imaginando o que podia ou não podia ter feito para evitar esse transtorno. O jeito é tentar relaxar e tentar entender que "força estranha" não me deixa ir embora de Cáceres - uma cidade que bem poderia ser cenário de um filme surrealista como o de Buñuel.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mudança de plano

Nesses últimos dias do ano o que mais quero é encontrar a paz. Quero realmente acreditar que nada é por acaso e aprender a arte da paciência.
Vim passar o Natal em Cáceres e pretendia retornar hoje para Cuiabá. Ontem, pensei que poderia ficar mais um dia para tentar rever algumas pessoas queridas. Quando retornei para a casa onde estou hospedada, acendeu uma luz vermelha no painel do meu carro. Sinal de perigo.
Dormi preocupada e minha prioridade hoje foi levar o carro num mecânico que me atendia na época em que morava em Cáceres. Foi só colocar água e funcionar o carro para vermos a água esguinchando de uma mangueirinha. Aparentemente o problema era simples, porém Lúcio me ligou depois para dizer que precisaríamos trocar uma peça (cujo nome esqueci) que ele não encontrou em Cáceres. Queria saber se podia encomendar. Diante de minha resposta positiva, nada mais havia a ser feito. Estou aguardando que a peça chegue amanhã e cruzando os dedos para que o problema seja totalmente sanado. De qualquer maneira, na melhor das hipóteses, só devo seguir para Cuiabá na quarta.
Hoje, visitei o professor Natalino Ferreira Mendes, uma das pessoas mais ilustres e queridas de Cáceres, e sua filha Olga, grande amiga e parceira dos tempos da Unemat. À tarde, visitei outra pessoa muito querida, Míriam da Rocha, e saí com uma das minhas filhas.
Constatei o quanto as calçadas de Cáceres são estreitas e irregulares. Tive que caminhar bastante - no inicio,  com um pouco de medo do temporal que se formava - e me diverti com os encontros fortuitos com amigos e conhecidos. Fui até a beira do rio Paraguai e curti a paisagem por alguns segundos. Pretendia curtir mais, porém minha filha mais velha, que tinha ido a uma cachoeira com amigos, me "achou" e tive que ir para casa porque só tínhamos uma chave.
Para amanhã tenho algums planos, inclusive, fazer uma entrevista para um frila.
Meu coração está dividido: por um lado, fico feliz de continuar perto de minhas filhas e de poder (re) encontrar amigos queridos; por outro, quero voltar para minha casa e tocar minha vida.
No meio disso tudo, tem 215 km de estrada.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Acho que a esta altura do campeonato ninguém mais vai frequentar este espaço hoje. Mesmo assim quero agradecer a todos que me brindaram com sua atenção.
Para mim, este blog sempre foi um espaço para desabafar, criticar, elogiar e entender melhor o que se passa dentro de mim e no mundo. Nos últimos dias ando tendo uma certa dificuldade para fazer isso a contento, mas mesmo assim quero desejar a todos uma feliz noite de Natal.
Considerando o Natal como um momento de reflexão e renascimento, acho que todos os dias podem ser especiais. Que assim seja.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Antes tarde do que nunca

O bom do computador e da internet é que você pode atualizar seu blog de qualquer lugar. Hoje, por exemplo, estou em Cáceres, na casa dos meus cunhados.
Viemos no horário de almoço porque minha filha Marina tinha um compromisso às 3 da tarde em Cáceres para o qual não podia se atrasar. Pegamos um solão na estrada e bastante chuva no final, alguns caminhões-malas pelo caminho, mas chegamos. Decididamente não gosto de dirigir na estrada, fico tensa, não enxergo muito bem e só ultrapasso quando tenho muita certeza. Diante disso até que a gente chegou cedo, mas fiquei com dor nas costas, do nada. Acho que foi tensão.
Cáceres me desperta sentimentos conflitantes. Sou muito bem recebida pelas pessoas daqui e deixei grandes amigos na cidade, mas aos poucos a gente vai se distanciando da maioria das pessoas. Fora que muitas pessoas queridas já não moram mais aqui, como Yêda, Bárbara, Vera, Márcia (que está no Rio), etc.
Passei pelas ruas estreitas hoje e me lembrei de quantos Natais passei procurando presentes para minhas filhas nas lojas. Sinto um misto de saudades e tristeza. Foi um bom tempo, mas passou.
Como já alertei em posts anteriores, estou numa fase meio delicada. Nem sei explicar o que está acontecendo comigo, mas de repente me deu uma tristeza grande e uma sensação perigosa de que o mal sempre vence o bem. Uma preguiça de lutar, de brigar pelas coisas, uma sensação de desimportância.
Alguns chamam isso depressão. Acho que é só uma tristeza circunstancial. Tomara. É muito triste ficar triste.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Contradições

Hoje minha cabeça está a mil, poderia escrever uns 10 posts, mas vou me contentar com um.
Eu me aborreci muito com um problema com o meu celular. É uma história comprida e chata, por isso não vou perder tempo com ela. Mas só quero aproveitar este espaço para registrar minha imensa irritação com o representante da empresa (daqui de Cuiabá) que me convenceu a migrar do meu plano empresarial da Brasil Telecom para Oi. Essa novela ainda não acabou, mas hoje devo ter passado mais de meia hora falando com técnicos da Oi e da Brasil Telecom na vã tentativa de conseguir meu celular funcionando de novo na véspera dos feriados de fim de ano.
Pensar que eu vivia tão bem sem celular há menos de 20 anos. Não sei até que ponto essa tecnologia - internet, celular, etc - serve para nos unir às pessoas ou para nos separar.
Calma, gente! Não quero voltar ao passado e nem pretendo viver sem computador, nem celular, mas eu me pergunto o quanto isso realmente me aproxima das pessoas?  
Há algum tempo eu estava eufórica porque a internet me ajudou a reencontrar velhos amigos da faculdade. Foi uma delícia, mas isso não me impede de me sentir menos sozinha neste final de ano.
Eu me recordo que uma vez fiquei chocada de saber que uma amiga, muito jovem, bonita e querida, tinha passado a virada do ano batendo papo com outras pessoas solitárias no msn.
Concordo que você pode estar no meio da multidão na Avenida Atlântica em Copacabana e se sentir extremamente sozinha, ou numa festa ... Mas minha ideia de um bom Réveillon está longe de estar em casa batendo papo pelo computador, a não ser que você esteja conversando com alguém muito especial que esteja circunstancialmente longe.
Na verdade, adoro romper o ano numa festa, dançando, cercada de gente bacana e música boa, ou então num lugar bem tranquilo, tipo uma fazenda ou uma casa de praia, com poucos e bons amigos, ou alguém muito especial.
O réveillon mais estranho que já passei até hoje foi com um ex-marido: a gente estava indo para uma casa de campo de amigos em algum lugar da serra fluminense, mas nosso carro quebrou e acabamos passando a noite dentro do veículo no meio do nada. Lembrando agora é engraçado, mas na época não foi nada legal, já que eu estava apavorada e sem poder usar um banheiro. No dia seguinte, tivemos sorte e um membro de um grupo de malucos que passava pelo local acabou resolvendo o problema do carro.
Já passei viradas de ano no Pantanal - a primeira  tinha tudo para ser ótima, só que fiquei tão nervosa que acabei bebendo demais e apaguei antes de meia-noite.
Enfim, faz tempo que deixei de acreditar que um bom Réveillon era sinal de um ano próspero. 
Mas, retornando ao tema inicial - a comunicação - não posso deixar de mencionar um post recente de minha amiga Dete http://piassa-braziliansoul.blogspot.com/ em que ela comenta sobre a falta que sente de receber cartões de Natal e cartas em papel de verdade. Compartilho em parte de sua frustração, mas tenho que confessar: morro de preguiça de comprar bloco de carta, cartão, envelope, escrever à mão e depois ter que ir ao Correio enviar a correspondência.
Por outro lado, guardo com carinho cartas e cartões que recebi há décadas como a única carta que recebi de meu pai (falecido em 1961). Durante muitos anos ela era a prova inequívoca de que eu tinha tido um pai que parecia me amar.
Hoje, realmente estou um poço de contradições.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quase Natal

Hoje li o post novo de Valéria, sobrinha-neta que está na Áustria (http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com/). Tão bonito!
Ela fala de uma realidade tão distante: neve, Jesus Menino que traz presentes para as crianças que se comportam durante o ano, etc. Fala também de um sentimento de introspecção, que contrasta com o Natal daqui, "um evento mais expansivo". O que importa é que ela parece muito feliz.
Aqui, em Cuiabá, está um calor de rachar, como sempre, mas acho que estou mais num clima de introspecção do que de um "evento expansivo".
 Hoje, no final da tarde de um dia de trabalho, fomos eu e minha filha para o cinema assistir ao filme "A rede social". Muito bom. Para quem não sabe, é baseado na história do criador do Facebook (Mark Zuckerberg) e retrata bem o ambiente em que surgiu o mais novo milionário do mundo. Li que o próprio não ficou muito satisfeito com o filme dirigido por David Fincher (o mesmo de "O curioso caso de Benjamin Button" e de "Clube da luta", que não tive coragem de ver).
O cara é um nerd sem muitos amigos, mal sucedido com as meninas  e, meio sem querer, acaba criando um novo site de relacionamento que é a atual coqueluche da internet. Minhas filhas, por exemplo, agora vivem no Facebook. Até pouco tempo, a onda era o Orkut.
Na minha opinião, o filme tem umas sacadas geniais (inclusive, a trilha sonora é muito boa), que prefiro não comentar aqui para não estragar o prazer de quem ainda vai assisti-lo. O protagonista realmente se tornou um cara popular e provavelmente pode ter hoje as mulheres que quiser, mas me passou a sensação de que ele continua muito solitário e com grandes dificuldades afetivas. Mas está riquíssimo.
Após o filme, minha filha e eu demos uma andada no shopping para procurar uma sandália para ela, mas acabamos não comprando nada. Decididamente não fui fisgada este ano pelo instinto de comprar presentes. Achei o shopping menos cheio do que esperava.
A não ser pela fila de crianças querendo tirar foto com Papai Noel e as luzes piscando na fachada, nem parecia que era Natal.
Tenho mais três dias para entrar no clima natalino, mas acho que este ano estou mais inclinada à introspecção.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tempo de reflexão

Acabei de receber um email de uma amiga jornalista que me tocou muito. Não a conheço muito bem, mal posso dizer que somos "amigas", mas ela sempre me despertou bons sentimentos e nos últimos meses tive a oportunidade de conhecê-la um pouco melhor.
O mundo está cheio de gente boa, cujo sofrimento não foi transformado em revolta ou raiva da humanidade. São pessoas sempre dispostas a ajudar, donas de uma espiritualidade à flor da pele.
Minha diarista também é assim - uma pessoa do bem.
Às vezes eu me considero uma pessoa muito egoísta. Não faço mal deliberadamente a ninguém, mas me deixo abater facilmente por meus pequenos problemas e tenho um pouco de medo de sentir a energia do amor correndo no interior do meu corpo.
O que é o amor, afinal?
Sinto que desde a semana passada estou muito ligada numa energia meio ruim, às véspera de Natal. É como se a energia ruim das pessoas corruptas, prepotentes se soprepujasse à energia das pessoas de bom coração e como se me faltassem forças para enfrentar esse mundo duro e hostil.
Besteira. É claro que tenho. Estou atravessando um momento difícil e sinto muita falta da minha família nesse momento - meus anjos protetores, que sempre cuidaram dessa irmãzinha meio rebelde, meio independente, que traçou seus próprios caminhos, mas às vezes se sente meio incapaz de lidar com esse mundo onde muita gente parece levar as coisas no grito e onde mesmo as pessoas que parecem mais confiáveis também são capazes de nos decepcionar (e vice-versa).
Já passou da hora de crescer! Tenho saúde, alegria e preciso buscar dentro de mim a força para aproveitar esse momento para amadurecer. Tem momentos que consigo enxergar esse momento como único e definitivo.
Volta e meia chego à conclusão de que as pessoas não mudam. Vejo ao meu redor vários exemplos de pessoas que foram levando bordoadas ao longo da vida mas continuaram agindo como sempre. É como se não tivessem conseguido enxergar nada.
Será que sou assim também? Cabe a mim - somente a mim - responder essa pergunta.
Esse Natal, com certeza, será diferente.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Terra de oportunidades

Acabo de ler (http://www.24horasnews.com.br/) que Mato Grosso é campeão em número de assaltos a caixas de bancos. Segundo o site citado, a Polícia registrou até agora 109 ataques a caixas eletrônicos. De acordo com o Sindicato dos Bancários de MT, foram 16 assaltos com refêns.
Gostaria de hoje poder veicular uma notícia boa, mas é nosso papel - como cidadã, jornalista - alertar, chamar a atenção. A segurança pública, apesar da propaganda do governo estadual, é muito precária no estado que, infelizmente, não se destaca apenas na produção de grãos, carne bovina, etc, etc.
Sabendo da precariedade da segurança no interior (onde o efetivo da polícia é reduzido, etc) e, ao mesmo tempo, tendo informações sobre datas de pagamento, liberação de dinheiro, as quadrilhas atuam com certa desenvoltura em Mato Grosso, como demonstram os recentes assaltos a cidades como Denise, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum, etc.
Com a pressão policial em outros estados, como está acontecendo no Rio de Janeiro, é natural que os bandidos reconhecidos pela sociedade como tal (tem os outros "oficiais", mas quanto a esses não há muio o que fazer, por enquanto) busquem outras alternativas de "renda".
Uma das coisas que me lembro bem do livro "Abusado" do jornalista Caco Barcelos é isso: se a polícia fecha o cerco em torno de uma atividade, quem vive do crime simplesmente vai buscar outra (também ilícita, é claro). Às vezes, os criminosos são obrigados a agir em outros estados (ou até outros países).
Tudo muito profissional e organizado.
Mato Grosso é realmente é a terra das oportunidades.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sem comentários. Precisa?

Eu estava enganada. O fato de ter tido o registro de sua candidatura deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não impediu que o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) fosse escolhido pelo governador Silval Barbosa para comandar a Secretaria de Estado de Saúde - uma das mais complicadas do estado.
Na minha ingenuidade, imaginei que ele iria preferir continuar como deputado e que o governador não iria querer expor tanto o seu governo. Afinal, o nome de Henry esteve ligado aos escândalos do mensalão e das ambulâncias, além de acusações sobre compra de votos e uso indevido dos meios de comunicação.
Tristes trópicos, triste Mato Grosso!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Decepção

Hoje está difícil manter o bom humor. A primeira manchete que li foi sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que revogou a cassação imposta pelo TRE-MT aos deputados Pedro Henry (PP) e Chica Nunes (DEM).
Com isso, Henry poderá continuar como deputado federal, já que foi reeleito na eleição de 3 de outubro.
Nem sei se vale a pena comentar o assunto. O que posso dizer de novo sobre isso? Que estou indignada? Que não acredito na justiça? Que a Lei da Ficha Limpa já era (afinal, anteontem o deputado Paulo Maluf também conseguiu se safar)?
A única coisa que quero registrar além da minha tristeza e decepção é que a culpa maior de tudo isso, na minha opinião, é do STF, que ficou em cima do muro e não barrou a candidatura dos enquadrados na Lei da Ficha Limpa.
Os correligionários do grupo beneficiado provavelmente diriam que o tempo provou que o STF tinha razão, já que muitos candidatos que ficariam fora das eleições acabaram eleitos pelo povo e hoje podem assumir o mandato que lhes foi delegado pelo povo.
Então tá, a culpa é do "povo" - quem é o povo? - que elegeu um monte de gente que há anos se beneficia das artimanhas mais repulsivas da politica brasileira. Assim fica realmente difícil acreditar em mudanças através das urnas. Talvez o trabalho tenha que ser por outras vias, mais sutis (educação no sentido mais amplo e profundo da palavra, já que não acredita no caminho das armas).
Uma pequena ironia, a única coisa boa de Henry assumir o seu cargo é que Mato Grosso deixa de correr o risco, acredito, de tê-lo como secretário de Saúde, como estava sendo cogitado. Já pensou o estrago que ele faria?

PS. Acabo de saber que o TSE também anulou a condenação do Anthony Garotinho (PR) pelo TRE-RJ. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mistérios

Nos últimos dias ando meio subjetiva. Deve ser a chegada do final do ano - tempo geralmente associado a balanço de vida, etc.
Ontem, conversando rapidamente com uma colega de yoga sobre uma conhecida em comum, eu me toquei de uma coisa: ao contrário da pessoa em questão, nunca preparei realmente minha volta para o Rio de Janeiro.
Essa amiga morava em Mato Grosso como eu e a gente se encontrou por acaso num aniversário numa fazenda a mais de 100 km da cidade onde eu morava. Fomos contemporâneas na Escola de Comunicação da UFRJ e ela se formou depois em medicina. Casou-se e veio morar no interior mato-grossense por motivos absolutamente profissionais.
Na época em que tivemos um contato mais assíduo (há uns três anos), ela me disse que estava preparando seu retorno ao Rio. Foi mandando os filhos para estudar em sua cidade natal na medida em que cresciam e, aos poucos, ela mesmo foi pavimentando seu caminho de volta. O casamento já tinha acabado e o marido ficou por aqui.
Parece que ela está bem feliz no Rio. De repente eu me toquei de que, fora alguns momentos de total insatisfação com Cuiabá, nunca agi de uma forma determinada para voltar definitivamente ao Rio. Isso não quer dizer que eu não goste da cidade, muito pelo contrário. Porém alguma coisa me "prende" aqui  Não é mais o casamento (que me trouxe para cá), nem a possibilidade de um reatamento (isso já está fora de cogitação). Minha filha caçula está morando no interior de São Paulo e não sei se um dia voltará a morar em Cuiabá.
O que me segura aqui? Não é o emprego porque esse eu perdi há pouco tempo e ainda não consegui outro.
Medo? Comodismo? Ou uma intuição maluca de que alguma coisa muito boa ainda há de pintar?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Festas de fim de ano

Acabei de receber um belo cartão de Natal de uma sobrinha com quem tenho pouco contato. É engraçado isso: minha família é muito grande, juntando irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos e os bisnetos que estão chegando, além dos agregados (maridos e mulheres, que entram e saem da família; alguns ficam e se integram realmente a ela).
Tem também os primos por parte de pai, com os quais quase não mantenho contato, e por parte de mãe, com os quais mantenho algum contato porque a maioria mora em Cáceres. É gente que não acaba mais. Na minha última ida ao Rio de Janeiro, revi um bocado de gente, mas ainda faltou um monte que mora na cidade ou no estado.
Gosto muito dessa minha família, protetora, compreensiva e muito solidária. Seria fantástico que no Natal todos pudéssemos nos reencontrar, mas isso não acontece há anos. Acho que nunca aconteceu. Mesmo quando minha mãe era viva, era praticamente impossível reunir todo mundo. Alguns dos meus irmãos moravam em Corumbá e tinham cinco, seis filhos.
Depois que mamãe morreu (em outubro de 1986) cada um assumiu seu pequeno clã e os grandes encontros ficaram bem mais raros. Alguns "pequenos grandes encontros" acontecem em ocasiões festivas, como casamentos, mas sempre falta uma "perna". Tem gente que mora longe demais (no exterior), tem gente que está trabalhando, tem gente que está dura mais para viajar e tem gente que tem outras prioridades mesmo.
Este ano, por exemplo, não vou poder me reunir com essa família inicial, por vários motivos que não vem ao caso. Ainda não sei exatamente onde será o meu Natal. Provavelmente será em Cáceres com meu cunhado e sua mulher, que são tios (das minhas filhas) e amigos maravilhosos. Eu disse às minhas filhas: "O importante é nós três estarmos juntas, com saúde e em harmonia".
Quanto à virada do Ano, isso ainda é uma incógnita. Neste preciso momento estou mais preocupada em resolver o problema da minha máquina de lavar (cuja tampa quebrou) e dar sequência ao meu trabalho como frila. Com certeza, será um final de ano diferente.

PS. Enquanto escrevia este post (várias vezes interrompido por minha diarista), tive um insight revelador: entendi por que o Natal é uma festa tão delicada para mim. Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos, no dia 5 de dezembro. Claro que não me lembro muito desse Natal, mas deve ter sido muito triste.
Até eu ficar mais adulta, eu me lembro de achar o Natal uma festa triste. Eu sempre pensava nas crianças pobres que não tinham o que eu tinha (casa, comida, presentes) e chorava muito.
Mais tarde, desencanei e entrei numa que o Natal era apenas uma festa comercial, feita para estimular o comércio e uma oportunidade para estarmos com as pessoas que amávamos. Comecei a curtir a data como uma festa qualquer.
Mais tarde ainda voltei a sentir o Natal como uma ocasião de repensarmos nossos valores, nos (re)aproximarmos das pessoas que amamos mas das quais estamos afastados, etc, e fui aos poucos me desligando cada vez mais dessa coisa comercial. Detesto ir às lojas na época natalina e, se dependesse de mim. o Natal seria um fiasco para os comerciantes.
Acredito que ainda vou descobrir um outro significado para o Natal.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Curto circuito

Acabei de sair de uma reunião de trabalho onde as pessoas falaram de Deus com tanta intimidade. Vocês não fazem ideia como isso mexe comigo. Fiquei com vontade de chorar. De repente eu me senti uma criancinha morrendo de medo de que essas pessoas se virassem para mim e me perguntassem: "E você, também se sente assim, íntima da Deus? Você pratica uma religião?"
Uma das pessoas chegou a dizer que a mulher que não tem fé em Deus não consegue levar sua família adiante. Eu me senti péssima e responsável por todos os erros e dificuldades enfrentadas por minhas filhas e, naturalmente, por não ter colocado meu ex-marido num bom caminho.
Menos, Martha - dirão provavelmente as pessoas que me conhecem. Ok, mas estou aqui falando de sentimentos e não de razão.
Como deve ser menos pesada a vida quando a gente realmente acredita que Deus está ao nosso lado!
O que acho mais estranho é que já tive fé, frequentei a igreja católica, fiz primeira comunhão, encontro de jovens, tudo que tinha direito, e, de repente, como num passe de mágica (ou feitiço), tudo foi tirado de mim. Não houve um acontecimento especial que eu me lembre; eu simplesmente cansei da falta de explicação, deixei de acreditar que vivia um momento único e mágico quando recebia a hóstia. Perdi a fé.
Isso não me tornou uma pessoa pior. Continuei agindo da mesma forma, guiada pelos princípios que herdei de minha família: honestidade, ética, leadade, sinceridade ... Mas deixei de me sentir amparada por Deus e de frequentar a igreja.
Nesse meio tempo, busquei o espiritismo porque achei que a doutrina espírita me traria respostas para algumas perguntas que me incomodavam, mas sempre com o pé atrás, meio cética.
É isso o que tenho para dizer hoje. Ontem eu falei que queria só trazer notícias boas. Hoje eu me rendo à minha pequenez e à minha dificuldade para compreender os mistérios da fé e da vida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Música inspiradora

Ufa! Hoje tive um dia movimentado e cheio de imprevistos, por isso só agora estou conseguindo botar os assuntos em dia neste espaço.
Quero falar sobre o concerto de ontem no Teatro da UFMT. Foi a apresentação de fim de ano do Coral Universitário e do Coral Infanto-Juvenil da UFMT. Diga-se de passagem que a universidade está comemorando 40 anos.
O teatro estava cheio e eu adorei o concerto. Sempre ouvi falar muito bem do Coral da UFMT, mas nunca tinha ido a um concerto. Não sei se os anteriores também foram assim, mas o clima estava bem descontraído, bem alegre mesmo na maior parte do tempo.
Muitas peças bonitas, mas gostei especialmente do "Lux Aurumque" de Eric Whitacre, cujõ clima misterioso e envolvente era quebrado - infelizmente - por choros, risadas e gritos de crianças bem pequenas na plateia. Com todo respeito aos pais que levam seus filhos pequenos a concertos, tem hora que enche o saco. O grupo está lá cantando uma peça super bonita, todo mundo concentrado, de repente vem aquele barulho de criança.
Mas voltando ao concerto, adorei também o "Aleluia" de Ralph Manuel e as canções "Vida viração" de Leandro Maia e "Namoro não é crime" (música de Caio Senna e poema de Tobias Barreto).
Eu me surpreendi muito com o Coral Infanto-Juvenil. Que delícia! Apresentaram cinco números, mas que energia boa! Cantar realmente faz bem ao corpo e à alma de qualquer pessoa.
Em tempo, o Coral adulto é regido por Dorit Kolling e o infanto-juveil por Adonys Aguiar.
Durante o concerto, fiquei pensando: acho que sou uma jornalista do avesso. Não gosto muito de falar sobre notícias ruins (embora reconheça que essa é uma função primordial do jornalismo, a de denunciar, investigar). Gosto mesmo é de divulgar as coisas bonitas, falar das pessoas bonitas que fazem trabalhos bacanas. Talvez porque precise realçar as coisas bacanas para me sentir melhor. Não confundir isso com aquela coisa de assessoria de comunicação que varre os podres para debaixo do tapete ou tenta mascarar os pecados para vender o peixe de seu assessorado. Isso é uma coisa que não me apraz fazer.
Gosto da ideia de poder levar para mais pessoas o que um lugar, uma instituição, uma empresa, uma pessoa realmente tem de bom. Enquanto eu acreditar que ela tem algo de bom. Se eu deixar de acreditar, aí fica chato, vira quase prostituição. Às vezes posso ser ingênua, mas sempre procurei ser ética e ter respeito pelo meu leitor ou interlocutor.
Pensei todas essas coisas enquanto assistia ao concerto do Coral da UFMT. Pensei também que preciso muito arrumar um trampo que garanta a sustentabilidade de minha pequena família.  

