quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vida defensiva

Vou falar mais um pouco sobre os trágicos fatos ocorridos em Cuiabá. Até agora, de acordo com as notícias veiculadas, o vigilante que matou o empresário sem motivo aparente não foi preso.
Morreu mais um menino dos cinco adolescentes que subiram no telhado do Pantanal Shopping e uma terceira vítima continua em estado grave.
O laudo do IML dizendo que o agente prisional morreu em consequência de uma perfuração causada por "instrumento perfuro cortante" (chuço) contraria o atestado de óbito entregue à família da vítima após o início de motim ocorrido na Penitenciária Central do Estado na última segunda-feira. Segundo o site midianews http://www.midianews.com.br/, o laudo provocou reviravolta no caso e abriu uma crise entre órgãos da Segurança Pública.
Meu objetivo aqui não é competir com os sites noticiosos até por que não estou na rua para apurar os fatos, mas sinto falta de informações mais precisas nos três casos.
De onde saiu a informação veiculada ontem de que os adolescentes estavam tentando entrar no cinema do shopping sem pagar? De onte saiu a informação de que o empresário teria discutido com o vigilante antes dos tiros?
Seja como for, o que lamento é ver muitas pessoas dando entrevistas ou deixando depoimentos em sites de relacionamento culpando os pais pela morte dos adolescentes.
Sou mãe e sei como é dificil controlar todos os passos de seus filhos. Eu me lembro de que uma vez minha filha mais nova foi a um passeio no Sesc Pantanal com a turma da escola e me contou que ela e outros colegas tomaram banho num rio. Só depois que estavam lá há tempos, alguém da escola ou do hotel avisou que eles não poderiam tomar banho porque era muito perigoso (correnteza, peixes). Ainda bem que não aconteceu nada, mas e se tivesse acontecido? A culpa seria da escola que permitiu que um grupo de adolescentes se afastasse, mas mesmo se a escola assumisse a culpa isso não aliviaria a dor se algo de ruim acontecesse com algum dos meninos.
Elas também já foram a passeios em cachoeiras, onde um passo em falso pode ser fatal. É claro que os adolecentes do caso de ontem não deveriam ter entrado numa área reservada para "explorar" o local, como disse um dos sobreviventes, porém acho falta de compaixão responsabilizar os pais nesse momento tão doloroso.
Quanto à morte do empresário, tudo continua sem fazer sentido. Ouvi uma entrevista de uma psicóloga no jornal da TVCA sobre o caso e se alertou para o risco de atitudes desequilibradas a partir de uma situação em que o outro (no caso, o vigia) pode se sentir humilhado.  Sei que a intenção foi boa, mas nada justifica uma pessoa supostamente paga para proteger sair dando tiros (três) numa pessoa desarmada que não oferecia ameaça a ninguém.
É claro que gentileza (quase) sempre gera gentileza, mas sinto que estamos vivendo numa sociedade (Cuiabá) onde não basta dirigir de forma defensiva (evitando acidentes): é preciso viver de forma defensiva!
Isso é perigoso porque gera uma sociedade doente, de pessoas amedontradas, passivas, subjugadas pelos psicopatas de plantão ou por aqueles a quem foi dado uma arma de forma irresponsável.
A polícia não protege, a justiça é lenta, criminosos são soltos porque não há espaço nos lugares onde deveriam ser "reeducados", governantes não se pronunciam e quando falam dão declarações inconsistentes.
Viva-se com um barulho desses!

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