quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dor e humilhação

Mais do que tentar explicar, quero tentar entender o caos instalado no setor da saúde em Cuiabá. Acabo de assistir novamente à reportagem da TV Centro América (afiliada da Rede Globo na capital mato-grossense) sobre a fila para cirurgias ortopédicas. A repórter Malu Prado entrevistou o secretário municipal de Saúde, o promotor, diretores de hospitais conveniados com SUS e pacientes. Juro que não consegui entender os motivos da fila (gigantesca), mas consegui me comover com a humildade de um porteiro entrevistado no Pronto Socorro de Várzea Grande (o de Cuiabá está em obras), que disse depender da "bondade" dos médicos e do poder público para ser operado, já que não tem dinheiro para pagar uma cirurgia.
A reportagem, se alguém se interessar, está disponível no site da TVCA (rmtonline.globo.com).
Ontem conversei informalmente com a responsável pela administração de um desses hospitais conveniados e perguntei por que o estabelecimento só dispõe de um ortopedista. para atender a tanta demanda por cirurgias numa cidade campeã em acidentes de trânsito. Ela me disse que ninguém quer trabalhar como ortopedista para o SUS para receber R$ 150 por uma cirurgia. Perguntei incrédula: "R$ 150?" Ela confirmou.
A mesma pessoa me contou o caso de um garoto de 15 anos que estava rodando há dias atrás de um diagnóstico para o seu problema. Ele conseguiu fazer um ultrassom e o resultado foi apendicite aguda. Conseguiu, por sorte, ser operado no hospital administrado por minha conhecida. E se não conseguisse? Quantos não têm a mesma sorte? Por ter sido operada de apendicite aguda este ano (por meu médico e com custos cobertos integralmente por meu plano de saúde), consigo imaginar o sofrimento e a angústia desse menino e de seus pais.
O que me dá mais raiva é ter que ver logo após o noticiário da TV a propaganda do governo Wilson Santos dizendo que nunca se fez tanto pela saúde em Cuiabá. Será que os responsáveis acham que o povo é idiota? É terrível porque as pessoas se vêem desamparadas no momento em que estão mais vulneráveis (com dor, machucadas). Gritar, xingar, espernear só vai reduzir ainda mais as chances de serem atendidas. É muito injusto.
.

Nenhum comentário: