quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sons do Pantanal

Já mencionei algumas vezes o meu amor incondicional pelo Pantanal, que não é para mim uma utopia. Conheço razoavelmente o Pantanal, seus humores, calores e outros detalhes que desafiam a paciência de quem está lá a passeio ou não. O Pantanal é maravilhoso, mas tem mosquito, tem hora que chove demais e tem hora que esquenta demais.
Apesar disso guardo memórias magníficas de minha temporada por lá, que foi mais intensa entre os anos de 1989 e 1995.
Tudo isso para dizer o quanto mexe comigo o pedido do regente do Madrigal do Avesso para que cada cantor escolha dois animais do Pantanal e imite seu som. Estamos ensaiando a música "Cunhataiporã" de Geraldo Espíndola e ele quer fazer uma introdução com sons do Pantanal, que deve ficar maravilhosa. Não sei se um dia vamos apresentá-la publicamente, mas como exercício é interessante.
Na semana passada, Carlos Taubaté cobrou de cada um os dois bichos e eu fiquei meio paralisada. Hoje é dia de ensaio e, mais uma vez, estou apreensiva com a cobrança.
Andei pesquisando sons de pássaros, conversei com amigos e parentes com experiência de Pantanal, pesquisei no YouTube. Eu me identifiquei com o som do urutau, um pássaro noturno, estranho, também conhecido como Mãe da Lua e Pássaro Fantasma. Seu som é triste, mas bonito. Não é uma ave típica do Pantanal, porém também está presente nesse bioma. Li em algum lugar que ela canta por um amor perdido e me identifiquei imediatamente com o urutau, que ainda por cima tem a capacidade de se camuflar (será timidez?)


Ainda preciso encontrar outro bicho para imitar. Alguns amigos sugeriram curicaca e anhuma, que achei difícil de reproduzir. Vou ver se chego mais cedo ao ensaio para trocar ideia com os colegas
Seja como for. os sons do Pantanal estão dentro de mim e não me julgo capaz de reproduzir sua beleza. Morro de saudades do tempo em que vivi na fazenda e acordava com a algazarra dos pássaros nos coqueiros (periquitos, pagagaios, araras, etc). Adorava dormir com a sinfonia de sapos, rãs e pererecas, mesmo acordando molhada de suor.
Sabe aquela expressão "eu era feliz e não sabia"? No meu caso, eu era feliz e sabia, pois gostava mais de ficar na fazenda do que na cidade. Mas, tudo passa e hoje os sons do Pantanal estão distante de mim.
Por incrível que pareça, eu tenho acesso livre a uma fazenda no Pantanal de Cáceres, que fica bem perto da Recreio, onde vivi essa fase da minha vida. Nunca consigo encontrar tempo para passar uns dias lá. Preciso providenciar isso urgentemente. Voltar ao Pantanal é uma necessidade. Sei que não vai ser fácil, porém preciso escutar novamente esses sons, sentir os cheiros e admirar a paisagem pantaneira. 
Se eu fizesse uma daquelas listas de "coisas que preciso fazer antes de morrer", a volta ao Pantanal estaria no topo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Filmes que fazem pensar (e chorar)



Assisti a vários filmes em DVD neste fim de semana. Vi "O Palhaço" de Selton Mello, "Vidas cruzadas" (The help) e "A fonte das mulheres".  Gostei dos três, mas vou me ater aqui aos dois últimos.
Acho que todo jornalista e/ou escritor deveria assistir a esses filmes, que falam sobre amor, solidariedade, preconceito, amizade e sobre a escrita e seu papel transformador.
Acredito que muitos de meus leitores devem ter visto os dois filmes, mas não posse me furtar a contar um pouco a história de ambos. O primeiro, ambientado nos EUA dos anos 60, é um soco no estômago: como é possível tanta segregação, tanto ódio por uma questão de diferença de cor? Mas a mensagem final é de esperança e a escrita se faz presente através de uma jovem que se propõe a escrever a história das mulheres negras que eram utilíssimas como empregadas das famílias brancas, porém discriminadas, humilhadas e exploradas por suas patroas. Isso soa familiar para alguém?


