domingo, 28 de dezembro de 2008

Como cachaça

2008 está quase terminando e não sei se ainda terei tempo e inspiração para escrever neste espaço, que foi significativo na minha vida. Eu me expus e até consegui alguns leitores assíduos. Eu questionei algumas vezes o sentido de manter este blog e cheguei à conclusão - pelo menos, até agora - de que ele satisfaz em parte um desejo de escrever sobre tudo: o mundo, a brutalidade, a beleza ... Acho que podia escrever mais, investir mais no blog (trazer imagens, links, textos de outros), mas o tempo que dedico a ele é sempre muito pequeno: cinco, dez minutos, quando muito.
Termino 2008 com uma sensação boa - cantei no Cantorum, soltei a voz literalmente, voltei a fazer yoga, fiz novos amigos, fiz o melhor que pude para cuidar das minhas filhotas, trabalhei bastante, procurei (e ainda estou procurando) reequilibrar minhas finanças (como é difícil!) e, acima de tudo, procurei manter a fé na vida, me abrir mais, gostar das pessoas e acreditar nelas. Será que não é isso o mais importante?
Claro que poderia ter feito mais, mas pelo menos quero continuar tentando, insistindo nessa busca por encontrar mais amor dentro de mim e consegui compartilhá-lo porque de ódio o mundo já está cheio.
Obrigada aos que me leram e me incentivaram! A gente continua em 2009. Acho que blog é como cachaça: depois que a gente começa não consegue largar mais.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Analfabetos funcionais

Tem horas que fico tão indignada que não sei o que fazer, confesso. Peguei os jornais diários de Cuiabá e li tanta notícia ruim que fiquei irritada. Notícias variadas sobre deputados faltosos (o campeão de faltas da bancada mato-grossense - advinhem - é Pedro Henry, aquele mesmo de Cáceres, cujo irmão, Ricardo, acaba de ser cassado como prefeito reeleito), flanelinhas que quebraram o retrovisor do carro cujo motorista não quis lhes dar a grana exigida, etc, etc ...
Mas a que mais me aborreceu foi a manchete do jornal "Folha do Estado": 88% dos estudantes da 4ª série do Ensino Fundamental de Mato Grosso não sabem ler e escrever "de maneira plena", segundo o Sistema da Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Estou cansada de ler essas manchetes e nada muda. Muito pelo contrário, o governo do Estado de Mato Grosso bate no peito com orgulho para dizer que tem feito muito pela educação. Trabalhei um ano na Secretaria de Estado de Educação e, com respeito a alguns profissionais bem intencionados que trabalham lá, acho que tinha que implodir a Seduc e começar tudo de novo.
Não sei quem teve a idéia brilhante de acabar com a repetência simplesmente aprovando os alunos saibam eles escrever e ler ou não. Ou seja, vai se empurrando o problema com a barriga numa escola onde pouco se ensina, muito pouco se aprende e o bom professor e o aluno capaz viraram exceção e não a regra.
Está se formando aqui uma geração de analfabetos funcionais que não terão condições de ocupar as vagas de emprego que se abrem na indústria e mesmo no campo (agronegócio). Marginalizados, esses jovens não terão muitas alternativas na vida a não ser a bandidagem e o ócio nada criativo. O resto da história todos conhecem. Até quando?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Musical