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Contrastes

Depois de um post tão inspirado como o de ontem, confesso que não sei muito sobre o que falar. Na verdade, estou meio atordoada com um monte de coisas, desde a chegada das férias escolares de minhas filhas (o que implica coisas ótimas, como a presença da caçula, e outras não tão ótimas, como a possibilidade de gastos extras) à necessidade de fazer mais dinheiro, que se choca com aquele ritmo de festas que começa tomar conta da gente no final do ano.
Há que ter muita tranquilidade e manter o foco para administrar tudo, sem perder o bom humor.
Para complicar, tem aquelas notícias barra-pesadas que nos chegam todo dia e para as quais fico buscando explicações. Por que um universitário de um curso particular dá uma facada fatal num professor em Belo Horizonte? Como jovens são capazes de tanta brutalidade como vimos nas cenas de espancamento de um torcedor do Cruzeiro exibidas ontem no Jornal Nancional? Como é possível um incêndio matar mais de 80 presos numa penitenciária como aconteceu no Chile - o mesmo país que nos comoveu há poucos meses com o resgate dos mineiros?
Mais uma vez, é preciso muita calma para a gente não despirocar e sair achando que um mundo é grande loucura, sem sentido algum.
Ontem entrevistei uma artista plástica que é professora de yoga em Cuiabá e ela me passou uma tranquilidade e uma coerência tão grandes. É em coisas assim - a prática da yoga, a leitura, o autoconhecimento, a música - que venho buscando respostas para as perguntas que continuam me inquietando.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O apanhador no campo de centeio

Hoje minha mente divagadora me leva em duas direções diferentes, mais ou menos como no célebre poema de Robert Frost (já citado aqui). Qual caminho seguirei? O menos percorrido, ainda seguindo a trilha apontada pelo poeta norte-americano em "Two roads".
Neste fim de semana terminei a leitura de um livro muito especial, por vários motivos. É uma obra célebre, inclusive por motivos não muito positivos: "O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger, ou "The catcher in the rye" no original.
Publicada pela primeira vez entre os anos de 1945 e 1946 em formato de revista e em 1951 em formato de livro (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Catcher_in_the_Rye), a obra é um verdadeiro best-seller e teria feito a cabeça de muita gente, inclusive do assassino do ex-beatle John Lennon, Mark David Chapman, que tinha verdadeira obsessão pela história do jovem Holden Caulfield, protagonista e narrador.
O cara que tentou matar o ex-presidente Ronald Reagan em 1981 também teria tirado do livro a inspiração para o atentado. Através da resenha de autoria de Marco Antônio Bart(http://www.screamyell.com.br/literatura/apanhador.htm), descubro outras curiosidades acerca do livro: ele também é uma obsessão do personagem de Mel Gibson no filme "Teoria da Conspiração", que fiquei super a fim de assistir, e fonte de inspiração para bandas de rock.
A pergunta é: por que esse livro mexeu - e talvez ainda mexa - tanto com a mente das pessoas?
Não vou responder essa pergunta, pelo menos neste momento, mas gostaria muito de debater esse tema com outros leitores do livro do misterioso Salinger.
O que quero contar aqui é que terminar o livro foi uma vitória. Tenho essa publicação (velhinha, de páginas amareladas e cheirando a mofo) desde 1997 e tentei encará-la diversas vezes, mas sempre parei nas primeiras páginas. Desta vez não: fui até o fim e aproveitava breve minutos (até na oficina) para dar continuidade à leitura de tão envolvida que estava com a história do jovem Caulfield.
Podem ficar tranquilos que não pretendo matar ninguém, mas o livro é muito interessante: a gente fica muito envolvida com a mente maluca e errática do narrador protagonista.
Mas é também muito poético.
Eu ganhei esse livro (como outros que pretendo ler) de uma pessoa encarregada por uma biblioteca no estado de Indiana quando viajei para lá numa viagem de intercâmbio pelo Rotary Club. Eram livros repetidos que iam ser jogados fora, sei lá, e ela me deu.
Comecei ontem a leitura de outro desses livros, outro clássico da literatura norte-americana: "Trópico de Câncer", romance autobiográfico de Henry Miller - uma obra iconoclasta.
Entrei numa de ler livros em inglês como forma de aperfeiçoar meu inglês. Estou adorando a experiência.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

