terça-feira, 24 de agosto de 2010

O eterno conflito

Há muitos anos ouvi o seguinte comentário sobre uma atriz iniciante: fulana adora o teatro, mas o teatro não a adora! A autora da frase queria dizer que sua colega de palco não era assim tão talentosa.
Não sei se a minha amiga tinha razão (a colega chegou a ter um certo destaque na mídia, mas faz tempo que não ouço falar dela), mas o comentário nunca saiu da minha cabeça. 
Porque eu me lembrei dessa frase agora? Eu adoro a música, mas não sei se a recíproca é verdadeira. Hoje estou com o coração pesaroso porque vou viajar amanhã a trabalho e terei que faltar ao ensaio do madrigal, que não aconteceu na semana passada por motivos alheios à minha vontade. 
Sei que preciso manter o foco no trabalho, no meu ganha-pão. Mais do que nunca. Gosto do que faço e adoro viajar, conhecer pessoas e lugares novos, porém, cada vez mais gosto de cantar, estudar música e fico, ao mesmo tempo, feliz e receosa. Feliz por ter a oportunidade de cantar (no madrigal, no Chorinho, nos encontros do pessoal do Chorinho e outros que envolvem gente apaixonada por música - os amadores); receosa porque sei que não tenho um talento assim especial, música não vai me dar dinheiro e, principalmente porque o tempo está contra mim. 
Às vezes, fico preocupada com esse meu lado gaiato, meio boêmio e fico achando que eu tinha mais é que estar preocupada em ganhar mais dinheiro. Afinal, também nesse quesito, o tempo está contra mim.
Mas, para ser sincera, não consigo me ver rica. Na verdade, eu queria era ter grana suficiente para pagar minhas contas e poder me dedicar às coisas de que realmente gosto: cantar, escrever, ensinar ... Sinto que eu poderia (e deveria) fazer mais, mas estou tendo dificuldade em focar. 
Duas coisas são certas: sou um fiasco em gestão financeira (por que será?) e o fato de cantar pode não me garantir renda, porém tem contribuído decisivamente para o meu equilíbrio mental.
 

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