quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Catarse

Acabo de dar meu giro supersônico pelos jornais e sites do dia. Tem sempre um festival de acontecimentos graves e pitorescos, como a história do cão (mostrada ontem no noticiário de TV) que arriscou a vida para tirar seu "amigo" (outro cachorro, que tinha sido atropelado) da pista, impedindo que virasse aquela massa informe no asfalto.
Tem notícias tristes relacionadas a mortes brutais e casos de tortura feita por PMs (será que um dia isso vai parar?) e outras do mundo das celebridades. Algumas fúteis como a da atriz Cristiana Oliveira que finalmente "conseguiu o equilíbrio e se livrou do vício das dietas" e outras tristes para quem acompanha o carnaval carioca há muito tempo: o cantor Neguinho da Beija Flor está tratando um câncer e talvez não tenha forças para puxar o samba enredo este ano.
A notícia mais importante do dia, na minha opinião, é o julgamento pelo STF da reserva Raposa Serra do Sol, que acontece hoje. Caberá aos juízes decidirem pela demarcação contínua e conseqüente expulsão dos rizicultores ou pela criação de "ilhas", com a demarcação descontínua. O resultado será muito importante porque deverá influenciar outras decisões envolvendo questões indígenas. Ontem, por acaso, assisti ao editorial do Jornal da Band (apresentado por Joemir Betting), e por tudo que já li e acompanhei sobre o caso também estou ao lado dos que torcem pela desmarcação descontínua. Seria mais "simpático" ficar ao lado dos índios sempre, mas o caso é bem mais complexo do que imaginam nossos amigos do litoral.
Um último comentário antes de encerrar esse posto: pouco tenho assistido à novela "A Favorita" por motivos de agenda, mas ontem, como sempre, o capítulo foi eletrizante. Aquela história do deputado Romildo Rosa vender armas ("É para um colecionador", justifica, irônico, ao seu assessor paspalho) e logo depois a filha ser atingida por uma bala perdida durante um confronto entre policiais e ladrões (os mesmos que acabaram de comprar as armas do pai) é fantástica! Ah se na vida real a justiça viesse assim tão rápida e exemplar ...
Mesmo que não seja isso, é ingenuidade pensar que algum figurão traficante de armas se veja por um instante na cena? É ingenuidade sim. O tráfico de armas e drogas movimenta uma quantidade enorme de dinheiro e acho que uma cena de novela das 8, por mais dramática que seja, não vai modificar o curso da história. A gente apenas vive o que os gregos chamavam de catarse.

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