De coração novo

Hoje tive retorno com minha cardiologista (minha amiga Marta, ex-colega no Colégio Santo Inácio e hoje companheira no Madrigal do Avesso) e saí de lá muito feliz.
Meu coração está tinindo, segundo ela e os exames que fiz (ecocardiograma, teste ergométrico e exames clínicos que apontam um monte de coisas, tipo triglicerides, colesterol, potássio, etc).
No meu check-up do ano passado, não cheguei a fazer a consulta de retorno e este ano não quis repetir o mesmo erro.
Enquanto aguardava meu horário fiquei lendo a edição de novembro da revista Unica http://revistaunicaonline.com.br/, editada pela jornalista Rose Domingues, e li algumas coisas bem legais. Uma delas foi exatamente a matéria de capa intitulada "Cuide bem de seu coração".
Fiquei aliviada porque os conselhos dados pelos especialistas (médicos, psicólogos, nutricionistas, etc) têm tudo a ver com o que procuro fazer no dia-a-dia. Coma bem, durma bem, não se renda ao estresse, não guarde ressentimentos, procure perdoar, etc, etc.
Um deles (o cardiologista entrevistado) disse que a gente não deve se deixa abater por problemas financeiros. Também procuro fazer isso, mas convenhamos que é um pouco mais difícil. Se há contas a pagar, compromissos a cumprir e sua conta corrente não tiver fundos suficientes, ou você pira de vez e se torna eternamente irresponsável ou é preciso encarar o touro de frente.
É o que tenho tentado fazer. Não consigo me desligar das coisas que me dão prazer (será que deveria?) - estar com amigos, desfrutar da companhia da minha adorável família, cantar, dançar, fazer yoga, etc -, porém preciso encarar com mais coragem o desafio de conseguir um bom trabalho (eu disse trabalho, não necessariamente emprego) que garanta meu sustento e de minhas filhas por mais alguns anos.
E que, se possível, seja mais uma fonte de alegria e me dê a sensação de que estou fazendo alguma diferença no mundo. Será que estou querendo demais?
Pelo menos, minha consulta de hoje mostrou que tenho saúde para enfrentar novos desafios.
Mais uma década está se acabando. Que venham outras!
Uma das coisas boas da gente viajar e sair de sua rotina é perceber que a vida não termina aos 30, 40, 50, 60 ou 70. Ela pode estar sempre recomeçando.






sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Questão de sorte - ou azar?

Hoje, enquanto caminhava no Parque Mãe Bonifácia fui elocubrando um pensamento que gostaria de compartilhar com vocês. Vamos ver se dou conta.
Tudo na vida pode ser analisado sob dois pontos de vista, até a morte. Quando alguém morre depois de sofrer muito, as pessoas dizem: "Ele/ela descansou", portanto, teve sorte por ter descansado, mas teve azar porque ficou doente ou sofreu algum acidente grave.
Anteontem aconteceu um episódio estranho logo que cheguei no Chorinho (o bar Choros & Serestas) . O lugar estava vazio e, quando eu passava, um dos garçons, meio estabanado, baixou o braço depois de arrumar o ventilador e, sem querer (obviamente), bateu no meu rosto. Na hora, levei um susto e ele não sabia o que dizer para se desculpar, mas minha grande preocupação era com minha lente de contato porque vi que a do lado esquerdo tinha saído.
Essa lente (sozinha) me custou R$ 700. Eu senti que ela não estava no meu olho e fiquei apavorada porque o lugar não é exatamente claro. Falei pro garçon: "Não se mexe", mas senti que ele não ia poder me ajudar muito a encontrar a lente. Nisso, olhei pra direita e vi a danadinha na minha blusa. Peguei, fui ao banheiro, lavei-a com o produto adequado (que sempre levo na bolsa) e voltei pro bar. Meu nariz ficou meio vermelho por causa do safanão, mas eu só conseguia pensar na alegria de ter encontrado minha lente.
Voltando ao tema do início: tive sorte ou azar? Depende do ponto de vista. Tive azar de passar exatamente na hora em que o rapaz baixou o braço, mas tive sorte pelo fato da lente ter ficado na minha blusa.
Pensei nisso também por causa da batida que levei há algumas semanas: tive azar de estar parada e outro carro bater na minha traseira. Levei susto, fiquei preocupada, etc. Tive sorte pelo fato da pessoa responsável pela batida ser super correta e ter me deixado tranquila quanto ao ressarcimento do meu prejuízo.
A vida é feita de coisas boas e ruins. Se a gente for cristã, espírita, budista, evangélica, etc, sempre vai encontrar na fé consolo para os acontecimentos e ver na solução o dedo de "Deus" (seja quem for).
Pessoas negativas (às vezes, eu me incluo entre elas) tendem a maximizar as coisas ruins e se sentir perseguidas, injustiçadas; pessoas positivas (às vezes, eu me incluo entre elas) tendem a enxergar essas coisas como fatos da vida, que devem ser encarados com a maior naturalidade possível.
É difícil às vezes manter o otimismo e consegui realmente acreditar na sorte e que há males que vem para o bem. Mas se a gente não acreditar, só fica pior, né?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De carro quase novo

