Comecei a ler neste fim de semana o livro "Carmen - uma biografia" - um calhamaço escrito pelo jornalista Ruy Castro (Companhia das Letras), que me foi emprestado por minha irmã de Brasília.
Talvez ainda seja cedo para comentar a obra, que deverá me proporcionar muitas horas de leitura nas próximas semanas, mas estou gostando tanto do livro! É curioso porque o que me move nessa leitura não é o final da história e sim o seu desenrolar, acompanhar o nascimento de uma estrela, ou melhor, de várias, já que a geração de Carmen Miranda foi extremamente rica em talentos musicais.
Francisco Alves, Mário Reis, Pixinguinha, Custódio Mesquita, Assis Valente, Lamartine Babo são alguns dos artistas que vão desfilando pelas páginas do livro. Eu me sinto passeando pelas ruas do Rio de Janeiro nos anos 1930, curtindo os carnavais animadíssimos em meio a bailes, corsos e banhos de mar à fantasia.
Não sei por estar (e ser) tão apaixonada pela música, nenhum detalhe me cansa. Como devia ser bom morar no Rio de Janeiro naquela época! Comentei isso com uma amiga, alguns anos mais jovem, e ela não pestanejou em dizer que devia ser bem melhor viver no século passado, em que, na sua opinião, havia mais alegria, mais tempo em família, mais união e a vida parecia mais divertida.
Tenho minhas dúvidas. Em geral, a gente tende a valorizar só os pontos positivos do passado. Realmente, imagino que o tempo devia dar a impressão de passar mais devagar e, graças ao fato de não tomarmos conhecimento de tantas informações, talvez as pessoas se sentissem mais felizes, fossem mais ingênuas, menos ansiosas e competitivas.
Mas havia mais doenças e não era difícil alguém morrer de tuberculose (como a irmã mais velha de Carmem), gripe, sarampo e outros males para as quais hoje há mais chances de cura. Fora os bebês e parturientes que morriam no parto.
Sinto, porém, que havia mais esperança, ou será que estou enganada?
Seja como for, o saudosismo não leva a lugar algum. O importante é tentar conservar o que era - e continua - sendo bom: a amizade, a lealdade; livrar-se do que é ruim: a hipocrisia, o preconceito; e correr atrás do que está sempre em risco: o amor, a esperança, a paz, o ser feliz.
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