segunda-feira, 30 de agosto de 2010

No país da impunidade

Estou estranhamente feliz hoje, mas não consigo deixar de pensar numa notícia que li ontem (acho que foi no jornal O Globo) sobre a visita de membros do Ministério Público a cadeias de Tocantins. Eles constataram o péssimo estado dos lugares visitados e viram até um preso amarrado numa árvore. Constataram ainda que a maior queixa de alguns presos era quanto à falta de ar e água em celas superlotadas.
Pior foi ver os comentários no pé da matéria de pessoas que acham pouco o que eles estão passando. Sei que esse é um assunto delicado, mas desde que eu me entendo por gente tenho a mesma opinião: se a pessoa errou, cometeu um crime, a falta de liberdade já é um castigo suficiente. Não acho que o preso tenha que ser tratado de forma desumana ainda mais sabendo que os piores criminosos (os corruptos, os que roubam os recursos públicos) não só ficam impunes, como muitas vezes são incensados pelos que se beneficiam de seus esquemas criminosos. 
No meio desses bandidos que vão para essas cadeias, acredito, tem gente boa, que cometeu um deslize, que teria chance de se regenerar em outras condições. Ninguém merece ficar sem água, ar para respirar, condições mínimas de higiene. Nesse calor e secura que deixam qualquer um maluco penso às vezes nas pessoas (e animais) sem acesso a um copo d'água decente e ar fresco. Penso nos doentes presos em leitos de hospitais (ou em macas improvisadas) e nos que estão presos em cadeias improvisadas, sendo que muito deles, talvez já nem precisassem estar aí.
Mesmo que algum leitor discorde de mim, lembre-se: vivemos num país em que um assassino confesso - o jornalista Antonio Pimenta Neves, que matou a jornalista Sandra Gomide covardemente, - permanece solto 10 anos após o crime. Porque ele tem dinheiro para pagar advogados espertíssimos, que vão conseguindo manter o assassino em liberdade por meio de recursos a tribunais superiores. Que justiça é essa que mantém livre o autor de um assassinato julgado e condenado, e não garante água, ar e condições mínimas de higiene e defesa a presos comuns? Ou melhor, que sociedade é essa?

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