terça-feira, 11 de março de 2008

Desesperança

Hoje de manhã li um artigo muito triste do jornalista e professor Carlos Chaparro no site Comunique-se: "O apagão ético que assola o país". O autor fala das ameaças de Paulinho da Força Sindical a jornais que insistirem em investigar supostas falcatruas envolvendo a entidade. Chaparro fala de sua desesperança diante da falta de ética dos políticos brasileiros e cita dom Helder Câmara: 'Sem esperança não haverá luta nem razões para lutar".
Todos os dias tento me agarrar em algum fio de esperança: na humanidade, na capacidade de ser humano, nas minhas filhas, na minha capacidade de renovação. Mas há momentos em que também perco a esperança. Dá uma sensação de inutilidade da vida e, ao mesmo tempo, eu me pergunto: "por que? pra que?" É como se de repente os sonhos, as ilusões que tive um dia fossem aos poucos desmoronando.
Aos 11 anos, eu via estudantes e outros jovens enfrentando a polícia nas ruas e admirava a coragem deles. Aos 17, 18, eu continuava acompanhando os acontecimentos e admirando a coragem daqueles que lutavam contra as ditaduras na América Latina. Aos 21, já trabalhando como jornalista, cobri alguns momentos marcantes da luta pela redemocratização do Brasil: passeatas, volta de anistiados, visita aos presos políticos e já tinha alguma forma de militância na universidade, no sindicato. Eu vibrava a cada eleição e escolhia com cuidado os candidatos de oposição.
Alguns anos depois perdi a esperança na política ao perceber a manipulação e o jogo que se escondia por trás de aparentes boas intenções. No fundo, todos queriam o poder. Mas ainda restava a esperança: no amor, na amizade, na capacidade de algumas pessoas se manterem fiéis a alguma forma de ética.
Hoje, sinceramente, não sei em que acreditar. Continuo tentando me manter fiel aos meus princípios, porém sei que isso não é suficiente. Fico assustada com a violência, quero proteger minhas crias, mas sei que isso é impossível: a gente cria os filhos para o mundo, já ensinava "o profeta" Khalil Gibran. Vejo que pessoas do meu círculo mais íntimo podem me mentir, me trair e isso me dilacera a alma. Tenho muita vontade de chorar .
Mas ainda tenho alguma coisa dentro de mim que me faz ir em frente. Às vezes é um sorriso de alguém, uma música bonita, uma bela paisagem, um gesto delicado, o amor da minha família e de alguns poucos amigos. Vou sobrevivendo em busca de um sentido para a vida.

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