Hoje acordei feliz demais. Pensei no caminho: estou com saúde, não estou com dinheiro sobrando, mas estou melhor do que estava no ano passado; tenho filhas maravilhosas, amigos e família que, mesmo a distância, dá uma força legal; tive um fim de semana excepcionalmente bom ...
É engraçado, sempre que me sinto feliz me dá uma pontinha de aperto no coração. Culpa? Medo de acontecer alguma coisa ruim e virar minha sorte? É uma coisa antiga que trago desde pequena.
Por que será que a gente complica tanto a vida, ?
Hoje acordei pensando como seria minha vida se ela fosse um musical, daqueles em que sem mais nem menos alguém começa a cantar. Sempre gostei de musicais. Basta dizer que um dos meus filmes preferidos é "A noviça rebelde", que não me canso de ver/ouvir. Gosto muito também de "Cantando na chuva", "Moulin Rouge", "Cabaret", "Fantasia" e "Mary Poppins", entre outros.
Ontem assisti a "Across the universe", cuja estréia me passou despercebida (agradeço a dica ao blog tendenciasa do jornalista Elton Rivas). Embora a trilha seja maravilhosa (Beatles, Beatles e Beatles), o filme não chega a ser inesquecível. A história está longe de ser original e falta um pouco de carisma aos personagens. Além do mais, a mistura história normal com musical viajado não ficou bem resolvida. Tem horas que os personagens cantam demais, tem horas em que cantam de menos.
Mas fica a pergunta, se minha vida fosse um musical, qual seria a trilha? Muito Chico Buarque, com certeza, mas haveria espaço para tudo: música erudita (O Guarani, de Carlos Gomes, cujos acordes iniciais me remetem à infância), bossa nova, marchinhas de carnaval, sambas do Cacique de Ramos, samba-enredo, Gismonti, Mílton, Caetano, Gil, Gonzaguinha, Rita Lee, Lulu Santos, blues, jazz, música instrumental, Beatles e samba, muito samba.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Reflexões de fim de ano

Hoje várias pessoas do meu trabalho vieram se despedir e desejar boas festas, etc, etc. Esse clima de fim de ano mexe comigo. Por um lado, fico feliz até porque estou animada com a perspectiva d um Natal e Ano Novo diferentes (há cinco anos passo essas festas no Estado do Rio); por outro, rola uma certa ansiedade, um desejo de ter resolvido melhor algumas coisas.
Isso tudo é besteira, de uma certa forma. Faz tempo que deixei de acreditar na "magia" do Natal e do Ano Novo. Acredito sim no desejo e na alegria de procurar estar junto de pessoas que a gente ama e pensar no bem geral da humanidade, mas não tem mágica. As pessoas não vão deixar de se odiar, se maltratar, se matar, se embebedar ou se drogar porque é Natal e porque um novo ano está começando.
Mas de qualquer maneira não deixa de ser uma época de confraternização e reflexão sobre o que estou fazendo da minha vida. Quando eu era menor acreditava que dependendo do meu estado no momento exato da virada do ano teria um bom ano ou não, depois vi que não tinha a ver. Tive ótimos réveillons e anos nem tanto e vice-versa. Na verdade, acho que tudo é uma continuidade e cabe a cada um criar o "seu" momento de virada. Se quiser.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Flechas

Hoje estou com o coração apertado porque minha filha mais velha vai viajar. É para perto (pouco mais de 200 km) e vou revê-la no Natal, mas mesmo assim a separação traz um misto de alegria (ela estava louca para viajar e correu muito para terminar seus trabalhos de faculdade a tempo) e pesar. Tem um ditado que diz como é bom e complicado ter filhos: a gente não consegue imaginar a vida sem eles, porém a responsabilidade é infinita e grande.
É curioso, estou lendo antes de dormir um livro que ganhei de uma amiga. O livro é de Rubem Alves. De imediato, confesso, não lhe dei muita atenção. Gosto de livros que contam uma história e, na verdade, o livro traz várias pequenas histórias, pensamentos. É como se fosse um blog publicado. Mas comecei a ler naqueles instantes antes de dormir onde não consigo ler nada muito profundo e gostei! É sempre reconfortante ler as palavras de um pensador ilustre e ver que em alguns instantes - modéstia à parte - elas não se distanciam tanto do que a gente pensa e/ou escreve.
Fiz esse parêntese (é assim mesmo, no singular?) para falar de um trecho que li ontem e mencionava a passagem que mais me marcou do livro "O Profeta", de Gibran Khalil Gibran. Trata-se da menção aos filhos em que o poeta libanês diz que nós, pais, somos apenas o arco e que nossos filhos são como flechas lançadas ao mundo. Criada numa família superprotetora, sempre gostei muito dessa passagem e concordo: nossos filhos pertencem ao mundo. Rubem Alves vai mais longe: ele diz que Gibran reduz um pouco a liberdade dos filhos no momento em que faz menção ao arco e flecha, ou seja, os filhos vão na direção que os pais miram. Concordo em parte com ele: a gente pode até mirar, mas a flecha humana faz curvas surpreendentes e parece ter vontade própria.
Esta semana ando me alongando muito nos meus posts que escrevo como flechas lançadas ao mundo. Se elas acertam ou não algum alvo, difícil saber. Meu coração gosta de lançá-las.
Para finalizar quero compartilhar o que considero uma ótima notícia: o prefeito de Cáceres, Ricardo Henry, foi cassado, e não poderá ser diplomado hoje como prefeito para o próximo mandato. Quem assume é o ex-prefeito (2001-2004) Túlio Fontes, o segundo candidato mais votado (a diferença foi de cerca de 500 votos numa eleição em que foi flagrante o abuso econômico dos irmãos Henry- Ricardo e seu "mentor" o deputado federal Pedro).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Profissão repórter

Televisão me dá sono, em geral. Na segunda-feira, consegui dormir assistindo a "Procurando Nemo", desenho animado que incluo entre meus favoritos. Mas contrariando o meu desejo de ir para a cama às 23h ontem, assisti ao "Profissão Repórter". Valeu a pena, embora os relatos e imagens das pessoas que viveram a tragédia de Santa Catarina tenham me deixado sem sono.
Mas o que quero ressaltar é a qualidade do programa, idealizado e conduzido pelo jornalista Caco Barcelos. É chover no molhado elogiar as qualidades de Caco, profissional que desperta a minha admiração desde muito tempo antes de se lançar ao "estrelato" global.
Seu trabalho como escritor (Rota 66, Abusado e outros) só aumenta seu prestígio entre colegas e estudantes de jornalismo.
No final de 2005, quando esteve em Cuiabá para uma palestra no encontro de jornalistas promovido pelo Sebrae, ele confirmou seu carisma e se revelou bastante simples, como devem (e geralmente são) os verdadeiros jornalistas. Contou que estava trabalhando num novo projeto em São Paulo, que se transformou no "Profissão Repórter".
O programa tem a cara do Caco e ainda funciona como uma escola para jovens repórteres. Mas o que mais me chama atenção (e me cativou no programa de ontem) é a empatia natural que rola entre entrevistados e repórteres. Não é aquela intimidade forçada, nem aquele canibalismo de alguns jornalistas dos programas sensacionalistas. É só aquela compaixão que sempre deveria haver sempre na relação entre jornalista e seus entrevistados. Afinal aquele papo de objetividade e/ou frieza jornalística já era há muito tempo.
Inesquecíveis o sorriso do menino acordado pela mãe com a chegada de Caco - "É o moço da televisão" -, os relatos, lágrimas e expressões das pessoas que sobreviveram à tragédia e perderam filhos, pais, sobrinhos, etc. Muito legal o recurso de mostrar as imagens mais recentes contrapondo-se às do auge da tragédia.
Enfim, vale a pena perder algumas horas de sono para prestigiar o programa do Caco. Pena que ontem tenha sido o último programa do ano. Vida longa ao projeto!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Visões de Cuiabá

Não consigo começar a trabalhar enquanto não expressar um pouco da minha angústia. Fui ao supermercado cedo e a primeira coisa que me chamou atenção - e me embrulhou o estômago - foram as fotos de um jovem frentista torturado por homens da PM sob suspeita de roubo de carro. Segundo o rapaz, ele estava fazendo um "bico" numa garagem particular durante uma festa, quando aconteceu a acusação de roubo. Nada justifica a violência sofrida por ele.
Fiquei pensando nos simpáticos PMs que vi sábado à tarde durante minha ida ao Centro para algumas compras. Em dois momentos um deles entregou um panfleto à minha filha falando sobre o trabalho da PM para garantir a segurança durante o período pré-natalino. Tão simpático!
Fico me perguntando se são os mesmos homens os que "nos protegem" e os que se acham no direito de torturar qualquer suspeito.
Quando chego à redação leio outra notícia assustadora no mesmo diário: o caso de um assaltante de 16 anos que invadiu uma casa em Cuiabá, atirou num rapaz de 15 (que talvez fique paraplégico) e foi linchado pela família, que se lançou sobre ele depois do tiro.
Justiça com as próprias mãos! Mas será que o rapaz teria um destino muito diferente nas mãos da PM?
Longe de mim ter respostas ou soluções para um problema que se arrasta há décadas e que é estudado por centenas de especialistas, mas continuo sendo radicalmente contra a violência. A família matou o assaltante, mas como fica o estado emocional de todos após esses fatos?
Nessas horas queria ser repórter de polícia só para saber o que dizem os comandantes, os corregedores, enfim, as autoridades e os tais especialistas. Ou não?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Visões da África

Aproveitei o fim de semana para descansar de uma semana puxada e assistir a alguns filmes. Optei por um leve e um mais pesado: o nacional "Chega de saudade", de Laís Bodanski, a mesma diretora do ótimo "Bicho de Sete Cabeças", e o inglês "O último rei da Escócia", a história do ditador Idi Amin Dada, que rendeu o Oscar de melhor ator a Forest Whitaker.
"Chega de saudade" é uma delícia. Tudo se passa num clube de São Paulo onde pessoas acima de 50 anos se reúnem tradicionalmente para um baile, que começa no final da tarde e termina antes da meia-noite. O filme mescla atores conhecidos com habitués desse tipo de baile, e conta pequenas histórias. Os temas principais são amor, solidão, ciúme, alegria e a dança como fonte muita vitalidade, sensualidade e prazer.
É difícil destacar um personagem (adorei a cena em que a atriz Cássia Kiss abre a janela e discretamente chora diante da preferência de seu escolhido por uma mulher mais jovem, interpretada por Maria Flor), mas fiquei muito impressionada com o casal vivido por Leonardo Vilar e Tônia Carrero - dois atores veteranos, premiados, consagrados, interpretando personagens cheios de nuances e humanidade. É um filme para ver e rever tal a quantidade de detalhes a serem observados (música, dança, tipos, interpretações). É um filme para ser apreciado como uma bebida ou comida especial, como se fosse um licor, um vinho ou um chocolate fino.
O outro filme é o oposto: uma porrada. Tudo é forte, intenso: a ingenuidade do jovem escocês que começa trabalhando como médico na área rural de Uganda e acaba como médico particular/conselheiro do ditador Idi Amin Dada. Ele acaba pagando um preço caro por sua inconseqüência. Como espectadora, a gente torce para que o final seja diferente e que o rapaz - um personagem ficcional, mas baseado em personagens reais - não esteja tão enganado quanto a Amin, mas como conhece a história sabe que não há saída.
Todos os filmes feitos na África aos quais assisti recentemente são extremamente tristes (O jardineiro fiel, Hotel Ruanda e O Último rei da Escócia). Ainda não vi "Diamante de sangue". O duro é saber que a realidade pode ser ainda mais cruel do que o que os filmes mostram, mas acho que o cinema faz um papel importante trazendo essa realidade até o resto do mundo.
À noite fui assistir a "Madagascar II" com minha filha. O cinema, mesmo numa sessão noturna, estava cheio. Decididamente as pessoas estão mais a fim de diversão e gracinhas de bichinhos numa África, onde o bem (a amizade, o amor entre pais e filhos, a lealdade) sempre vence o mal.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A primeira pedra

