sexta-feira, 7 de março de 2008

8 de março

Acho engraçada essa história de Dia Internacional da Mulher. Ok, acho a data bonita, conheço o episódio que a inspirou (a invasão da fábrica nos EUA e a conseqüente morte de operárias grevistas) e acho bom que o dia 8 sirva de pretexto para mil artigos, entrevistas, ou seja, para uma reflexão sobre a situação da mulher no mundo atual. Porém acho estranho todo mundo ficar falando "Parabéns pelo dia 8". Como assim? Mais da metade das pessoas que conheço (infelizmente) são mulheres. Devemos ser parabenizadas pelo simples fato de ser mulheres?
Adoro ser mulher, mas não acho que deva ser cumprimentada num dia especial simplesmente pela minha condição feminina. Enfim, tem aquela história de dar rosa, presentinho, mas poucas pessoas pensam realmente sobre a condição feminina. Embora estejamos a anos luz de situações como as que mulheres enfrentam no Oriente e na África (mutilações, submissão, etc), ainda vivemos num país e, principalmente num estado muito machista, onde mulheres independentes e não submissas ainda representam uma ameaça, onde mulheres ainda são avaliadas por seus atributos físicos.
Muitas de nós trabalham duro, tem que resolver pepinos no trabalho, em casa e em outros espaços sociais e ainda ficamos com a sensação de que não somos bastante competentes. A gente tem que ser enérgica, dar limite aos filhos, fazer milagres no orçamento, se impor no trabalho e ainda manter o bom humor, a sensibilidade aguçada, o corpinho em forma, a graça, o charme. É barra, mas mesmo assim é uma conquista. Se conseguir ter um companheiro nessa empreitada, melhor ainda. Talvez seja isso que o Dia Internacional da Mulher sirva: para que pensamos por alguns minutos no que representa ser "feminina". "O mãe, então me ilumina/ Me diz o que é feminina/ Não é no cabelo, no jeito, no olhar/ É ser menina em todo lugar". Os versos cantados por Joyce talvez sirvam de inspiração nessa busca.

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