O segundo filme, "A fonte das mulheres", do diretor Radu Mihaileanu, é tão bom ou até melhor que o anterior. Fala de uma situação ainda mais contemporânea, porém a história se passa numa aldeia, "em algum lugar entre o Norte da África e o Oriente Médio". Temos também mulheres exploradas, espancadas e humilhadas por seus maridos numa sociedade árabe, mas eis que duas delas - uma mais nova, Leila, e outra mais velha - rebelam-se contra a tradição e têm coragem para liderar uma luta por água (elas tinham que buscar a água numa fonte afastada por um caminho tortuoso e cheio de perigos) e outros direitos básicos. O filme é cheio de metáforas (o caminho tortuoso e cheio de pedras que leva à água, fonte de vida e chave para a mudança) e tem interpretações fabulosas. Sem falar na música, que tem uma presença fortíssima como fundo ou como arma de luta.
O filme tem uma das cenas de amor mais lindas que já vi na minha vida e termina (não vou contar o final, juro) com a frase "A fonte das mulheres é o amor". Mais lindo, impossível! E pensar que a gente perde tanto tempo assistindo a tanta bobagem no cinema.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Gênios da pintura

El Greco

Quase tudo que sei sobre pintura aprendi numa coleção chamada "Gênios da Pintura" - uma série de fascículos editada pela Editora Abril nos anos 60/70, que minha irmã (Jane) comprava.
Eu era pequena e amava ler a história dos grandes pintores e ver seus principais trabalhos. Era um prazer folhear aqueles fascículos, que não sei aonde foram parar depois que desmontamos o apartamento de mamãe para vendê-lo. Gostaria de ainda tê-los comigo.
Por meio deles, aprendi a amar a arte de Leonardo da Vinci, El Greco, Rembrant, Rubens, dos impressionistas Degas, Monet e Manet, de Gaugin, Dali, Picasso e muitos outros.
Mais tarde, quando visitei alguns dos museus mais célebres do mundo (Louvre e o Centre Georges Pompidou, em Paris; Moma e o Guggenheim em Nova York, o Museu Van Gogh em Amesterdã, o Museu do Padro em Madri, etc) pude me deliciar com algumas dessas telas originais.
Tudo isso está cravado na minha mente e no meu coração e essas lembranças estão vindo à tona graças ao curso de História da Arte que estou fazendo no Sesc Arsenal. O curso, dado pela crítica de arte Aline Figueiredo, está apenas começando e ficando cada dia mais interessante.
Ontem, eu mal conseguia conter minha admiração diante da apresentação na tela de vários quadros de Peter Paul Rubens (com suas mulheres robustas e cheias de celulite), El Greco (fantástico), Caravaggio e Rembrandt. Descobri que amo os pintores barrocos, com sua dramaticidade e eloquência!
Caravaggio

Na saída do curso - uma viagem artística pelo tempo e espaço - encontramos o Bulixo do Sesc. Normalmente, não curto muito ver o belo prédio do Sesc Arsenal tão cheio de mercadores e mercadorias, cheirando à comida e fritura. Mas, ontem até que o contraste foi interessante. Comprei um pedaço de sopa paraguaia para comer em casa (estava uma delìcia), uma camiseta diferente e passeamos um pouco pelas barracas, enquanto ouvia a bela voz de Luth Peixoto interpretando Chico Buarque na Choperia, Um ótimo fechamento para um dia árduo e cansativo!
Rubens

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Dois documentários

Trabalhar em casa não é fácil!
 Caramba, faz  duas horas que pretendia começar um novo post. Aí escreve email, responde email de trabalho e, no meio disso, acabei entabulando uma conversa com um ex-colega da Veja, que reencontrei no Face e com quem não falava há pelo menos 23 anos.
Conversa vai, conversa vem, ele em Paris, eu em Cuiabá, relembrando o momento mais especial de nossa vida profissional (em comum, porque ele pode ter tido outros momentos ainda mais especiais ao longo de sua carreira): o encontro com Amílcar Lobo, um médico/psicanalista que serviu ao Exército na época da ditadura e fez um relato bombástico nos idos de 1986, contando sobre um suposto encontro com o ex-deputado Rubens Paiva, no quartel da PE no bairro carioca da Tijuca (já mencionei esse encontro num post de 2009).
Mas não é disso que quero falar agora e sim de dois filmes aos quais assisti no final de semana.
No sábado à tarde, assisti ao DVD "No direction home", documentário de Martin Scorcese sobre Bob Dylan. Á noite, depois de engrossar as fileiras de uma manifestação pacífica do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) em favor do cumprimento da lei que garantiu meia entrada à categoria, assisti ao filme sobre Raul Seixas, "O iníco, o fim e o meio", de Walter Carvalho.
É engraçado que admiro Bob Dylan e Raul Seixas, mas nunca fui fã de carteirinha de nenhum dos dois. Os dois documentários foram interessantes e reveladores, mas achei o do Scorcese muito cansativo (são dois DVDs) e meio longo. Adorei alguns depoimentos, como os da cantora Joan Baez (que voz maravilhosa!). Tem imagens fantásticas da época, mas a pergunta que fica é: quem é Bob Dylan? O que o tornava assim tão magnético e fez com que se tornasse a voz de uma geração e um dos artistas mais influentes? Ele tem músicas maravilhosas, mas tem horas que canta muito mal, embora em outros momentos sua voz soe pungente e incrivelmente tocante.
Quanto ao filme do Raul. é muito bom! Também tem depoimentos muito legais, uma edição interessante, embora deixe a gente meio confusa. É bacana conhecer a trajetória de Raul, a paixão que despertava (a cena das pessoas cantando "Meu amigo Pedro" num aniversário do ídolo é muto bonita) e também seu mergulho em direção à morte causada pelo alcoolismo e o consumo de drogas. É o tipo de filme que dá vontade de ver de novo para poder sorver tudo melhor.
Não é fácil ser artista, ser ídolo e se manter equilibrado em meio a tantas pressões, cobranças, etc.
Na verdade, não é fácil viver e quem é presenteado com um dom, como Bob Dylan e Raul Seixas, caminha eternamente por um fio da navalha, para lembrar o título do romance que talvez mais tenha marcado minha adolescência ("O Fio da Navalha", de Somerset Maugham).


sábado, 19 de maio de 2012

Passeio de sombrinhas


Foto Jan Moura
Por favor, não digam que sou inteligente hoje e nos próximos dias. Não sou. Lembram-se aquela história contada no post de ontem? Pois é, descobri hoje que meu DOC voltou.  A minha falta de inteligência não reside aí, já que fiz um tipo de DOC errado baseada na orientação da moça que me atendeu ao telefone do banco X (o Itaú). 
A minha burrice está em não ter desconfiado de que tinha algo errado. Bastava eu ter entrado no site do Itaú para descobrir que o DOC tinha voltado e fazer outro tipo de DOC (ou um TED, como segeriu a moça do Itaú que me atendeu hoje) a tempo. 
Como hoje é sábado, só me restou me xingar (não adiantaria xingar a atendente do Itaú), esbravejar e me irritar com a minha idiotice e falta de atitude. O dinheiro só vai entrar na outra conta na segunda, independentemente do que eu fizer e, enquanto isso, a conta do BB permanece vermelha embora eu tenha dinheiro parado na outra conta.
Enfim, dizem que precisamos aprender com nossos erros. O duro é que a gente está sempre cometendo novos erros.
A chateação da descoberta quase me fez mudar de planos pela manhã, mas já que nada havia a fazer para corrigir o erro resolvi seguir meu caminho e participar do Passeio de Sombrinhas, marcado para as 9h, no Centro de Cuiabá. Foi ótimo! Tão surreal! 
O grupo, capitaneado pelo pessoal do Coletivo à deriva, saiu da Praça da Mandioca e seguiu pelas avenidas Mato Grosso e Rubens de Mendonça (CPA). Todo mundo portava sua sombrinha e a ideia do passeio era chamar atenção para a necessidade de mais sombras em Cuiabá, uma cidade quase sempre excessivamente luminosa e com poucas árvores nas vias públicas, apesar de ser chamada de "Cidade Verde". 
As pessoas que passavam de carro ou a pé estranhavam aquele povo com sombrinhas coloridas. Fizemos algumas intervenções, ainda que tímidas. Por exemplo, no retorno pela avenida Getúlio Vargas, algumas pessoas seguraram uma lona comprida no sinal fechado para que os demais integrantes do grupo e transeuntes em geral atravessaram a rua protegidos do sol. Fizemos esse movimento quatro ou cinco vezes. 
Depois o grupo se dispersou e ficou no ar a proposta de promover um piquenique sob uma das poucas árvores frondosas encontradas no caminho.  Pretendo continuar participando. Embora esteja numa fase pessimista e desgostosa com Cuiabá, agradam-me essas iniciativas que pretendem trazer um pouco de cor e reflexão para o cotidiano monocromático da capital. 
Pelo menos, a gente se diverte, encontra pessoas afins e se esquece um pouco das bobeiras marcadas no dia a dia.
Foto Jan Moura


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ciranda financeira

Confesso que hoje estou sem um pingo de ânimo. Estou me esforçando para encontrar energia e encarar o batente.
Sei que meus problemas são pequenos diante da maioria das pessoas, mesmo assim eu me sinto fraca para enfrentá-los.
Por exemplo, recebi na quarta-feira uma grana da empresa para a qual estava trabalhando. O depósito foi feito na minha conta empresarial no banco X. Nesse mesmo dia, vencia a fatura do meu cartão de crédito no banco Y. Fiz um DOC para transferir o dinheiro do banco X para o banco Y e fui informada de que a compensação poderia durar até 48 horas, porém na conversa com a atendente do banco X por telefone chegamos à conclusão de que o DOC seria a melhor opção, já que mesmo que eu fosse à agência do banco X para sacar o dinheiro no caixa eletrônico, eu não poderia sacar tudo de que precisava.
Eu não me lembro agora se falamos sobre a possibilidade de fazer o saque no caixa convencional, mas de qualquer maneira estava sem tempo e não me agradadva a ideia de ter que sair do banco X com dinheiro vivo para depositar no banco Y.
Mas eu me dei mal porque até agora (acabei de consultar o meu extrato no banco Y), o dinheiro - que  saiu na quarta de manhã da minha conta no banco X -  não chegou à minha conta no banco Y. Ou seja, meu suado dinheirinho, que é insignificante comparado às quantias milionárias movimentadas pela turma da corrupção, está passeando por aí, enquanto minha conta no banco Y se apresenta com aquela cor assustadora quando se trata de contas bancárias.
Como se não bastasse isso, acabo de constatar que meu contador fez besteira e se enrolou na hora de emitir uma nota fiscal da minha empresa. Com isso, terei que desembolsar algum dinheiro para pagar um imposto que acreditava já estar pago. O que devo fazer? Responsabilizá-lo pelo erro e fazer com que arque com o prejuízo?
Fora esses problemas relatados, meu chuveiro deu problema de novo (enquanto tantos penam com a falta d'água em Cuiabá, a água vem com muita pressão no meu apê, o que acaba trazendo problemas ao chuveiro) e estou negociando um orçamento com um cliente. Fiz a minha proposta, ele fez uma contraproposta que não me agradou e eu fiz uma contracontraproposta, ainda sem retorno.
Mas o dia está estupendo lá fora: céu azul e pouco calor. Hoje, senti muito frio na piscina quando nadava. Não é tão gostoso nadar quando a água está muito fria, sinto dor na cabeça.
Estou fazendo um curso de História da Arte, de graça, no Sesc Arsenal. Na terça-feira, tivemos a primeira aula e confesso que senti muito sono, mas mesmo assim achei interessante. Na quarta, não pude ir por causa do ensaio do madrigal e ontem tivemos uma bela aula sobre Grécia e Roma. Hoje, o tema é a Idade Média. A professora é a crítica de arte Aline Figueiredo e o curso se estenderá até julho em três módulos. Não sei se conseguirei assistir a todas as aulas (é meio cansativo a ideia de que ter aulas à noite), mas pretendo ir o máximo que puder. Estou sentindo falta de adquirir mais conhecimentos. Uma hora volto a falar sobre o curso. Agora preciso trabalhar.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dever cumprido

