Assisti neste fim de semana com alguns anos de atraso ao filme "Hotel Ruanda". Para quem não conhece, é um filme nenhum um pouco descartável. Fiz questão de assistir ao DVD com uma das minhas filhas para que ela conhecesse uma realidade bem distante de seu dia-a-dia. O filme, de 2004, conta a história de Paul Rusesabagina, que salvou 1268 pessoas do genocídio ocorrido em seu país em 1994 por causa das eternas brigas entre hutus e tutsis.
Tem um momento no filme emblemático em que o ainda ingênuo Paul, gerente de um hotel quatro estrelas na capital de Ruanda, agradece ao cinegrafista europeu (acho que britânico) por ter mostrado ao mundo imagens do genocídio. O jornalista responde que as pessoas vão assistir às imagens, pensar "que horror" e continuar a vida normalmente.
Apesar do pessimismo (e realismo) da mensagem e da falta de respostas para as atrocidades que continuam assolando muitos países da África em função de conflitos étnicos e/ou religiosos (estimulados no passado pelo branco colonizador), o filme traz um sopro de esperança pelo comportamento ético e corajoso de Paul (que vive hoje com sua família na Bélgica) e de outros personagens do filme, como o chefe da força de paz da ONU (a organização lavou as mãos, mas o tenente interpretado pelo ator Nick Nolte, leva sua missão, ainda que restrita, com enorme bravura), e representantes de ONGs que permanecem ao lado das vítimas do massacre, ao contrário da maioria dos brancos que abandonam Ruanda à sua própria sorte ao primeiro sinal de perigo.
Vale a pena assistir, mesmo que a gente toque a vida normalmente no dia seguinte. No mínimo, fica uma sensação de inquietação e o desejo de estar mais próximo de Paul e outros personagens do filme do que das pessoas que seguem matando bestialmente. Não deixem de assistir ao extra contando a história de realização do filme, que traz depoimentos do próprio Paul, interpretado pelo ator Don Cheadle (maravilhoso).
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