Passei assoviando pelo corredor do meu local de trabalho e alguém me perguntou se eu estava feliz. Feliz, eu? Não exatamente. É engraçado isso: não assovio apenas quando estou feliz e relaxada. Mas estou longe de estar infeliz. Continuo ciente de que 2008 foi um ano de muitos progressos e mudanças positivas na minha vida. Termino o ano com saúde (aparentemente) e bem mais em paz comigo mesma.
Venci alguns desafios e me sinto mais forte que há um ano.
O que falta? Muita coisa, mas principalmente a capacidade de encarar e administrar melhor as diferenças, os conflitos em potencial. Como sou muito exigente comigo mesma, tendo a ser assim com as outras pessoas e vou da extrema admiração (cada vez menos, é verdade) a um certo grau de desprezo e irritabilidade com muita facilidade.
Como é difícil viver em sociedade. Tem horas que dá vontade de ter coragem de se isolar do mundo e viver como ermitã. Não, não tenho vocação para isso: gosto de conversar, dançar, namorar, cantar em grupo, embora também aprecie bastante a minha companhia.
Para não ficar só no meu umbigo, gostaria de comentar o resultado de uma pesquisa que li em OFiltro: 43% dos brasileiros entrevistados concordam com a máxima "bandido bom é bandido morto". É engraçado que hoje vim para o serviço pensando numa notícia que li num jornal local sobre um pai preso após abusar sexualmente de um casal de filhos (de 9 e 6 anos). Minha primeira reação foi "Esse cara tinha que morrer. Fazer uma coisa dessas com seus próprios filhos, duas crianças!" Mas depois imaginei que um monstro desses deve ter passado por algum trauma para fazer isso e, portanto, merece tratamento.
Enfim, continuo discordando que "bandido bom é bandido morto". Até porque se essa máxima for levada ao pé da letra, quem vai sobrar? Não sou religiosa, mas me pergunto quem são os puros para julgar os demais e jogar a primeira pedra?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O triste fim de Marcelo Silva

Que os meus diletos leitores me desculpem, mas não posso deixar de comentar o caso do ex-marido da atriz Suzana Vieira, por ser tão emblemático de nossa sociedade atual. Peço desculpas também ao escritor Lima Barreto por pegar emprestado o título do seu livro mais famoso.
É lugar comum dizer que vivemos numa sociedade enlouquecida, onde, por exemplo, a polícia que deveria proteger mata e tortura. Vejamos três casos que estão na mídia hoje: o do torcedor do São Paulo, assassinado por um tiro de um PM em Brasília (hoje li declarações do advogado do PM que diz que seu cliente está "em estado de choque". Por que será que todo PM fica em estado de choque quando mata alguém? Matar e morrer parece tão banal na vida deles...); o dos PMs presos sob acusação de terem torturado uma equipe do jornal "O Dia" no Rio de Janeiro, e dos PMs absolvidos pela morte do menino João Roberto também no Rio. Que polícia é essa que chega atirando num carro de uma mulher e duas crianças? Que razões justificam a absolvição desse PM despreparado? Ele vai continuar em serviço matando quem deveria proteger?
Finalmente, volto ao ponto de partida. O ex-marido de Suzana Vieira, por acaso (?), também é ex-PM, mas encontrou boa vida ao lado da atriz, que ocupou páginas e páginas de revistas de celebridades ao lado do "grande amor" que a traiu publicamente, foi perdoado, traiu novamente e sei lá mais o que aprontou. (Só leio esse tipo de revista quando vou ao salão fazer minhas unhas, uma vez a cada 15 dias). No último escândalo, o cara espancou a amante que tornou público o caso deles, mas foi perdoado pela namorada/amante/idiota, que passou a circular com ele por locais públicos e aparecer nas revistas e sites.
Final feliz para os pombinhos? Nada isso: uns 20 dias depois de toda essa baboseira, o cara morre aparentemente de overdose de cocaína dentro de um carro sozinho (?). Que final mais lamentável! Dispensa comentários.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Catarse

Acabo de dar meu giro supersônico pelos jornais e sites do dia. Tem sempre um festival de acontecimentos graves e pitorescos, como a história do cão (mostrada ontem no noticiário de TV) que arriscou a vida para tirar seu "amigo" (outro cachorro, que tinha sido atropelado) da pista, impedindo que virasse aquela massa informe no asfalto.
Tem notícias tristes relacionadas a mortes brutais e casos de tortura feita por PMs (será que um dia isso vai parar?) e outras do mundo das celebridades. Algumas fúteis como a da atriz Cristiana Oliveira que finalmente "conseguiu o equilíbrio e se livrou do vício das dietas" e outras tristes para quem acompanha o carnaval carioca há muito tempo: o cantor Neguinho da Beija Flor está tratando um câncer e talvez não tenha forças para puxar o samba enredo este ano.
A notícia mais importante do dia, na minha opinião, é o julgamento pelo STF da reserva Raposa Serra do Sol, que acontece hoje. Caberá aos juízes decidirem pela demarcação contínua e conseqüente expulsão dos rizicultores ou pela criação de "ilhas", com a demarcação descontínua. O resultado será muito importante porque deverá influenciar outras decisões envolvendo questões indígenas. Ontem, por acaso, assisti ao editorial do Jornal da Band (apresentado por Joemir Betting), e por tudo que já li e acompanhei sobre o caso também estou ao lado dos que torcem pela desmarcação descontínua. Seria mais "simpático" ficar ao lado dos índios sempre, mas o caso é bem mais complexo do que imaginam nossos amigos do litoral.
Um último comentário antes de encerrar esse posto: pouco tenho assistido à novela "A Favorita" por motivos de agenda, mas ontem, como sempre, o capítulo foi eletrizante. Aquela história do deputado Romildo Rosa vender armas ("É para um colecionador", justifica, irônico, ao seu assessor paspalho) e logo depois a filha ser atingida por uma bala perdida durante um confronto entre policiais e ladrões (os mesmos que acabaram de comprar as armas do pai) é fantástica! Ah se na vida real a justiça viesse assim tão rápida e exemplar ...
Mesmo que não seja isso, é ingenuidade pensar que algum figurão traficante de armas se veja por um instante na cena? É ingenuidade sim. O tráfico de armas e drogas movimenta uma quantidade enorme de dinheiro e acho que uma cena de novela das 8, por mais dramática que seja, não vai modificar o curso da história. A gente apenas vive o que os gregos chamavam de catarse.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ressaca

Estou me tornando uma "blogueira" de um assunto só: canto coral. Mas falar de quê? Da crise? Todo mundo já está falando e até eu tive que fazer uma matéria sobre o assunto para a edição de final de ano da revista Produtor Rural (aliás, ficou bem interessante).
Falar de futebol? Não me sinto diretamente afetada por nenhum dos últimos resultados que eletrizaram o país, como uma botafoguense que experimentou ser fanática aos 15 anos (faz tempo ...) e desistiu, levada por uma decepção daquelas que marcam a alma (a perda do Campeonato Carioca no último minuto do segundo tempo com um gol de Lula do Fluminense de escanteio do qual me lembro como se fosse hoje).
Falar das desgraças do dia-a-dia? Não, hoje não quero. Quero apenas celebrar a bela apresentação do Cantorum ontem na Igreja do Bom Despacho. Aliás, ontem deve ter sido o dia que mais cantei na vida: três horas de ensaio pela manhã e mais umas três (entre concerto e ensaio final) à noite.
Fizemos um ótimo trabalho. Confesso que pintou uma pontinha de tristeza quando vi que nenhum dos meus amigos estava na platéia, mas acredito que alguns irão hoje ou quinta-feira. Se não forem, eles é que estarão perdendo.
Estou aprendendo a só ser (citando Gilberto Gil numa de suas composições mais inspiradas) ... a usufruir o melhor de cada pessoa e não esperar mais do que cada um (inclusive, eu) pode dar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Cantar e cantar e cantar...

Esta semana está sendo uma das mais interessantes da minha vida. Durante o dia, entre outros afazeres de uma mulher típica da minha geração (que trabalha, cuida de casa, faz compras, paga contas e resolve os problemas das filhas), tenho trabalhado incansavelmente numa matéria sobre a crise financeira global e seus desdobramentos para o agronegócio. Uma responsabilidade e tanto na medida em que se trata de um assunto muito falado na mídia, mas que sempre possibilita outros olhares e interpretações.
À noite, bom, à noite eu canto. Excepcionalmente tivemos ensaios do coral Cantorum na segunda-feira, terça, quarta e quinta. Teremos ensaio no domingo de manhã e concertos à noite, na segunda e quinta.
Ontem, o ensaio durou mais de três horas, mas foi maravilhoso. Aos poucos, as pessoas, com todas suas dificuldades, estão começando a "ouvir" a música, o canto das outras vozes e é isso que mais me fascina no canto coral: o conjunto de vozes, concretizando os desejos, viagens e intenções do compositor.
A obra mais fascinante, na minha opinião, é a Missa Florida, de nosso colega de coral, o cuiabano Gilberto Nasser. É extremamente difícil (são cinco partes), mas muito rica por tentar trazer para a música erudita ritmos tipicamente regionais, como a guarânia.
Vale a pena conferir! Afinal não é todo dia que temos um novo compositor erudito na praça.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ainda sobre Ruanda