Hoje estou com uma sensação estranha. Por um lado, tenho a sensação do dever (bem) cumprido; por outro, uma sensação de saudade das pessoas com quem convivi durante os três meses que trabalhei no relatório de sustentabilidade de um grande grupo empresarial. Essa sensação vem acompanhada de um pouco de insegurança em relação ao futuro próximo.
É sempre assim quando se é jornalista freelancer. Não vou ficar parada nas próximas semanas, mas minha rotina vai mudar mais uma vez.
Esse último trabalho foi bom demais: além de tudo ter sido cumprido conforme o combinado, eu conheci novas pessoas e fiz um trabalho diferente de tudo que já tinha feito até hoje.  De certa forma, conheci uma grande empresa por dentro, quando estou mais acostumada, como jornalista, a conhecer empresas, instituições e empresas de fora.
Aprendi bastante e de alguma forma me sinto mais fortalecida para enfrentar novos desafios. Talvez por isso esteja serena.
O maior desafio a partir de amanhã é segurar a onda e manter a disciplina, mesmo que os atuais trabalhos sejam todos feitos em casa.
Não é fácil trabalhar em casa, tem suas vantagens e desvantagens. Eu não diria que prefiro trabalhar em casa. Na verdade, gosto da experiência de mesclar, fazendo trabalhos em casa - que me dão mais flexibilidade de horário - com outros realizados em  uma empresa mesmo que como freelancer.

sábado, 12 de maio de 2012

Maternidade

Não quero ir para Cáceres sem deixar meu post alusivo ao Dia das Mães. É uma data comercial? Claro, mas nem por isso nós, mães, deixamos de nos sensibilizar com alguns mimos filiais.
Ontem, por exemplo, minha filha mais velha (que foi para Cáceres) me avisou que comprou um presentinho para mim com o dinheiro ganho com seus neurônios arquitetônicos. Fiquei feliz porque achei que ela não se tocaria de separar alguns reais de seus parcos vencimentos para aquela que a acompanha e mima desde os primeiros momentos de vida. Quanto à caçula, está longe e ainda não tem vencimentos próprios, por isso ficarei feliz com sua atenção a distância.
No final do expediente de ontem, vi algumas moças cumprimentando uma colega e estava tão desligada que lhe perguntei se era seu aniversário. "Não é por causa do dia das Mães", responderam as outras e ficamos rindo porque a "cumprimentada" erta a única mãe do time delas. "Não estamos tendo tempo de fazer filhos", argumentaram as outras, que naturalmente também me cumprimentaram pelo dia das Mães.
São mulheres na faixa dos 30 anos, casadas, namoradas, separadas, mas que estão muito envolvidas com seu trabalho e num momento de franco crescimento profissional.
Tive vontade de contar a elas a minha experiência de vida. Claro que não fiz isso, porém, eu me senti naquele momento muito plena, por já ter passado por tudo isso: crescimento profissional, vida independente e bem resolvida financeiramente, aí veio a vida e me passsou uma "rasteira". Larguei tudo (profissão, cidade, amigos, família mais próxima) para me aventurar no interior de Mato Grosso.
É claro que muita gente que vai ler isto conhece essa história de cor e salteado, mas preciso revê-la de vez em quando.
O fruto mais palpável de tudo isso foram duas filhas e a felicidade de ser mãe, uma realização que parecia distante quando morava no Rio. Aos 20 e poucos anos, eu sequer tinha vontade de botar filhos no mundo. Eu me lembro bem de falar isso a colegas durante uma espera na porta da Universidade Gama Filho, no Rio, quando aguardávamos mais uma etapa do vestibular do Cesgranrio.
Durante o meu primeiro casamento, nem por um segundo, acalentei o desejo de ter filhos. Éramos jovens e tínhamos outros projetos.
Quando vim morar em Mato Grosso e me casei, ter filho passou a ser uma prioridade absoluta. Ele queria, eu também comecei a ver essa possibilidade com simpatia. Passamos a viver juntos em agosto de 1988 e, no ano seguinte, eu já estava grávida. Tive muita sorte. Minha primeira filha nasceu em janeiro de 1990, perfeita! A segunda foi encomendada logo depois e chegou em março de 1992, também perfeita. Vamos continuar tentando ter um menino? Ele achou melhor não porque éramos primos (em segundo grau). Assoberbada com os cuidados com as meninas, não entrei numa de contrariá-lo. Aceitei sua argumentação e fiz a laqueadura para evitar o uso contínuo de anticoncepcionais.
O casamento acabou no final de 1999/início de 2000, mas ficaram as duas, inteiramente minhas, já que o pai construiu outras famílias.
Foi difícil (e ainda é) em alguns momentos manter e cuidar de duas filhas, mas é uma delícia também. Não ensinei a elas a costurar, fazer crochê e tricô, como minha mãe tentou me ensinar. Cozinhar também não, mas ensinei o que eu podia: a serem leais, éticas e solidárias, a batalharem por seus desejos, a serem razoavelmente independentes e buscarem a alegria. É suficiente? Não sei, porém foi o que eu pude dar. Cuidei delas quando estavam doentes, levei ao médico, dei os remédios nas horas certas, ensinei que fazer exercícios regularmente é uma chave importante para se ter saúde física e mental.
Se eu pudesse voltar atrás, ensinaria a serem ainda mais independentes, mais organizadas, a comer mais verduras e frutas (elas comem, mas podiam comer mais) e teria forçado a barra para que estudassem algum instrumento musical.
Não sou daquelas que acham que todas as mulheres têm que ser mães. Não existe, na minha opinião, essa coisa de instinto maternal. Tem homens que têm mais instinto maternal que muitas mulheres. Mas acredito que se eu não tivesse sido mãe, faltaria alguma coisa em mim. Já fiz filhos, plantei árvores e escrevi livro. Acho que já contribui um pouco para este mundo.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cansei do Face ...

Há um ano acho que sequer tinha Facebook. Um dia minha filha mais velha fez o meu Face. Pronto, comecei a participar da rede social mais badalada do momento. Formamos o nosso grupo da família Baptista e conseguimos organizar o nosso primeiro e grande encontro, realizado em novembro.
Eu me reconectei com antigos colegas do Colégio Santo Inácio e, através do Face, mantenho e abro alguns canais profissionais, e me comunico com o pessoal do Madrigal do Avesso. Acompanho a distância a vida social de minhas filhas e alguns amigos que não vejo no dia a dia.
Mas ultimamente ando meio cansada do Face. Tenho me sentido invadida por muitas mensagens religiosas e campanhas de todos os tipos. Às vezes, eu apoio, curto, mas muitas vezes não.
Os especialistas em mídias sociais dizem que você que faz sua rede. Talvez eu tenha me cercado de pessoas que não tenham tanto a ver comigo ou não estejam na mesma vibe.
Hoje, uma moça da empresa onde trabalho, que tem idade para ser minha filha, queixava-se de que no Face parece que todo mundo vive uma vida cor de rosa e que pessoas que, segundo ela, traem seus companheiros, botam a cara para dizer o quanto os amam.
Pode ser que tenhamos criado um mundo de mentirinha, meio viciante, em que as pessoas parecem estar felizes apenas pelo fato de compartilharem um momento que deveria ser trivial, como "eu malhando na academia", por exemplo. Quem sabe aquela foto ou comentário não cai no gosto do povo e eu não me torno uma celebridade instantânea?
Só sei que a multidão do Face não tem aplacado minha sensação de solidão.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Questão de saúde

Ontem no horário de almoço, eu encontrei uma amiga muito querida, 10 anos mais nova que eu, que está cheia de problemas de saúde. Durante todo o tempo do almoço, ela me falou sobre seus problemas e - foi até engraçado - acabou atraindo para nossa mesa uma mulher desconhecida que pediu para se sentar conosco. Não demos muita atenção a ela, mas, quando pedi licença para me levantar, a mulher disse que tinha adorado nossa conversa e que também estava com problemas, etc, etc, etc
Pedi licença às duas (estava atrasada para trabalhar) e as deixei conversando animadamente sobre médicos, diagnósticos, etc.
Esse assunto - doença - mobiliza muita as pessoas. É natural, mas é nessas horas que a gente realmente agradece por ter saúde, por estar indo trabalhar depois de ter trabalhado de segunda a segunda. Ter saúde não tem preço!
Na minha opinião, muitos (não quero generalizar) dos problemas surgem da falta de uma vida saudável e, quando digo isso, estou me referindo obviamente a uma alimentação equilibrada, boa noite de sono e sobretudo à pratica regular de exercícios físicos. Mas isso tem que dar prazer porque não é uma coisa que você vai fazer hoje e parar na próxima semana: tem que ser para sempre, faça chuva, faça sol, faça frio ou calor.
Eu prefiro abrir mão de uma roupa nova ou de um jantar num restaurante caro a abrir mão de minha academia. É uma questão de escolha e acho que é isso que me dá energia e me torna saudável para encarar a vida, apesar de alguns contratempos.
O meu maior problema físico, já disse aqui outras vezes, é a visão limitada. Além da miopia, tenho ceratocone, que é um verdadeiro pé no saco. Há anos eu me consulto com o mesmo oftalmologista de Cuiabá e mesmo assim da última vez que troquei de lentes ele demorou para acertar.
Eu não me lembro exatamente em que mês busquei o par novo (acho que foi em novembro ou dezembro), mas a lente do lado esquerdo (a mais problemática) não ficou boa, tivemos que trocá-la por outra e, em abril, voltei ao consultório dizendo que não conseguia usá-la. Tive que pagar mais um pouco (o preço de fábrica) por uma lente nova, mas agora está uma maravilha. Havia dias em que eu ficava desesperada, sem conseguir ficar com a lente e sem ver alternativa para o meu problema.
Graças à minha persistência e ao fato de manter una boa relação com o médico, conseguimos finalmente chegar a um bom resultado. Ainda bem! É ótimo poder ver o mundo com nitidez e sem sentir os olhos irritados e lacrimejantes.

