Aproveitei o fim de semana para descansar de uma semana puxada e assistir a alguns filmes. Optei por um leve e um mais pesado: o nacional "Chega de saudade", de Laís Bodanski, a mesma diretora do ótimo "Bicho de Sete Cabeças", e o inglês "O último rei da Escócia", a história do ditador Idi Amin Dada, que rendeu o Oscar de melhor ator a Forest Whitaker.
"Chega de saudade" é uma delícia. Tudo se passa num clube de São Paulo onde pessoas acima de 50 anos se reúnem tradicionalmente para um baile, que começa no final da tarde e termina antes da meia-noite. O filme mescla atores conhecidos com habitués desse tipo de baile, e conta pequenas histórias. Os temas principais são amor, solidão, ciúme, alegria e a dança como fonte muita vitalidade, sensualidade e prazer.
É difícil destacar um personagem (adorei a cena em que a atriz Cássia Kiss abre a janela e discretamente chora diante da preferência de seu escolhido por uma mulher mais jovem, interpretada por Maria Flor), mas fiquei muito impressionada com o casal vivido por Leonardo Vilar e Tônia Carrero - dois atores veteranos, premiados, consagrados, interpretando personagens cheios de nuances e humanidade. É um filme para ver e rever tal a quantidade de detalhes a serem observados (música, dança, tipos, interpretações). É um filme para ser apreciado como uma bebida ou comida especial, como se fosse um licor, um vinho ou um chocolate fino.
O outro filme é o oposto: uma porrada. Tudo é forte, intenso: a ingenuidade do jovem escocês que começa trabalhando como médico na área rural de Uganda e acaba como médico particular/conselheiro do ditador Idi Amin Dada. Ele acaba pagando um preço caro por sua inconseqüência. Como espectadora, a gente torce para que o final seja diferente e que o rapaz - um personagem ficcional, mas baseado em personagens reais - não esteja tão enganado quanto a Amin, mas como conhece a história sabe que não há saída.
Todos os filmes feitos na África aos quais assisti recentemente são extremamente tristes (O jardineiro fiel, Hotel Ruanda e O Último rei da Escócia). Ainda não vi "Diamante de sangue". O duro é saber que a realidade pode ser ainda mais cruel do que o que os filmes mostram, mas acho que o cinema faz um papel importante trazendo essa realidade até o resto do mundo.
À noite fui assistir a "Madagascar II" com minha filha. O cinema, mesmo numa sessão noturna, estava cheio. Decididamente as pessoas estão mais a fim de diversão e gracinhas de bichinhos numa África, onde o bem (a amizade, o amor entre pais e filhos, a lealdade) sempre vence o mal.
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