sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Até a vista ...

Aos meus leitores, que acompanharam este blog assidua ou esporadicamente ao longo de 2009, meu muito obrigada. De coração!
Este blog tornou-se muito importante para mim e é sempre com carinho que lhe dedico alguns minutos do meu dia. Ele me ajuda a me entender no mundo e a lidar melhor com a sensação de perplexidade, medo e solidão que está sempre à espreita.
Este post não é necessariamente uma despedida, mas saio de férias amanhã e preciso me permitir um descanso da telinha e do teclado do computador.
Se der vontade, posso escrever um dia ou outro, mas só ser der vontade ...
Desejo a todos vocês um Natal bacana. Nós, que fazemos parte da parcela da população mundial que come bem diariamente, tem um teto e até se preocupa em dar e receber presentes, temos que nos empenhar em manter a harmonia e, se possível, estender um pouco dessa nossa felicidade a quem tem menos - em todos os sentidos. É claro que a felicidade não se mede pela posse de bens materiais, mas é duro pensar em "festas" de fim de ano com a casa derrubada ou inundada pelas chuvas e sem comida na mesa.
2010 pode ser um ano igual a qualquer outro ou melhor. Existe um componente - que uns chamam de destino, outros de Deus - que interfere na nossa vida e que ainda não consigo entender. Mas quero acreditar que se a gente pensar e planejar coisas boas algo de bom virá. Se não vier pelo menos a gente não sofreu por antecipação, não é mesmo?
Portanto, um ótimo 2010 para todos!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Concentração

Hoje tenho que usar todo meu poder de concentração para não pensar nas pessoas queridas - e desconhecidas - que me mandam mensagens de fim de ano; não me ligar em tantas coisas boas que poderão acontecer comigo a partir do dia 1º de janeiro; não ficar pensando em tudo de bom - e de não tão bom - que me aconteceu em 2009; e principalmente não pensar que minha filha caçula viaja à noite para Ribeirão Preto (segunda fase do vestibular da Unesp) e que a gente só vai se rever na véspera do Réveillon.
Ainda tenho uns textos para escrever e rever e preciso manter meu pensamento voltado para o agronegócio que paga minhas contas e mantém minha família alimentada.
Há alguns dias falei de uma menina (de 14/15 anos no máximo) que fez um discurso lindo como oradora na formatura de sua turma (8ª série - fim do 1º Grau). Hoje quero falar de outra grata surpresa: ontem, no Chorinho, conheci uma menina de 15 anos que canta samba lindamente, toca tamborim e é super simpática. Não sei detalhes, mas parece que é neta e filha de gente que gosta de samba, mas conversando com sua mãe descobri que a menina (Ana Rafaela) canta no Praticutucar - um trabalho com crianças maravilhoso da Rejane De Musis - e tem aulas de violão com Pio Toledo - um velho conhecido de Corumbá, que hoje mora e trabalha com música em Cuiabá.
Fiquei feliz. A gente se liga muito nos jovens sem limites e esperanças, mas às vezes não percebe quantos meninos e meninas bacanas estão surgindo por aí, que apreciam música de raiz, literatura de qualidade, que têm informações para decidir o que querem. Nesse sentido, é muito importante o trabalho de pessoas como Rejane e Pio.
Modestamente também dei minha pequena contribuição - e quero continuar dando - quando estive professora em Cáceres e Cuiabá. Volta e meia reencontro ex-alunos pela noite (ontem mesmo encontrei uma ex-aluna da Unic) e, em geral, sinto que de alguma maneira transmiti algo de bom para eles.
Entre as mensagens de Natal que recebi a que mais gostei foi a da fábula dos dois cavalos, enviada por minha sobrinha, Bel. Um era cego e mais velho, e o outro enxergava e tinha um sino. Por sabedoria do dono, ambos permaneciam juntos e se ajudavam. Na maior parte do tempo, o cavalo cego se guiava pelo sino do mais jovem, que aprendia com a experiência do mais velho.
A vida é assim, nem sempre idade é sinônimo de sabedoria e a gente está sempre aprendendo , com bichos, bebês, crianças e até com gente mais velha. O importante é estar sempre aberto ao conhecimento e a novas amizades.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Viajando com o blog

Hoje pela manhã li a última postagem no blog do meu sobrinho, Júlio César, criado por ocasião de seu "ataque" ao cume do Cotopaxi, uma montanha gelada no Equador (maiores detalhes em http://juliocba.blogspot.com/). Para mim, que não tenho a menor intenção de me lançar numa aventura dessas, foi uma delícia acompanhar o planejamento, expectativas e o diário da viagem, e ficou mais emocionante ainda pelo fato de eu conhecer o autor da aventura desde pequeno (na verdade, não espalhem, eu o carreguei no colo).
Por incrível que pareça, não sei quem inventou o blog, mas eu a-do-rei! Além de permitir a troca de informações, emoções entre as pessoas, é um viva à diversidade. Encaro o blog como um diário, por isso, para mim ele é quase intimista, mas é claro que estou consciente que é uma intimidade bem relativa, do tipo "só estou contando para você e a torcida do Flamengo".
É como discursar para uma plateia bem grande. Para mim, é uma experiência mais palatável do que falar para um grupo de 10 pessoas, Ou seja, você se concentra em si mesmo e se joga no abismo sem medo de ser feliz.
Com Júlio César constata-se mais uma utilidade incrível do blog: é um diário de viagem online e compartilhado. Fico pensando se meu blog já existisse quando fiz minha primeira viagem à Europa aos 17 anos ... Será que eu me exporia da mesma forma que me expus no caderno guardado até hoje como tesouro?
Enfim
, os tempos mudam, mas a vontade de se comunicar, compartilhar e registrar para o futuro nossas descobertas e sensações não muda.
Torço para que Júlio (e outras pessoas da família que têm o hábito de viajar) coloque sempre suas experiências de viagem no ar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Momento de devaneio: planejando as férias

Está cada dia mais difícil me concentrar a poucos dias do início das férias - o primeiro período de férias de verdade (com direito a 30 dias de descanso, com tudo que determina a lei). desde 2002 .É bem verdade que, por opção, vou voltar ao batente uns três dias antes por conta de uma viagem de trabalho (vale a pena o sacrifício, mas pretendo compensá-los - os dias trabalhados antes do fim das férias - mais à frente ...)
Não consigo deixar de pensar no que pretendo fazer no Rio e, entre os programas habituais (praia, idas à Lapa e aos quiosques da Lagoa), inclui a partir de hoje uma visita ao bairro da Urca por conta de uma reportagem lida numa revista da TAM encontrada na sala de espera do consultório do meu oftalmologista.
Sempre gostei da Urca (fiz meu curso de Comunicação perto do bairro, no campus da UFRJ da Praia Vermelha) e minha memória afetiva guarda visitas ao Pão de Açúcar (incluindo o Noites Cariocas, que funcionou lá nos anos 80), à Praia Vermelha propriamente dita (só pra olhar a paisagem) e uma excursão de colégio deliciosa ao Forte São João (com a turma do Santo Inácio). A Urca me lembra minha mãe, já falecida, talvez por causa do estúdio da extinta TV Tupi que funcionava lá no antigo Cassino da Urca. Agora quero percorrer a pista Cláudio Coutinho e já coloquei esse passeio na minha lista de prioridades.
Tem tanta coisa para ver no Rio, mas o tempo passa tão rápido quando estou lá. Minha programação deste ano inclui ida a oftalmologistas (para ver o lance do ceratocone), a um homeopata (para levar uma de minhas filhas) e um dia no Consulado norte-americano para tirar o visto. Inclui ainda uma ida a Barra Mansa, no interior do Estado do Rio, onde mora uma das minhas irmãs (para a festa do Natal), e a Sorocaba-SP ( para o casamento de uma sobrinha neta).
Ufa ... Tenho realmente que ficar esperta para fazer o tempo render, mas é férias... preciso descansar e relaxar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O amanhã

Fui escovar dentes e, nesse meio tempo, o tema do meu post de hoje mudou completamente. Estive conversando com uma moça que trabalha no Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), na Famato, e descobri que ela veio de São Paulo para morar em Cuiabá. É interessante como a gente conhece tão pouco as pessoas que trabalham na sala ao lado.
Perguntei a ela se se adaptou fácil a Cuiabá e a resposta foi afirmativa. Esse papo, o fato de minhas filhas estarem querendo ir estudar fora daqui e até meu próprio futuro me fazem pensar sobre essa capacidade - e desejo de migração - das pessoas. Tem gente que parece que tem bicho carpinteiro e não consegue se estabelecer em lugar algum; tem gente que parece ter nascido com o pé amarrado na cama e não consegue se afastar do seu rincão natal.
Eu me situo no meio termo. Tenho preguiça de me mudar, tenho medo de não me adaptar e sou apegada à família e a amigos, mas adoro novidade e tem um lado meu que sente a maior atração pela mudança: de ares, de trabalho, de cidade, até de estado. Nasci em Corumbá (MS), cresci no Rio de Janeiro, me mudei para Cáceres (MT) - uma cidade muito parecida com a minha Corumbá, onde vivi apenas dois anos - e depois para Cuiabá.

"O que será o amanhã?
Como vai ser o meu destino?" (samba enredo da escola de samba União da Ilha, em 1979)

Tem horas que sinto uma vontade imensa de voltar pro litoral, em outros momentos sinto-me definitivamente atraída por esse Mato Grosso - ainda selvagem, inexplorado e cheio de oportunidades.

"Como será o amanhã?
Responda quem puder"

Eu, por enquanto, não sei.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ritos de passagem

Ontem foi a formatura da minha filha caçula. Ela terminou o terceiro ano do ensino médio. Foi uma bela festa apesar de chuva torrencial que caiu sobre Cuiabá. Bons discursos, significativos, sobretudo o do professor de literatura, paraninfo de uma parte dos formandos, o professor Leão, que demonstrou na solenidade de colação de grau ter uma ótima sintonia com os alunos, mencionou grandes poetas como Manoel de Barros, citou versos conhecidos de canções da MPB e falou sobre a importância da família estar unida na busca da felicidade.
Uma menina, oradora da turma do 9º ano do ensino fundamental, filha de um casal de jornalistas de Cuiabá, foi a grande revelação da noite, com um discurso original, comovente e provocante. Brinquei com sua mãe na saída: "Será que ela vai querer ser jornalista?" Tomara, precisamos de jornalistas com textos tão criativos e que, ao mesmo tempo, tenham algo a dizer.
Depois da colação de grau, muita alegria, dança, bebidas (ah, como essa moçada bebe ...)
Para mim, tudo foi muito significativo. Esta semana, no Rio de Janeiro, teve um jantar comemorativo dos 35 anos da minha formatura de ensino médio, no Colégio Santo Inácio (CSI). Mais uma vez não pude participar, trocar figurinhas com os colegas cinquentões e brincar de se reconhecer depois de tantos anos sem se encontrar.
Como disseram todos ontem a formatura é mais uma etapa que se fecha na nossa vida. Agora, muitos desses jovens - no caso dos colegas da minha filha - vão fazer faculdade fora de Cuiabá e, talvez, se revejam apenas ocasionalmente, mas as amizades feitas quando temos 15, 16, 17 anos são tão bonitas e marcadas pelas descobertas e, sobretudo por sonhos em comum, pela possibilidade do se fazer que, na verdade, não acaba.
Por tudo isso - pelas lembranças, pela alegria e a emoção - , dedico hoje essa postagem a Marina, a formanda da vez, linda, cheia de vida aos 17 anos; a três amigas que marcaram especialmente a minha fase inaciana: Cristina, Mila e Cynthia. e alguns amigos, Augusto, Saboya, Albuca, Velho, Ventura, Rodolfo, Brandão, entre outros, que foram meus primeiros amigos, de verdade, do sexo masculino. Explico: nunca tive irmãos da minha idade, minha família sempre foi mais feminina do que masculina e até então eu estudava em colégios de freiras e só de meninas.
Os três anos que passei no Colégio Santo Inácio foram grandiosos!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Deu certo!

Pessoal, consegui retomar minha curta vida de blogueira! Aleluia!
A turma da informática conseguiu permitir que eu gerencie meu blog do meu computador de trabalho. Por isso, por enquanto, só tenho que agradecer aos rapazes por sua compreensão e contribuição à continuidade de um projeto mais pessoal que profissional.
Continuarei podendo lançar meus textos ao vento sem saber quem vão atingir - e quando - na construção dessa nossa civilização tão sofisticada e, ao mesmo tempo, brutal, onde as mesmas ferramentas que aproximam podem distanciar, que promovem a solidariedade e o conhecimento podem incentivar o ódio, o preconceito e o desamor.
Agora tenho que retornar aos meus textos para a revista.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vida de blogueira

É engraçado como às vezes a gente não se dá conta do prazer que sente em algumas coisas. Só agora percebo como me dava prazer poder compartilhar com meus leitores virtuais (alguns conhecidos, outros inesperados) as agruras e delícias do meu dia a dia. Comentar minhas alegrias, decepções, frustrações. Falar de música, política, violência, filhos, amor, vida e morte. Fazer novos contatos, ampliando a rede de amigos. Sentir-se um pouco menos sozinha nesse mundão, estivesse eu em Colniza, no extemo noroeste de Mato Grosso ou em Cuiabá.
Inesperadamente esse prazer meu de todo dia foi interrompido por uma política de controle da empresa onde trabalho. Falei com o rapaz responsável pelo serviço que preciso gerenciar meu blog. Faço isso no meu horário de almoço, juro que isso não atrapalha meu rendimento no serviço. Muito pelo contrário: me ajuda a manter a serenidade, tantas vezes ameaçada.
Minha vida de blogueira está por um fio, já que não sinto o mesmo prazer de escrever à noite - e ainda corro o risco de cometer mais erros de digitação, já que não enxergo muito bem a tela do computador.
Ele prometeu resolver meu problema. Mas essas coisas de controle interno da rede são complexas ... Não sei quando vai conseguir. Enquanto isso, vou tentar escrever o que me vem à cabeça para postar na hora que der, mas não é a mesma coisa. Gostoso é escrever e saber que o texto está flutuando no espaço, como uma folhinha de papel que o vento fosse levando não se sabe para onde.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Agonia

Geralmente mexo com o blog no meu horário de almoço, mas desde ontem à tarde não estou conseguindo postar nada por causa de um mecanismo maluco instalado no servidor da empresa. Há esperanças de que isso mude. mas enquanto a situação persiste, não sei o que fazer. Hoje cheguei em casa depois das 23h e não tenho condições físicas de postar mais nada.
Só quero contar que tem uma entrevista minha chiquérrima no site http://www.agonia.net/, um site internacional dedicado a assuntos literários. Se alguém se interessar em ver, entre no endereço já mencionado e clique na bandeirinha do Brasil. Vai encontrar textos - poemas, crônicas e contos - e notícias interessantíssimos.
Torçam para que esta minha agonia acabe logo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Violência e coerência

Estou pensando seriamente em me dar férias no blog, embora ainda não esteja de férias na revista Produtor Rural. Mas não sei se consigo.. Como já disse anteriormente, eu me viciei no blog, portanto, amigos leitores, não esperem muita constância ou coerência da minha parte nos próximos dias.
Até por que a coerência não anda muito em alta no nosso mundo.
Hoje , por exemplo, estou perplexa com a fúria das pessoas pós-final do Brasileirão. Uns choram e brigam porque seus times foram rebaixados, outros porque foram campeões. Não consigo entender tanta paixão, tanta violência e tanto descontrole.
Realmente ser jogador de futebol, técnico ou árbitro virou uma profissão de risco, não dos riscos inerentes à profissão, provocados por quedas, encontrões ou até faltas maldosas, e sim do ódio de pessoas que está acima da minha compreensão. Não acredito que os torcedores do Coritiba destruíram um estádio, agrediram pessoas só por causa do amor pelo clube.
Apesar de tudo, iniciei a semana cheia de projetos para 2010 e cheia de esperança, embora saiba que tudo pode vir água abaixo (ainda mais com tanta chuva no país) num piscar de olhos. Mas a gente tem que acreditar e pensar e planejar e sonhar, senão perde a alegria de viver.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Água de beber

Preciso urgentemente de férias! Minha cabeça está a mil e não consigo sair de frente do computador para caminhar um pouco. É bem verdade que o tempo está chuvoso e pouco convidativo para uma caminhada.
Acabei de responder a uma entrevista por email. As respostas serão publicadas na versão em português do site www.agonia.net Gostei da experiência. É incrível como a gente descobre coisas sobre si mesma quando é entrevistada.
Ando me descobrindo nos últimos dias, ainda que timidamente. Há uma semana, no (re)lançamento do meu livro (Cantos de amor e seresta, ops, ato falho, o nome do livro é Cantos de amor e saudade) em Cáceres fiz uma fala de 14 minutos que minha filha Marina registrou em vídeo sem que eu pedisse. Foi muito gostoso me ouvir dois dias depois. Modéstia à parte, eu percebi uma vivacidade, uma emoção, uma alegria em mim que desconhecia.
No meio da semana, no evento de comemoração do Dia Nacional do Samba, no bar Choros & Serestas (o Chorinho), eu me descobri como cantora. Foi muito legal.
Hoje, ouvindo rádio em casa enquanto trabalhava, ouvi algumas músicas que adoro. Em uma delas, "Água de beber", o poeta Vinícius de Morais diz:
"Eu quis amar mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor guarda um segredo
O medo pode matar o seu coração
...
Eu nunca fiz coisa mais certa
Entrei pra escola do perdão
A minha casa vive aberta
Eu abri todas as portas do meu coração"

É isso que eu quero. Ainda não consegui. Sei que "o medo pode matar o 'meu' coração" Estou fazendo tudo para abrir "todas as portas do meu coração", mesmo que isso me deixe apavorada.

PS. Sempre que menciono alguma música, costumo pesquisar a letra no Google para ver se eu não postei errado e não é que acabei de descobrir uma coisa incrível: "Água de beber" tem uma terceira estrofe que eu desconhecia, embora tenha cantando essa canção várias vezes num coral. Ela diz assim:
"Em sempre tive uma certeza
Que só me deu desilusão
É que o amor é uma tristeza
Muita mágoa demais para um coração"

Caramba! Vou ficar mesmo com as duas primeiras estrofes.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quem bate para ensinar ensina a bater

Hoje, no horário de almoço, vi uma reportagem interessante no telejornal Hoje sobre a violência contra crianças, na verdade sobre o uso de castigos físicos pelos pais. A matéria falava sobre um movimento envolvendo crianças de vários países, inclusive o Brasil. O mais bacana foi ver algumas dessas crianças falando sobre o assunto com propriedade.
O slogan da campanha é: "Quem bate para ensinar ensina a bater".
Gostei de saber que pessoas estão se mobilizando em torno do assunto. Estou longe de ser santa, mas sempre detestei a violência. É claro que em alguns momentos já dei umas palmadinhas nas minhas filhas e não faço drama sobre isso. Mas sempre fui e sempre serei contra a violência, embora tenha conhecido pessoas aparentemente "normais" que me relataram ter sofrido castigos/surras cruéis de seus pais. Não posso assegurar se ter sido alvo ou não desse tipo de violência torna as pessoas mais bem sucedidas profissionalmente, ou responsáveis socialmente, ou simplesmente mais ou menos apegadas a seus pais, mas acho injusto alguém maior, que detém um poder sobre o outro (emocional, financeiro), lançar mão dessa situação para provocar dor e humilhação.
Penso também que violência gera violência. Sei que é típico do ser humano bater, agredir, porém, no meu ponto de vista, isso não nos torna maiores. Muito pelo contrário, isso só comprova o nosso lado bestial.
Acredito que pessoas criadas em meio a gritos, espancamentos, tendem a encarar esse comportamento como normal e repeti-lo ao longo da vida. Mas sei que o tema é controverso. Pelo menos está sendo discutido de forma mais autêntica e do ponto de vista de quem sé vítima da violência.

PS. O fato de eu ser contra a violência não significa que eu seja a favor de crianças mal educadas e sem limite. Nunca fui do tipo de mãe que muda a decoração da casa por causa dos filhos, nem que permite que suas crianças sejam execradas por seu comportamento durante visitas a casas de amigos/parentes ou a locais públicos. E tenho verdadeiro horror a pais omissos e/ou ausentes, do tipo que esquece filho na escola ou não faz o menor esforço para prestigiar o pimpolho na festinha da escola.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dia Nacional do Samba

Hoje é Dia Nacional do Samba. Fiquei sabendo disso quando vi o telejornal Hoje. Sei que tem um monte de coisas gravíssimas acontecendo mundo afora: chuvas no Sul, explosão de corrupção em Brasília, conferência sobre mudanças climáticas pintando na parada. Aqui em Cuiabá continua fazendo um calor dos diabos. Junte-se a isso o trânsito cada dia pior e temos motivos suficientes para aquele clima estressado de final de ano.
Mas hoje é Dia Nacional do Samba. Então, vamos nos permitir relaxar um pouco à noite, sambar e cantar samba no bar Chorinho (Choros & Serestas) - o templo do samba em Cuiabá.
Ligo esse assunto a uma frase da escritora e apresentadora Fernanda Young, que li ontem. Não sou ligada nela, mas gostei muito do que falou em entrevista ao jornal O Globo numa crítica a obsessão das mulheres quarentonas pela juventude: "... ser jovial é bem mais fácil do que parecer jovial: basta manter vivacidade, o amor pela vida". Falou tudo!
É isso que tornava a minha biografada, Estella Ambrósio, tão jovial aos 90 anos, e é a falta disso que faz muita gente jovem parecer velha e sem sal.
O samba é a minha chave para a jovialidade, por isso "Viva o samba!", que expressa sentimentos em versos simples e tem a chave para acionar nossa alegria, vivacidade e amor pela vida.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

É dezembro!

Com o início de dezembro e a saída de férias a partir desta quinta-feira de três companheiros da revista Produtor Rural, estou me sentido em ritmo de férias. Mas preciso botar a cabeça no lugar (só terei férias a partir do dia 21 e ainda tenho muito o que fazer), mesmo que esta semana tenha começado com almoço de confraternização do Sebrae-MT e à noite também tenha sido de "festa" graças à posse da diretoria da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso). Na quinta-feira vai ter café da manhã para a imprensa na Famato e na sexta confraternização o dia inteiro para os funcionários da Famato (para quem não sabe a revista Produtor Rural é da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso - Famato).
Enfim, fica difícil não ganhar uns quilinhos a mais neste mês de dezembro ...
É um mês estranho: cheio de expectativas por causa do Natal, Ano Novo, e de pressão consumista por conta das festividades de fim de ano. Tempo de confraternizações, de balanços, de mensagens repetitivas com todo aquele blá-blá-blá característico da passagem de ano e em que os contrastes entre a sociedade estabelecida e os que estão simplesmente à margem ficam mais exarcebados.
Digo isso porque todo dia, no caminho de casa pro trabalho, passo de carro por um grupo de moradores de rua (um deles de cadeira de rodas) que se reúne num ponto qualquer da calçada. Penso nessas pessoas com preocupação: qual é a chance de saírem dessa vida? Será que querem realmente sair?
Também hoje passei por uma praça central do bairro Goiabeiras em Cuiabá. Guardadas as devidas proporções, ela me lembra a Praça General Osório em Ipanema. Vi várias pessoas daquele tipo que é um misto de flanelinha, bébado, morador de rua.
Ah, ontem, ao dar carona para uma colega do jornal Folha do Estado, passei por uma rua onde ela disse que se reúnem usuários de crack. Enfim, qualquer semelhança de Cuiabá com cidades como Rio de Janeiro e São Paulo não é mera coincidência.
Pensei na fartura de comida no almoço e no jantar aos quais fui ontem, no escândalo do último mensalão de Brasília, e senti um aperto no coração: o fosso social é cada vez maior e tenho minhas dúvidas se a sociedade se toca que enquanto não houver políticas públicas mais consistentes e duradouras, teremos cada vez mais gente à margem, drogada, disputando migalhas para sobreviver.
Enquanto isso, chovem reclamações sobre a violência urbana, sobra medo e a paranóia só cresce, ampliando ainda mais esse fosso entre as pessoas que, de uma forma ou de outra, vivem atrás de grades.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dinheiro na meia

Depois de um fim de semana recheado de emoções na tórrida Cáceres, eu me sentei diante da TV para assistir a cinco minutos do Fantástico enquanto comia um sanduíche e quase engasguei quando vi as imagens do atual presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (DEM), imprudentemente colocando nas meias maços de dinheiro.
Fiquei chocada! Que país é este em que "autoridades" de alto escalão são mostradas em rede nacional recebendo dinheiro vivo em esquemas de corrupção? A gente já viu mala de dinheiro, dinheiro na cueca, mas ainda não tinha visto dinheiro na meia.
Não sei o que é mais deprimente ver as imagens da corrupção ou as desculpas esfarrapadas dos acusados.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cantos de amor e saudade


Há 15 anos conheci uma senhora em Cáceres que deu outro sentido à minha passagem pela cidade, terra natal de meus antepassados pelo lado materno. Ela se chamava Estella Rodrigues Ambrósio e tinha 87 anos.
Nosso encontro rendeu um livro - "Cantos de amor e saudade - a história de Cáceres contada através das lembranças de Estella", novas amizades e tantas alegrias que nem tenho como contar. E continua rendendo ...
Nesta sexta-feira, dia 27, a edição feita com o esmero e o carinho característicos do pessoal da Editora Entrelinhas, de Cuiabá, será lançada na Câmara Municipal de Cáceres (às 20h).
Confesso que o evento está mexendo comigo. Estou vivendo um turbilhão de emoções: alegria, orgulho e uma pontinha de medo de enfrentar a saudade - da minha vidinha em Cáceres, dos meus amigos, de D. Estella e muitas pessoas que já se foram e me ajudaram a escrever este livro.
Mas, parafraseando eu mesma, a saudade é bem-vinda porque me faz sentir viva, suspirar e acreditar num sentindo para minha vida.
Meu livro não quer "endeusar" o passado e sim resgatar o que ele tinha de belo. E trabalhar a saudade, que ainda aperta o coração e nos enche os olhos de lágrimas de vez em quando, resgatando os nossos ideais e sonhos da infância.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"A implosão da mentira"

"Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente."
Esses versos foram tirados de um poema maravilhoso de Afonso Romano Sant'Anna, "A implosão da mentira", e dizem respeito ao episódio do Riocentro - o caso da bomba que explodiu no colo de um militar no estacionamento de um centro de eventos onde se realizava um show de MPB em comemoração ao Dia do Trabalho. O caso ocorreu em maio de 1980, no governo do ex-presidente João Baptista Figueiredo, e os tempos eram outros. Shows do gênero ainda eram considerados atos políticos e podiam ser alvo de atentados à bomba.
Em cima do fato, foi armada uma farsa política em que os militares, por meio de um IPM (Inquérito Policial Militar), sustentaram a versão de que os dois militares tinham sido vítimas de um ato terrorista de esquerda, é claro. Ambos serviam no Doi-Codi no Rio de Janeiro. Um deles, o sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu no local e o capitão Wilson Luís Alves Machado ficou gravemente ferido, recuperou-se, mas nunca comentou o assunto publicamente.
O poema de Sant'Anna retrata bem o choque entre as evidências do que tinha acontecido e a versão apresentada pelo governo militar.
Eu me lembrei dessa poema hoje, no supermercado, enquanto lia a chamada de primeira página de um jornal cuiabano dizendo que os seguranças envolvidos no caso da morte do vendedor ambulante Reginaldo Donnan, no Shopping Goiabeiras, sustentaram perante o juiz a versão de que ninguém o espancou. Sua morte teria ocorrido em consequência de uma queda na escada.
E quanto às imagens que cansamos de ver na TV em que o vendedor é levado num container até a viatura da PM (e que foram até alvo de uma "brincadeira" numa festa à fantasia realizada na capital há cerca de um mês)) e aos depoimentos de uma ascensorista e de um encarregado da limpeza que dizem ter visto um homem desfalecido e ensanguentado, e muito sangue nas paredes da sala para onde foi levado?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Me poupem!

O mundo inteiro fala sobre redução de emissões de gases de efeito estufa. O governo discute propostas a levar para a Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 15), que acontecerá em dezembro, em Copenhague (Dinamarca) e representantes de vários países trocam acusações sobre o não comprometimento de cada nação com a causa ambiental em prol da sobrevivência do Planeta, acuado pelo aquecimento global.
Mas leio nos jornais de hoje que o Brasil aumentou suas emissões. Chego em casa e vejo uma reportagem no Jornal Nacional sobre os impactos na economia e na qualidade de vida das pessoas do sufoco passado no transporte nosso de cada dia. Ouvi uma moça contando que passa cinco horas horas por dia no ônibus para ir e vir do trabalho e seis horas no serviço. Isso é uma loucura!
Um especialista diz que a solução para o problema está na melhoria do transporte coletivo e no fim do individualismo. No intervalo comercial sou bombardeada pela propaganda de carros e me lembro do nosso espanto (meu e das minhas filhas) diante da declaração de uma sobrinha (uma moça de pouco mais de 30 aos) que nunca sonhou em ter um automóvel próprio. Ela é personal trainer no Rio de Janeiro e vai de um trabalho para o outro de bicicleta, faça chuva ou faça sol. Durante esse encontro, ocorrido no domingo, falamos sobre o excesso de carros em Cuiabá e comentei que na casa de uma amiga minha - uma família de cinco pessoas - há quatro automóveis na garagem. Em breve, terá mais um, já que o pai prometeu dar um carro à filha caçula assim que passar no vestibular.
Em suma, muita gente se preocupa com o futuro da Terra, mas quantos de nós estão realmente dispostos a abrir mão do conforto de nosso carro com ar condicionado?
Salvar o Planeta não é tarefa fácil e depende muito mais de atitudes concretas e corajosas do que de discursos ou doações para ONGs ambientalistas.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Unemat

Fiquei alguns dias sem postar nada novo e sei que pelo menos uma pessoa sentiu falta. Desculpe o lugar comum, mas sou da geração que cresceu lendo e se emocionando com o livro "O pequeno príncipe", do escritor/aviador francês Antoine de Saint Exupéry. "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas". Acho que era mais ou menos isso que a raposa dizia ao pequeno príncipe e é assim que me sinto em relação aos leitores deste blog.
Andei em falta com eles nos últimos dias. Culpa do feriado, do calor, da preguiça, do ceratocone que me faz ficar "brigando" com as lentes de contato o tempo todo. Como meus óculos de grau quebraram (ainda não tive tempo de mandar fazer um novo par), ando "fugindo" da tela do computador e deixando de reproduzir neste espaço minhas divagações e reflexões.
Hoje, talvez, deveria falar sobre o fiasco inacreditável e lamentável do "maior concurso púbico do país" (274 mil candidatos inscritos), mas sinceramente nada tenho de novo a dizer, além do que já está publicado em jornais e sites mato-grossenses (aliás, achei tudo tão confuso quanto a organização do próprio concurso).
Lamento, sobretudo, o fato de a responsabilidade maior cair sobre a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), que se mostrou incapaz de organizar um concurso de tamanha envergadura. Seria a chance de Cáceres sair um pouco do ostracismo em que vive e ser protagonista de um episódio do qual o estado iria se orgulhar. Ocorreu exatamente o contrário. Por que a menção ao município de Cáceres? Por que é lá a sede administrativa da Unemat, foi lá que a instituição nasceu, cresceu e se estendeu por vários municípios de Mato Grosso.
Como trabalhei lá de 1993 a 2000, conheço muitos dos personagens envolvidos no imbróglio do concurso. Obviamente não tenho competência para julgá-los, mas uma coisa eu me sinto à vontade para dizer: a Unemat tem uma história muito bacana, é uma universidade muito jovem (o Instituto de Ensino Superior de Cáceres - IESC -, semente da Unemat, foi criado há 31 anos), que deu a oportunidade de crescer a muitos jovens do interior mato-grossense que não teriam condições econômicas de sair de suas cidades para fazer um curso superior.
Infelizmente, a Unemat também herdou os problemas crônicos que, na minha opinião, prejudicam demais o desenvolvimento de municípios como Cáceres e são típicos de outras universidades públicas mais antigas: o corporativismo, o interferência da política partidária mais rastaquera, a divisão por grupos que se engalfinham pelo poder. Aos amigos, tudo; aos inimigos, o ostracismo.
A Unemat trouxe coisas boas para Cáceres, mas poderia ter reflexos positivos muitos maiores para a comunidade, se tivesse uma política de extensão mais contundente e se cada um pensasse mais em termos coletivos e menos no crescimento pessoal.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lançamento

Não sei se falo hoje da minha felicidade ou da minha perplexidade diante de alguns acontecimentos globais. Vamos começar pela felicidade: acabo de falar ao telefone com o vereador Celso Fanaia Teixeira ( o professor Tetinho) que está promovendo o lançamento em Cáceres do meu livro "Cantos de amor e saudade", publicado pela Editora Entrelinhas. Será no próximo dia 27, às 20h, na Câmara Municipal.
Por que fico tão feliz? Porque voltarei a Cáceres, cidade que aprendi a amar e onde vivi por quase 15 anos; porque vou rever amigos queridos; porque terei a oportunidade de mais uma vez reverenciar a imagem de uma das pessoas mais lindas e íntegras que conheci (d. Estella, personagem principal do meu livro) e também de promover o meu trabalho.
Acho que são motivos suficientes para ficar feliz. É muito gostoso sentir o carinho e a empolgação de Tetinho, professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e ex-secretário municipal de Educação de Cáceres, com quem trabalhei na época em que fui assessora de comunicação da Prefeitura local. À medida que a gente vai amadurecendo passa a valorizar mais esses momentos.
Quanto à minha perplexidade, infelizmente, as suas causas não deixarão de existir tão cedo. Vou deixar para comentar o tema em outra oportunidade.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

No front cuiabano ...

Hoje quero comentar duas notícias de política - ou seria justiça? Ou seria polícia?
A primeira é animadora: a Câmara Municipal de Cuiabá cassou ontem o mandato do vereador Lutero Ponce, (PMDB) por quebra de decoro parlamentar. Segundo o jornal Diário de Cuiabá, "após 90 dias de trabalho a Comissão Processante, criada para apurar o suposto desvio de R$ 7,5 milhões do legislativo cuiabano, deu parecer favorável à cassação". Detalhe: as fraudes teriam ocorrido no período em que Ponce presidia a Câmara. Ainda de acordo com o diário, ele foi o segundo vereador a ter seu mandato cassado na história da Câmara Municipal de Cuiabá e isso ocorreu três meses após a cassação de Ralf Leite (PRTB) - aquele que se envolveu com um travesti menor de idade.
Pela primeira vez, desde que moro em Cuiabá há seis anos, começo a botar fé na Câmara Municipal e pretendo agora acompanhar mais de perto os trabalhos do legislativo cuiabano. Ontem, quase atendi ao convite enviado por email para participar de uma vigília cívica em frente à Câmara por causa da sessão que julgaria Lutero Ponce. O relator do processo foi o vereador Lúdio Cabral (PT), meu candidato nas últimas eleições.
A segunda notícia é desalentadora, foi veiculada no portal Terra e replicada pelo blog O Filtro: a justiça proibiu dois blogs cuiabanos de opinarem sobre os processos contra o atual presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PP), contra quem correm - pasmem! - 92 ações por improbidade administrativa e 17 ações criminais. Os blogs censurados pertencem à economista Adriana Vandoni e ao jornalista Enock Cavalcanti. Riva é uma espécie de "imperador" no Nortão mato-grossense e há anos vem se perpetuando no poder, apesar de tantas acusações.
É por essas e outras que tenho tanta dificuldade de convencer minhas filhas de 17 e 19 anos que a política é coisa séria.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O mundo do possível

Acabo de receber mais evidências de que a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que acontecerá em Copenhague (Dinamarca), em dezembro, foi esvaziada. De acordo com nota publicada pelo blog O Filtro, um acordo global com metas assumidas pelos diversos países participantes de redução de emissões de gases de efeito estufa não será possível, por enquanto. A maioria dos países está mais preocupada em não barrar a retomada do crescimento econômico. Ou seja, o meio ambiente que se dane. Aquecimento global, derretimento da calota polar, secas, enchentes, tudo isso deve ser esquecido em nome da (re)aceleração da economia.
O que me entristece é ver que muitas dessas questões são usadas apenas como instrumento de marketing. Fica a constatação mais uma vez de que o que move o mundo é a grana ("Money makes the world go around" - lembram-se do musical "Cabaret"?) Alguma dúvida disso?

domingo, 15 de novembro de 2009

Bom demais!


Parecia até sonho: eu na Chapada dos Guimarães ouvindo música instrumental da melhor qualidade e ainda por cima de graça!
Quem foi para Chapada dos Guimarães neste fim de semana certamente não se arrependeu e teve o privilegio de presenciar o nascimento de um evento que promete ter vida longa. O 1º Festival da Jazz de Chapada dos Guimarães começou com pé direito.
Na primeira noite, sexta-feira, chegamos à rua dos restaurantes por volta de 20h, horário previsto para o início da programação e tinha pouquíssima gente nas cadeiras colocadas diante do palco. Mais tarde, o curador do festival, o contrabaixista Ebinho Cardoso, me contou que também se preocupou se o público viria prestigiar o evento. Ainda bem que veio. No sábado, então, veio muita gente de Cuiabá para assistir a um festival que já nasceu grande, incrivelmente bem organizado, mas com aquele sabor de intimidade que tanto convém ao jazz. Quase todos os músicos que se apresentaram fizeram questão de conversar com a plateia, destacar o nome de Ebinho, desejar sucesso à iniciativa e falar de seu prazer de estar tocando ali.
E foi isso que todo mundo passou: muito prazer de estar tocando um tipo de música de público ainda restrito, principalmente no interior do país. E olha que o 1º festival de jazz da Chapada reuniu muitas feras: foram três apresentações diferentes por noite - a quantidade ideal para que o público pudesse absorver o máximo daquela oportunidade rara.
A primeira noite começou com a dupla Nélson Faria, na guitarra, e José Namen, no teclado. Eles apresentaram alguns temas clássicos do cancioneiro popular como "Chão de estrelas", em interpretações bem suingadas e com excelente domínio da linguagem jazzística. Em seguida, o clima esquentou com o Celso Pixinga Trio, formado pelo veterano contrabaixista Celso Pixinga e dois rapazes muitos jovens no teclado (Bruno Alves) e na bateria (Giba Faveri), e a noite terminou com o som alegre, vibrante e brincalhão do Galinha Caipira Completo de Brasília. A chuva que caiu e o nevoeiro típico da Chapada deram um toque especial à noite.
A segunda noite começou suave com o som dos irmãos Eduardo e Roberto Taufic. Com 10 anos de diferença, os dois irmãos mostraram um entrosamento fantástico. Eduardo, o mais jovem, mora em Natal, Rio Grande do Norte, e Roberto mora na Itália, mas conserva o sotaque nordestino. Apresentaram temas belíssimos como "Fotografia" de Antonio Carlos Jobim. Mais ou menos como na noite anterior, o jazz mais intimista da dupla foi sucedido por uma apresentação mais pauleira e autoral do saxofonista brasiliense Ademir Júnior, que tocou com três músicos mato-grossenses: o próprio Ebinho, o guitarrista Sidnei Duarte e o baterista Sandro Souza. Foi muito bom! Para fechar a noite, o jovem pianista David Feldman apresentou um trabalho que revive o som do lendário Beco das Garrafas, um dos templos da bossa nova no Rio de Janeiro. Ele tocou acompanhado de dois músicos da pesada: o baterista Márcio Bahia e o contrabaixista - cujo nome não me recordo lamentavelmente, mas vou procurar descobrir para registrar aqui - que chegou a tocar no Beco das Garrafas, em Copacabana.
As duas noites foram tão boas que, se me pedissem para escolher qual apresentação gostei mais, teria dificuldade para responder. Foi tudo tão harmonioso, tão agradável que só me resta agradecer o privilégio de poder ter assistido ao início de mais um festival de jazz (sem querer comparar, tive a sorte de ver nascer no Rio de Janeiro o Free Jazz Festival, nos anos 80) e torcer para que venham muitos outros.
Apenas uma observação: os restaurantes da "rua dos restaurantes" não parecem ter se preparado para o evento. O dono de um deles me disse que "não sabia que ia ter mesas na rua". Acho estranho porque eu, que vim de Cuiabá, já sabia que ia ter. Com isso, a gente tinha que ir até o balcão pagar pela bebida ou comida e optava por ir buscar o pedido em alguns minutos ou ficar horas esperando.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vida e morte

Ao contrário da sexta-feira passada, quando chovia torrencialmente em Cuiabá e eu me angustiava com a viagem da minha filha caçula (que já voltou), hoje está um sol de rachar e estou animada com as perspectivas para o fim de semana por causa do festival de jazz em Chapada dos Guimarães.
Isso não impede que a gente se angustie com os temporais malucos que deixam pessoas desabrigadas em várias cidades do Brasil e que pode chegar por aqui a qualquer momento. Junte-se a essa possibilidade a dengue sempre presente, a gripe suína e o caos na saúde pública e pronto, temos uma receita de infelicidade e tragédia.
É impressionante como vida e morte andam tão próximas. Uma das minhas irmãs me contou esta semana que sua filha chegou para trabalhar num prédio do Centro do Rio, onde funcionam os serviços de uma imponente instituição pública federal, e uma funcionária tinha acabado de cair no poço de elevador e morrer. Minha sobrinha chegou a pensar que poderia ter sido ela caso tivesse chegado 20 minutos antes.
No mesmo dia vimos imagens impressionantes na TV da mulher, supostamente bêbada, que caiu nos trilhos do metrô nos EUA e conseguiu sair andando pois os espectadores da cena conseguiram parar o trem que se aproximava.
Isso nos leva àquela velha questão: cada um tem seu dia de morrer e, portanto, não vale a pena a gente esquentar? Ou tudo é imprevisível e ilógico mesmo?
Difícil de saber ... Nesses casos, ter fé ajuda muito.
Discussões à parte, quero aproveitar o espaço para divulgar o show dos amigos do grupo Alma de Gato que acontecerá neste domingo, no Teatro do Sesc Arsenal, em dois horários, às 18h30 e 20h30. Como já disse num artigo publicado no jornal Folha do Estado há uns dois meses, o grupo canta muito bem e é engraçado pra caramba. O grande desafio dos rapazes é equilibrar o aspecto musical com o cênico. Vale a pena conferir!

PS. Mal acabei de publicar esta postagem, recebi um email informando sobre a morte de um advogado de 67 anos, Allan Kardec dos Santos, diretor de uma das empresas de transportes mais conhecidas de Mato Grosso (a Tut), vítima de dengue hemorrágica. Segundo a família, a doença foi contraída em Cuiabá, mas o falecimento ocorreu no Hospital São Luiz, em Cáceres.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dor e humilhação

Mais do que tentar explicar, quero tentar entender o caos instalado no setor da saúde em Cuiabá. Acabo de assistir novamente à reportagem da TV Centro América (afiliada da Rede Globo na capital mato-grossense) sobre a fila para cirurgias ortopédicas. A repórter Malu Prado entrevistou o secretário municipal de Saúde, o promotor, diretores de hospitais conveniados com SUS e pacientes. Juro que não consegui entender os motivos da fila (gigantesca), mas consegui me comover com a humildade de um porteiro entrevistado no Pronto Socorro de Várzea Grande (o de Cuiabá está em obras), que disse depender da "bondade" dos médicos e do poder público para ser operado, já que não tem dinheiro para pagar uma cirurgia.
A reportagem, se alguém se interessar, está disponível no site da TVCA (rmtonline.globo.com).
Ontem conversei informalmente com a responsável pela administração de um desses hospitais conveniados e perguntei por que o estabelecimento só dispõe de um ortopedista. para atender a tanta demanda por cirurgias numa cidade campeã em acidentes de trânsito. Ela me disse que ninguém quer trabalhar como ortopedista para o SUS para receber R$ 150 por uma cirurgia. Perguntei incrédula: "R$ 150?" Ela confirmou.
A mesma pessoa me contou o caso de um garoto de 15 anos que estava rodando há dias atrás de um diagnóstico para o seu problema. Ele conseguiu fazer um ultrassom e o resultado foi apendicite aguda. Conseguiu, por sorte, ser operado no hospital administrado por minha conhecida. E se não conseguisse? Quantos não têm a mesma sorte? Por ter sido operada de apendicite aguda este ano (por meu médico e com custos cobertos integralmente por meu plano de saúde), consigo imaginar o sofrimento e a angústia desse menino e de seus pais.
O que me dá mais raiva é ter que ver logo após o noticiário da TV a propaganda do governo Wilson Santos dizendo que nunca se fez tanto pela saúde em Cuiabá. Será que os responsáveis acham que o povo é idiota? É terrível porque as pessoas se vêem desamparadas no momento em que estão mais vulneráveis (com dor, machucadas). Gritar, xingar, espernear só vai reduzir ainda mais as chances de serem atendidas. É muito injusto.
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Imperdível!

Hoje mudei de sala no meu trabalho mais uma vez e mudanças me deixam meio dispersiva, por isso vou ser bem objetiva e apenas divulgar a programação do evento que vai acontecer a partir de depois de amanhã na Chapada dos Guimarães (a cerca de 62 km de Cuiabá).
Gente, vai ter festival de jazz! É bom demais pra ser verdade. Eu tinha ouvido falar desse festival há uns dois meses, mas depois não ouvi mais nada e achei que tinha dançado. Ontem recebi por email a programação (através da assessoria do jornalista João Negrão) e fiquei muito feliz. Fiquei mais feliz ainda quando soube que é tudo de graça e o curador do festival é o músico Ebinho Cardoso - uma garantia de qualidade e seriedade.
Na sexta-feira, a partir de 20h, apresentam-se José Namen e Nélson Faria e, em seguida, Celso Pixinga Trio e Galinha Caipira Completa. No sábado, a programação segue com Roberto e Eduardo Taufic, continua com Ademir Júnior Quarteto e se encerra com David Feldman. Tudo vai acontecer na "rua dos restaurantes". Dessa turma, já ouvi o trabalho de José Namen (mineiro radicado em Mato Grosso), do baixista Celso Pixinga (SP) e do saxofonista Ademir Júnior (de Brasília).
Maiores informações pelo blog www.chapadainjazz.blogspot.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A força da net

Volta e meia tenho abordado o tema da força da internet que nem sempre é bem explorada. Acabo de ler uma notícia no jornal Diário de Cuiabá que comprova esse poder. Um shopping de Cuiabá, o Três Américas, inventou de cobrar R$ 1 a mais por cada hora-extra no estacionamento, sendo que o preço inicial é de R$ 3. De acordo com a reportagem, a cobrança gerou protestos na internet e ontem a direção do Shopping voltou atrás.
O consumidor tem esse poder, de promover e divulgar movimentos de boicote a estabelecimentos ou produtos que não sejam do seu agrado.
Ontem recebi por email uma lista de parlamentares ficha suja com seus nomes, partidos e crimes pelos quais respondem. A mensagem, é clara, pense bem antes de votar em qualquer um deles. Com certeza, nenhum deles estará na lista dos meus candidatos (sorry, Genoino).
Hoje em dia, com toda essa rede de informações, a gente pode se queixar de tudo, até do excesso de informação, mas não pode alegar ignorância dos fatos. A comunicação é fundamental na vida e é estranho que, apesar de tudo, ainda nos comuniquemos tão mal.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Minissaia

Não dá pra ficar sem comentar. É surreal essa história da aluna da Uniban (Universidade Bandeirante) expulsa depois de ter sido perseguida e xingada por outros estudantes por causa do seu vestido curto. Embora tenha visto o vídeo, custo a acreditar nessa história.
Já dei aulas em três universidades (Unemat em Cáceres, UFMT e Unic em Cuiabá) e vi coisas incríveis: alunos que querem passar de ano sem ter assistido às aulas ou feito os trabalhos (alguns conseguem se formar por incrível que pareça), alunos dormindo em sala de aula, professores que enrolam mais do que tudo, mas nunca percebi qualquer forma de discriminação por causa da altura das saias ou da profundidade do decote das alunas. Será que somos assim tão liberais em Mato Grosso?
A direção da Uniban demonstrou falta total de bom senso. A justificativa de que Geyse Arruda foi expulsa por "desrespeitar os princípios éticos, a dignidade acadêmica e a moralidade" seria cômica se não fosse séria. Agora entidades como a UNE, OAB, MEC, saíram em defesa da estudante . Menos mal. Pelo menos o assunto serve para desnudar preconceitos que a gente julgava inexistentes no país do Tchan, da boquinha da garrafa, do funk e de outros ritmos que desafiam o limite do bom gosto.

domingo, 8 de novembro de 2009

Melhor idade?

De vez em quando penso nesse conceito de "melhor idade". A intenção, reconheço, foi boa. Dar algum alento aos que passam dos 60 anos.
Ontem caminhando com duas amigas, mais jovens que eu, uma delas comentou que morre de medo de chegar aos 60 anos. Eu, que já estou na faixa dos 50, respondi que tudo é relativo. É engraçado: a ideia dos 60 não me assusta. Penso nas vantagens (aliás, esse foi o ponto de partida de nossa conversa): pode pagar meia entrada no cinema, teatro e shows; andar de graça no metrô e ônibus, ter fila privilegiada no banco e supermercado, e, principalmente, aproveitar as vagas para idosos nos estacionamentos de shoppings e supermercados.
Fora isso, tem aquela sensação de estar acumulando dores (mas, vamos combinar, tem muito jovem por aí que vive com dor) e problemas: artrose, artrite, reumatismo, problemas nos joelhos em geral, na vista (catarata, glaucoma, etc), osteoporose, hipertensão, taquicardia, angina e uma grande lista de doenças crônicas que vão chegando à medida em que a idade avança. Minha ex-professora de Yoga dizia que era a idade do "condor".
E ainda tem a questão espiritual/existencial: o fato de não ter encontrado ainda (na maioria dos casos, acredito) as respostas para as perguntas básicas da vida e não saber para aonde está indo. O medo de deixar coisas mal resolvidas, de abandonar as pessoas que ama e supostamente dependem de você. A sensação de não ter realizado seus sonhos e ideais - aqueles que a gente alimentou na juventude.
Caramba, que papo bravo para um domingo, hem? Provavelmente vou seguir a minha com todas essas (in) certezas, mas vou procurar valorizar um pouco mais cada minuto que eu tiver. A gente se preocupa com muita bobagem, muito detalhe pequeno. Passa a vida carregando um monte de quinquilharia moral que foi acumulando ao longos dos anos.
A única certeza que tenho neste momento é a importância do afeto e dos laços que me unem às pessoas da minha família, que me amam e me conhecem (?) desde pequena (os mais velhos, é claro).
Quanto aos meus planos ... Estou tentando estabelecê-los diante da constatação terrível de que as coisas na minha vida acontecem de uma forma totalmente não planejada. Por enquanto, só tenho alguns: continuar trabalhando, cantando, dançando e fazer yoga/caminhada e, se possível, natação, até o fim dos meus dias. Ah, continuar cultivando este blog.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ninho vazio

Hoje foi um dia especialmente corrido e tenso. Choveu muito em Cuiabá, o tráfego estava pior do que nos dias normais e tive que correr para resolver problemas pessoais no horário de almoço. No trabalho, muita pressão, várias demandas - algumas resolvidas satisfatoriamente e outras nem tanto.
O pior de tudo foi a sensação de angústia - que ainda persiste - por causa da viagem da minha filha mais nova, que foi para Ribeirão Preto prestar vestibular para a Unesp. Esse é o primeiro dos dois vestibulares que ela vai prestar fora de Cuiabá e, se ela passar ... (suspiro) ... bom aí não sei como será. Só esse pensamento é suficiente para encher meus olhos de lágrimas, mas acho que não tenho o direito de lhe cortar esse desejo: de sair de casa, de ir embora de Cuiabá. Minhas "filhotas" estão querendo voar com as próprias asas, embora ainda dependam tanto da mãe.
Em meio a essas pensamentos, durante o bom tempo que passei presa no trânsito, pensei nos pedestres sob a chuva e também nos feridos e doentes de Cuiabá que se amontam no Pronto Socorro de Várzea Grande por causa da crise da saúde que se arrasta há um tempão e das obras no PS da capital. Pensei no major norte-americano que saiu atirando na base militar de Fort Hood. Se o psiquiatra está assim, imagine os demais ...
Tive mais vontade ainda de conservar minhas filhas perto de mim e protegê-las, Mas quem há de nos proteger?
"O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído" - cantam os Titãs e a gente tenta se apegar nessa possibilidade (mas um dos integrantes do grupo, o guitarrista Marcelo Fromer, morreu atropelado por um motociclista em São Paulo).
Já são mais de 6h da tarde e acho que já está na hora de parar de dar corda aos pensamentos. Como se fosse fácil fazer a nossa mente e nosso coração se aquietarem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Impunidade

Sempre tive o maior respeito pelo deputado José Genoíno (PT-SP), que agora é réu no processo de mensalão que tramita no STF. Mas quando ele ataca o projeto de lei de iniciativa popular que pretende impedir a candidatura de quem tem ficha suja está naturalmente legislando em causa própria e, na minha modesta opinião, misturando alhos com bugalhos ao associar a proposta à ditadura militar.
Puxa vida, vivemos no país da impunidade, da falta de limites. Não se pode falar ao celular enquanto se dirige, mas todo mundo fala, eventualmente é multado, mas depois a gente descobre que grande parte das pessoas que teve a carta de motorista cancelada simplesmente continua com o documento porque a lei (foi o que eu entendi) diz que cabe ao infrator entregar a carteira quando atinge o limite de pontos. A maioria não faz isso.
Esse exemplo só demonstra que - vamos botar a mão na consciência - ainda perdura a ideia do jeitinho, de levar vantagem, de burlar a lei, afinal, "por que vou ser tão certinha se tem tanto político roubando, tanto policial corrupto, etc?"
Então, a iniciativa do PL é válida sim. Enquanto o candidato a candidato estiver sob suspeição, não pode ser candidatar e ponto final. Quem sabe assim os políticos profissionais (que vivem pendurados nas tetas do poder) não vão se movimentar para que a Justiça seja mais célere de modo a provar sua "inocência"?
Eu, pelo menos, não aguento mais ouvir falar de deputado, senador, prefeito acusado, condenado, preso por peculato, roubo, assassinato, etc.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jogos mortais

Acabei de ler uma notícia no jornal O Globo sobre o lançamento do sexto filme da série "Jogos mortais". "Quem ainda aguenta os filmes da série?" - esse é o título da matéria que se refere a esse tipo de filme como "torture porn", traduzido como "pornô da tortura".
Adorei o termo! Eu, que passo longe desse tipo de filme e não consigo imaginar que tipo de gente gosta de vê-lo, não conhecia esse termo e fiquei mais aliviada de saber que na Espanha "Jogos mortais VI" teve sua exibição restrita a salas dedicadas a filmes pornográficos. Tudo bem que muito jovens vão assisti-lo em casa em DVD ou cópias baixadas na internet, mas pelo menos há um questionamento em relação à finalidade de um filme onde cenas de sangue, mutilação e dor são mostradas em todo seu "esplendor".
Mesmo que eu não goste de filmes pornográficos, tenho que respeitar que haja gente que goste.
Estou cada dia mais fresca e vou acabar assistindo somente desenhos animados do Walt Disney (daqueles antigos, tipo "Bambi" e "Fantasia"). Brincadeiras à parte, mesmo que meus amigos recomendem como "ótimo cinema" não gosto de assistir àqueles filmes que abusam da violência. Mas abri uma exceção para ver "O lutador", que rendeu prêmios ao ator Mickey Rourke. Tenho horror a filmes de luta (embora tenha visto "Touro indomável" e "Menina de ouro"), mas uma amiga (Mônica) disse que valia a pena e que as cenas de luta não eram assim tão terríveis.
Ainda bem que vi o filme em casa porque eu me levantei nas sequências de luta, porém realmente valeu a pena assistir. Mickey Rourke (que apreciei em clássicos dos anos 80, como "Coração Satânico", "O selvagem da motocicleta" e, é claro, "Nove semanas e meia de amor") está realmente fabuloso e é de cortar o coração seu discurso final. Ele está falando como Randy, mas parece que está contando a sua própria história. "Já fui mais bonito", diz, entre outras coisas. O contraste entre a sensbilidade e a explosão de brutalidade é incrível. Muito interessante também acompanhar os bastidores das lutas, as combinações dos golpes, os jogos de cena e criação de personagens abordados num artigo célebre do semiólogo francês Roland Barthes.
Gostei muito do filme, mas continuo não entendendo como pessoas fazem da luta uma profissão e o que mais me intriga: como tem gente (homens e mulheres) que gosta de ver as pessoas se torturando, se autoflagelando e sangrando. Há gosto para tudo num mundo onde até hoje crucificações e apedrejamentos são espetáculos públicos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma pitada de otimismo

Não poderia começar a semana (de fato) sem comentar as imagens (incômodas e que não saem da minha cabeça) das cenas de tortura num presídio de Santa Catarina. Como não vi a matéria completa, só hoje fiquei sabendo que as imagens seriam de fevereiro de 2008. Vi o governador de Santa Catarina dizendo que os responsáveis devem ser punidos rigorosamente, mas fiquei com uma sensação de déjà vu.
Todo mundo está careca de saber que esse tipo de coisa acontece rotineiramente nas delegacias e presídios do país. Há muitos anos li um livro que até hoje não esqueci: "Lúcio Flávio - o passageiro da agonia", escrito pelo jornalista José Louzeiro, um dos melhores livros-reportagens que conheço. As descrições das torturas e humilhações sofridas pelo assaltante - que tinha uma inteligência acima da média e foi o primeiro a questionar a diferença entre policiais e bandidos - são de embrulhar o estômago de qualquer um. A cultura da violência persiste e o que me espanta é ver as autoridades fazendo uma cara de surpresa como se vivêssemos em outro mundo.
Mas, de qualquer maneira, acho que é sempre é válido (embora doloroso) que essas notícias venham á tona. Quem sabe um dia essa cultura deixa de existir ou realmente se torne um traço de um passado vergonhoso?
Gostaria de comentar uma notícia bacana: li em O Filtro que "as principais entidades civis contra a corrupção estão se mobilizando para lançar em 2010 uma campanha, pela internet, contra os candidatos ficha suja e contra fraudes e desvios de dinheiro em campanhas eleitorais". É uma iniciativa muito boa porque a parte da sociedade que não rouba, não corrompe e não se beneficia das safadezas não pode ficar dependendo da boa vontade do atual Congresso e nem permanecer calada, simplesmente se queixando da política e dos políticos. Política, polícia se tornaram sinônimos de coisa ruim, mas a gente tem que acreditar na possibilidade de resgatar e reforçar o lado bom da sociedade. A internet pode ser uma arma poderosa nesse sentido.
Será que estou sendo excessivamente otimista?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Calango

Acordei me coçando para escrever sobre a noite de ontem no Festival Calango. Foi muito legal! Como eu queria assistir a uma série de apresentações que começava às 20h e terminaria por volta de meia-noite, e contava com atrasos habituais nesse tipo de evento, cheguei à Praça das Bandeiras pouco depois das 8h. Encontrei uma multidão! O vocalista de uma das bandas que se apresentou falou num público de cerca de 3 mil pessoas. Tentei lembrar os velhos tempos de repórter de geral e calcular o público presente, mas nunca fui boa nisso. Mas vamos lá, acredito que deveria ter nesse momento umas 1.200 pessoas, porém considerando o público circulante, eu diria que nunca fui a um evento com tanta gente em Cuiabá.
Como cheguei sozinha, fiquei meio assustada procurando meus amigos que ficaram de ir. O público era muito jovem (menos de 20 anos) e bastante animado. Consegui localizar um amigo jornalista que se destacava pela altura e me juntei ao grupo, depois fui encontrando outras pessoas amigas.
Para minha surpresa a apresentação da Lu Bonfim começou logo depois, quase na hora marcada. Ela fez um show ótimo, com sua presença e voz marcantes, porém teve a missão espinhosa de tocar entre duas bandas de rock. Ou seja, o público que estava na frente não queria saber de samba naquele momento, mas ela deu conta do recado.
Depois teve mais três bandas de rock: uma de Cuiabá (Os Inimitáveis) e duas do Sul (Newilton do Paraná e Cassim e Barbaria de Santa Catarina). Não prestei tanta atenção (estava encantada com os rapazes que ficam dançando break), mas achei o som bem legal, principalmente de uma das duas sulistas (acho que foi a de SC) que mandou uma citação musical de Hermeto Paschoal e falou do músico para um público que praticamente o desconhece.
O mais incrível é que as apresentações se sucediam numa rapidez impressionante, já que foram montados "dois" palcos num só, ou seja, quando um grupo estava se apresentando, a equipe de produção já ia preparando a estrutura para o próximo. Show de bola!
Quando Paulo Monarco começou a se apresentar, meus amigos e eu nos aproximamos do palco e aí deu pra sentir a mudança gradual do público. Os meninos sem camisa, que ficam pulando e a gente fica sem saber se estão dançando ou brigando, foram indo embora e ficou o pessoal mais velho ou alternativo. Paulo Monarco foi ótimo como sempre (é incrível como ele cresce no palco) e mandou as composições conhecidas de seu público (estava com saudades de ouvi-lo).
Logo depois entrou Toninho Horta. Não sabia o que esperar, pois fazia tempo que não o via. Na apresentação de mais ou menos meia hora (foi o padrão), tocou músicas que eu conhecia: "Beijo partido", "Manuel o Audaz" e outras cujo nomes não me lembro, mas que fazem parte do disco "Terra dos pássaros". Foi muito gostoso relembrar aquela sonoridade que embalou parte da minha juventude e engraçado ver o Toninho (cinquentão? sessentão?) no palco. Ele estava bastante simpático e comunicativo e falou de um trabalho novo que está fazendo com músicos da nova geração. Quando terminou a apresentação (sem bis!) havia a possibilidade, segundo a organização, de falar com os músicos, tirar fotos. O amigo que estava comigo até sugeriu que eu fosse, mas fiquei com preguiça. Falar o que? Preferi aguardar a apresentação de Ebinho Cardoso - outra grande presença no palco. Ebinho é alto e sem grande esforço domina a cena com seu baixo e sua voz. A surpresa ficou por conta do tecladista que o acompanhou (cujo nome não gravei). Muito bom! Os outros músicos (o baixista Samuel Smith e o baterista Sandro Souza) mostraram o talento de sempre.
Depois dessa apresentação, fizemos o último deslocamento da noite para assistir ao show do Marku Ribas. Muito bom! Confesso que não conhecia nada desse músico. Ótimo cantor, ótima presença no palco, ótima banda e suas músicas - uma mistura de ritmos brasileiros - conseguiram fazer dançar a plateia que, naquela altura do campeonato (1 hora?), já não era tão numerosa. Depois dele ainda teve uma banda local (Linha Dura), mas não fiquei para assistir.
A se criticar apenas a falta de iluminação nas vias laterais da Praça das Bandeiras e de policiamento do lado de fora. Mesmo assim não vi uma briga sequer. Outra crítica: só vi quatro banheiros químicos, que ficam totalmente escuros. Ah, a latinha de Skol custava R$ 3!
Em compensação, o vento estava uma delícia e, por alguns instantes, tive até a ilusão de que estava no Rio de Janeiro. O tremular das bandeiras que dão nome à praça davam um encanto especial e me ajudavam a lembrar que eu estava em Cuiabá mesmo. Mas seria ótimo se Cuiabá tivesse mais eventos como esse.

domingo, 1 de novembro de 2009

Última chance

Ontem à tarde vi um filme muito gostoso, daqueles estilo sessão da tarde. Foi uma indicação de uma amiga, Mônica. Apesar da despretensão da proposta, ele fez me pensar e tocou fundo no meu coração. Chama-se "Tinha que ser você", um título bobo que nada tem a ver com o original "Last chance Harvey" - alguma coisa como "Última chance (no sentido de oportunidade) Harvey".
Harvey é o nome do protagonista, interpretado por Dustin Hoffman. Ele está tão fofo! E a "moça" da história é Emma Thompson, uma atriz inglesa fabulosa. Só a interpretação dos dois vale o filme, dirigido por um novato, Joel Hopkins.
Trata-se da história de um sessentão solitário, profissionalmente fracassado, desajeitado, que sofre um rude golpe quando vê a única filha escolher o padrasto para levá-la ao altar. Ele acaba conhecendo por acaso uma quarentona também solitária e os dois acabam vivendo uma história de amor. Não é uma história de amor arrebatadora, é mais uma amizade que vai se transformando em amor.
O filme me fez pensar em como é difícil começar uma história de amor depois de uma certa idade. Você deixa de acreditar no outro e também em si mesma. É mais "cômodo" ficar na posição já conhecida por mais que a gente deseje e sonhe com outro amor. É como se tivesse uma vozinha interna dizendo: "Você já teve suas chances, portanto ..."
Nos filmes e romances, a gente acompanha com ansiedade os encontros e desencontros, as frases ditas e os olhares que muitas vezes falam mais do que as palavras, e torce por um final feliz. Nem sempre ele vem (como no filme "O lutador", ao qual assisti hoje e que comentarei em outra oportunidade) ou, pelo menos, vem a tempo. Mas na vida real é tão difícil lidar com os silêncios, o desaparecimento do outro e com a nossa própria dificuldade de se lançar numa relação. Cautela? Prudência? Medo de amar e se decepcionar? Sim, mas o que vale a vida sem o risco? Quando a gente sabe que tem a última chance?