Gente, por que o trabalho mental me deixa tão cansada? Às vezes acho que vou ficar louca no meu esforço de me concentrar e escrever minhas reportagens numa sala (quase um porão, ainda que refrigerado), onde outras pessoas falam tanto. Fico achando que estou ficando burra, faço um esforço danado para me concentrar no que estou escrevendo, mas o texto não flui.
Por que é tão difícil para as pessoas entenderem que é preciso um pouco de silêncio e concentração para se escrever?
Em geral, elas dizem: "Puxa, você escreve tão bem!", mas não valorizam devidamente o ato da escrita. Se um médico estivesse atendendo um paciente ou um advogado defendendo uma causa num tribunal, todos entenderiam a necessidade de silêncio, mas quando um jornalista ou um escritor escreve acho que as pessoas não conseguem perceber a mesma necessidade.
É comum as pessoas chegarem para a gente e pedirem "escreve um texto assim e assado". Você responde que precisa primeiro terminar outro trabalho e no outro dia elas cobram delicamente se você já escreveu aquele texto. Elas não conseguem escrever, mas acham que você tem obrigação de fazê-lo com os pés nas costas.
Confesso que estou cansada. Adoro escrever. Sinto um prazer enorme em relatar o resultado de minhas andanças na função de repórter, mas é preciso juntar informações, fazer correlações e me esforçar para que o texto fique saboroso e, ao mesmo tempo, informativo, inovador, comovente.
Desculpem o desabafo. Agora tenho que voltar ao trabalho.
Por que é tão difícil para as pessoas entenderem que é preciso um pouco de silêncio e concentração para se escrever?
Em geral, elas dizem: "Puxa, você escreve tão bem!", mas não valorizam devidamente o ato da escrita. Se um médico estivesse atendendo um paciente ou um advogado defendendo uma causa num tribunal, todos entenderiam a necessidade de silêncio, mas quando um jornalista ou um escritor escreve acho que as pessoas não conseguem perceber a mesma necessidade.
É comum as pessoas chegarem para a gente e pedirem "escreve um texto assim e assado". Você responde que precisa primeiro terminar outro trabalho e no outro dia elas cobram delicamente se você já escreveu aquele texto. Elas não conseguem escrever, mas acham que você tem obrigação de fazê-lo com os pés nas costas.
Confesso que estou cansada. Adoro escrever. Sinto um prazer enorme em relatar o resultado de minhas andanças na função de repórter, mas é preciso juntar informações, fazer correlações e me esforçar para que o texto fique saboroso e, ao mesmo tempo, informativo, inovador, comovente.
Desculpem o desabafo. Agora tenho que voltar ao trabalho.
2 comentários:
Oi Martha,
Concordo plenamente com a necessidade de silêncio para se concentrar e escrever. Mas, para se consolar um pouco, pense na minha época de jornalista, há uns 25 anos, quando todo mundo escrevia ouvindo o barulho ensurdecedor das máquinas de escrever e com todos os jornalistas fumando na redação. Isso sem contar nos jornalistas veteranos, que faziam votações para ver quem era a jornalista mais “gostosa” da redação. Espero que a Folha de São Paulo tenha evoluído…
Sabe Dete, às vezes penso nisso: na redação do velho e saudoso JB não era muito diferente ... Não sei se estou ficando velha e neurastênica, mas a diferença é que nesses ambientes, pelo menos nos horários de fechamento, todo mundo estava trabalhando. Além disso, as salas eram enormes e o som se diluía. Era um ambiente de redação, onde quase todos escreviam com um olho no relógio e o outro, muitas vezes, no cigarro que queimava na mesa.
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