Nos últimos tempos aprendi a apreciar uma música de Caetano Veloso -"Desde que o samba é samba " - que sintetiza bem o que a música - e especialmente o samba - representa para mim. Tem uma parte que diz assim: "O samba é pai do prazer/ O samba é filho da dor/ O grande poder transformador". O autor sintetiza: o espírito da coisa: "Cantando eu mando a tristeza embora". Acho tudo isso lindo porque inclui a dor e o prazer, menciona "o poder transformador" e a capacidade de mandar "a tristeza embora".
É claro que muitas vezes quando as pessoas cantam esse e outros sambas já estão tão alcoolizadas que no dia seguinte tocam a rotina normalmente e aposentam (pelo menos até a noite seguinte) seus sonhos transformadores.
Não tenho a pretensão aqui de iniciar (e concluir) uma discussão sobre o papel transformador da arte, embora seja um tema interessantíssimo. Só sei que quando canto eu me sinto mais feliz, como se uma chama reacendesse dentro de mim.
Na noite de quarta-feira, fui ao Chorinho já meio tarde (depois de outro compromisso musical) e me integrei ao grupo formado em volta do grande Marinho do violão de sete cordas. Aos poucos, foi se formando uma espécie de irmandade em que cada um ia mostrando o seu jeito de cantar. Comecei meio tímida, mas no final, estimulada por um senhor (cujo nome não sei) que tinha um vozeirão e cantava muito, acabei me soltando mais e buscando sentir a música.
Não basta ser técnico e não incomodar o ouvido alheio com a falta de afinação ou cadência, é preciso sensibilizar o outro para fazer a diferença.
Aprendi isso lá e voltei para casa feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário