terça-feira, 29 de abril de 2008

Título de eleitor

Hoje vivi uma experiência singular e cheia de significados. Fui com minha filha mais velha tirar o seu título eleitoral. Entre a minha experiência de tirar o meu título e a dela lá se vão 34 anos!
Quanta coisa mudou. Eu era louca para tirar o título e me lembro até hoje da minha estréia como eleitora. Ainda vivíamos sob o governo militar e votar na oposição, no antigo MDB, era votar contra a tortura, a falta de liberdade, a perseguição a artistas, intelectuais e jornalistas. Era cultivar a esperança de um país melhor, mais democrático.
Meu primeiro voto foi para o Lisâneas Maciel, um pastor que mais tarde ingressaria no PT. Acho que votei também para senador (no Saturnino Brito, acho que esse era o seu nome), não me recordo exatamente. Só me recordo da sensação boa, de poder me posicionar, de dar mais um passo em direção à maturidade.
Ah, hoje o sentimento da minha filha é tão diferente. E não é só ela. Conversei na fila com outra mocinha que tirava o seu primeiro título e a resposta dela só comprovou o que eu imaginava. Hoje, muitos jovens tiram o título porque é obrigação. Eles não têm a ilusão de que seu voto vá mudar alguma coisa, tão grande é o descrédito com os políticos e a política partidária em geral.
Não vou cair no lugar comum de culpar os políticos por isso. Na minha opinião, os políticos que temos são reflexo da nossa sociedade: egoísta, imediatista, facilmente manipulável e ávida por salvadores da pátria. Disse a minha filha que ela precisa usar seu título para tentar votar num candidato que seja menos pior. Infelizmente, é o que posso dizer a ela. Acho que Congresso, Assembléia, Câmara, enfim, todos as esferas legislativas estão tão corrompidas, tão burocratizadas, corroídas pela inércia, pelo corporativismo e compadrismo que, sinceramente, não acredito muito que alguém com boas intenções possa fazer grandes coisas uma vez eleito. Porém conheço o suficiente da ditadura para não querer um retrocesso.
Acho que nós, cidadãos, temos que mudar, ser menos passivos e complacentes com a hipocrisia da nossa sociedade.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mundo Cão

Quando eu era pequena e morava no Rio ficava impressionada quando via escrito "Mundo Cão" no painel luminoso do Cine Odeon, na Cinelândia. Hoje, o Odeon, repaginado, virou um cinema cult, mas na época, acho que atravessava um período de vacas magras e exibia filmes de quinta categoria. Nunca assisti a nenhuma dessas películas, mas o título "Mundo Cão" mexia com minha imaginação infantil. Alguém me contou que esse tipo de filme mostrava excentricidades e/ou barbaridades, todo aquele lixo que se costumava chamar de "mundo cão". Eu achava injusto: sempre adorei cachorros e achava (e ainda acho) que eles não mereciam ser associados a coisas feias ou bizarras.
Com a internet e a profusão de notícias instantâneas via todos os tipos de mídia não é preciso mais ir ao cinema para ter acesso a imagens do "mundo cão". Ele está bem mais acessível, basta um movimento no mouse ou no controle remoto da TV. É impressionante a quantidade de vídeos e manchetes bizarras exibidas diariamente, alimentando a sede por violência, pelo sangue e pelo bizarro do ser humano. São vídeos de brigas nas ruas e às vezes histórias reais que conseguem chocar pelo absurdo. Hoje, por exemplo, li duas notícias que me chocaram excepcionalmente: a história do pai austríaco que manteve a filha prisioneira por 24 anos e ainda teve sete filhos com ela, dos quais três foram mantidos no porão sem qualquer contato com a luz; a outra manchete é a descoberta de 29 frascos com fetos e embriões humanos encontrados num lixão na cidade de Várzea Grande (MT).
Em outra vertente, mas igualmente chocante, temos o escândalo do esquema de fraudes com verbas do BNDES. "Além do desvio de até 4% do valor do financiamento aprovado, a organização indicava a empresa que deveria elaborar o projeto a ser enviado ao BNDES e determinava a empreiteira ligada ao grupo que deveria ser contratada para executar as obras", informa o jornalista Thomas Traumann em seu boletim eletrônico "O Filtro".
Com notícias assim fica difícil manter a minha mente elevada e cultuar a fé no destino da humanidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Mentiras na internet

Juro que sempre detestei mensagens edificantes ou mantras enviados pela internet. Não os envio, nem reencaminho mesmo que isso me custe 7000 anos de azar, mas de vez em quando alguma mensagem me pega desprevenida e eu abro. Hoje recebi uma crônica que fala de família, supostamente de autoria de um pai que se dedicou muito ao trabalho, em juntar bens e agora diz que trocaria toda sua riqueza pela felicidade de ter seus dois filhos de volta. Um deles supostamente morreu por causa do consumo de drogas e a filha supostamente caiu no mundo: virou prostituta. Como o texto era atribuído a um jornalista tive a curiosidade de procurar por seu nome no Google e para minha surpresa encontrei um site intitulado "Velhos amigos" que traz a "verdadeira" crônica do jornalista Hélio Fraga de Belo Horizonte que, realmente, perdeu um filho com câncer, mas tem outros filhos que vivem bem e nenhuma filha prostituta. Ele diz inclusive que a falsa "Declaração de bens" tem sido publicada irresponsavelmente, estando todos os envolvidos sujeitos a processo. Que loucura, ? Resumo da ópera: não se pode acreditar em tudo que se lê na net.

Loucura, loucura, loucura

Ontem uma amiga minha, daquelas pessoas honestas até o último fio do cabelo, me disse estar orgulhosa de ter um conterrâneo na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Eu, que fui chamada de Madre Teresa na única campanha política de que participei como jornalista, já estou mais escaldada em matéria de política, por isso não me empolguei nem um pouquinho com a posse do ministro mato-grossense Gilmar Mendes.
Hoje, lendo o boletim eletrônico "O Filtro" do Thomas Traumann, chefe da sucursal da revista Época no Rio e editor de política, confirmei o que já pensava sobre o novo presidente do STF. Em O Filtro, Traumann faz um roteiro do que há de mais relevante nos principais jornais do país, o que me poupa um bocado de tempo e dinheiro (mais tempo do que dinheiro, já que, infelizmente, leio mais notícias online do que no impresso). Segue um fragmento da nota de Traumann sobre a posse no STF:
"Segundo o relato da Folha, Mendes se dirigiu aos jornalistas para criticar a imprensa quando publica informações vazadas. Ontem, a assessoria de imprensa do STF divulgou que os cofres públicos gastaram R$ 59.145 no aluguel de cabos, projetores, banners e aparelhos celulares na festa da posse de Mendes. Outros R$ 31.320, em bebidas e salgadinhos, foram pagos pela Associação dos Magistrados do Brasil e R$ 9.300 doados pela Associação dos Juízes Federais do Brasil para o serviço de manobristas. Uma festa mais simples, sem gastar dinheiro do contribuinte em banners e outras bobagens, teria tido o mesmo efeito".
Como diria o "sábio" Luciano Huck, um ícone dos tempos atuais: "Loucura, loucura, loucura".

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cemitérios

Nunca gostei de cemitério. Desde pequena acompanhava minha mãe em suas visitas ao túmulo do meu pai no Cemitério do Caju e não conseguia compartilhar a sua dor, nem a das minhas irmãs mais velhas. Confesso que me sentia um pouco culpada por não sofrer tcomo elas com a ausência do meu pai. Eu ficava imaginando como deveria ser horrível ser enterrado vivo por engano e me lembrava do caso de um santo que tinha passado por esse desespero. Imaginava a escuridão, os bichos me roendo até que não me sobrasse mais um pingo de oxigênio.
Mas a experiência mais traumática que tive ocorreu no Cemitério do Catumbi quando acompanhei minha mãe no enterro de um primo: era final de tarde e tinha muita barata. Eu tenho pavor de baratas! Eu me lembro de que chegava a subir nos túmulos para evitá-las e não via a hora de sair dali.
De tudo isso me sobrou o desejo de ser cremada. Aliás, preciso deixar isso por escrito em algum lugar para o caso de uma morte súbita: por favor, não me enterrem, não me visitem no cemitério; se possível, doem meus órgãos, cremem o que sobrar e façam o que quiser com as cinzas.
Mas mesmo que eu não freqüente cemitérios (nunca senti vontade de visitar o túmulo dos meus pais quando vou ao Rio), fiquei deveras comovida com o desespero de um amigo que reclamou esta semana da insegurança dos cemitérios em Cuiabá. Pensei com meus botões: no Rio é a mesma coisa. Segundo meu amigo, como não há segurança os túmulos são roubados, assim como há assaltos às pessoas que visitam seus parentes e amigos. A cidade que não respeita seus mortos não tem respeito pelos vivos, queixou-se ele. Concordo que as pessoas deveriam ter tranqüilidade para prantear seus mortos e deveriam ter preservado o direito de homenageá-los com cruzes, flores, etc. Em cidades como Barcelona, na Espanha, e Buenos Aires, na Argentina, cemitérios são pontos turísticos, como igrejas e museus, porque contam não só a história de um país, como também revelam sua cultura na forma de velar os mortos.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Gostar ou não gostar de Cuiabá

A propósito, continuo empenhada em gostar de Cuiabá. Gostaria que as pessoas me ajudassem a gostar de Cuiabá. A maioria das pessoas vem sempre criticar a cidade. Em geral, digo delicadamente: "não fale isso, estou fazendo o maior esforço para gostar de Cuiabá". Quase sempre elas têm razão em suas reclamações, mas mesmo assim insisto em ver o lado positivo. Até quando?

Auto-análise

Este post é mais ou menos uma continuidade do anterior. Um amigo meu me disse que está escrevendo por recomendação do seu terapeuta e eu, como não tenho terapeuta (no momento), estou fazendo uma espécie de auto-análise através deste blog. Vocês, eventuais leitores, são todos meus terapeutas, "ouvintes" passivos ou não das minhas elocubrações.
E o que é mais interessante: descobri hoje que o meu desejo de ser jornalista vem do meu desejo/da minha necessidade de compartilhar. Só que essa inspiração surgiu nos tempos da revista "Realidade", que trazia matérias/reportagens bem autorais, ou seja, com a marca, as impressões do repórter. Infelizmente, quando cheguei ao mercado jornalístico imperava um jornalismo mais objetivo, frio, onde teoricamente o jornalista não devia deixar marcas. Besteira ... Era o tempo do lead e sublead padrão do Jornal do Brasil. Se você quisesse ser um pouco mais subjetivo, o caminho era o segundo caderno. Bem que eu sonhava em escrever no Caderno B (o charmoso segundo caderno do JB), porém lá era um lugar de estrelas e eu, coitada, não ousava desejar um lugar nesse Olimpo. Além disso, tinha um lado meu que achava "menor" fazer matérias de segundo caderno, frias. Jornalista que é bom trabalha na Geral, cobrindo passeata, no meio da porrada, eu pensava.
Ah ... Na verdade sempre lutei contra a camisa-de-força que me foi imposta, mas gostava de compartilhar com meus leitores os fatos testemunhados por mim, as declarações colhidas nas ruas, gabinetes, etc. Por questões pessoais, larguei o jornalismo por 10 anos (época em que me mudei para Mato Grosso) e descobri uma outra forma de compartilhar: ser professora, embora nem sempre meus alunos estivessem a fim de ouvir o que eu estava a fim de partilhar. Mas posso dizer que tive bons ouvintes desde o primeiro dia em que pisei numa sala de aula, no início de 1993. E aprendi muito também.
Retornei ao jornalismo e continuo movida por essa idéia besta de compartilhar.
(continua em outro post)

Amizade

Para variar estou cheia de idéias para escrever, mas não disponho de "tempo" (mais interno do que externo) para fazê-lo. Procuro organizar na minha mente os assuntos que surgiram ao longo do dia e decidir qual devo focar aqui e agora. Pronto, decidi. Há dois dias conversei longamente no telefone com um amigo, uma pessoa maravilhosa de quem me orgulho muito de ser amiga.
Entre outras coisas, ele me contou que está escrevendo "crônicas" num caderno por sugestão de seu terapeuta. Contou ainda que resistiu um tempo à idéia até decidir colocá-la em prática e me leu umas três ou quatro crônicas de sua autoria, uma delas - que me emocionou muito - sobre a amizade. "Amigo", disse-me ele, "não é quem liga no dia do aniversário ou no Natal, mas aquele que te liga depois de anos e você consegue conversar com ele como se estivessem ficado juntos até tarde no dia anterior".
É isso. Tenho alguns amigos assim. Sou capaz de ficar anos sem vê-los, mas quando a gente se encontra a velha intimidade volta, como se as emoções e tudo que a gente viveu junto tivesse criado uma base sólida. Mesmo que as paredes estejam meio derrubadas ou descoloridas pelo tempo, há uma base comum nessa casa onde convivemos por algum tempo. É isso que ocorre também com algumas pessoas da nossa família. Temos lembranças em comum, às vezes até traumas em comum, que ficam ali adormecidos à espera de que alguém resolva sair da mesmice e decida falar sobre o que realmente interessa.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Acidente na Chapada dos Guimarães

Ontem ocorreu um acidente lamentável na cachoeira Véu de Noiva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Um grupo de 19 pessoas da Assembléia de Deus foi atingido pelo deslizamento de parte do paredão do Véu de Noiva, certamente o ponto turístico mais visitado da Chapada. Uma pessoa, com traumatismo craniano, continua internada em estado grave até o momento.
O que comentar sobre um acidente, que o dicionário Aurélio define como "acontecimento casual, fortuito, imprevisto"? O secretário de Estado de Turismo anunciou que vai pedir ao Ibama, responsável pela administração do parque, o fechamento de pontos turísticos como o Véu da Noiva. Disse que vai estudar medidas de segurança e considera a possibilidade de fiscalizar o tráfego de caminhões na rodovia que liga Cuiabá a Chapada. Tudo faz sentido se realmente for para valer e não apenas bravatas de um político preocupado em aparecer e mostrar serviço.
Adoro levar minhas visitas ao Complexo Turístico do Véu de Noiva, que engloba 10 cachoeiras (se não me falha a memória). O passeio a pé é maravilhoso, mas sempre me pergunto o que pode acontecer se ocorrer algum acidente (tombo, afogamento), já que não há qualquer tipo de segurança. O ideal seria que o Complexo tivesse um sistema semelhante ao de Bonito (MS), onde só são autorizados passeios com guia e dentro de um projeto de manejo onde se visa evitar danos ao meio ambiente. Infelizmente esse sistema impede que pessoas de menor poder aquisitivo tenham acesso a pontos turísticos, criando um turismo bem elitizado como ocorre em Bonito.
De qualquer maneira, o tipo de turismo que acontece hoje em Chapada também não é legal: sem segurança, proteção ao meio ambiente. Enfim, seria o momento das pessoas que vivem do turismo na região (empresários, guias, autoridades) se manifestarem com a preocupação não apenas de defender seu bolso de uma forma imediatista e sim com a conservação de um dos poucos produtos turísticos mais ou menos estruturados de Mato Grosso, estado que tem a pretensão de viver do turismo, mas investe muito pouco na estruturação dos serviços e produtos oferecidos aos visitantes.
Aproveito para lamentar também a maneira como o governo de Mato Grosso trata a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural. O turismo parece não ter a menor importância para a atual administração que utiliza a Sedtur apenas como uma carta (de menor valor, diga-se de passagem) no jogo político de distribuição de cargos e convivência entre partidos.

domingo, 20 de abril de 2008

Cabala

Ontem fui a Água Boa, uma cidade situada a 700 km a leste de Cuiabá. Fui de avião com um grupo de jornalistas da capital a convite dos organizadores de um megaleilão de gado de corte. Foi uma loucura: 29.158 animais vendidos em sete horas de leilão! Mas desse assunto vou tratar na matéria que vou escrever para a revista Produtor Rural de maio. Neste espaço quero mais é falar de outras coisas que fogem ao agronegócio. Hoje, por exemplo, quero falar do livro que comecei a ler: O Poder de Realização da Cabala, de Ian Mecler.
Ganhei esse livro em novembro do ano passado de uma sobrinha. Como fiquei entretida com outras leitures, o livro ficou na minha mesa de cabeceira à espera de uma vaga. Hoje, de manhã, levei-o para piscina do prédio e fiquei encantada. Em primeiro lugar, a surpresa de descobrir que ele foi publicado pela Mauad Editora, de uma boa amiga da época da revista Veja, Isabel Mauad, de quem perdi o contato. Não é minha pretensão explicar aqui a Cabala - preciso ainda terminar o livro para entender melhor. Quero dizer apenas que por algum motivo misterioso a leitura me fez chorar muito (ainda bem que eu estava praticamente sozinha na piscina).
A princípio o livro fala aquelas coisas que a gente está careca de saber: da importância das escolhas e que tudo na nossa vida é resultado das nossas próprias decisões. Fala também do peso das palavras, do quanto elas podem ser poderosas, por isso nada de ficar falando mal dos outros ou mesmo de si próprio. Isso bateu fundo em mim. Como já disse ou dei a entender em posts anteriores, volta e meia eu me sinto um pouco decepcionada comigo mesma e om as coisas que conquistei. Isso não é certo. Sei que não é certo racionalmente, mas não consigo mudar esse comportamento, embora deseje muito fazê-lo.
Acho que só a consciência disso já é um grande passo. Por isso hoje sou muito grata à minha sobrinha Maria Rosa, que me fez uma visita deliciosa no ano passado e ainda me deixou esse grande presente.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Fogo e gelo

Hoje teria tantos assuntos para comentar que poderia ficar horas escrevendo neste blog, mas em breve preciso retomar o trabalho na revista, por isso preciso me ater a apenas alguns. Por motivos diferente "Deus" esteve muito presente na minha vida esta semana. Cheguei a responder a um interlocutor que não acredito em Deus, mas sempre com aquela pontinha de esperança de que ele pudesse me convencer de que Ele existe (por hábito de infância não consigo falar "Dele" sem usar a maiúscula). Percebi que não tinha argumentos para provar que "Ele" não existe, até porque esse não é meu objetivo. Acho que tudo é uma questão de fé.
Por motivos alheio à minha compreensão, perdi a fé pouco antes de completar 20 anos. Isso não modificou a minha forma de agir, porém me deixou mais fragilizada, na medida em que me sinto insegura, meio solta no mundo.
Acabei de ler a carta que a mãe da menina Isabella publicou no seu Orkut. Com todo respeito, ou ela é um ser muito superior (a mãe) ou é louca, porque eu não conseguiria publicar um texto tão delicado, poético se minha única filha de 6 anos tivesse assassinada barbaramente, talvez pelo seu próprio pai, ou seja, um homem por quem eu teria nutrido uma relação de amor.
Me dá até um arrepio ...
Não sou santa, tenho pensamentos mesquinhos e estúpidos que me fazem morrer de vergonha minutos depois. Acho que a pessoa que mais admiro é Gandhi e, portanto, sou totalmente admiradora da sua filosofia da não violência, embora algumas vezes sinta desejo de esganar algumas pessoas, principalmente aquelas que demonstram desdém total pela vida humana (que contradição, né?).
Mas admito que eu também sou conivente com o sofrimento dos outros, mesmo que não aja deliberadamente para causar qualquer sofrimento. Às vezes sou dura, ajo como se estivesse coberta por uma placa de gelo e sei que posso magoar pessoas agindo dessa forma. Não vejo como terminar este post sem recorrer a outro poema maravilhoso de Robert Frost: Fire and Ice.
Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I've tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.
Não ouso traduzir, mas posso dizer o que entendo do poema: algumas pessoas dizem que o mundo vai acabar em fogo e outros em gelo, mas pelo que experimentei do desejo, estou com aqueles que ficam com o fogo. Porém, se ele tivesse que acabar duas vezes, penso que conheço bastante do ódio para dizer que, para destruir, o gelo também é poderoso e bastaria.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Cantos de amor e saudade

Eu me toquei hoje de que não aproveitei este espaço ainda para divulgar meu até agora único livro. "Cantos de amor e saudade" é o título do livro lançado em 2005 pela editora Entrelinhas (com recursos da Lei Estadual de Incentivos Fiscais "Hermes de Abreu").
Trata-se da história de Cáceres, cidade do interior de Mato Grosso, onde morei de agosto de 1988 a janeiro de 2003. Uma hora vou falar um pouco mais da minha história pessoal com Cáceres, uma comunidade de cerca de 75 mil habitantes à beira do rio Paraguai. Minha intenção agora é divulgar meu livro, que está à venda nas principais livrarias de Cuiabá.
É difícil elogiar o próprio trabalho, mas muitas pessoas elogiaram muito o livro, de pessoas insuspeitas como o professor Edvaldo Pereira Lima, que hoje coordena um programa de pós-graduação de jornalismo literário (http://www.textovivo.com.br/) a outras mais envolvidas como os próprios moradores de Cáceres.
O importante, para mim, é que fiz um livro reportagem que me deu muito prazer em todos os sentidos. Escrevê-lo me permitiu conhecer intimamente uma pessoa maravilhosa: Estella Ambrósio, que morreu em 2000, aos 93 anos, após o lançamento de uma edição quase doméstica do livro, cujo título original foi "Estrela de uma vida inteira". Permitiu-me descobrir o tipo de trabalho que eu realmente gostaria de fazer sempre: uma coisa bem autoral, que mistura jornalismo (reportagem, entrevistas) e história. Fez também com que eu entrasse em contato com a minha própria história e da minha família.
Enfim, graças a ele posso dizer que já cumpri minha missão na Terra: escrevi um livro, tive filhos e plantei árvores (tudo em Cáceres).

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ser jornalista -1ª parte

Antes de retomar o trabalho, vou escrever aqui sobre um tema que se insinuou na minha cabeça no trajeto para a redação da revista. Não tenho a pretensão de esgotá-l0 agora porque é um assunto longo e bastante importante para mim.
Acho que nasci para ser repórter. Embora adore ser professora, não consigo me imaginar em outra profissão. Mas o que provocou em mim esse desejo? Basicamente a vontade de sair do meu mundinho pequeno burguês, da minha condição de "raspa de tacho", ou seja, de filha caçula super temporã. Tive condições de seguir outras profissões, estudei em bons colégios, sempre me destaquei como aluna, mas escolhi fazer o curso de Comunicação Social, com uma certa raiva, já que o queria mesmo era ser jornalista. Não me adiantou a advertência de um cunhado considerado super inteligente de que jornalismo era profissão de "gente burra". Eu, na sua avaliação, merecia coisa melhor.
Mas o que eu queria mesmo era ganhar mundo, "correr perigo", como diz Caetano Veloso em "Você não entende nada". Queria conhecer outros países, lugares não freqüentados por uma menina de classe média moradora da Zona Sul do Rio; conversar com gente com quem eu não tromparia normalmente; falar de assuntos proibidos, tabus.
Valeu a pena? Em alguns momentos, sim, porém aí vem o lado mais complicado da história: o medo, o comodismo, as conveniências, não só meus, pessoais, como dos órgãos, empresas para os quais trabalhei. Tentei fugir um pouco dessa camisa-de-força: fiz frila para o jornal alternativo "O Repórter", onde dividi o expediente com pessoas bem mais destemidas como Tim Lopes e Caco Barcelos. Fiz coberturas formidáveis (principalmente, quando trabalhava na sucursal da revista Veja) que me deram reconhecimento profissional e prêmios.
Mas, sempre faltou alguma coisa.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Vale a pena ouvir de novo

Enquanto as dúvidas existenciais persistem, vou mantendo atualizada minha agenda cultural. Neste fim de semana, por enquanto, a grande pedida é o show "Vale a pena ouvir de novo", com o grupo vocal masculino Alma de Gato. As apresentações acontecerão na sexta-feira, sábado e domingo, a partir de 20h, no teatro do Sesc Arsenal. Já assisti uma vez a uma palinha do show na Praça Santos Dumont. É bem divertido! Os sete integrantes do Alma de Gato são ótimos cantores e muito engraçados. O show é um pout-pourri dos maiores sucessos das novelas. Que atire a primeira pedra quem nunca curtiu novela! Eu, por exemplo, não estou assistindo a nenhuma no momento. Enchi o saco, mas já curti muito por dever de ofício (fui repórter do extinto "Caderno de TV" do Jornal do Brasil e já cobri TV para a revista Veja nos anos 80) e por gosto mesmo. Pode ser alienação, o que for, mas às vezes é muito gostoso chegar em casa, esquecer de todos os problemas e assistir a uma novela de TV. O problema é que a fórmula vai se esgotando, os autores vão se repetindo, apelando demais para o sexo e a violência, e aí, pelo para mim, fica chato. Mas quem curtiu "O bem amado", "Final feliz", "Gabriela" e outros sucessos dos áureos tempos das telenovelas certamente vai gostar de relembrar as canções que embalaram os personagens - e por que não? - a nossa própria vida.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dúvidas existenciais

Tem uma pessoa muito próxima de mim que está extremamente deprimida. Se você lhe perguntar o motivo de sua depressão, ela provavelmente responderá que é falta de dinheiro. Ao mesmo tempo, tem outra pessoa igualmente próxima de mim que também sofre com depressão e não tem problema de dinheiro.
Quando estou muito sem dinheiro, tendo a me sentir deprimida, insegura e derrotada, porém qualquer coisa - uma solução paliativa, uma música bonita no rádio, um gesto de carinho de alguém - já é suficiente para me fazer sentir menos infeliz.
Afinal, o que causa a depressão? Quem são os insanos: aqueles que insistem em ser felizes com pequenas coisas apesar de toda a injustiça do mundo e a iminência do perigo ou os outros? A felicidade é uma quimera? Qual é realmente o sentido da vida?

domingo, 13 de abril de 2008

Pollyana

Quase toda mulher na faixa dos entas leu o livro "Pollyana" uma vez na vida. Ontem, por acaso, conversando com uma amiga do prédio (da faixa dos 30) comentei sobre "dar uma de Pollyana" e ela me disse que tinha acabado de reler o livro para a filha de 13 anos. Para quem não conhece, "Pollyana" é um daqueles eternos best-sellers que acaba interferindo na nossa vida pro bem ou pro mal. Já não me lembro dos detalhes do livro, lido há dezenas de anos, mas o que ficou é a lição de sempre procurar o aspecto positivo de tudo. Um exemplo fictício: você foi assaltado, mas pense que poderia ter sido pior, você poderia ter morrido. Enfim, funciona mais ou menos desse jeito: pense que sempre poderia ter sido pior. A religião católica (que conheço melhor do que outras) também tem esse viés e ensina que devemos sempre agradecer a Deus por tudo.
Essa filosofia me irrita um pouco. Tenho vontade de fazer o papel do advogado do diabo e questionar: o que dizer para uma família que perde, por exemplo, um filho pra uma doença besta como a dengue ou num acidente? Provavelmente, algumas pessoas vão dizer: "foi a vontade de Deus". Isso me deixa meio angustiada: qual vai ser a próxima vontade de Deus?
Para variar, meus pensamentos tortuosos acabaram me levando a outro caminho. Na verdade, minha intenção hoje era "brincar" um pouco de Pollyana. Ontem, à noite, assisti ao filme "O caçador de pipa" (sim, eu li o livro, mas o filme é também muito bonito e tocante) e saímos, minha filha de 16 anos e eu, comovidas com a história dos amigos Amir e Hassan. Fiquei pensando na loucura que é viver no Afeganistão, no quanto aquele povo sofreu nas mãos dos russos, dos talibãs e provavelmente sofre ainda. Pensei também nos Amirs e Hassans do Iraque, em meio a uma guerra maluca que parece não ter fim. Pensei também quando cheguei em casa na vida boa que tenho, na minha caminha gostosa e, por um momento, agradeci ... a quem? Não sei. Ao mesmo tempo, pensei nas pessoas quem não têm essa caminha gostosa, como posso me sentir bem com uma situação tão injusta?
Pensei também que alguma coisa me impede de dar mais, fazer mais por esse mundo e pensei também na minha mediocridade, nas minhas preocupações mesquinhas com tudo que preciso pagar e na minha conta bancária quebrada. Pirei. Pensei também nas pessoas que têm muito dinheiro, mas que às vezes se sentem impotentes diante de filhos distantes, drogados e autodestrutivos. Agradeci novamente por minhas filhas maravilhosas, de coração bom e cheias de propósitos positivos na vida, como eu. E de novo pirei porque não sei o que devo dizer para elas, ensinar a elas de modo que tenham uma vida ainda melhor que a minha, no sentido de auto-realização. Não sei. Neste momento, a única certeza que tenho é que quero estar perto delas para o que der e vier.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Massacre

Nesses últimos três dias, por razões que não vêm ao caso, assisti muito a noticiários de TV. Em vários canais, vários horários, vários apresentadores. Confesso que fiquei deprimida e, apesar de ser jornalista - ou seja, uma pessoa que reconhece a importância da informação -, confesso que fiquei em dúvida se realmente vale a pena se manter "informado".
Em primeiro lugar, porque (eu e minha crise dos porquês!) os jornais repetem quase sempre as mesmas notícias: é caso Isabella, o caso do reitor da UNB, cartão corporativo, um monte de gente sendo presa com aquele jeito de bandido quando é preso (faz um cara de coitado). Em segundo, porque me dá uma tristeza ver tanta barbaridade, tanto deputado roubando, bebendo uísque, vinho estrangeiro às nossas custas, tanto movimento de polícia, tanta gente morrendo de dengue, tanta chuva no Nordeste, tanta seca no Sul, tanta gente lamentando a perda de lavouras.
Assistir a esse massacre de informação me dá uma sensação de impotência. O que posso fazer? O que devo dizer às minhas filhas? Lutem? Sejam mais corajosas que sua mãe que cresceu numa ditadura, participou do movimento estudantil, do movimento sindical (retomamos o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro das mãos dos "pelegos") e ficou desolada quando viu todo o jogo de interesse, a politicalha que existia por trás de tudo. (suspiro) Confesso que não sei. Uma coisa já decidi: não vale a pena ficar assistindo a tanto noticiário de TV. Não acho que isso faz com que as pessoas decidam sair da habitual letargia.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quase feliz

Por que é tão difícil equilibrar nossas contas? Sei que essa dificuldade não é só minha, porém isso não serve de consolo. Assisto a todos aqueles programas do Globo Repórter mostrando exemplos (bons e maus) de pessoas lidando com o assunto orçamento doméstico. Leio e ouço com atenção todas as reportagens sobre o mesmo tema e na teoria já sei tudo o que se deve e não se deve fazer: refinanciar cartão de crédito, pegar empréstimos bancários, gastar mais do que se ganha, poupar 10% do que ganhou todo mês. Mas na prática não consigo resolver o nó financeiro da minha vida. E o pior é que estou num momento crucial em que sei que deveria estar reservando alguma coisa para a minha aposentadoria. Nessas horas só peço que tenha forças para continuar trabalhando até morrer e, pelo menos, garantindo alguma entrada de dinheiro todo mês.
Não sei quando exatamente comecei a fazer besteiras, mas sei que em parte essa situação é fruto de uma criação em que a questão financeira não era encarada com a importância devida. É como se alguém sempre fosse me prover de alguma forma, embora eu tivesse a consciência antes de completar 20 anos que a independência financeira era fundamental para garantir a minha independência total (emocional, afetiva, política, etc).
Nunca sonhei ser rica demais, nunca fui ambiciosa. Sempre quis pagar minhas contas e ter dinheiro suficiente para ter uma casa confortável, poder viajar de vez em quando. O luxo nunca foi meu objetivo. Fiz várias escolhas ao longo da minha vida guiada pelo desejo de trabalhar num lugar agradável e onde não fosse obrigada a fazer nada que contrariasse meus princípios. Joguei carreira e uma vida razoavelmente organizada no Rio em nome de um grande amor. Mas o que me impressiona é que continuo sofrendo diariamente por não saber como vou chegar no final do mês e, ao mesmo tempo, tenho consciência de que poderia trabalhar mais, ganhar mais.
Escrevo isso aqui porque realmente gostaria de sair dessa situação. É uma situação que me envergonha, me joga pra baixo, num momento em que, apesar de tudo, estou me sentindo quase feliz.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Por enquanto

Conforme o prometido, vou sempre atualizar a "minha" agenda cultural de Cuiabá. É engraçado como muitas pessoas com as quais convivo não ficam sabendo o que acontece na cidade. Elas talvez saibam mais o que acontece em cidades como Rio ou São Paulo do que aqui e, provavelmente, lamentam o que estão perdendo por lá. Enfim ...
Não sei se estou ficando menos exigente, mas não tenho do que reclamar da minha programação cultural no último fim de semana/feriado do aniversário de Cuiabá. Com muito pouco dinheiro, assisti a espetáculos diversos e muito bons. Comecei na sexta com o Tributo à Bossa Nova de Ebinho Cardoso e quarteto (maravilhoso!) por um litro de leite longa vida no teatro do Sesc Arsenal; prossegui no sábado com o show de João Bosco no Centro de Eventos do Pantanal por R$ 7,50 (belo show, embora um pouco frio, não sei se por causa do lugar ou da platéia formada em parte por convidados, mas valeu pela banda, pela interpretação de João Bosco, que relembrou algumas canções inesquecíveis, como "O bêbado e o equilibrista", "Bala com bala", etc); no domingo, assisti ao filme "Sangue negro" com meu ator preferido (ao lado de Johnny Depp), Daniel Day-Lewis (ingresso a R$ 8), e terminei na segunda com o show fantástico do Mandala Soul e convidados no Clube da Esquina (couvert artístico a R$ 5), que relembraram o inesquecível Tim Maia. Na terça-feira, descansei: estudei inglês, fiquei um pouco na piscina do prédio jogando conversa fora.
Ah, no próximo fim de semana tem Villa-Lobos no teatro do Sesc Arsenal com a Orquestra do Estado de Mato Grosso (ex-Orquestra de Câmara) ao preço de l litro de leite longa vida. Imperdível! No outro fim de semana, tem o grupo vocal masculino Alma de Gato também no Sesc com o show "Vale a pena ver de novo". E a partir da próxima sexta-feira tem teatro de graça em vários locais da cidade (programação extensa e variada).
Por enquanto, é isso.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Contemporânea

Adoro essa palavra: contemporânea. Desde a época em que estudava história no colégio, ficava fascinada quando abordávamos a Idade Contemporânea. E esse é o nome do blog da jornalista Carla Rodrigues, ex-nominimo, que voltou a ser publicado: http://carlarodrigues.com.br/
O texto de abertura discute exatamente o que é ser contemporânea. Carla finaliza dizendo:
"Por aqui, ser contemporânea é tratar a cultura no sentido antropológico do termo. É valorizar a cultura da web, que me permitiu recriar este site."
Adoro o estilo da Carla, que é sofisticado, cosmopolita, porém se permite tratar de assuntos bem corriqueiros, quase triviais, sempre relacionados à arte de ser mulher no mundo contemporâneo. Lendo seus comentários ao longo de 2005 e 2006 no site nominimo.com.br, comecei a ter vontade de ter o meu próprio espaço para falar das coisas que me emocionam ou me irritam, citar livros, leituras, etc.
Acho que ser contemporânea é tudo isso: é estar atenta aos movimentos, acompanhar as mudanças sem jamais perder o seu chão, a sua identidade. É ser capaz de dizer não a uma moda que não lhe cai bem, de manter os cabelos naturais quando todo mundo recorre à chapinha, é se beneficiar dos recursos do mundo moderno e ser capaz de respeitar e admirar a cultura do outro, mesmo que ela lhe pareça ultrapassada ou estranha. É se despir dos preconceitos e se manter curiosa, aberta para a vida. É isso que eu busco: ser contemporânea.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Bom senso

No ano passado eu era viciada no site Nominimo, que tinha vários ex-colegas meus na lista de articulistas, gente com quem trabalhei na revista Veja ou no Jornal do Brasil, nos meus heróicos tempos de jornalismo no Rio de Janeiro: Flávio Pinheiro, Marcos Sá Correa, Mário Sérgio Conti, Xico Vargas, Fábio Rodrigues, etc. Mas descobri também alguns jornalistas dos quais me tornei fã, como Carla Rodrigues e Guilherme Fiuza, cujos artigos lia sempre. Fiúza é autor do livro "Meu nome não é Johnny", que serviu de base ao filme homônimo.
Pois bem, hoje recebi um email informando que ele é o mais novo blogueiro da revista Época, confirmando uma tendência forte entre os jornalistas contemporâneos: o de ter o seu próprio espaço atrelado a uma publicação de renome. Fiquei contente com a notícia e surpresa com o assunto escolhido por ele para tratar no blog de hoje: a morte de seu filho que caiu do 8º andar do prédio onde morava, uma história semelhante à da menina Isabella.
Fiuza conta que até prova em contrário ele e sua mulher permaneceram como suspeitos da morte acidental do filho e faz um apelo ao bom senso no caso dos pais de Isabella.
Realmente tudo conspira contra eles, mas a história do jornalismo está cheia de casos de pessoas acusadas injustamente por crimes e linchadas moralmente pela opinião pública, graças em parte a delegados despreparados e loucos para aparecer. O caso mais emblemático é o da Escola Base, que serve de exemplo para estudantes de jornalismo. Mas parece que as pessoas não aprendem.
Como fã da série de TV norte-americana "CSI", descobri que na maioria dos casos os culpados nem sempre são os mais óbvios e cabe à política técnica encontrar provas irrefutáveis para punir os verdadeiros responsáveis pelo crime.
No caso da Isabella, embora desconfie do pai e da madrasta, sempre penso na dor deles multiplicada diante da acusação de assassinato, caso eles não sejam culpados.
Por isso achei tão legal o relato de Guilherme Fiúza: ele traz um pouco de razão, a custa de sua própria dor, para esse caso que está sendo tão explorado pela mídia. Enquanto isso, dezenas de Isabellas morrem diariamente de dengue no Rio. Seriam esses casos menos tristes?

domingo, 6 de abril de 2008

Em busca de um grande amor

Acabei de ler uma matéria no MSN Entretenimento com o título "Para que os famosos utilizam seus diários virtuais?". Bom se eles usam para fazer revelações pessoais, desabafos, protestos e a divulgação de seu trabalho, como diz o artigo, por que não posso também? E claro que não vou querer competir com Cleo Pires, Carolina Dieckmann ou Luana Piovani, mas também estou curtindo usar este espaço para falar dos meus sentimentos, angústias e também comentar o que está rolando de bom e ruim na minha cidade.
Com poucas semanas de vida, este blog já me trouxe algumas boas surpresas, entre elas, o meu reencontro com uma amiga querida, Jael, de quem não tinha notícias há quase 20 anos! Adoro esses reencontros e cada vez mais me dou conta de que uma das graças da vida são esses encontros, despedidas e reencontros. Perdemos pessoas, ganhamos outras e muitas vezes voltamos a reencontrar pessoas queridas do passado.
E assim a gente vai levando. Estou lendo um livro muito legal "Travessuras de uma menina má", de Mario Vargas Llosa. O livro é feito de encontros e desencontros do narrador com a menina má do título que já está com quase 50 anos no capítulo que estou lendo. É daqueles livros que a gente fica louca para pegar de novo para ler. O tema é o grande amor que une o narrador à menina má, uma personagem interessantíssima. Não sei se eu seria capaz de me entregar tanto a um amor como o Ricardito e, ao mesmo tempo, anseio por esse grande amor. Pensei tê-lo encontrado há alguns anos, porém cada vez mais me dou conta de que ele acabou. É claro que isso me deixa triste porque, como disse João Bosco no show que acabei de ver, "Quem pode querer ser feliz/Se não for por um grande amor" (Desenho de giz)
Existem várias formas de amor: ao trabalho, aos filhos, à família, à música, à literatura, mas realmente fica difícil viver se a gente não acreditar pelo menos por um instante na possibilidade de (re) encontrar um grande amor.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Caminhos (tortuosos) da criação

Hoje aconteceu uma coisa estranha. Um amigo meu, o jornalista Luís Eduardo Bona, de Porto Alegre, me pediu para escrever uma "crônica rural" para o seu site Página Rural. Ele fez contato comigo via msn depois de entrar neste blog. Como aceitei seu convite, fiquei pensando sobre o que iria abordar nessa crônica rural, mas de repente, pela manhã, me veio a imagem de meu irmão Zezinho e acabei escrevendo sobre ele.
Esse fato me perturbou um pouco. Achei estranha a forma como a lembrança do meu irmão se insinuou na minha mente. Fiquei realmente triste pelo fato de não ter mais a sua presença e por ter desfrutado tão pouco de sua convivência. Temos algumas coisas em comum, porém ele tinha o espírito bem mais livre e talvez mais anárquico que o meu. Isso não significa que sua vida foi fácil. Pelo contrário, enfrentou muitas amarras e teve que decepcionar pessoas, frustrar expectativas para seguir o caminho que escolheu. Era uma pessoa carismática e muito, muito simpática.
Nem sei por que estou tão fascinada pela história desse irmão. De repente, me deu uma saudade imensa de homens que passaram pela minha vida e fizeram às vezes o papel de pai (meus cunhados), embora eu sempre tivesse que compartilha-los com seus verdadeiros filhos. Eu era a irmã, a cunhada. Não tenho visto muito homens com essa fibra ultimamente. Parece que, aos poucos, as mulheres estão tendo que assumir cada vez mais o papel de pai e mãe e isso acaba sendo bem pesado.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Desejos

Dizem que o que nos mantém vivos é o desejo. Pensando nisso, fiz mentalmente uma lista de desejos que quero "materializar" (a lista, os desejos terão que esperar mais) por meio deste blog. Como se fosse a lista feita pelos protagonistas do filme "Antes de partir", que já mencionei num dos primeiros posts. Calma, não estou morrendo, nem com uma doença incurável, pelo menos que eu saiba. Só acho que não preciso estar a um passo da morte para pensar sobre meus desejos. Então vamos lá (a ordem não tem a ver com prioridade):
  • voltar a tocar violão
  • viajar (quero conhecer o Brasil de ponta a ponta e, se possível, uma boa parte do mundo, em especial, Machu Picchu e Cuzco no Peru, São Francisco e Nova Orleans nos EUA, Grécia, Egito, Santiago do Chile, algumas capitais do leste europeu e retornar a algumas cidades que conheci e que são sempre atraentes como Paris, Nova York, Roma, Madri, Barcelona, etc);
  • ter independência financeira (isso significa não ficar me torturando quase todos os dias com o pensamento de que meu dinheiro não vai chegar até o fim do mês; pagar minhas dívidas e ter dinheiro suficiente para bancar pequenos prazeres);
  • ter saúde suficiente para poder continuar fazendo alguma atividade física;
  • voltar a nadar e/ou fazer yoga;
  • ser transparente e mais receptiva em relação às pessoas;
  • namorar mais;
  • ver minhas filhas independentes, profissionalmente bem e felizes;
  • voltar a morar num casa, com direito a cachorro e um cantinho bem gostoso para ler.

Por enquanto, é isso. É claro que a lista pode (e deve) ser constantemente ampliada. Alguns desejos são mais fáceis de realizar e dependem mais de mim, outros não.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Traduções virtuais

Tenho mania de ler em fila. Não suporto ficar em qualquer tipo de fila ou mesmo esperando por alguém sem ter algo para ler. Nesses momentos sou capaz de ler até bula de remédio. Pois, hoje, enquanto aguardava minha vez no Ganha Tempo (qualquer hora volto a este tema), eu me dei conta de que tinha esquecido a revista no carro e acabei pegando para ler um texto que me foi entregue por uma amiga jornalista, assessora de um deputado local.
Eu me diverti muito. O texto, extraído da revista "Fortune", fala sobre agricultores norte-americanos que estão investindo no plantio de soja em Tocantins. A matéria é muito interessante, mas o que me fez rir foi a tradução para o português, daquelas feitas automaticamente pela internet. Eu já sabia que esse tipo de tradução não presta, mas não tinha me dado de conta de podia ser tão ridícula. Só para citar um exemplo extremo: a BR-364, citada na matéria, transformou-se em "Grã-Bretanha 364". Dá para acreditar? A soja, tema principal da reportagem, é citada o tempo todo como "feijão-soja" (soybean). E pensar que ainda tem gente que confia nessas traduções. Muitos estudantes recorrem a essa ferramenta na hora de fazer trabalhos escolares e, como muitos nem se dão a trabalho de ler "o que escrevem", acabam entregando textos absurdos aos professores.

Escolhas

A vida nos traz surpresas de todo tipo. Como estou meio deprê hoje (por problemas de caixa no fim do mês), vou tentar falar de surpresas boas para levantar meu astral. Durante o curso de Jornalismo na Escola de Comunicação da UFRJ fiz grandes amigos, mas quase todos eles, infelizmente, foram ficando perdidos "na poeira das ruas" (salve o mestre Paulinho da Viola!). Há cerca de dois anos reencontrei um desses grandes amigos, Eugênio Thomé, graças à internet. Imagine que ele estava fazendo uma pesquisa com o filho sobre Pantanal e encontrou um texto meu sobre Cáceres através do Google. Reatamos nossa amizade mesmo a distância e ontem o Eugênio me mandou um texto de outra grande amiga da ECO, Jael Coaracy, que ele encontrou também na internet. Jael, contou, tornou-se personal coach e dá dicas de comportamento e relacionamento. Chique, né? O texto em questão, intitulado, "Não se deixe paralisar pelas dúvidas", fala exatamente sobre a importância das escolhas, tema de um dos meus últimos posts. Tomo aqui a liberdade de publicá-lo em nome da minha velha amizade com Jael.

"Você não pode impedir que as dúvidas, em forma de pensamentos, surjam em sua mente. Mas pode impedir que a mente alimente pensamentos de dúvida exercitando o poder do foco. Isso significa que aquilo em que se concentrar é o que estará trazendo para a sua experiência. Deixar-se dominar por dúvidas é como fazer pequenos furos no casco do seu navio, provocando o naufrágio. Dúvidas interrompem seu plano de ação e provocam o naufrágio das metas. Permitir que a dúvida se torne um estado habitual é uma forma de ir deixando para depois vendo a vida passar.Você nunca vai ter certeza absoluta de que fez a melhor escolha, não importa a escolha que fizer. Mas pode estar certo de que ao não fazer nenhuma escolha, já está escolhendo a frustração. Quem não escolhe permanece no conflito. As dúvidas traem seu propósito, pois a indecisão destrói oportunidades. Pessoas indecisas podem terminar vivendo de sonhos. Quando acordam se vêem vazias, no mesmo ponto de partida de onde nunca saíram.O que você tem a perder apostando numa escolha? Não há garantias na vida. Mas não há como viver sem fazer escolhas. Ao optar por algo, você abre mão das outras opções. Talvez, aí se encontre a chave da dificuldade de decidir. Mas ao não fazê-lo, na verdade, você entrega o seu poder ao outro, ao mundo, às circunstâncias e fica à mercê dos acontecimentos. Reconheça a dúvida que se encontrar presente, aceite-a e comece a fazer perguntas a si mesmo que o levem às respostas que precisa. Mantenha o foco no resultado desejado e tenha clareza sobre o que deseja alcançar. Uma vez definido o seu objetivo, parta para a ação. Cada passo além fortalecerá os músculos da vontade. Alguém cheio de dúvidas é como um homem em cima do muro vendo a vida passar. Somente a ação modifica a vida e constrói as experiências que se deseja viver."

terça-feira, 1 de abril de 2008

João Bosco em Cuiabá

Uhuh! A programação cultural dos próximos dias está realmente imperdível. Acabo de saber que no sábado, dia 5, vai ter show de João Bosco no Centro de Eventos do Pantanal. Ingressos a R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia). O show faz parte das comemorações do aniversário do Banco do Brasil e é promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil.
Vocês não fazem idéia de quanto gosto de João Bosco. Quando eu trabalhava na sucursal da revista Veja no Rio, nos anos 80, fiz uma entrevista com ele em sua casa. Foi na época em que lançou dois discos de uma vez. Estava por cima da carne-seca (que expressão mais antiga ...). Adorei conversar com ele, um cara super envolvente, sedutor (bem casado, diga-se passagem) e o fato de conhecê-lo pessoalmente só aumentou minha admiração por ele, que vinha da época da dupla com Aldir Blanc, com quem compôs algumas das mais belas canções da MPB como "O bêbado e o equilibrista", "Dois pra lá, dois pra cá", "Rancho da Goiabada" (acho que é esse o nome), para citar algumas.
Imagino que o João Bosco atual tenha pouco a ver com esse dos anos 70, mas não importa: ele será sempre um grande intérprete e violonista. Se depender da minha vontade, estarei lá.