Caramba, já estamos em dezembro e assim vou terminando o meu terceiro ano de blogueira. Nesse meio tempo conheci outros malucos como eu (o Akira, o Eduardo Lara Resende, o Pedro du Bois, entre outros) e fui me aproximando de outros que conhecia de outros carnavais (como a Lolo do Coisas da Vida, o Lorenzo do Tyrannus, o Gabriel do Bar do Bugre, a Terezinha do Roça de Livros) e do povo blogueiro da família (Dete do Brazilian Soul, Valéria dos Meus Quipus e Bel do Diário de Marias).
"Blogar" é bom demais. Ajuda a botar os pensamento no lugar e a descobrir novas formas de ver velhas coisas. Ajuda também a diminuir a solidão - uma palavrinha que não anda combinando muito comigo ultimamente.
Hoje, por exemplo, não tive tempo de atualizar o blog durante o dia, mas queria muito compartilhar uma coisa bem legal que aconteceu: mandei pintar meu carro. Parece bobagem, mas é tão significativo para mim.
Há anos meu carro está feio, muito feinho mesmo. Já comprei-o com a pintura meio feia, mas o negócio era bom e eu tinha muita pressa de comprar um carro de segunda mão na época, já que o meu estava de um jeito que me obrigava a chegar a chamar o socorro até duas vezes num mesmo dia.
Com o tempo o Paglio foi ficando cada vez mais feinho e era como um símbolo da minha decadência financeira, sem querer fazer melodrama.
Várias vezes quando eu via aquelas propagandas sobre carros na TV eu me sentia tentada a correr numa concessionária no dia seguinte para trocar o meu. Mas aí pensava nas prestações a pagar e me segurava.
Quando eu reclamava do meu carro para o meu querido mecânico (na verdade são dois, pai e filho, uns amores), ele dizia que meu carro estava ótimo. Eu ficava mais consolada, mas nem por isso deixava de ter vergonha do meu carrinho.
Pois esta semana tive que ir ao lanterneiro (ou funileiro, como chamam por aqui) para arrumar a traseira do carro (uma moça muito legal bateu nele e não só se comprometeu a pagar o serviço como já me passou o dinheiro). Resolvi perguntar quanto ele cobraria para pintar o carro já que não tenho a intenção de trocá-lo no momento. Achei o preço bem muito razoável e o tempo que ele me pediu para fazer o serviço me pareceu ainda mais razoável.
Como boa "carioca" tenho trauma de lanterneiro, mas botei fé no Seu Armando, profissional recomendado por Seu Jair e seu filho Marcos (os mecânicos). Passei três dias andando de ônibus (só saí para fazer o indispensável) e ontem, no final da tarde, fui buscar o carro (de ônibus). Aprendi que é possível ir do bairro Goiabeiras à Morada do Ouro de ônibus sem fazer baldeação - um conhecimento bastante útil, inclusive porque o ônibus passa em frente ao Shopping Pantanal.
O carro ficou sinplesmente lindo! Parece outro. Fiquei muito satisfeita com o serviço. Na hora que fui pegar tinha um cara que trabalha perto da oficina mostrando o meu carro pro outro e sugerindo que pintasse o da sua mulher com a mesma cor.
O meu carro é 2000, mas estou me sentindo como se estivesse num zero quilômetro. Os pneus estão novos e a parte mecânica parece estar ok. Estou andando com cuidado redobrado nesta cidade de trânsito maluco onde toda hora tem uma batida. Hoje mesmo teve uma porrada aqui na esquina da minha rua e o pior é que os sinais do cruzamento continuam defeituosos.
Todo cuidado é pouco com meu carrinho lindo. Agora tenho que correr atrás de mais trabalho para pagar mais essa conta. Qualquer coisa eu vendo o carro. Tomara que eu não precise chegar a esse ponto.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Profissão repórter

Gosto muito do programa "Profissão Repórter", exibido pela Rede Globo depois de "Casseta & Planeta" e do seriado da vez (no momento "As Cariocas" - diga-se de passagem que o episódio de ontem foi um dos mais fracos da série).
Quase sempre o programa me comove e me faz recordar do meu primeiro impulso para ser jornalista: eu tinha pouco mais de 10 anos e lia na revista "Realidade" (Editora Abril) reportagens extensas e comoventes sobre realidades bem distantes da minha, de menina de classe média, criada num apartamento confortável do bairro carioca do Flamengo e que sempre estudou em bons colégios particulares e católicos.
"Realidade" me abria as portas para um outro mundo, sofrido, escuro (eu me lembro de que algumas reportagens barra-pesadas eram ilustradas com fotos p&b, contrastando com o colorido das matérias mais alto astral) e no qual eu pretendia mergulhar quando ficasse adulta para denunciar as mazelas e injustiças do mundo.
Que ironia ... Hoje estou bem longe desse perfil revolucionário. Será que me acomodei, desacraditei ou simplesmente esse não era o meu verdadeiro perfil?
Mas voltando ao "Profissão Repórter", acho bacana o trabalho de Caco Barcelos, um jornalista bem coerente, e acho especialmente interessante essa proposta de trabalhar a reportagem com profissionais jovens. É como se fosse uma aula de jornalismo.
Às vezes, confesso, eu meio que me pergunto ao final de um programa mais barra pesada: "E daí? O que vai acontecer agora com essas pessoas? Elas vão continuar mergulhadas em seus problemas e buscando soluções sozinhas".
Sei que isso é uma posiçào niilista que, por isso mesmo, não leva a nada. Caco e seus pupilos fizeram sua parte: revelam para o grande público (que poderia ser maior se o programa fosse exibido mais cedo) um outro lado de realidade, mostram e dão voz a pessoas (heróicas ou não) que fazem parte dessa realidade e vão sobrevivendo nela, ou apesar dela (alguns não sobreviverão por muito tempo).
Ontem, por exemplo, fui me deitar incomodada com a realidade daquelas famílias despejadas de um hotel abandonado em São Paulo. Gente tão comum, mães com recém nascidos, idosos, mulheres e homens que trabalham, ex-moradores de lugares de risco. O programa acabou com eles acampados debaixo de chuva em frente à Câmara Municipal. Fui dormir meio triste e consciente de que deveria dar mais valor à minha cama confortável, mas e hoje?