sábado, 5 de maio de 2012

Trivialidades

A vida é simples e é a gente que complica. Ou a vida é complicada mesmo e é a gente que insiste em simplificá-la?
Hoje fiquei com vontade de brincar com as palavras. Falar sobre coisas corriqueiras, como visitas e encontros inesperados, dias de sol de céu azul como se tivesse sido pintado com lápis de cor, aprendizados de ordem prática e de granda valia.
Ontem, por exemplo, aprendi que detergente é um ótimo tira-manchas. Fui comer um espetinho no bar dos meus amigos Roberto e Sílvia e, na pressa, de tirar a carne acabei espirrando gordura na minha camisete. Com sua larga experiência de dona de casa, Sílvia recomendou colocar uma gota de detergente no local de cada mancha assim que chegasse em casa. Obviamente deixei para fazer isso hoje de manhã e, mesmo assim, não é que deu certo? Fiquei fascinada com a descoberta. Nunca que eu iria pingar detergente (ainda por cima o azul que eu tinha em casa) numa blusa (ainda bem que a blusa também era azul) sem ter recebido uma orientação prévia. Então fica a lição: para tirar manchas de gordura, use detergente.
Fui ao Sabor Mil com meu sobrinho-neto Ciro, que de vez em quando me faz uma surpresa, e sua mãe, que veio visitá-lo. Foi ótimo! Hoje, Ciro seguiu para Diamantino, no interior de MT, onde mora sua nova família, e eu não pude dar muita atenção a Consuelo porque precisava me dedicar a um frila, mas almoçamos com calma e pudemos conversar um pouco.
Quanto ao céu, ele está desse jeito há dias e dizem que hoje a lua estará maravilhosa. Ontem, apesar da água estar gelada a ponto de me deixar meio tonta, foi uma delícia nadar na piscina da academia. O céu chegava a doer a vista de tão azul.
Este fim de semana está sendo um fim de semana de trabalho, mas isso não vai impedir que eu vá bater meu ponto no Chorinho. Ninguém merece ficar trabalhando o dia inteiro. Já fiz o que precisava hoje e vou retomar o trabalho amanhã, escrevendo uma matéria apurada ao longo das últimas semanas.
A propósito, como gosto de ser repórter! Dá um pouco de preguiça na hora de botar tudo no "papel", reconheço, mas a parte de apuração, de buscar as informações, encontrar as pessoas certas, conversar com pessoas totalmente inesperadas é muito prazerosa.  Tento sempre pensar que contar o que aprendi a outras pessoas também vai ser gostoso, embora mais trabalhoso.
É bom fazer o que a gente gosta, mesmo que isso nem sempre dê a estabilidade e a segurança financeira desejadas.

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio

Estou aqui neste feriado sem fazer nada do que tinha planejado.Não comecei a escrever minha matéria para a revista BIO (embora tenha trabalhado um pouco nela) e os colegas da Diana não vieram fazer trabalho aqui em casa, como estava planejado.
Saí para almoçar com a Diana e acabamos comendo num resturante diferente. Foi gostoso. Parecia que a gente não estava em Cuiabá. Tomei uma só taça de vinho e isso fez toda a diferença. Já faz mais de uma hora que saí do restaurante, mas ainda estou sob o efeito do vinho. Que delícia! Parece que as cores do dia ficaram mais nítidas, o céu ficou ainda mais azul e consegui ver alguma beleza nos contrastes de Cuiabá.
Fui deixar Diana na casa da colega e, no caminho, fizemos um pequeno tour pelo bairro Alvorada, objeto de seu trabalho do curso de Arquitetura. Mostrei a ela a cracolândia, que funciona perto da sede do jornal Folha do Estado, e fomos descobrir o que era a área verde que ela viu no Google Maps. Na verdade, é uma espécie de APP (Área de Preservação Permanente, até quando?) em torno de um córrego, que passa atrás do supermercado Modelo da avenida Miguel Sutil.
Voltei para casa curtindo as músicas do meu iPod e agora vou retomar um pouco meu trabalho antes da caminhada do final da tarde, que vai ser maravilhosa, sob esse céu azul e a temperatura amena, totalmente atípica em Cuiabá.
É isso. Meu dia do Trabalho não teve o glamour de um dia 1º de Maio épico, daqueles que povoavam minha imaginação no final dos anos 70 e nos anos 80, quando comecei a trabalhar.
Hoje, na maioria das grandes cidades, o dia do Trabalho não é mais um dia de luta e sim de festa, de shows com duplas sertanejas,de pagode ou axé. Pão e circo para os trabalhadores felizes de terem um trabalho, com carteira assinada, férias e 13º no final do ano. Êh, vida de gado ... Será que poderia ser diferente? O que as pessoas querem: não é comida no estômago, cerveja no copo, grana para comprar seu celular, a TV de plasma, um teto e um carro ou uma moto na garagem?
Quem gosta de miséria é intelectual, como dizia o finado Joãozinho Trinta - um fílósofo e um artista genial.