sábado, 29 de outubro de 2016

Ai de ti Cuiabá!

 
Foto tirada em 26 de abril de 2014

Hoje o dia foi bem ativo e produtivo. Já rodei bastante por Cuiabá para cumprir compromissos, que começaram com uma ida a pé à agência do Banco do Brasil do meu bairro, no início da manhã. Depois fui ao Bosque da Saúde, de carro, ao bairro Boa Esperança e retornei ao meu bairro (Popular ou Goiabeiras, dependendo da vontade da hora) pelo Centro.
Todo esse preâmbulo é para dizer que fiquei me perguntando por que dois candidatos, ou melhor, dois grupos políticos, disputam tanto o comando desta cidade tão peculiar.
Quisera eu responder que é para melhorá-la, tornar mais digna a vida das pessoas que moram aqui, sejam elas cuiabanas natas ou não. Mas, infelizmente, não acredito nessa possibilidade. 
Moro em Cuiabá há 13 anos, mas mesmo antes de morar aqui já vinha à cidade com frequência.
Que me perdoem os cuiabanos mais apaixonados que detestam que algum forasteiro critique sua cidade, mas Cuiabá tem muitos problemas.  É claro que também tem muitas qualidades. Não tenho a pretensão de falar da periferia que mal conheço, mas os bairros mais centrais estão muito abandonados!
Numa breve caminhada por um trecho da Avenida Getúlio Vargas, cartão postal da cidade, vi tantos imóveis fechados, alguns cheios de mato e com a aparência de casas de cidade fantasma. 
Sem falar no buraco crônico que habita o lado esquerdo da Getúlio Vargas há pelo menos dois anos e meio e que foi tema de um post meu. Está do mesmo jeito.
E olha que o prefeito que encerra seu mandato em dezembro, Mauro Mendes, está com grande índice de aprovação. 
Alguém há de dizer que não se pode medir um prefeito por um buraco na rua. Pois eu meço. 
Não acho que a cidade esteja mais bonita e fico indignada com as feridas (algumas já cicatrizadas) deixadas pelas obras da Copa de 2014. Hoje passei pelo viaduto da UFMT (o sol estava brilhando e não corri risco de me afogar) e vi o absurdo de um trilho levando nada a lugar nenhum. 
Atravessei o canteiro central da outrora bela Avenida Rubens de Mendonça ( Avenida do CPA) me equilibrando para não cair - outro resquício de um pesadelo chamado VLT.
Como disse no início, vi muitos imóveis fechados, lojas que deixaram de funcionar, mas, curiosamente, todas as agências de banco continuam no mesmo lugar. Acho que é o único negócio que sempre dá lucro no Brasil.
Diante de tudo isso, como votar neste domingo? Sem alegria, sem esperança, vou apenas cumprir minha obrigação. 
Ouço argumentos de amigos do Rio que travam uma luta contra o voto nulo na cidade, para diminuir as chances de vitória de Crivella. Se eu estivesse lá, não titubearia em votar em Freixo. Talvez me decepcionasse? Pode ser, mas haveria uma esperança, uma possibilidade de algo diferente.
Aqui, em Cuiabá, há um embate entre os grupos do PSDB (Wilson Santos) e do PMDB (Emanuel Pinheiro), de velhos e novos caciques. Mas não vejo esperança. 
Perderei minha chance de opinar ... Pode ser, mas desta vez minha opinião é a seguinte: não quero escolher o menos pior e estou indiferente ao resultados do pleito de amanhã.  Ainda que reste em mim uma esperançazinha de que o vencedor me surpreenda positivamente. Mania de Poliana!

* Tomei o título emprestado do cronista Rubem Braga 

Foto tirada em 1º de novembro de 2016

Foto tirada em 1º de novembro de 2016



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Guinga em Cuiabá


Foto by Manfred Pollert - www.guinga.com.br

Venho aqui pedir desculpas publicamente a Guinga. Você sabe quem é Guinga? A maioria das pessoas não sabe. Azar delas. 
Eu achava que conhecia e, movida por esse conhecimento, fui assistir à apresentação de compositor/violonista carioca no teatro do Sesc Arsenal em Cuiabá, na noite de sábado.
Show de graça. Cheguei cedo (uma hora antes) para garantir meu ingresso. Esqueci que Guinga não é um pop star, nem canta no programa do Faustão. 
Não sei dizer quantas pessoas havia no teatro (falha de repórter que estava se sentindo de folga naquela noite), mas a vontade de escrever sobre Guinga é maior que a precisão dos fatos apurados.
Guinga chegou tímido ao palco. Conversou bastante com a plateia. Pediu ao iluminador para tirar um pouco da luz do artista e colocar mais luz no público. Perguntou nome de uma criança que estava com os pais. Jogou conversa fora.
 Aos poucos, foi contando um pouco sobre si mesmo, sobre seus parceiros musicais, as cantoras com quem costuma se apresentar (as brasileiras Leila Pinheiro e Mônica Salmaso e a norte-americana Esperanza Spalding, entre outras).
Começou a cantar, mas teve que parar, incomodado por um inseto inoportuno. Pediu ainda menos luz ao iluminador. 
Interpretou alguns números instrumentais. Tocou "Lígia" de Tom Jobim e pediu para que nós o acompanhássemos. Alegou rouquidão. Depois cantamos juntos "Carinhoso" de Pixinguinha. Gostoso. Elogiou a voz de Vera, da dupla Vera &Zuleika, que estava na plateia.
Guinga chamou então seus convidados, músicos da terra que tinham participado de um intercâmbio durante a semana. As cantoras Márcia Oliveira e Lorena Ly, o violonista Joelson Conceição,  o clarinetista Andrew Moraes, o saxofonista Phellyppe Sabo e um jovem violonista de Primavera do Leste maravilhoso, André Luiz Chitto de Oliveira.
Eles foram apresentando composições de Guinga e aí que eu vi que não conhecia Guinga. Composições fantásticas, sofisticadas, lindas! Foram apresentadas "Catavento e girassol", "Choro pro Zé", entre outras. Se eu tivesse me preparado melhor para o show de Guinga, saberia dizer muito mais nomes.
Guinga se derramava em elogios aos músicos que conheceu em Cuiabá e com quem dividia o palco. Chegava a se emocionar. Um show que ia se estendendo à medida em que a intimidade entre público e artista ia se ampliando. 
Poderíamos ficar lá horas ... Ficamos certamente mais de uma hora.  Bisamos "Carinhoso" - todos juntos, artistas e plateia.
Agora, estou aqui a ouvir Guinga e a me encantar cada vez mais com suas letras cheias de nuances e riquezas, e com suas melodias requintadas. Guinga disse que não sabe ler ou escrever música, mas é compositor dos mais sofisticados e ensina sua música com regularidade nos Estados Unidos e talvez seja mais prestigiado em outros países que no seu. 
Pena que Cuiabá conheça tão pouco Guinga e não tenha podido  valorizá-lo como merecia. Coisas de um Brasil com tantos sinais trocados, onde músicos como Guinga não recebem o devido reconhecimento. Ainda bem que tem Sesc Arsenal em Cuiabá.
Ah, se quiser saber mais sobre Guinga, confira o site www.guinga.com.br  
Foto do Facebook de André Luiz Chitto de Oliveira