Ontem uma notícia me chamou atenção no emaranhado de notícias "mundo cão/esquisitices/celebridades" do portal Terra. O título era mais ou menos assim: "Cantor condenado por genocídio". Fiquei curiosa, afinal, não é toda hora que um cantor é condenado por genocídio, embora muitos devessem ser condenados pelas bobagens que cantam.
A matéria falava da condenação de um cantor de Ruanda pelo crime de incitar o massacre de tutsis e hutus moderados durante o genocídio em seu país em 1994, exatamente o tema do filme que comentei há dois dias.
Pelo que li outras lideranças de Ruanda estão sendo julgadas e condenadas por algum tipo de participação no genocídio por um tribunal.
Não sei se isso serve de consolo, mas sempre é bom saber que aquilo tudo não foi esquecido, embora outros genocídios continuem acontecendo na África. Será que esse ódio terá fim um dia e a utopia de John Lennon se realizará?
Imagine all the people
Living life in peace
You can say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Concertos do Cantorum

Hoje só quero aproveitar este espaço para divulgar a agenda de apresentações do Cantorum, que começa no domingo, dia 7, com um concerto na Igreja do Bom Despacho, no Centro de Cuiabá; no dia 8, cantamos no Centro Cultural da UFMT, e no dia 11, estaremos no auditório do Cefet. Todos os concertos serão às 20h e gratuitos.
Esta semana estamos trabalhando duro para dar conta do recado, com ensaios diários, de modo a aparar as arestas e garantir uma bela apresentação. O repertório é variado, erudito e vai da Idade Média à música contemporânea. Aliás, a peça que mais desperta minha emoção é justamente a Missa Florida, em cinco partes, de nosso colega de coral, Gilberto Nasser (integrante do grupo vocal Alma de Gato). Será a estréia da missa e eu acho isso - participar da première de uma peça musical - simplesmente o máximo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Hotel Ruanda

Assisti neste fim de semana com alguns anos de atraso ao filme "Hotel Ruanda". Para quem não conhece, é um filme nenhum um pouco descartável. Fiz questão de assistir ao DVD com uma das minhas filhas para que ela conhecesse uma realidade bem distante de seu dia-a-dia. O filme, de 2004, conta a história de Paul Rusesabagina, que salvou 1268 pessoas do genocídio ocorrido em seu país em 1994 por causa das eternas brigas entre hutus e tutsis.
Tem um momento no filme emblemático em que o ainda ingênuo Paul, gerente de um hotel quatro estrelas na capital de Ruanda, agradece ao cinegrafista europeu (acho que britânico) por ter mostrado ao mundo imagens do genocídio. O jornalista responde que as pessoas vão assistir às imagens, pensar "que horror" e continuar a vida normalmente.
Apesar do pessimismo (e realismo) da mensagem e da falta de respostas para as atrocidades que continuam assolando muitos países da África em função de conflitos étnicos e/ou religiosos (estimulados no passado pelo branco colonizador), o filme traz um sopro de esperança pelo comportamento ético e corajoso de Paul (que vive hoje com sua família na Bélgica) e de outros personagens do filme, como o chefe da força de paz da ONU (a organização lavou as mãos, mas o tenente interpretado pelo ator Nick Nolte, leva sua missão, ainda que restrita, com enorme bravura), e representantes de ONGs que permanecem ao lado das vítimas do massacre, ao contrário da maioria dos brancos que abandonam Ruanda à sua própria sorte ao primeiro sinal de perigo.
Vale a pena assistir, mesmo que a gente toque a vida normalmente no dia seguinte. No mínimo, fica uma sensação de inquietação e o desejo de estar mais próximo de Paul e outros personagens do filme do que das pessoas que seguem matando bestialmente. Não deixem de assistir ao extra contando a história de realização do filme, que traz depoimentos do próprio Paul, interpretado pelo ator Don Cheadle (maravilhoso).