segunda-feira, 27 de junho de 2011

Carandiru

Como é difícil manter o foco quando se trabalha em casa em várias frentes ao mesmo tempo! Haja disciplina que às vezes me falta. Dá uma vontade de jogar tudo pro alto!
Mas como sou cdf, sigo caminhando aos trancos e barrancos, hoje com pés e mãos gelados apesar de estar em casa, com as janelas fechadas. O sol brilha lá fora e minha vontade é me deitar um pouco sob ele para me esquentar.
Anteontem eu fugia do sol e hoje sonho com ele... Vá entender ...
Parei um pouco o trabalho para assistir ao noticiário de TV do meio dia e duas coisas me chamaram atenção: uma foi a crise do sistema penitenciário que prossegue e a outra foi a apresentação do assassino do empresário Adriano, que morreu baleado na porta giratória do Banco Itaú há uma semana.
Vou começar pela segunda. Está acontecendo o que se previa: o vigilante se entregou sob a proteção de advogados e a alegação de que está colaborando com a justiça, e deve responder ao crime em liberdade. Que legislação estranha essa que permite que alguém que matou outro diante de testemunhas, sem chance do outro se defender, possa responder ao crime em liberdade! Quem garante que o vigia não representa perigo para sociedade? Um cara que executou o outro de uma forma tão chocante!
Quanto à crise do sistema penitenciário, não me espanta a denúncia do presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de que a maioira começa a trabalhar sem qualquer treinamento. Tampouco me espanta, embora me choque um pouco, o descaso do Estado, que não se posiciona, não se explica, não dá satisfações à sociedade que custeia sua manutenção.
O que me espanta é o silêncio de entidades de direitos humanos, advogados, representantes do Ministério Público  - pessoas e instituições que deveriam zelar, na minha opinião, pelo cumprimento da lei e pelo estado de direito.
Isso significa manter os reeducandos em segurança, sob a proteção do estado, sem representar ameaça à sociedade e nem estar sob ameaça; permitir que os agentes trabalhem com dignidade e em segurança; dar aos pais, mulheres, filhos e outros parentes dos presos condições de visitá-los sem sofrer humilhações, mas de uma forma que não coloquem o sistema em risco.
Todos que deveriam zelar pelo funcionamento correto do sistema prisional -  a sociedade como um todo - parecem lavar as mãos, enquanto o caldeirão só vai fervendo, fervendo até explodir em outros carandirus. Aí só resta contar e chorar os mortos e buscar os culpados por uma situação que parece só piorar em nosso país.

Nenhum comentário: