quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Músicos maravilhosos



Nos últimos dias assisti a dois documentários musicais. Ambos maravilhosos, mas de origens diferentes e sobre temas também diversos.
Assisti ao primeiro no domingo, ou melhor, comecei a assistir porque o sono feroz (depois de um dia de banho de rio na Chapada dos Guimarães e caminhada no Parque Mãe Bonifácia) me impediu de concluir meu intento. 
Trata-se do documentário "Buena Vista Social Club", dirigido pelo alemão Wim Wenders em 1999. O documentário teve uma bela carreira internacional, com direito à indicação ao Oscar em sua categoria, mas, por razões que só quem mora na periferia dos grandes centros urbanos entende, nunca consegui assisti-lo. Estava procurando um filme para assistir na Netflix quando o encontrei.
O filme é muito bom! Fiquei com vontade de assistir de novo e de novo e de novo. Ele fala sobre a reunião de antigos músicos cubanos (excelentes), que são tirados do ostracismo por causa de um disco produzido pelo guitarrista e produtor musical norte-americano Ry Cooder. Esses artistas têm em comum o fato de terem se apresentado no Buena Vista Social Club, em Havana (capital de Cuba), que fechou as portas nos anos 50.
O filme é um passeio por Havana, que ora lembra a Lapa carioca com seus casarões belos e decadentes; ora lembra a zona portuária do Rio de Janeiro. Mas, em meio às ruas esburacadas, as lentes de Wenders conseguem captar beleza, por exemplo, da gente reunida nas portas e que saúda os músicos protagonistas. As cenas perto do mar são belíssimas. Os depoimentos dos músicos, que seguem um roteiro básico (quem sou, como me iniciei na carreira musical), são emocionantes e suas performances (seja no estúdio precário, seja nos palcos de teatros famosos em Amsterdam e Nova York) são inesquecíveis. O filme e o disco Buena Vista Social Club fizeram muito sucesso nos anos 2000 e sei que alguns dos músicos destacados morreram logo depois desse ressurgimento.
O outro documentário, assistido ontem, chama-se Loki, e foi dirigido por Paulo Henrique Fontenelli, em 2008. Tive acesso a ele  por sugestão do Facebook (post sobre o Canal Brasil). Também fiquei com um pouco de sono, mas resisti até o final. Adorei! Ele conta a história de Arnaldo Baptista, o lendário fundador e líder da banda Os Mutantes, formada com seu irmão Sérgio Dias e a cantora Rita Lee, que foi casada com Arnaldo.
Baseado em depoimentos de amigos e críticos musicais (Tárik de Souza e Nélson Motta, entre outros), e em imagens preciosas de todas as fases de Arnaldo (desde sua primeira banda, anterior aos Mutantes), o documentário ressalta a genialidade do músico, incensado por artistas estrangeiros como Kurt Cobain (Nirvana) e Sean Lennon (o filho de John e Yoko).
O documentário é muito emocionante por tudo que Arnaldo passou (o envolvimento com drogas pesadas, a tentativa de suicídio de uma clínica de reabilitação) e mostra o artista hoje, pintando em seu sítio em Juiz de Fora, onde mora com a atual mulher e fiel escudeira Luciana Barbosa. O final é lindo! (não vou dar uma de spoiler) Vale a pena ver este documentário sobre um músico ícone de uma das épocas mais criativas da MPB. Ah, Loki é o nome de um disco solo de Arnaldo, lançado em meados dos anos 70, na fase pós-Mutantes e considerado uma obra-prima por muitos músicos e pelos fãs.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mesa pra seis, por favor



Em meio a tantos acontecimentos impactantes - o desastre ambiental de Mariana e a volta do terror em Paris - resolvi escrever sobre o belo.
No domingo, venci a preguiça e fui ao Teatro da UFMT assistir à apresentação do novo grupo vocal mato-grossense Mesa pra seis, formado por Jefferson Neves, Klauber Borges, Raul Fortes, Laís Epifânio, Thaina Pinheiro e Tuanny Godoy.
Foi lindo! A proposta do grupo, pelo que entendi, é valorizar a boa música popular brasileira (Chico Buarque e Cartola) e alguns clássicos da música internacional (Gershwin, Cole Porter, entre outros), em arranjos vocais belíssimos, especialmente, pela mistura de vozes masculinas e femininas.
O show também teve direito a alguns solos e contou com a participação do violonista Eduardo Santos. A se destacar também a percussão feita por alguns integrantes do grupo (Raul e Tuanny) e a performance de Jefferson Neves ao piano.
E o que tornou esse show tão especial? Exatamente a suavidade: o cenário, a iluminação, os figurinos - tudo estava extramente harmônico. Algumas vozes se sobressaíram em alguns momentos (especialmente nos solos), mas tudo aconteceu de uma forma suave, extremamente agradável para meus ouvidos tão cansados de barulho e estridência. 
Todos os solos foram lindos, mas ouvir a bela voz de Jefferson Neves interpretando "Everytime we say goodbye", do compositor Cole Porter, não tem preço!
O espetáculo "Ao Amanhecer" foi primoroso e, ao final, o público da apresentação de domingo foi surpreendido com a notícia de que a cantora Laís Epifânio tinha se apresentado sob o peso da notícia da morte de seu marido, ocorrida depois que ela já estava no teatro. Os músicos no palco não conseguiram mais segurar as lágrimas, contidas durante o show, e muitos também se emocionaram na plateia. 
Fiquei encantada com o profissionalismo de Laís, que nos brindou com uma versão dramática de "As rosas não falam" (Cartola) e também se destacou com a interpretação de "Summertime" (George Gershwin) ao lado de Thainá Pinheiro. 
Mato Grosso sempre está nos surpreendendo com a qualidade de seus artistas. Como sou mais ligada à música, acabo acompanhando mais a parte musical, seja vocal ou instrumental. É uma pena que a distância dos grandes centros urbanos (eixo Rio/São Paulo) dificulte um pouco a divulgação de nossos talentos.
Espero que o espetáculo "Ao Amanhecer" volte a ser apresentado (foram só duas apresentações no Teatro da UFMT neste final de semana) e mais pessoas possam desfrutrar do prazer de assisti-lo e de ouvir as vozes do grupo Mesa pra seis. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Angústia

Confesso que estou angustiada hoje. Por falta de interlocutores de carne e osso, resolvi usar o meu blog para desabafar.
 1- O calor está insuportável. É quase sempre assim em Cuiabá nesta época do ano, por isso, o clima não é uma novidade, mas mesmo assim ele é opressor, angustiante. Durante o almoço, num restaurante aqui perto, ouvi alguém (provavelmente da Secretaria de Estado de Educação) dizendo que tinha visitado uma escola para crianças especiais em Várzea Grande (cidade contígua a Cuiabá) e que não havia aparelhos de ar condicionado. A situação estava terrível. É o que imagino quando alguém vem reclamar do calor: penso nos doentes internados nos pronto-socorros e hospitais, em pessoas idosas que moram em casas sem ar condicionado (mesmo que elas tenham ar, quem aguenta pagar a conta de luz se o ar ficar ligado o dia inteiro?) e também em pessoas que estão presas. Não adianta: quem se lasca mais são sempre as pessoas mais carentes. Sofrem nos ônibus, sofrem caminhando nesse mormaço, sofrem em filas, sofrem à espera de atendimento médico e cirurgias que nunca são marcadas.
2 - Há pessoas da família muito próximas que estão doentes e também o irmão de uma grande amiga. Todos sofrendo por causa do câncer - essa doença que chega sorrateira, cheia de artimanhas e que judia muito dos doentes. Eles sofrem com o tratamento (quimio, radio), sofrem quando o tratamento já não está fazendo efeito e aos doentes (e seus familiares e amigos), praticamente, só resta rezar e confiar numa força maior. Muito triste!
3 - Fiquei muito chocada com os acontecimentos recentes no Rio de Janeiro: a onda de arrastões e os ataques de uma parcela da sociedade que nasceu do lado de cá do túnel "em defesa" de seu território. Isso é quase uma guerra civil! Leio artigos bacanas analisando os fatos e fico pasma com a reação do secreetário de Estado de Segurança Pública, que parece se sentir impotente para evitar o confronto entre os usuários dos ónibus vindos dos subúrbios e alguns moradores facistas da Zona Sul. Se esses meninos que vêm do lado de lá do túnel se juntassem e viessem em bando (e também armados para o confronto), e ainda se unissem ao povo dos morros da Zona Sul, haveria uma batalha campal. Seria horrível! Quantas vidas um conflito desse tamanho poderia custar?  Qual é a saída para essa situação? Construir barricadas para impedir a passagem de quem vem do lado de lá do túnel e nada tem a perder? Não sei.
Eu poderia enumerar outros motivos de angústia (a situação nacional, a situação internacional - aliás, como estão os imigrantes? - e outros questões bem mais pessoais), mas acho que chega.  Além disso, preciso começar a trabalhar.
Acho que a angústia é a incapacidade de lidar com a realidade, a sensação de impotência diante dos fatos e uma tendência a ver tudo sob uma ótima pessimista. 
Às vezes, uma notícia boa, uma boa aula de yoga ou até um encontro com companheiras de dança circular podem alterar esse estado de espírito. O mundo mesmo não muda. A tecnologia, que viria para tornar o mundo melhor, parece que só está afastando as pessoas e as tornando ainda mais obtusas, preconceituosas e convictas de suas verdades.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dos deuses



Assisti na noite da última quarta-feira ao show "Pelo Brasil" do bandolinista Hamilton de Holanda. Foi tão bom que chego a me questionar se foi real.
Confesso que conheci Hamilton há pouco tempo. Não ando tão atualizada em termos culturais, infelizmente. No final de fevereiro, ele esteve em Cuiabá para uma apresentação com a Orquestra do Estado de Mato Grosso e fiquei encantada com o seu talento, virtuosismo e simpatia.
Quando soube que faria um show em Cuiabá, mal acreditei, mas fiquei indecisa quanto a ir, por incrível que pareça. Bendita a hora em que decidi deixar a preguiça e o receio de ir sozinha de lado!
O show foi lindo! Durante pouco mais de uma hora (como houve um certo atraso no início, não posso precisar a duração), Hamilton fez uma apresentação impecável.  Foi uma verdadeira viagem por ritmos brasileiros ao som de apenas um bandolim que, nas mãos de Hamilton, alcança sonoridades impensáveis. É um violão? Um banjo? Um cavaquinho? Um avião? 
Não, é Hamilton no bandolim. 
As imagens belíssimas projetadas nos painéis ao fundo do palco intensificam a sensação de viagem. Barulho de chuva (que delícia!), de cachoeira, de sons típicos de uma típica paisagem nordestina e até de buzinas de carros são os companheiros de Hamilton nessa viagem musical.
O artista cantou uma composição de sua autoria (parceria com Diogo Nogueira e outro nome que me fugiu). Brincou com o público dizendo que estava cansado de tocar "Brasileirinho" para, em seguida, tocar o hit de Waldir Azevedo em vários ritmos (até no ritmo do lambadão cuiabano). Compôs um tema no palco ao falar sobre o que é inspiração.
O mais incrível é que ele praticamente só interpretou composições suas, ou seja, temas desconhecidos para o público. A exceção, além do já citado "Brasileirinho", foi uma rápida menção à música "Naquela mesa", composta pelo jornalista Sérgio Bittencourt para homenagear o pai, outro gênio do bandolim: o grande Jacob do Bandolim. Uma forma de Hamilton reverenciar aquele que talvez seja o maior nome do instrumento no Brasil.
Em resumo, um espetáculo que valeu cada segundo. Nem preciso dizer que virei fã de carteirinha de Hamilton de Holanda.

PS. Fiquei com uma dúvida: o Teatro Zulmira Canavarros (da Assembleia Legislativa) com estacionamento liberado é tudo de bom para quem tem carro, mas como será a situação de quem depende de transporte público?
 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

De alma lavada


Foto de Maria Teresa Carrión Carracedo

Não sei se conseguirei reproduzir neste post toda a delícia que foi assistir à apresentação do compositor mineiro Flávio Venturini e da Orquestra Sinfônica da UFMT, sob a regência do maestro Fabrício Carvalho, em Chapada dos Guimarães, nesse domingo.
Aos 66 anos, Flávio é um músico singular. Nunca foi um grande astro da MPB, porém tem composições belíssimas e surpreende por seu ecletismo.
Sua obra inclui pérolas como "Todo azul do mar" e "Espanhola" (em parceria com Guarabyra) - aquele tipo de música que todo mundo adora cantar quando a turma se reúne para tocar violão.
Mas também inclui um bolero maravilhoso, "Besame", que só recentemente descobri ser de sua autoria. E no domingo, eu - que me considero tão bem informada em termos de MPB - descobri que uma das mais lindas canções do grupo Legião Urbana ("Mais uma vez") é fruto de uma parceria de Renato Russo e Venturini. 
Aliás, esse foi um dos pontos altos do show da Chapada: o maestro Fabrício Carvalho, muito à vontade no palco, conduziu a apresentação de forma muito espontânea, ressaltando o tempo todo o prazer de estarem ali - Flávio e a orquestra bisando o show feito em abril, no Teatro da UFMT - diante daquele público bem família: muita gente mais velha, avós, pais e filhos se confraternizando num início de noite de clima ameno, no Festival de Inverno da Chapada.
O show/concerto teve espaço para a belíssima "Nascente" e outras mineirices como "Travessia" (dos amigos Milton Nascimento e Fernando Brant, este recentemente falecido, companheiros de Flávio no Clube da Esquina), "Caçador de Mim" e "Clube da Esquina 2" - uma das músicas mais lindas que conheço.
Também teve momentos à la Rick Wakeman - o músico britânico que, nos anos 70/80 nos eletrizava com seus teclados e apresentações apoteóticas.
Tem tudo a ver: o mineiro Flávio, grande instrumentista, ex-integrante da banda O Terço e do 14 Bis, bebeu na fonte do rock progressivo na década de 70 e construiu uma página da MPB que mistura a pegada mineira, a poesia do Clube da Esquina com influências do rock e outros ritmos.
Depois de duas horas de show, que teve direito ainda a uma bela homenagem à Chapada dos Guimarães, saímos todos de alma lavada, embalados pela música e pelas belas imagens projetadas no telão. 
"Quem acredita sempre alcança" - é o mote dos versos de Renato Russo na canção que talvez tenha sido para mim a mais bela surpresa da noite. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Anacrônica



Contrariando os novos tempos, estou redescobrindo as pérolas da minha coleção de CDs. 
Nos últimos dias, estou in love com o CD Mestres MPB - Nelson Cavaquinho. Trata-se de um produto da antiga gravadora Continental. Como foi remasterizado em digital, a qualidade do som é incrível!
O CD mistura composições de autoria de Nelson Cavaquinho com conversas (breves) entre ele e a cantora Elizeth Cardoso, Sargentelli e a cronista Eneida Morais, finalizando com um diálogo do mestre com Sergio Cabral (o pai). 
O bom de ouvir novamente um CD depois de anos é que você descobre novas afinidades com canções que não lhe diziam muita coisa antes de .... começar a frequentar o Chorinho (o bar Choros & Serestas, em Cuiabá). 
Sambas como "Luz negra" (de Nelson e Amâncio Cardoso), "Palhaço" (com Osvaldo Martins e Washington Fernandes) e "Rugas" (com Augusto Garcez e Ary Monteiro) ganham outros significados. Sem falar em clássicos como "A flor e o espinho" (com Alcides Caminha e Guilherme Brito) e "Pranto de poeta" (com Guilherme Brito).
Fico sempre admirada com a riqueza de composições de homens simples como Nelson Cavaquinho, Cartola e Nélson Sargento, só para citar alguns mais conhecidos. 
No texto de apresentação do CD, o jornalista e crítico musical Tárik de Souza conta a lenda de que "a montaria amestrada de Nelson Cavaquinho (1910-1986) voltava sozinha para o quartel quando percebia que o dono ia demorar-se em bebedeiras e cantorias com Cartola e Carlos Cachaça, ali para os lados da Mangueira". Segundo Tárik, Nelson Antonio da Silva acabou pedindo baixa da PM.
Nelson se tornou conhecido de um público maior nos anos 60, quando teve algumas de suas composições gravadas por Nara Leão (que amo de paixão) e depois por Elis Regina, Clara Nunes, Beth Carvalho e Chico Buarque, entre outros citados por Tárik.
Boêmio típico da cena carioca do século passado, Nelson era exímio instrumentista e tinha uma voz peculiar ("arenosa", segundo Tárik), que nada tinha de um cantor típico, porém se casava perfeitamente com os versos de seus sambas.
São artistas assim que nos surpreendem. Não arrastaram multidões, nem são conhecidos de boa parte dos brasileiros, mas contribuíram muito para a riqueza da MPB.  Deveriam ser mais reverenciados. 

"Tire seu sorriso do caminho 
Que eu quero passar com a minha dor" (...)

domingo, 21 de junho de 2015

Amar é ...



Aproveito o título de uma série famosa há algumas décadas para refletir um pouco sobre o amor. 
Ontem assisti a um show muito bonito: a cantora acreana Célia Gomes e o pianista/acordeonista André Dantas apresentando canções de Edith Piaff ("Chansons d'amour"). 
Para ser sincera não gosto tanto da voz de Piaff e até fiquei receosa de não gostar muito da apresentação, porém amei! De aparência muito jovem, Célia tem uma linda voz: suave e consistente, capaz de voos mais altos quando é necessário. André arrasou no piano e no acordeão, dando um toque jazzístico aos arranjos. Muito bom!
Uma canção especialmente me fez pensar: "Je ne regrette rien", algo como "Não me arrependo de nada". Piaff era uma mulher apaixonada, que ia fundo em suas paixões e sofreu muito (eu me lembro vagamente do filme "Piaff", que adoraria rever hoje).
Não pretendo ser uma Piaff nessa altura da vida, até porque não tenho temperamento para isso. Mas, às vezes, me questiono se amo o suficiente. 
É claro que sou completamente apaixonada por minhas filhas (não me canso de repetir isso) e fico muito feliz que elas reconheçam esse amor. Fui totalmente apaixonada pelo pai delas, tanto é que mudei minha vida por conta dele. Não me arrependo disso, mas a forma como nosso amor acabou me fez ficar ressentida por muito tempo e muito ressabiada com os homens. 
Ok, quando se fala em amor não precisamos falar necessariamente de uma relação a dois. Amor é muito mais que um casal, inclui amor à família, aos amigos, ao trabalho, ao próximo, ao distante, à humanidade.
Nesse ponto acho que estou deixando a desejar. Acredito que nasci com grande capacidade de amar. Eu era (ou sou), por natureza, uma pessoa amável. Alguns percalços pelo caminho fizeram com que eu refreasse um pouco a minha natureza generosa e disposta a amar de uma forma mais desprendida, sem esperar nada em troca.
Com o tempo, fiquei tímida e refreei minha vontade de beijar, abraçar, elogiar, estar próxima. Eu me tornei uma pessoa mais crítica e até preconceituosa. Não estou aqui falando de raça ou coisa parecida e sim de preconceitos culturais, da dificuldade de conviver e amar o outro, que pensa diferente, que gosta de uma música diferente, que fala e se veste de uma forma diferente.
Acreditei que poderia viver bem sozinha ... Até vivo, mas como sinto falta da atenção, do carinho do outro. Como fico feliz quando me sinto querida, reconhecida, amada! 
Tem um samba (acredito que de Baden e Vinícius) que diz "quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém". É bem isso!
Quero sair mais de mim e amar ... E poder dizer, como Piaff: "Je ne regrette rien".

PS. Meu post acabou ficando muito subjetivo (para variar), mas essa vontade de amar também se estende ao outro que não está assim tão próximo. Quero encontrar formas de fazer efetivamente algo pelos outros e não ficar presa nesse discurso de ódio que está predominando no Brasil (e quiçá, no mundo). 
Aproveito a oportunidade para agradecer as manifestações de amor que recebi, ao longo da semana, por conta do meu aniversário.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ernesto Nazareth




Estou perdidamente apaixonada por Ernesto Nazareth. 
Na verdade, é uma paixão antiga, que andava esquecida. Portanto, é uma recaída. Mas como é bom estar apaixonada por alguém, mesmo que seja um homem que morreu em 1934.
Nem sei de que ano é o elepê duplo "Arthur Moreira Limpa interpreta Ernesto Nazareth". Sei que minha mãe era viva nessa época e já fazem quase 30 anos que ela se foi ...
Na verdade, o encanto por Nazareth nasceu antes, quando eu ainda era uma menina e ouvia apaixonadamente Nara Leão cantando "Odeon", que até ontem eu pensava ser uma homenagem ao Cine Odeon, na Cinelândia, no Rio.
Santa ignorância!  A música foi feita para outro Cine Odeon, também situado no Centro do Rio, que foi demolido há praticamente um século. Era nesse cinema que Nazareth atuava como pianeiro.
Mas, aonde aprendi tudo isso?
Vamos começar do começo. De repente, me deu uma súbita (e ousada) vontade de cantar "Odeon", cuja letra foi feita por Vinícius de Morais (isso eu sabia), a pedido da cantora Nara Leão (isso eu não sabia até ontem), em 1969.
Busquei a letra na internet, que é imensa, e venho ouvindo a gravação de Nara no youtube para tentar aprender a música. É difícil! Tem hora que a letra parece não caber na melodia. 
No sábado, eu me enchi de coragem e levei a letra para cantar no Chorinho (o bar Choros&Serestas). Amarelei ... Senti que não estava segura o suficiente e não quis fazer feio.
Ontem, voltei a escutar a música e ousei cantá-la ao som do piano de Nazareth (tudo pelo youtube) e do violão de Toquinho.
Eu já estava encharcada de "Odeon" quando um vídeo me chamou atenção: um documentário sobre Nazareth.
Foram cerca de 45 minutos de depoimentos: intérpretes como Eudóxia de Barros, biógrafo (preciso resgatar seu nome) e alguns especialistas em música, como Ricardo Cravo Albim.
Maravilhoso!
Só que muito triste. Descobri que Nazareth sofria de sífilis e morreu louco, depois de ser internado na Colônia Juliano Moreira. Ele fugiu do hospício e foi encontrado afogado numa lagoa que havia nas proximidades.
Como uma pessoa tão talentosa pode ter um final tão triste! Mas ele não foi o único artista a morrer em decorrência dos problemas acarretados pela sífilis no século passado. Aprendi ontem que Scott Joplin, um grande pianista e compositor norte-americano, também sofria da mesma doença e, se não me engano, o grande Heleno de Freitas, o mito botafoguense, também foi sifilítico.
Mas a minha paixão não morreu ali. Muito pelo contrário. Hoje resolvi ouvir o elepê gravado por Arthur Moreira Lima e disponível no youtube. 
É lindo! Claro que seria mais gostoso ouvir o disco com a capa na mão. Aliás, acabei de me lembrar que tenho esse elepê aqui em casa... E, depois de uma rápida busca, descobri que o disco é de 1975.
Mas o que interessa dizer é que todo mundo devia ter a oportunidade de conhecer a obra de Nazareth, que é de uma riqueza e uma delicadeza ímpares.
Quanto ao "Odeon", que é um tango e não um choro como eu pensava, continuo treinando para cantá-lo. Depois eu conto como foi ...



sábado, 28 de março de 2015

Sobre o amor (ou a falta dele)

Será que amar é como andar de bicicleta? A gente nunca desaprende, mas se não andar de vez em quando vai perdendo o jeito, fica com medo de cair, se machucar ...
Tudo na vida das pessoas dita normais gira em torno do amor - sonhos, religião, música e artes em geral. Até se mata por amor, dizem. 
Existem várias formas de amor e dizem até que "qualquer maneira de amor vale a pena". 
E quando a gente sente que está ficando endurecida, perdendo a capacidade de amar? 
É claro que amo minhas filhas (imensamente), amo minha família. Amo meus amigos? Tive tantos encontros e despedidas nessa vida que nem sei dizer se realmente amo meus amigos. Os amigos que mais amo estão longe, não fazem parte do meu dia a dia.
Amo meu trabalho? Amo trabalhar, preciso trabalhar e não consigo imaginar minha vida sem trabalho, mas hoje não posso dizer que amo meu trabalho. Gosto do conforto material que ele me proporciona, mas não estou apaixonada pelo que faço.
E talvez aí esteja em parte a origem do que estou sentindo. Uma solidão terrível e, ao mesmo tempo, uma certa dificuldade para me relacionar com as pessoas, uma sensação de desinteresse: eu não sou bastante interessante para elas e nem as pessoas que estão próximas de mim o são. 
Acho que o problema não está no outro. Está em mim.
Há momentos em que sinto que estou perdendo tempo. Eu me sinto como uma vaca caminhando resignadamente em direção ao abatedouro. E, na condição de vaca, não acredito em vida após a morte.
Não estou sentindo paixão em mim. Não estou sentindo a vida pulsar em mim.
E ainda não sei o que fazer para exercitar o amor dentro de mim, como se exercitam os músculos.
Preciso encontrar uma forma de malhar o amor, mesmo que isso me custe algumas lágrimas.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Na Chapada dos Guimarães com Amigos de Trilhas




No domingo passado fiz um passeio maravilhoso, organizado pelo grupo Amigos de Trilhas. 
Morro de preguiça de acordar cedo, mas quando tem trilha jamais perco a hora. Pulo da cama assim que o despertador toca (às 5h), me arrumo rapidinho (acredite se quiser) e sigo ao encontro do grupo (geralmente o encontro acontece num posto de gasolina de Cuiabá, às 6h). 
O segundo ponto de encontro foi na padaria de Chapada dos Guimarães, às 7h, e de lá seguimos para a fazenda que abriga os atrativos turísticos (ou seriam produtos?) que iríamos visitar.
O passeio todo, que só pode ser realizado com apoio de guias credenciados (um para cada grupo de 12 pessoas), atraiu 52 pessoas e me custou R$ 85, sendo R$ 35 para a fazenda, R$ 30 para o guia (um preço especial feito para o grupo) e R$ 20 para o almoço (opcional). A maioria das pessoas optou pela volta de trator, que custou R$ 15, mas eu confiei no meu taco e me propus a encarar os seis quilômetros de retorno à sede. Ou seja, caminhei um total de aproximadamente 12 km.
Saímos em direção à Caverna Aroe Jari (o atrativo principal) por volta de 9h (nessas horas eu tiro o relógio), depois de vestir as perneiras obrigatórias. No início, detestei o novo item do meu vestuário, mas depois me acostumei. 

Acabei ficando no segundo grupo - os grupos partiram com alguns minutos de diferença, para atender a uma norma local -, mas depois acabei me unindo ao primeiro grupo, liderado pelo guia Domingos Pires. Biólogo por formação e criado no Cerrado, Domingos alia a capacidade de dar informações precisas sobre flora e fauna locais com o dom de contar lendas sobre os locais visitados. Por exemplo, exaltou as qualidades de uma suposta fonte de juventude e de um portal natural onde devíamos pensar em nossos desejos, entre outras pérolas. Atiçou a imaginação de algumas integrantes do grupo ao falar sobre as trocas genéticas das plantas da trilha. Diga-se de passagem que todos os guias com quem tive contato foram bem bacanas.
Nossa primeira parada para valer foi a Caverna Aroe Jari, que não pode ser atravessada nesta época do ano por causa da quantidade de água. Como o lugar é lindo! Eu, que tenho uma certa dificuldade para caminhar no escuro, fiquei extasiada e, ao mesmo tempo, meio assustada com o nosso passeio, apesar de termos a companhia de algumas lanternas. Em dado momento, nosso guia sugeriu apagarmos todas as luzes para sentirmos a energia do lugar que, segundo ele, seria habitado por fantasmas dos indígenas que habitaram a região.

Depois dessa caverna, vistamos a Lagoa Azul, que é modesta em comparação com outras lagoas do gênero (de Bonito-MS e de Nobres-MT), mas tem sua beleza.

Nossa terceira meta foi a Caverna Kioto Brado. Embora more em Mato Grosso há mais de 25 anos, nunca tinha ouvido falar dela. Talvez até por isso eu fiquei deslumbrada com essa caverna.

Mas, como me ensinou há muitos anos minha amiga Bernadete, o importante é o percurso e não a chegada. Durante toda a trilha, havia muito o que ver: flores, paredões, paisagens inusitadas. 
No retorno, paramos na tal fonte da juventude e tomamos um banho que não estava no programa. Foi delicioso!
Uma das paisagens deslumbrantes vistas durante a caminhada

Chegamos ao restaurante da fazenda morrendo de fome e, depois de tirar perneiras, tênis e meias, enfiamos a cara no almoço preparado por Deusa e sua equipe, que estava dos deuses (com perdão do trocadilho): arroz, feijão, salada, farofa e galinha caipira, que comemos à vontade. 
 Depois do almoço farto, visitamos a Cachoeira do Almiscar. Apesar de não estar muito quente, encarei a água gelada da cachoeira.
Logo depois, retornei à Chapada com minhas caronas e paramos para um café no Restaurante Pomodori. Bem despertas e bem humoradas, a gente desceu a serra com cuidado, ouvindo música e conversando. 
Infelizmente, um motorista distraído acabou causando um acidente chato e que poderia ter consequências bem piores. Na chegada a Cuiabá, num trecho da MT-251 com uma leve subida, o motorista da caminhonete que ia na nossa frente reduziu a velocidade e minha amiga que dirigia o carro também reduziu. O cara que vinha atrás não! 
O resultado foi que ficamos espremidas entre o carro dele e a carreta da caminhonete que levava um barco de alumínio.
A batida foi feia e o carro da minha amiga ficou muito danificado na frente, atrás e nas laterais. Ela não tem seguro e o cara que bateu também não. Ele assumiu a culpa pelo acidente (disse que estava vendo uma mensagem no celular enviada por seu chefe) e prometeu pagar o estrago. 
Não sei o que virou porque até anteontem minha amiga e ele ainda não tinham chegado a um acordo. Ela ficou sem carro (foi preciso guinchar o automóvel) e nós saimos do acidentes atordoadas com a batida, um pouco doloridas e com algumas lições.

Uma delas é: nunca olhe seu celular quando estiver dirigindo. Parece óbvio, né? Mas quantas pessoas se acidentam por causa do maldito celular! A outra é perceber o quanto a sua vida pode mudar em poucos segundos.
Felizmente, o nosso domingo maravilhoso não acabou em morte ou ferimentos. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Diário de Gratidão: Acupuntura

Hoje meu dia foi meio sem graça e confesso que me senti meio sozinha. Mesmo assim tenho que agradecer pela sessão de acupuntura da manhã. Fui muito bom reencontrar a dra Satico, que surgiu na minha vida por sugestão de uma amiga médica que estava fazendo uma especialização em acupuntura.
Foi em 2007 - um ano especialmente difícil para mim por conta do meu reencontro com meu ex-marido. Se bobear, esse tombo que levei foi mais doído ainda que o primeiro. Na época, fui tomada por um sentimento de muita tristeza, por ter tido minha confiança traída mais uma vez.
Mas isso não vem ao caso. O importante é que a dra Satico com suas agulhas, sua presença suave e sua atenção me ajudou a superar aquele momento de depressão.
 Continuei a frequentar seu consultório ao longo de 2008 e não me lembro exatamente quando parei de ir. Achei que estava melhor e senti um pouco a mudança do sistema utilizado pela doutora: antes éramos só dois pacientes em cada horário e ela nos dava muita atenção; depois ela mudou de endereço e passou a dispor de um espaço maior, onde pode atender uns 6 pacientes simultaneamente.
Há alguns anos quis voltar, mas tinha perdido meu horário (o primeiro horário é sempre mais disputado). Tive que esperar mais ou menos um ano e até tentei fazer acupuntura com outra profissional indicada pela dra Satico. Em vão.
Em 2012 (ou em 2013 - não consigo me lembrar), recuperei meu horário e desde então vou religiosamente todas as quartas-feiras para a minha sessão. Meu objetivo principal era melhorar a vista (o lance do ceratocone), mas a dra Satico acaba cuidando um pouco de tudo: rins, alergia, dores musculares, tristeza. 
Acredito que ela me ajuda a não ficar doente, ao (re) equilibrar minhas energias e ainda me dá uns toques bem legais, que me ajudam a levar a vida com um pouco mais de leveza.
Há alguns meses, por exemplo, a dra Satico me ajudou a superar (ou pelo menos, a aliviar) um problema de relacionamento no trabalho, me ensinando a fazer o que soube na semana passada ser Ho'oponopono - uma espécie de mantra ou oração havaiano.
Funciona mais ou menos assim: você pensa na pessoa com quem está irritado e diz "Fulano(a), eu te amo/ Eu sinto muito/Me perdoa, por favor/ Obrigada".
É claro que meu lado racional se rebelou um pouco com essas palavras que têm tudo a ver com resignação. Como pedir perdão se eu acho que estou certa e ele(a) errado(a)?
Como eu não via outra saída naquele momento, comecei a fazer o Ho oponopono e não é que deu certo? A minha relação com essa pessoa se amenizou e passei a vê-la com menos irritação.
Por essa e outras, tenho muito a agradecer a dra Satico e me sinto muito privilegiada por poder frequentar sua clínica há tanto tempo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Diário de Gratidão

Hora de agradecer ... Hoje agradeço pelo fim de semana maravilhoso de minha filha Diana, que comemorou 25 anos no sábado. Sem querer fazer demagogia, a felicidade dela e de sua irmã Marina me faz feliz.
Agradeço também o convite para cantar ao lado das Cantoras do Chorinho no próximo dia 23, apresentando canções de dois mestres: Lupiscínio Rodrigues e Paulinho da Viola.
 

Ilha Grande: um paraíso ameaçado



Andei publicando fotos sobre um paraíso chamado Ilha Grande (a maior ilha do litoral de Angra dos Reis), mas sinto que é meu dever também alertar para as ameaças que rondam esse paraíso.
Passei apenas quatro dias na Ilha Grande, realizando um sonho de adolescência. No final dos anos 70/início dos anos 80, meus amigos mais aventureiros (muito deles surfistas) iam à Ilha Grande e traziam notícias de um lugar paradisíaco. A praia de Lopes Mendes especialmente se tornou um local mítico, para mim.

Após a demolição de boa parte das dependências do presídio Cândido Mendes (em 1994), que recebeu presos políticos durante a ditadura e presos comuns notórios, o turismo se intensificou na região e, aos poucos, muitos amigos e pessoas da minha família passaram a frequentar o local, mas nessa época eu já morava em Mato Grosso.
No final do ano passado, como teria três semanas de férias, contei à minha irmã Jane sobre meu objeto de desejo e ela acabou comprando a ideia (e embarcando nela literalmente). 
No dia 17 de dezembro, três dias após minha chegada ao Rio de Janeiro, pegamos o ônibus para Conceição de Jacareí, que é hoje o local de mais fácil acesso para a Ilha Grande, com grande disponibilidade de embarcações em diversos horários. 
Tudo deu certo conosco: o clima estava perfeito, com céu azul em contraste com os diferentes tons de azul e verde das inúmeras praias, enseadas e lagoas. 

Não fizemos a volta inteira na ilha por recomendação de nossas consultoras informais - uma sobrinha e uma amiga que frequentam muito a Ilha e conheciam nossas limitações (temporais e físicas).
Portanto, não visitamos as praias de mar aberto, onde as ondas são maiores e, tampouco, o presídio desativado. Por outro lado, conhecemos a parte mais aprazível da ilha, com praias de mar manso e sedutor. 
Passeamos de lancha, traineira, escuna e taxi-boat, sempre em águas calmas e confiáveis. Nem ficamos com medo quando a escuna que nos levava de volta a Conceição do Jacareí parou por um tempo no meio do caminho (o motor parou de funcionar e, por sorte, o pessoal de bordo deu um jeito).
Conhecemos pessoas muito simpáticas em bares, restaurantes e agências de turismo - gente local e gente que trocou a vida agitada no Rio de Janeiro e en outras cidades para viver o dia a dia de uma ilha sem automóveis e repleta de turistas.
O movimento no cais da Vila do Abraão é intenso, com muita gente chegando e indo embora em todas as horas do dia. Com a facilidade de transporte, muita gente vem apenas passar o dia, como uma família que conheci na escuna na volta para Conceição do Jacareí. Moradora em Realengo, no Rio de Janeiro, uma integrante desse grupo me contou que visita a Ilha há muitos anos e disse que antes não havia tanta sujeira. 
É claro que havia menos visitantes, mas ela disse também que havia mais fiscais nas trilhas, que chamavam a atenção dos turistas quando jogavam o lixo.
Chegamos, portanto, à minha maior crítica em relação ao turismo em Ilha Grande. O lugar é lindo, mas está sendo vítima de um turismo muito intenso e desregrado. Todas as trilhas (inclusive, a de acesso à mítica praia de Lopes Mendes) têm muito lixo: latas, garrafas de plásticos, etc. As pessoas chegam ao cúmulo de enfiar o lixo nas estacas que marcam a trilha.
Outra crítica que faço é quanto à quantidade de lanchas em locais como as lagoas Azul e Verde. Pelo que vi, não há limite de embarcações, então esses lugares maravilhosos, onde os maiores atrativos são os peixes, a incrível vida marinha e a transparência das águas, ficam coalhados de lanchas e escunas. Além do impacto do barulho dos motores e do derramento de óleo, há também fatores de risco até para os banhistas que nadam em meio a tantas embarcações (e âncoras mal fincadas). No dia em que fizemos a meia-volta na Ilha (18 de dezembro), o condutor da lancha até inverteu a ordem das paradas porque a Lagoa Azul estava lotada demais de lanchas quando passamos lá pela primeira vez.

Na minha opinião, deveria haver mais ordenamento, uma limitação de quantidade de embarcações nesses pontos turísticos e, naturalmente, mais fiscalização, já que o ser humano é preguiçoso e poucas pessoas têm muita consciência em relação ao lixo (veja os exemplos das praias do Rio de Janeiro, que ficam nojentas ao final de um dia de sol).
Senti que o que está prevalecendo na ilha é a vontade de vender, ganhar dinheiro com o turismo, porém, se isso continuar acontecendo, sem qualquer tipo de controle, um dia não teremos mais um paraíso chamado Ilha Grande. 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Agradecendo

Eu já ia me deitar sem agradecer ...
Hoje agradeço pela energia boa da dança circular no Parque Mãe Bonifácia, por uma hora de sol na piscina ouvindo sons de passarinhos e vendo o azul de doer (quando chegou gente para acabar com essa paz já era hora de ir embora), pelo almoço simples porém gostoso (que eu mesma fiz com o que tinha em casa), pelo restinho da mousse de chocolate que ficou no congelador e que dei conta de acabar, pelas passagens compradas para a formatura da Marina em março e pelas conversas por telefone com pessoas caríssimas da família.
Agora é hora de dormir e repor as energias para mais uma semana de trabalho.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Diário de Gratidão 4

Hoje agradeço por várias coisas: por ter conseguido resolver o problema do ar condicionado do carro e pela hora maravilhosa passada na piscina da Academia Golfinho Azul.
Agradeço pelo almoço com amigos e pela recepção que tive no Chorinho, a oportunidade de cantar, dançar e reencontrar amigos.
Agradeço também por ter recebido o convite para cantar no show que acontecerá na sexta-feira, dia 23, só com repertório de Paulinho da Viola e Lupiscínio Rodrigues - dois dos meus compositores favoritos.
Agora vou dormir porque amanhã tem dança circular no Parque Mãe Bonifácia. Bom demais!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Nuvem de lágrimas



Fiel ao plano definido esta semana, é hora de agradecer, mas hoje preciso fazer um agradecimento muito especial.
Agradeço por minhas filhas maravilhosas que gozam de boa saúde e estão felizes nas cidades que escolheram para viver neste momento: Diana, em Brisbane (Austrália) e Marina (Jaboticabal/SP). 
Hoje, minhas atenções se voltam especialmente para Diana, a mais velha. Amanhã (ou hoje, já que ela está 13 horas à minha frente), ela completa 25 anos. E está especialmente feliz, vivendo a maior aventura de sua vida, do outro lado do mundo.
Às vezes, eu me pergunto se não deveria chorar 24 horas por dia por estar tão longe de filhas que adoro. Mas fico tão feliz pelas oportunidades que estão tendo! Marina foi a primeira a sair de casa para fazer o curso de Agronomia na Unesp e chegou a ficar um ano na Europa graças ao programa Ciência Sem Fronteiras.
Elas estão fazendo o que eu gostaria de ter feito e meu papel não poderia ser outro a não ser dar força, encorajá-las a encarar os novos desafios e estar sempre pronta a apoiá-las nos momentos difíceis.
É claro que não sou uma mãe perfeita, mas acredito que sou uma mãe amorosa e respeitosa.
Anteontem, revirando nossas caixas de fotos antigas (em busca de uma foto solicitada por Marina), eu me dei conta de como fomos (e ainda somos) felizes. Acredito que minhas filhas tiveram uma infância e uma adolescência bastante felizes, cercadas de amigos e parentes, cachorros e muito amor.
A história sofreu uma quebra com a separação dos pais, porém acredito que conseguimos superar as dores inevitáveis ou, pelo menos, conviver com elas de uma forma menos sofrida.
Confesso que passei um período grande demais com um travo amargo na boca - um misto de raiva e frustração com o fim de um amor que julgava eterno.
A menina mimada e exigente que habita em mim teve dificuldades para lidar com os sentimentos que vieram após o fim do casamento e nem sempre consegui perceber as novas oportunidades que a vida estava me dando, após viver um romance de cinema.
Aqui estou eu e hoje - fiel ao exercício ao qual me propus - agradeço por todas as experiências que vivi e principalmente por essas filhas maravilhosas que a vida me deu. 
Hoje, estou fisicamente distante de você, Diana, mas é como se estivéssemos bem próximas.  Feliz aniversário, meu amor! 
Não gosto muito de música sertaneja, mas ofereço a você uma música que me veio à memória enquanto escrevia este post:

Há uma nuvem de lágrimas sobre meus olhos
Dizendo para mim que você foi embora
E que não demora o meu pranto a rolar ...
(...)
Ah, jeito triste de ter você
Longe dos olhos e perto do coração ... 

PS. Relendo o texto, vi que a conclusão passa uma ideia triste. Não é esse o meu sentimento, garanto!