sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Lançamento de "O portão do inferno - Casos arquivados"



Foi uma noite muito especial, a começar pelo local: a Casa Barão de Melgaço, no Centro histórico de Cuiabá. Construída entre 1775 e 1777, e inaugurada em 1802, ela serviu de moradia a partir de 1843 para o Almirante Augusto João Manuel Leverger, que foi presidente da Província de Mato Grosso e passou à história como Barão de Melgaço.

Hoje o imóvel é sede do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e da Academia Mato-grossense de Letras, e os bustos e retratos do morador famoso e outros intelectuais célebres de Mato Grosso dividiram espaço na noite de 9 de dezembro com personagens do livro "O portão do inferno - Casos Arquivados" (Entrelinhas Editora).



Estavam lá a noiva Teodora, o casal de facínoras Lucinda e Jorge (a fina flor da sociedade), Orlando e Romeo, e Dolores, todos carregando no corpo e no olhar as marcas adquiridas em vida. E havia ainda uma pianista pálida martelando uma melodia inquietante nas teclas do instrumento que pertenceu à Dunga Rodrigues.


Tudo isso aconteceu em meio ao lançamento de "O portão do inferno - Casos arquivados", romance de estreia de J.R.N. Ferreira. O Salão Nobre da Casa Barão de Melgaço estava repleto de amigos do músico Jefferson Roberto Neves Ferreira.

Ao lado da editora Maria Teresa Carrión Carracedo e do designer Mike Vanni, ambos da Entrelinhas, e da jornalista Martha Baptista, esta que vos fala, Jefferson apresentou J.R.N. Ferreira, que se lança no mercado editorial com um livro arrebatador e aterrorizante.

Foi em janeiro de 2014 que ele começou a escrever a história que resultou em "O portão do inferno - Casos arquivados", aproveitando um ano em que estava de mal com a música. O incentivo do amigo Thiago Bazzi fez com que acreditasse no potencial da trama, que foi sendo desenvolvida com muitas pesquisas e perambulações de bicicleta pelo Centro de Cuiabá, em busca de informações, referências históricas, os tais "casos arquivados".

Em janeiro de 2015, o livro estava pronto e para escrevê-lo o autor se inspirou em alguns personagens que fazem parte das chamadas "lendas urbanas" da capital mato-grossense. Leitor voraz de Agatha Christie, Stephen King e Raphael Montes, e fã incondicional da série "American Horror Story", produzida por Ryan Murphy, ele desenvolveu uma trama envolvente e personagens absurdamente fortes. Alguns são detestáveis, outros despertam a compaixão do leitor.

Em 2019, Jefferson apresentou seus originais para mim, a amiga coralista (ele é fundador e regente do Coro Experimental MT) que gostava muito de ler (e escrever). Apesar de não ser meu gênero preferido de literatura, não consegui parar de ler. Desse contato com a obra, nasceu a ideia de apresentá-la à editora Maria Teresa, que, embora também tenha sentido um certo estranhamento, devorou as 300 páginas do livro num final de semana. 

O designer Mike Vanni, o autor Jefferson Neves, a editora Maria Teresa e a jornalista Martha Baptista 

"Não me lembro de nenhum autor mato-grossense que tenha tido o atrevimento de seguir na direção das séries policiais e noir da Netflix, contextualizando-as neste espaço-tempo", diz Maria Teresa. 

O espaço é Cuiabá e a estrada que leva à Chapada dos Guimarães, com destaque para o local conhecido como Portão do Inferno. O tempo é a década de 1940 e a atualidade. 

O autor brinca com as noções de tempo, vida e morte, realidade e ficção para fisgar seu leitor e torná-lo "testemunha, cúmplice e vítima de situações perturbadoras". 



O livro está disponível na loja virtual da Entrelinhas (www.entrelinhaseditora.com.br). É uma oportunidade ímpar para conhecer um novo escritor, que diz estar cheio de ideias para novos projetos nesse campo. Eu, pelo menos, já estou louca para ler o próximo livro. 

Os personagens que surpreenderam o público durante o lançamento foram interpretados por Manoela Cavalcanti, Wagton Douglas, Gabriel Amaral, Hector Kirizawa, Tayta Moraes, Yasmin Moreira e Hyanna Toledo  A maquiagem ficou a cargo de Manoela e Ló, e a caracterização dos personagens contou com a colaboração de Luiz Pita.  Fotos de Ricardo Carrión Carracedo.